terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Mídia quer sangue na greve da Bahia

Por Altamiro Borges

Finalmente, o governo da Bahia decidiu reabrir as negociações com os policiais militares, que estão em greve desde 31 de janeiro. Jaques Wagner, que pode ter subestimado a duração e a extensão do movimento, passou a adotar um tom mais ameno nas suas declarações públicas. Ele ainda insiste em rotular os líderes grevistas de “bandidos”, mas agora já aceita dialogar. Menos mal!
Segundo o jornal Valor, as conversações tiveram início ontem e o governador “disse que acredita numa solução negociada e que não pretende punir os policiais militares que estão em greve desde a semana passada, mas que processará aqueles que fugiram à legalidade nos protestos”. O arcebispo da Bahia, Dom Murilo Krieger, está intermediando as negociações entre as partes.

Os impasses prosseguem

“Não tenho o ímpeto de punir aqueles que participaram pacificamente da greve, mas aqueles que violentaram a lei, depredaram o patrimônio público, e de arma em punho ameaçaram a população, esses seguramente deverão ser processados”, reafirmou Jaques Wagner em entrevista ao jornal Bom dia Brasil, da TV Globo.

O impasse na greve persiste em dois itens: o da anistia aos líderes grevistas e a forma de pagamento da Gratificação de Atividade Policial (GAP). No que se refere à questão salarial, o governo alega que não tem recursos e propõe que o pagamento da GAP seja diluído em três anos. “Ao longo de cinco anos, concedemos 30% de aumento real. Mas eu tenho limite na folha”, alega Wagner.

Paciência e cedências

Com a retomada das negociações, num clima mais civilizado e democrático, a tendência é que diminuam os atos de vandalismo na cidade, alguns deles patrocinados por policiais e já documentados. Mas a negociação exigirá paciência e cedência de ambos os lados – do contrário, o impasse prosseguirá, prejudicando a PM, o governo estadual e, principalmente, a população.

A busca de uma solução negociada para a grave crise, porém, não tem sido a tônica da mídia corporativa. Ela parece apostar no confronto – seja porque isto garante o aumento das audiências e das tiragens, seja por motivos políticos. Alguns “calunistas” não escondem seu desejo macabro de desgastar o governador da Bahia, um dos mais próximos da presidenta Dilma Rousseff.

Folha e Estadão estão excitados

O editorial da Folha de hoje (7), por exemplo, parece querer sangue nas ruas de Salvador. “O movimento dos policiais baianos persegue reivindicações salariais com métodos violentos, em desafio ao Estado de Direito... A Constituição proíbe militares e PMs de fazerem greve”. Para o jornal, Jaques Wagner só deve negociar “sob a condição do retorno imediato ao trabalho e à disciplina”.

No mesmo rumo, o editorial do Estadão compara os grevistas baianos aos “invasores” do Pinheirinho, em São Paulo, e exige mais rigor na repressão. Só faltou elogiar o tucano Geraldo Alckmin pelas cenas de violência e barbárie em São José dos Campos. Para o jornal, ambos os movimentos se “colocam à margem da lei”. Em síntese, não é possível negociar com “radicais”.

6 comentários:

Anônimo disse...

Acho que está havendo uma grande má vontade com o governador da Bahia.
É impossível aceitar as atitudes criminosas tomadas por um grupo de policiais militares.
E é impossível não perceber que está havendo uma clara manipulação política.
Não vamos esquecer o golpe dos policiais militares ocorrido no Equador no ano passado, quando sequestraram o próprio Presidente e criaram o caos no país, com muitas mortes e um grande número de pessoas gravemente feridas.
Tudo bem apurada era mais uma tentativa de golpe em Nuestra América,com a direita equatoriana e
os serviços de inteligência estadunidenses no comando das operações. Foi tudo devidamente investigado e comprovado. Inclusive por comissão da ONU solicitada pelo Presidenta Rafael Correa, diante das notícias caluniosas da grande mídia equatoriana e mundial.
Cândida

Everaldo disse...

E com um governador jumento feito esse, a mídia (PIG) vai deitar e rolar, até o sangue jorrar.

Alberto disse...

E as greves que o Lula/PT promoviam? Não eram "manipulação política"?

raffaeldantas disse...

Acho que o governador errou na dose em sair atirando para todo lado e chamando os políciais de bandidos. Faltou a habilidade de negociador que um sindicalista precisa ter. Não foi coerente com a história. Fez o que todo patrão faz...
Se a greve tem motivação política os PMs, claro que tem!!! Se os políciais estão aproveitando o momento para que suas pautas ganhem mais forças, ótimo. Quanto aos abusos supostamente cometidos pelos grevistas, os PMs já estão acostumados a fazer isto, não é, só com órdens do governo. É preciso controle externo e civil. Aliás a PM é uma herança da ditadura!

Eduardo Fernandes disse...

Sou completamente a favor da Greve da PM não só no caso baiano,mas no pais em geral.Quando a classe não é valorizada ela deve se fazer valer e assim vale também para a Policia Militar,civil e porque não para os Bombeiros que a algum tempo atras também foram taxados de "transgressores" e pressos.Chega da população ir contra as greves,chega desse ignorantismo pregado por diretores de estado ridicularizando situações de greve.

Thomas Hutchinson disse...

Atacar as pessoas é ato de bandido, e só aumenta no caso de ser praticado por policiais.
A continuidade deste momento na Bahia mostra um Estado fraco e sem autoridade.