domingo, 30 de junho de 2019

Governadores do Nordeste detonam Moro

Por Altamiro Borges

As revelações do site The Intercept seguem desmascarando a midiática Operação Lava-Jato e o seu capo-mafioso, o ex-juiz Sergio Moro - que pelos serviços prestados ganhou de presente um ministério no laranjal de Jair Bolsonaro. No Brasil e no mundo, a ação política do "marreco de Maringá" e dos seus "conjes" já é motivo de ironias e galhofas. 

Juristas de renome detonam seus métodos arbitrários e parciais; veículos da mídia mundial ironizam as relações criminosas entre o "juizeco" e os procuradores-capachos do Ministério Público; lideranças políticas internacionais reforçam a pressão pelo fim da prisão política do ex-presidente Lula. Nessa onda de repúdio, ganha importância a carta divulgada neste domingo (30) pelos nove governadores do Nordeste. Vale conferir na íntegra:

MBL leva porrada em atos fracos da direita

Por Altamiro Borges

As manifestações deste domingo (30) em defesa do ex-juizeco Sergio Moro, ministro do laranjal de Jair Bolsonaro, e do fim das aposentadorias ficaram bem abaixo do esperado pelos organizadores. As forças policiais de cada Estado não divulgaram os números e os grupelhos fascistas não festejaram a presença. Já a mídia tradicional, que sempre garantiu os holofotes aos atos da extrema-direita e que defende os abusos da Lava-Jato e o golpe da Previdência, reconheceu o fiasco dos protestos.

Censo do IBGE e o Brasil no escuro

Do site do Centro de Estudos Barão de Itararé:

Em apoio à campanha Todos pelo Censo 2020, o Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé promove o debate Censo do IBGE e o Brasil no escuro. A atividade acontece na quinta-feira, 4 de julho, a partir das 19 horas, com entrada franca e transmissão ao vivo pela página www.facebook.com/baraomidia. Confira os participantes:

- Luanda Botelho - coordenadora da Associação dos servidores do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE);

- Raquel Rolnik - urbanista e professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP;

- Luiz Gonzaga Belluzzo - economista e membro do conselho da revista CartaCapital;

- Luis Nassif - jornalista e editor do Jornal GGN

Lava-Jato e o Estado autoritário

Por Maria Luiza Quaresma Tonelli, no Jornal GGN:

Em 2014 teve início no Brasil a Operação Lava Jato, desde o princípio claramente capitaneada pelo juiz Sergio Moro, elevado à condição de herói nacional pela mídia hegemônica, Globo à frente. A sede da Força Tarefa, com seus procuradores, na dita República de Curitiba, transformou a capital do Paraná no centro do espetáculo jurídico-midiático. O trabalho de convencimento da população no sentido de que tratava-se de uma operação que salvaria o país da corrupção sistêmica foi tamanho que qualquer um que se atrevesse a criticar os métodos utilizados seria de pronto taxado como conivente com a corrupção. Eu mesma recebi várias críticas de amigos que se iludiram com o juiz Sergio Moro. Desde o princípio percebi que não poderia ser imparcial um magistrado que se prestasse a pedir apoio da sociedade para que a Lava Jato fosse bem sucedida. Ora, juiz não pode, em nenhuma hipótese, esperar apoio da sociedade, tampouco julgar com base no clamor popular.

Acordo com UE condena o Brasil ao atraso

Por Luiz Carlos Bresser-Pereira

Os jornais informam hoje que depois de 20 anos de negociação o Brasil fechou acordo com a União Europeia. E a notícia é recebida pelos brasileiros de direita e de esquerda, liberais e desenvolvimentistas.

Apenas Celso Amorim, o grande ex-ministro das Relações Exteriores do Brasil, mostra-se preocupado, mas não com o efeito maléfico deste acordo em relação à indústria; adverte apenas que com um Brasil e seu governo muito enfraquecidos, essa não foi a melhor hora para fechar um acordo.

Os economistas do Ministério da Economia, praticantes eméritos da futurologia, preveem que o acordo entre Mercosul e União Europeia pode aumentar as exportações brasileiras à região em quase US$ 100 bilhões até 2035.

Os "soldados de toga" na América Latina

Por John M. Ackerman, no site Outras Palavras:

A guerra não se faz somente com armas, mas também com a lei. Na América Latina, o warfare é feito, cada vez mais, por meio do lawfare, onde se utilizam as cortes e os tribunais para eliminar os adversários políticos.

