sábado, 16 de janeiro de 2016

De capacho da ditadura a racista da Globo



Por Altamiro Borges

O jornalista global Alexandre Garcia parece que anda bastante incomodado com as cotas nas universidades e com a ascensão social de setores antes totalmente excluídos da sociedade. Será que o veterano, famoso por seu elitismo, teme a concorrência? Nesta semana, no noticiário local da TV Globo do Distrito Federal, ele voltou a esbanjar preconceito, racismo... e ignorância! “Temos que pensar na qualidade do ensino. Aqui no Brasil ele é todo assim por pistolão, empurrãozinho e ajuda. A tradução disso é a cota. Aí põe um monte de gente [na faculdade]... Só 67%, você viu, passaram por mérito”, esbravejou, ao comentar o resultado dos exames para ingresso na Universidade de Brasília (UnB).

O comentário asqueroso gerou imediata reação nas redes sociais de estudantes, professores e movimentos que lutam contra o racismo. Alguns internautas lembraram que, ao contrário do que rosna o âncora global, estudos do Ministério da Educação comprovam que os alunos cotistas têm desempenho acadêmico superior ao dos não-cotistas. Professores da rede estadual manifestaram a sua satisfação com o ingresso de jovens das escolas públicas na UnB. Para o presidente da União de Negros pela Igualdade (Unegro), Edson França, as declarações de Alexandre Garcia revelam o racismo presente na mídia brasileira. “A Rede Globo foi protagonista na resistência às cotas. A emissora usou de todos os meios para combater esse sistema. Ela não vai mudar o seu pensamento, que, aliás, é um pensamento que vem sendo derrotado e não é de hoje”.

Esta não é primeira vez que o jornalista global explícita sua visão racista, elitista e manipuladora. Em outubro do ano passado, no telejornal “Bom Dia Brasil”, o sujeito tacanho chegou a afirmar que “o país não era racista até criarem as cotas”. O rico apresentador estava irritado com a criação do cadastro do “Simples Doméstico”, o programa do governo Dilma que garante direitos trabalhistas para os empregados domésticos. Em outras ocasiões, o subserviente Alexandre Garcia já havia demonstrado total concordância com o poderoso carrasco da emissora, Ali Kamel, o diretor de jornalismo da Rede Globo que obrou o clássico “Não somos racistas”.

Com suas pérolas racistas, Alexandre Garcia até vai conseguindo ofuscar o seu vexaminoso passado, quando foi porta-voz do general João Batista Figueiredo, último carrasco do regime militar – sendo exonerado por ter posado seminu numa foto para uma revista masculina. De capacho da ditadura, com suas torturas e assassinatos, para apologista do ódio e do preconceito racista. Baita biografia!

Em tempo: Além do vídeo acima, de uma professora de Brasília, reproduzo abaixo uma mensagem de João Marcelo, estudante da UnB, em contraposição às besteiras obradas pelo jornalista global:

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A abominação ética em Alexandre Garcia

Os comentários de Alexandre Garcia nos telejornais da TV Globo são sempre um festival de impropérios, invariavelmente de cunho elitista. Porém, sua declaração recente em que acusa os alunos ingressos à UnB pelo sistema de cotas de "não possuírem méritos para ingressar na Universidade" revela em sua personalidade um pendor de senhor de escravo, um calejamento próprio de uma classe dominante infecunda e profundamente perversa.

Os comentários de Alexandre Garcia nos telejornais da TV Globo são sempre um festival de impropérios, invariavelmente de cunho elitista.

A Lei de Cotas nas universidades completou três anos no ano passado. Fruto da mobilização dos movimentos sociais, logrou colaborar no ingresso de mais de 111 mil alunos negros. Ao contrário do propalado pelos intelectuais da Casa Grande, sua efetivação não precarizou o ensino superior público: segundo dados científicos apurados na avaliação dos 10 anos da implementação do sistema de cotas na UnB, o rendimento dos estudantes cotistas é igual ou superior ao registrado pelos alunos do sistema universal. Outras análises, em dezenas de instituições como Uerj e UFG, coadunam com o diagnóstico.

Os argumentos contrários ao sistema de cotas carregam o signo de uma ideologia que fez com que o País vivesse o colonialismo, a escravidão e a própria ditadura. Está no DNA da classe dominante brasileira buscar impedir à emancipação dos oprimidos, por esses constituírem ameaça ao seu domínio. Para esse fim, ocultam os saqueios e opressões que os povos colonizados foram e são submetidos, ao mesmo tempo em que procuram domesticar o imaginário dos oprimidos a partir de mentiras repetidas à exaustão nos meios de comunicação em massa.

Darcy Ribeiro, fundador da UnB e um dos maiores antrópologos brasileiros, teve ocasião de asseverar que o maior problema do Brasil é sua elite. Segundo ele, as elites brasileiras se apropriam unicamente do poder para usurpar à riqueza nacional, condenando seu povo ao atraso e a penúria (ver O livro dos CIEPS, 1986:98). Por isso, carregamos a inglória posição de terceiro país mais desigual do mundo.

Alexandre Garcia é um conhecido bajulador das hostes oficias. Foi aliado de Ernesto Geisel e porta-voz do ditador João Batista Figueiredo. Foi exonerado após postar seminu numa revista masculina. Apoiou a candidatura de Maluf no Colégio Eleitoral. Foi um dos artífices da cobertura global que favoreceu a ascensão de Fernando Collor de Mello e Fernando Henrique Cardoso. É, pois, co-participe da tragédia social, política, econômica e ideológica da sociedade brasileira.

A TV Globo, que abriga essa triste figura, é a principal aliada de todas as causas abomináveis patrocinadas pela elite contra o povo brasileiro. Sustentou o golpe de 1964, franqueou amplo apoio ao regime militar, deu sustentação aos governos conservadores após a redemocratização. Seu jornalismo sempre perseguiu os movimentos sociais e lideranças populares, cuja expressão mais retumbante foi o herói da pátria Leonel de Moura Brizola.

Quando insulta os alunos da rede pública egressos pelo sistema de cotas, o jornalista vê nisso paternalismo e esmola. É compressível. Quem ascendeu na carreira com favores e migalhas dos plutocratas só pode enxergar nos outros os vícios que carrega. Felizmente, o povo brasileiro não permitirá que a direita apátrida coloque suas mãos sujas de sangue em seus direitos mais caros, para a tristeza do jornalista e seus correligionários.


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3 comentários:

  1. Justa decerto era a cota de 100% para brancos bem-nascidos... A única coisa boa que posso dizer desse cidadão é que presta um relevante serviço ao regime (não ao militar, no caso): como sempre aparece com seus discursos nauseabundos bem na hora do almoço, acabo perdendo a fome.

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  2. Isso não passa de um filhote da ditadura

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  3. O alexandre garcia vê o mundo ao contrário,Caminhoneiros pra ele fazem greve porque passaram graças a Lula e Dilma a ter seus próprios caminhões e não porque sofram com o preço do diesel e do frete e quanto aos negros,se sentem discriminados por culpa do conhecimento proporcionado pelo acesso a universidade, que lhes abriu os olhos para comportamentos racistas na sociedade mas tidos até então como naturalmente aceitáveis ou seja o racismo pra ele é mania de perseguição.

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