Por Altamiro Borges
Na semana passada, a agência Repórter Brasil relatou o dramático caso de onze trabalhadores explorados em condições análogas à escravidão na ampliação do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, na região da Avenida Paulista, em São Paulo, no coração do sistema financeiro do país. Eles foram “libertados” no final de janeiro pela fiscalização do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).
Aliciados no Maranhão, eles trabalhavam como pedreiros e serventes e tinham os seus salários retidos pela empreiteira para pagar as “dívidas” com viagem, alimentação e hospedagem – o que caracteriza o trabalho escravo “moderno”, segundo Luís Alexandre Faria, do Grupo de Combate ao Trabalho Escravo Urbano da Superintendência do Trabalho e Emprego de São Paulo (SRTE/SP).
Espuma como papel higiênico
A reportagem revela que os operários viviam num alojamento precário em Itaquera, na zona leste da capital. Eles usavam espumas de colchão como papel higiênico, não dispunham de escova e pasta de dentes e dormiam em beliches improvisadas. Dividiam dois copos para beber água e se revezavam para usar o único banheiro. O local também não tinha instalações elétricas seguras.
“Endividados”, os operários não tinham como telefonar para os seus familiares ou se locomover pela cidade. “A falta de dinheiro para voltar a seu Estado de origem e o constrangimento de retornar à família sem os salários prometidos completam o quadro de coerção moral a que eram submetidos, com clara restrição a seu direito fundamental de ir e vir”, destaca o relatório da SRTE/SP.
Trabalho aos feriados e nas madrugadas
Além de receber míseros salários, os operários eram obrigados a trabalhar nos feriados e nas madrugadas no canteiro de obras – sem ganhar qualquer adicional. O trabalho aos domingos também era freqüente, sem o pagamento de horas extras. Este inferno só acabou com a ação do MTE, que interditou o alojamento e “libertou” os trabalhadores, que já retornaram ao Maranhão.
Este caso dramático mostra como funciona o sistema capitalista, que propicia tanta opulência para uma minoria de ricaços. A construtora Racional, responsável pela obra no caríssimo Hospital Alemão Osvaldo Cruz, é a mesma que construiu os shoppings Morumbi e Higienópolis, paraísos do consumo da elite paulistana. Ela produz o luxo com base no trabalho escravo!
Os invisibilizados pela mídia
Pelas irregularidades encontradas na ampliação do hospital, a Racional recebeu 28 autos de infração. Mas, como já ocorreu com a marca de grife Zara, ela disse desconhecer os crimes praticados. Jogou a culpa na empreiteira, uma tal de Genecy, alegando que os trabalhadores eram terceirizados. O Hospital Osvaldo Cruz também alegou inocência e disse “selecionar os parceiros segundo critérios de ética e respeito à legislação”. Com isso, as empresas fogem de suas responsabilidades e burlam os direitos trabalhistas.
A obra no Hospital Oswaldo Cruz “emprega” uns 280 trabalhadores. Em novembro passado, um operário morreu ao cair de um andaime da altura de oito andares. Estas cenas não ganham manchete na mídia. Os mortos, acidentados e os trabalhadores em “condições análogas à escravidão” são invisibilizados. Enquanto isto, a elite mantém sua opulência – sem traumas na consciência!
*****
Leia também:
- Trabalho escravo perto da Avenida Paulista
- Os impactos da terceirização no trabalho
- Trabalho escravo e espírito natalino
- Zara, a marca da escravidão. E daí?
- Procon multa o farsante McDonald's
Na semana passada, a agência Repórter Brasil relatou o dramático caso de onze trabalhadores explorados em condições análogas à escravidão na ampliação do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, na região da Avenida Paulista, em São Paulo, no coração do sistema financeiro do país. Eles foram “libertados” no final de janeiro pela fiscalização do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).
Aliciados no Maranhão, eles trabalhavam como pedreiros e serventes e tinham os seus salários retidos pela empreiteira para pagar as “dívidas” com viagem, alimentação e hospedagem – o que caracteriza o trabalho escravo “moderno”, segundo Luís Alexandre Faria, do Grupo de Combate ao Trabalho Escravo Urbano da Superintendência do Trabalho e Emprego de São Paulo (SRTE/SP).
Espuma como papel higiênico
A reportagem revela que os operários viviam num alojamento precário em Itaquera, na zona leste da capital. Eles usavam espumas de colchão como papel higiênico, não dispunham de escova e pasta de dentes e dormiam em beliches improvisadas. Dividiam dois copos para beber água e se revezavam para usar o único banheiro. O local também não tinha instalações elétricas seguras.
“Endividados”, os operários não tinham como telefonar para os seus familiares ou se locomover pela cidade. “A falta de dinheiro para voltar a seu Estado de origem e o constrangimento de retornar à família sem os salários prometidos completam o quadro de coerção moral a que eram submetidos, com clara restrição a seu direito fundamental de ir e vir”, destaca o relatório da SRTE/SP.
Trabalho aos feriados e nas madrugadas
Além de receber míseros salários, os operários eram obrigados a trabalhar nos feriados e nas madrugadas no canteiro de obras – sem ganhar qualquer adicional. O trabalho aos domingos também era freqüente, sem o pagamento de horas extras. Este inferno só acabou com a ação do MTE, que interditou o alojamento e “libertou” os trabalhadores, que já retornaram ao Maranhão.
Este caso dramático mostra como funciona o sistema capitalista, que propicia tanta opulência para uma minoria de ricaços. A construtora Racional, responsável pela obra no caríssimo Hospital Alemão Osvaldo Cruz, é a mesma que construiu os shoppings Morumbi e Higienópolis, paraísos do consumo da elite paulistana. Ela produz o luxo com base no trabalho escravo!
Os invisibilizados pela mídia
Pelas irregularidades encontradas na ampliação do hospital, a Racional recebeu 28 autos de infração. Mas, como já ocorreu com a marca de grife Zara, ela disse desconhecer os crimes praticados. Jogou a culpa na empreiteira, uma tal de Genecy, alegando que os trabalhadores eram terceirizados. O Hospital Osvaldo Cruz também alegou inocência e disse “selecionar os parceiros segundo critérios de ética e respeito à legislação”. Com isso, as empresas fogem de suas responsabilidades e burlam os direitos trabalhistas.
A obra no Hospital Oswaldo Cruz “emprega” uns 280 trabalhadores. Em novembro passado, um operário morreu ao cair de um andaime da altura de oito andares. Estas cenas não ganham manchete na mídia. Os mortos, acidentados e os trabalhadores em “condições análogas à escravidão” são invisibilizados. Enquanto isto, a elite mantém sua opulência – sem traumas na consciência!
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- Procon multa o farsante McDonald's
Esta elite dominante quer acabar ate com a dignidade dos trabalhadores mais humildes...
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