Faz alguns dias, o jornalista Glenn Greenwald e a equipe do The Intercept Brasil divulgaram o que sempre suspeitávamos: o senhor Sérgio Moro serviu como juiz e acusador no julgamento contra Luiz Inácio Lula da Silva por supostos atos de corrupção.

Como juiz, Moro teria que manter-se autônomo e independente, mas, na verdade, instruía, ensinava e assessorava o advogado Deltan Dallagnol, promotor do caso. Atuou em consigna para colocar Lula na prisão e, assim, tirá-lo da disputa presidencial.

Os riscos do acordo entre Mercosul e UE

Da Rede Brasil Atual:

Os prejuízos do acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia para a soberania do país e para a indústria nacional foram citados nas redes sociais neste sábado (29) por economistas e políticos do campo progressista. O acordo está sendo celebrado por partidários do governo Jair Bolsonaro (PSL), sobretudo pelo fato de ter sido negociado ao longo de 20 anos, e ter chegado à assinatura nesta sexta-feira, em seis meses de governo.

Vassalagem vergonhosa de Bolsonaro no G20

Editorial do site Vermelho:

Trump discute com Bolsonaro sanções a Venezuela e Cuba. Essa notícia que circulou nos portalões dá bem a medida do que representa o atual governo brasileiro no cenário mundial. O encontro, que aconteceu em Osaka (Japão), onde se realiza a cúpula do G20, foi marcado por afagos mútuos. O rapapé prosseguiu no Twitter, com Bolsonaro declarando que retomou os assuntos tratados em sua visita a Washington, centrados na ideia de um acordo de “livre comércio” entre os dois países.

A delação que saiu a fórceps e a dinheiro

Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:

As negociações do acordo de delação de Léo Pinheiro, ex-presidente e sócio da OAS condenado a 16 anos de prisão, travaram por causa do modo como o empreiteiro narrou dois episódios envolvendo o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

A freada ocorre no momento em que OAS e Odebrecht disputam uma corrida para selar o acordo de delação.


Lava-Jato era bunker de Dallagnol e Moro

Por Jeferson Miola, em seu blog:                                 

Era inocultável a militância anti-PT dos integrantes do Partido da Lava Jato nas redes sociais.

Faltavam, contudo, as provas documentais da atuação secreta deles no porão da Lava Jato – que o ministro do STF Gilmar Mendes compara a uma organização criminosa [OrCrim].

Os integrantes desta organização dedicavam-se com fervorosa obstinação ao esforço para impedir o que temiam ser o “risco” de retorno do PT ao Palácio do Planalto. A Lava Jato, então, foi transformada no bunker de Dallagnol e Moro para atacar Lula e o PT.

Perigo de homens medíocres como Bolsonaro

Por Esther Solano, na revista CartaCapital:

Nada mais perigoso do que um homem medíocre e triste que odeia a inteligência e a felicidade alheias. Esta é a cara do governo Bolsonaro. Personagens de uma mediocridade tão ostensiva que disfarçá-la é tarefa impossível. Como me disse um dia um aluno, é a burrice ostentação. Juntam-se a essa mediocridade as paixões tristes que o movem.

Há dois tipos de medíocre: o que é consciente de sua limitação e fica recolhido nela humildemente ou se esforça para crescer e o que, incapaz dessa humildade ou desse crescimento, tenta destruir, exterminar tudo aquilo ou todos aqueles que brilham mais que ele. Não é preciso dizer a qual dos dois tipos pertencem os patéticos personagens bolsonaristas.

Avião, cocaína e a tragédia do desemprego

Por Umberto Martins, no site da CTB:

Enquanto o presidente Jair Bolsonaro esmera-se na arte de achincalhar a imagem do Brasil no exterior, com um escândalo de 39 quilos a bordo de um avião presidencial, o IBGE divulga mais um retrato aterrador do mercado de trabalho brasileiro.

O número de trabalhadoras e trabalhadores considerados subutilizados, que inclui desempregados, desalentados e subocupados, subiu a 28,5 milhões, um trágico recorde. Desempregados diretos (que continuam procurando emprego diariamente, mas não encontram) são 13 milhões. Para quem é jovem o cenário é mais sombrio: 27% estão desocupados. A informalidade continua em alta, em detrimento do trabalho formal, com carteira assinada.

Pauta regressiva tem que ser barrada

Por Eleonora de Lucena e Rodolfo Lucena, no site Tutaméia:

O ataque à soberania nacional que o governo Bolsonaro está patrocinando não tem precedentes. Por isso a questão nacional nunca foi tão relevante. A oposição, no Congresso e nas ruas, precisa agir. É o que afirma o economista Paulo Nogueira Batista Jr. em entrevista ao Tutaméia.

Na sua análise, a agenda regressiva da extrema direita está gerando reações no exterior e, sobretudo, aqui. “A oposição está se aproveitando dos erros sucessivos do governo. Não só a oposição parlamentar, mas oposição social. Mulheres, negros, estudantes, LGBTs, cineastas, cantores: todos estão vendo que a pauta destrutiva em curso tem que ser parada. A força do pessoal que autenticamente rejeita a barbárie é muito grande.

Sindicalismo e os protagonistas relevantes

Por João Guilherme Vargas Netto

A medida provisória 873, de 1º de março deste ano – a medida provisória do boleto sindical – caducou, perdeu validade.

Editada às vésperas do Carnaval com a intenção malévola de desorganizar ainda mais as relações de trabalho e garrotear os sindicatos dos trabalhadores não teve o apoio das direções partidárias nem das direções das grandes empresas; a malvadeza de Rogério Marinho somente prosperou entre os contadores de empresas dirigidas por patrões-piratas.

As direções sindicais e os deputados ligados aos trabalhadores fizeram um bom trabalho que levou à falência da medida provisória dificultando a instalação e os trabalhos da comissão especial que a analisaria.

Curuguaty e a mobilização dos paraguaios

Por Leonardo Wexell Severo

Os movimentos populares paraguaios do campo e da cidade começaram a realizar uma série de mobilizações em apoio ao juiz Emiliano Rolón Fernández, acusado pela procuradora geral do Estado, Sandra Quiñonez, de “mal desempenho em suas funções” por ter absolvido os camponeses condenados pelo massacre de Curuguaty.

Comandado por seguidores do general Alfredo Stroessner, que governou o país por 45 anos (1954-1989) e amigos de Blas Riquelme (ex-presidente do Partido Colorado, o da ditadura), que se autoproclamava proprietário de Marina Kue, em Curuguaty, o Júri de Acusação de Magistrados (JEM) marcou para o próximo dia 9 de julho a decisão sobre o futuro de Emiliano.

União Europeia 7x1 Mercosul

Por Marcelo Zero

A apresentação da conclusão do acordo entre a União Europeia e o Mercosul como um “grande avanço” é, provavelmente, a maior fake news do governo Bolsonaro.

O governo e a imprensa venal falam da “grande conquista” de um acordo que demorava 20 anos para ser concluído.

Pudera. Na época em que tínhamos um governo que defendia o Brasil e o Mercosul, os nossos negociadores preferiam não fechar um acordo do que fechar um acordo ruim, lesivo à nossa soberania.

Deve-se entender que em toda negociação comercial, os países participantes têm interesses ofensivos, normalmente vinculados aos seus setores produtivos mais competitivos, e interesses defensivos, relacionados aos seus setores econômicos mais frágeis e que precisam de proteção para se desenvolver.

Urnas apontam novos rumos para a ABI

Por Marcelo Auler, em seu blog:

Bastou darem voz aos sócios da tradicional Associação Brasileira de Imprensa (ABI) que eles se manifestaram uníssonos. Na sexta-feira (27/06), pela segunda vez os associados da Casa do Jornalista foram chamados às urnas para decidirem sobre a futura administração da entidade. A primeira votação, em 16 de maio, com 256 eleitores participando, foi embargada judicialmente pelo ex-presidente da casa, João Domingos Meirelles.

Os estádios vazios na Copa América

Por Ricardo Flaitt, no site Lance:

Os grandes eventos esportivos, como a Copa América, em suas peças publicitárias, estão impregnados de mensagens de união e integração dos povos, porém, no mundo real, o que se explicita são estádios vazios, ressaltando o apartheid social a que a população é submetida. A grande massa, que sustenta os campeonatos estaduais e nacionais, diante de valores incompatíveis com a realidade econômica do país, é relegada a assistir os jogos do sofá de sua casa.

A destruição da soberania e da ciência

Foto:  Felipe Bianchi
Por Felipe Bianchi, no site do Centro de Estudos Barão de Itararé:

Reconhecido mundialmente, o neurocientista Miguel Nicolelis avisa: a renascença vivida pelo Brasil com a ampliação das universidades e do acesso ao ensino superior, bem como os programas de fomento e estímulo ao desenvolvimento científico, chegou ao fim. E não é só isso. O processo de desmonte que começou com Michel Temer e vem sendo agravado com Jair Bolsonaro é tão profundo que custará décadas de reconstrução ao país. As declarações foram dadas durante debate nesta terça-feira (25), no Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, em São Paulo.

"Aeroína", Bolsonaro e a bolha de idiotas

Por Leandro Fortes

Bolsonaro tem, claro, o benefício da dúvida. Afinal, contra tudo e contra todos, ele vetou a gratuidade de bagagens nos voos nacionais. No limite, portanto, ele não permitiria, ao menos de graça, o embarque de 39 quilos de cocaína pura no avião presidencial reserva (!?) que o acompanhava ao Japão.

Mas a tolerância com Bozo e sua trupe, rumo ao Oriente, para por aí.

Isso porque imaginar que apenas um militar da FAB, cujo nome ainda está providencialmente mantido em sigilo, montou sozinho um esquema com potencial de faturamento de quase 50 milhões de reais é ridículo, até para a lógica bolsonarista.

Bolsonaro, o mais impopular

Por Antonio Martins, no site Outras Palavras:

Desde que Bolsonaro chegou ao Palácio do Planalto, e ficou clara sua incapacidade colossal, um fantasma atormenta certos setores da oposição. O presidente estaria, no fundo, encenando uma peça, para “convocar o caos”, derrubar o sistema político e instalar um governo francamente fascista? A nova pesquisa de popularidade presidencial divulgada hoje pelo Ibope ajuda a desfazer esta fantasia. Governo péssimo resulta, realmente, em perda rápida de apoio. Em menos de seis meses de governo, o percentual de apoio ao presidente (os que julgam sua gestão “ótima” ou “boa”) despencou para 32% da população.

Moro e o sargento da coca que "agiu sozinho"

As fotos na Internet, sobre carregamentos de 40 kg de cocaína,
comprovam a impossibilidade do sargento ter atuado sozinho
Por Luis Nassif, no Jornal GGN:

O vice-presidente, general Hamilton Mourão, declarou o óbvio: o tal sargento da aeronáutica não agiu sozinho. Têm-se, aí, um caso grave, um problema que já afetou Forças Armadas de diversos países, mais ainda aquelas que foram colocadas na linha de frente da luta contra a droga.

O abuso de autoridade e a majestade da lei

Editorial do site Vermelho:

A aprovação no Senado do projeto de lei que pune abuso de autoridade praticado por magistrados e integrantes do Ministério Público foi um passo institucional de suma importância. Ela avança na criação de um instrumento de contenção da marcha do arbítrio contra o Estado Democrático de Direito e ao mesmo tempo de aprimoramento da institucionalidade democrática do país. Numa conjuntura em que há uma inequívoca tendência ao retrocesso civilizatório, instituir essa medida equivale a acender uma luz na escuridão.

Ibope: segue a erosão de Bolsonaro

Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:

A pesquisa CNI-Ibope divulgada hoje confirma o que todos os levantamentos têm indicado e avança mais um degrau: o apoiamento público do governo de Jair Bolsonaro está se erodindo continuamente e ele ainda preserva seu núcleo mais fanático, embora esteja perdendo progressivamente outro tanto que lhe deu o voto em outubro.

Desta vez, porém, o número de insatisfeitos com o ex-capitão supera, pela primeira vez, o número de satisfeitos.

Lula sob custódia militar e sem direitos

Por Jeferson Miola, em seu blog:                   

Em 6 meses o STF adiou 3 vezes o julgamento do habeas corpus em que Lula pede sua liberdade devido à atuação interessada, documentalmente comprovada, de Sérgio Moro no processo farsesco para condená-lo, prendê-lo e afastá-lo da eleição presidencial.

O 3º adiamento dá a exata noção da anomalia do judiciário brasileiro, que está tutelado pelas facções militares hegemônicas.

Habeas corpus, no Direito, tem valor equivalente ao atendimento médico urgente, inadiável e improrrogável. Em nenhuma hipótese o socorro imediato pode ser negado se presentes os requisitos para seu pedido; sua negação pode levar a risco de morte do paciente.

'Democracia em Vertigem': golpe no estômago

Por Breno Altman, no site Opera Mundi:

O documentário “Democracia em Vertigem” não é para corações e mentes desavisados. Cada pedaço da narrativa é um golpe no estômago, flertando com a tessitura de uma tragédia shakespeariana.

Emociona e estremece o espectador como uma ficção do melhor cinema, mas sua matéria-prima e linguagem são forjados pela realidade mais bruta. O tempo voa, o ritmo é contagiante, levando a um estado de exaustão, dor e perplexidade frente à decomposição nacional.

Várias obras já foram produzidas sobre o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff e a Operação Lava Jato. Nenhuma delas, no entanto, tentou ir tão fundo na perfuração das camadas sobre as quais se construiu a trajetória recente do país.

"Militares estão num governo de opereta"

Por Guilherme Pavarin, no site The Intercept-Brasil:

Os estudos de João Roberto Martins Filho são a prova de que, no Brasil, os conflitos se repetem, nunca cessam. Quando ele iniciou o mestrado, nos anos 1970, o país estava sob domínio dos militares e, nas ruas, a oposição mais ruidosa emergia da ala estudantil. Na época jovem acadêmico e fã de História, Martins se interessou pelo tema e se debruçou sobre documentos, entrevistas e livros para entender os grupos de estudantes na ditadura militar. O resultado lhe rendeu tese de mestrado na Unicamp, mas o principal fruto que colheu foi o fascínio pelo plano de fundo da pesquisa: as disputas internas das Forças Armadas do Brasil, assunto pouco explorado na academia.

Imagina se fosse o Lula!

Por Ayrton Centeno, no jornal Brasil de Fato:

Não há como saber, mas a frase “Imagina se fosse o Lula!” deve ser uma das mais repetidas neste ano da desgraça de 2019. Razões não faltam para tanto. Não é um episódio em determinado mês ou certa semana que aciona o gatilho. São motivações diárias e, em certa conjuntura, até horárias. A tamanho bombardeio de besteiras, vergonhas, violências ou mesmo crimes, as pessoas reagem apelando à mesma sentença, que parece tudo definir, dando voz ao nosso espanto e resumindo nossa condição estupefata diante do derretimento do país: “Imagina se fosse o Lula!”

Cadê a autocrítica da direita brasileira?

Por Róber Iturriet Avila, no site Brasil Debate:

Passados seis meses de governo Bolsonaro e três anos de uma aliança liberal-conservadora na gestão do país, já estão autorizadas as cobranças pelos resultados.

O governo Temer prometia que a redução de gastos públicos geraria crescimento econômico e a reforma trabalhista ampliaria o número de empregos. Os resultados concretos foram: estagnação, desemprego e ampliação do endividamento público. O lado positivo foi a redução da inflação e do nível de taxa de juros. Houve um entusiasmado apoio de inúmeros setores para a queda de Dilma Rousseff. Seriam eles responsáveis pelo desastre que tivemos desde então?

Petra Costa e a 'Democracia em Vertigem'

Petra Costa
Por Jordana Pereira, no site da Fundação Perseu Abramo:

Em época de publicações do Intercept que revelam o esquema montado para prisão do ex-Presidente Lula que o tiraria das eleições 2018, é um alívio assistir ao novo documentário de Petra Costa. Um alívio que dói, mas que não deixa de ser um alívio. Dói, porque percebemos quão frágil foi a democracia que construímos e quão difícil será retomá-la. Golpe parlamentar, Lula preso, povo vivendo pior, um fascista presidente, sem muita perspectiva futura mais positiva. Como deixamos chegar até aqui? Dói. E é um alívio, porque a versão da história que contamos a nós mesmos desde 2013, finalmente, aparece completa legitimada pela tela. Como se ela materializada na narração da diretora se tornasse, finalmente, incontestável e com potencial de transcender as narrativas da esquerda. Os fatos se conectam, se organizam, se concatenam e geram a história concreta, aquela que estará nos livros de nossos netos. E é essa história que está ali estampada nas nossas caras, bem à nossa frente em forma coesa durante duas horas.

General Heleno, peça para sair!

Por Eugênio Aragão, no Diário do Centro do Mundo:

Errar é humano. Quem erra deve tentar de novo, de novo e de novo, até acertar. Se o erro causou dano a outrem, precisa o errante tirar as consequências de seu ato – isso se chama responsabilidade. Erramos, mas não podemos fugir de nossas responsabilidades, por vivermos todos na coletividade. O coletivo nos impõe a solidariedade inerente à comunidade de destino.

O Gabinete de Segurança Institucional (GSI) é responsável pela incolumidade do Presidente da República e do próprio Estado, quando se trata de ameaças políticas a sua existência ou a sua funcionalidade. Para cumprir com essa grave tarefa, compete ao GSI organizar e manter os serviços de inteligência é contrainteligência do governo, articulando-se com órgãos setoriais da mesma natureza, sejam da polícia ou das Forças Armadas.

Os desafios da mídia alternativa

Por Eleonora de Lucena e Rodolfo Lucena, no site Tutaméia:

A imprensa brasileira tem se comportado lamentavelmente, com algumas exceções. Os quatro ou cinco principais veículos desempenham um papel de ‘think tank’ das classes conservadoras. Há um jornalismo de subserviência, unilateral.

A análise é do jornalista e escritor Bernardo Kucinski em entrevista ao Tutaméia (acompanhe no vídeo). Professor de jornalismo, ele avalia que a imprensa deveria ser “mais crítica e independente” em relação ao governo Bolsonaro.

De outro lado, opina que a mídia progressista deveria ser “menos panfletária, mais substantiva e analítica”. “Fazem campanha o tempo todo. Sinto falta de um jornalismo analítico na imprensa alternativa, com análises realistas e com mais profundidade. Há falta de meios”, diz.

Bolsonaro e cúpula do Exército em guerra fria

Por André Barrocal, na revista CartaCapital:

O Alto Comando do Exército, um grupo de 16 generais da ativa, escolheu em 24 de junho novos membros do time, para o lugar de dois que iriam para a reserva. O porta-voz de Jair Bolsonaro, Octávio do Rêgo Barros, era um concorrente e ficou de fora. Seus competidores eram melhores? Ou ele teria sido vítima de uma guerra fria existente entre o presidente e a cúpula das Forças Armadas?

Os militares estão contrariados com a resistência do presidente em se deixar domesticar por gente fardada que faz (ou fazia) parte do governo, conforme eles têm dito em conversas reservadas com parlamentares e empresários. Depois das manifestações de rua de seus apoiadores em 26 de maio, Bolsonaro radicalizou. Demitiu generais que tinham uma postura não-extremista.

A queda livre do governo do capitão

Por Ricardo Kotscho, em seu blog:

Bolsonaro tinha 49% de ótimo/bom na primeira pesquisa do Ibope, em janeiro, quando ainda era o salvador da pátria.

Termina o primeiro semestre com apenas 32% de aprovação, o mesmo índice de quem considera seu governo ruim ou péssimo.

Em seis meses, perdeu 17 pontos de aprovação e triplicou a rejeição, que foi de 11% para 32%. É um fenômeno.

Às vésperas de deixar o governo, como bem lembrou hoje o próprio ex-presidente, Lula tinha 87% de aprovação no Ibope após oito anos de mandato.

quinta-feira, 27 de junho de 2019

Como as democracias se suicidam

Por Roberto Amaral, em seu blog:

Sobre ser um belo e bem realizado documentário, ‘Democracia em vertigem’ é instigante ensaio sobre o processo político contemporâneo e nos sugere algumas reflexões a propósito dos caminhos e descaminhos da democracia brasileira, sempre forcejando por conquistar espaço e pouso em nossa história de país, nação e Estado (assim nessa ordem) autoritários.

Os lucros dos bancos e os privilegiados

Charge: Marcio Baraldi
Por Paulo Kliass, no site Carta Maior:

O governo do capitão vive espalhando aos quatro ventos que sua proposta de reforma previdenciária veio para acabar com os privilégios existentes em nosso País. E para tanto a PEC 06 distribuía maldades para dificultar o acesso aos benefícios no interior do Regime Geral da Previdência Social (RGPS). Só que para essa turma liderada pelo superministro Paulo Guedes, os verdadeiros privilegiados seriam aqueles que recebem alguma aposentadoria ou pensão do INSS. Uma insanidade! A grande maioria desses beneficiários é composta de pessoas que estão na base de nossa pirâmide da desigualdade.

quarta-feira, 26 de junho de 2019

Supremo insiste em permanecer Ínfimo

Por Paulo Moreira Leite, em seu blog:

Confesso que não esperava que Lula fosse libertado pelo STF, ontem.

Sei que não faltam argumentos para que ele seja colocado em liberdade antes de você acabar de ler esta nota.

Lula não só conquistou legalmente o direito ao regime semi-aberto como é vítima de uma perseguição judicional evidenciada em várias etapas do processo -- e agora confirmada pelas revelações do Intercept.

Mas sabemos que um julgamento dessa envergadura não envolve uma decisão técnica, a favor de Lula, mas uma decisão política, que pode ser desfavorável.

O militar com drogas no avião presidencial

Por Renato Rovai, em seu blog:

Um militar da Aeronáutica brasileira foi detido nesta terça-feira (25) no aeroporto de Sevilha, na Espanha. Hoje Bolsonaro que está indo ao Japão participar do G20 faria escala no mesmo aeroporto. Na última hora mudou-se a rota. O avião titular da presidência da República fez escala em Lisboa.

Sim, a nova do dia é que agora a presidência da República tem avião titular e reserva. E neste avião reserva o militar que o governo não identificou foi preso por suspeita de transportar drogas.

O ministério da Defesa de Bolsonaro diz que os fatos estão sendo apurados e que foi determinada a instauração de Inquérito Policial Militar (IPM). Nada mais. Como se traficar drogas a partir de agora passasse a ser considerado segredo de Estado.

Começou a 'Lua de Fel' de Bolsonaro

Por Artur Araújo, no site Outras Palavras:

Fonte insuspeita - o Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (IBRE/FGV) - comunica à praça que a fadinha das expectativas era de fato bruxa má. É o Valor Econômico quem conta, em matéria na edição de hoje.

“‘O efeito lua de mel do período pós-eleitoral foi zerado’, dizem os economistas Aloísio Campelo e Viviane Seda Bittencourt. Em resumo, a melhora que havia ocorrido após o pleito do fim do ano passado já foi devolvida. Em maio, o Índice de Confiança do Consumidor (ICC) caiu 2,9 pontos, para 86,6 pontos, enquanto o Índice de Confiança Empresarial (ICE) recuou 2 pontos, para 91,8 pontos. A análise faz parte do Boletim Macro do Ibre/FGV, que será divulgado hoje.”

A falência de uma grife chamada Macron

Por Leandro Gavião e Tanguy Baghdadi, no jornal Le Monde Diplomatique-Brasil:

O espetáculo macabro do incêndio da Catedral de Notre-Dame de Paris completou dois meses. As análises sobre a reação do presidente Emmanuel Macron em face do episódio foram bastante heterogêneas. Alguns especialistas acreditavam que Macron seria, em alguma medida, responsabilizado pela tragédia. Outros, por sua vez, destacaram a celeridade com a qual o presidente se apresentou à imprensa, com a promessa de soluções para a reconstrução da Catedral e com um discurso em tom de união nacional, dispensando acusações vãs que pudessem explicar o incêndio.

Golpe atual "visa a jugular da soberania"

Por Vitor Nuzzi, na Rede Brasil Atual:

Miguel Nicolelis passou a maior parte de sua vida, 31 de 58 anos, fora do país, mas conta que só se sente realmente em casa no Brasil. Como nos últimos dias, antes de voltar aos Estados Unidos. Só que, recentemente, andar por aqui causa uma sensação de dubiedade. “É muito difícil voltar pra cá, por tudo o que eu imaginava, e ver como essa utopia vem sendo desmontada muito rapidamente”, diz o neurocientista, que participou ontem (25) à noite de debate no Centro de Estudos de Mídia Alternativa Barão de Itararé, na região central de São Paulo. Para ele, o momento é muito pior do que 1964, quando ainda havia projetos de país. “Esse golpe visa a jugular da soberania do Brasil”, afirma, ao lado da presidenta da Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG), Flávia Calé.

Moro, Mídia, Milícias e Ministros do STF

Por Luis Nassif, no Jornal GGN:

Nosso Xadrez ganhou uma complexidade à altura do caos que se instalou no país.

Há quatro personagens diretamente envolvidos com a Lava Jato e, seguramente, fazendo parte do dossiê Intercept: a Lava Jato, o Supremo Tribunal Federal (STF), Mídia e Milícias (entendido aí, o grupo diretamente ligado à eleição de Bolsonaro).

Todos eles tiveram papel central na era da ignomínia da democracia brasileira, uma mancha na história de cada um, com exceção obviamente das milícias, as vitoriosas.

Em outros tempos, a revisão histórica se daria após o fim do período de exceção, com justiça de transição, obras desnudando os personagens. E, em geral, cobrindo de vergonha apenas os descendentes dos principais personagens.

Reflexões sobre o julgamento de Lula no STF

Editorial do site Vermelho:

Mais uma vez, o Supremo Tribunal Federal (STF) negou a liberdade para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Mas seria errôneo imaginar que se trata apenas de mais um revés. Deste feita, na Segunda Turma, houve uma ponderável manifestação a favor da contestação ao arbítrio e ao desrespeito ao ordenamento jurídico advindo da Constituição. Foram argumentos consistentes, demonstrando que no caso da condenação e da prisão do ex-presidente existe um festival de ilegalidades.

O Brasil virou xepa

Por Fernando Brito, em seu blog:

Não tente fazer análises políticas ou econômicas sobre o Brasil com muita seriedade, porque você vai errar.

Deixamos de ser o que éramos há alguns anos, um país carente, injusto, mas à procura de caminhos para desenvolver-se e nos tornamos uma xepa.

Nada mais funciona com algum senso.

A economia real enfia-se num pântano e já ninguém acredita que o PIB vá sair do zero, mas a Bolsa de Valores – em tese o lugar que deveria refletir o vigor (ou a falta de) da atividade econômica está nas alturas.

terça-feira, 25 de junho de 2019

Perseguição bolsonarista ameaça jornalistas

Por Altamiro Borges

Nesta segunda-feira (24), a Rede Record – comandada com mãos de ferro pelo “bispo” Edir Macedo, o bilionário mercador da fé religiosa no Brasil e em vários outros países – anunciou o afastamento do apresentador Paulo Henrique Amorim do programa Domingo Espetacular.

O renomado jornalista, que já atuou nos principais veículos de comunicação do país, ganhou vários prêmios e publicou livros de sucesso, era o âncora do programa de maior audiência da emissora há quase 15 anos. Ele nunca foi afastado e atuou de forma ininterrupta.

A miséria do jornalismo brasileiro

Por Mario Vitor Santos, no blog Nocaute:

A publicação das mensagens trocadas pela força-tarefa da Lava Jato com o então juiz Sérgio Moro, pelo site The Intercept Brasil, do qual o jornalista norte-americano Glenn Greenwald é um dos fundadores e diretores, representa o momento mais constrangedor da história dos meios de comunicação do Brasil. Desse episódio é impossível outra constatação: os grandes jornais, revistas, redes de rádio e televisão do país fracassaram e estão desmoralizados.

Globo manipula para atacar reforma agrária

Por Juca Guimarães, no jornal Brasil de Fato:

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura Familiar (Contraf) criticaram nesta segunda-feira (24) reportagem exibida domingo (23) no Fantástico, da TV Globo, em que a exposição de quatro casos de supostas irregularidades em áreas de assentamento serviu para ataques ao programa brasileiro de reforma agrária.

O MST lembra que a reforma agrária criou 9.374 assentamentos, com cerca de 88 milhões de hectares, onde vivem 972 mil famílias, de acordo com os dados mais recentes do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).

O aparente paradoxo dos protestos no mundo

Por Helder Lara Ferreira Filho e José Luis da Costa Oreiro, no site Brasil Debate:

Este artigo busca discorrer sobre algumas das manifestações ao redor do mundo, particularmente a francesa e a brasileira. Veremos que há alguns paralelos que podem ser traçados, tanto nas causas como nos possíveis tratamentos para essas insurreições. O economista francês vencedor do prêmio Nobel Jean Tirole escreveu recente artigo sobre a turbulência ocorrida em seu país sob a tutela de Emmanuel Macron (Tirole, 2019). Em resposta à Revolta dos “Coletes Amarelos” (“Yellow Vest” Revolt), o presidente resolveu promover um grande debate nacional acerca de alguns tópicos, notadamente: política ambiental, democracia e identidade, tributação e organização do Estado.

Julgamento de Lula e o STF no cadafalso

Por Marcelo Uchôa, no site da Fundação Perseu Abramo:

Sócrates afirmava que segundo o prisma ético era melhor ser acometido por uma injustiça do que cometê-la, porque quem comete a injustiça é um criminoso, quem a sofre não é. A assertiva, por mais conscienciosa que seja, não resolve a fundo os problemas jurídicos, embora tenha a virtude de reconhecer que o direito é incapaz de suplantar a falibilidade humana.

Essa suscetibilidade do ser humano, que para Kant era uma obsessão e para Kelsen o ponto fora da curva a ser evitado por sua Teoria Pura do Direito, não resultaria em garantia alguma de justiça, mesmo que um imperativo categórico ou uma teoria normativa perfeita estabelecessem um padrão cognitivo seguro de julgamento que tolhesse o erro humano. Afinal, o erro bem pode não decorrer necessariamente de um deslize ingênuo de interpretação, ao contrário, pode advir de má-fé explícita da parte de quem julga. No Brasil dos anos recentes, há juízes que decidiram virar hooligans ingleses sedentos para comemorar a vitória de seus times.

Vaza-Jato é um abalo na extrema-direita

Por Rosana Pinheiro-Machado, no site The Intercept-Brasil:

A Vaza Jato tem trazido à tona a falta de ética e a parcialidade presentes na mais importante operação anticorrupção da história do Brasil. Não é novidade para ninguém que conchavos e relações corruptas institucionais atravessam o sistema político e legal brasileiro. O que surpreende, contudo, é até onde uma parte da população e da sociedade civil está disposta a compactuar com a imoralidade. Como disse recentemente o antropólogo Eduardo Viveiros de Castro em seu Twitter, é a tragédia da verdade: “ainda que eles não possam impedir que a verdade seja revelada, eles podem fazer com que ela tenha pouca ou nenhuma consequência”.