segunda-feira, 31 de agosto de 2020

Quatro anos de golpe

Por Umberto Martins

Quatro anos atrás, no dia 31 de agosto de 2016, uma quarta-feira, o Senado Federal aprovou o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff e, em seguida, deu posse definitiva a Michel Temer. A decisão consumou o golpe de Estado iniciado no dia 17 de abril do mesmo ano, quando a Câmara dos Deputados, sob a presidência de Eduardo Cunha, admitiu a abertura do processo que resultou no afastamento da presidenta.

Embora com a popularidade em baixa, Dilma não cometeu nenhum crime que justificasse o impeachment. Na verdade, foi vítima de um golpe sustentado por forças poderosas e orientado para a realização de objetivos mais amplos e profundos.

Censura ao GGN mostra horizonte preocupante

Por Paulo Moreira Leite, no site Brasil-247:

A decisão do juiz Leonardo Grandmasson Ferreira Chaves, da 32a Vara Cível Rio de Janeiro, que obrigou o jornal GGN a tirar do ar um conjunto de reportagens sobre o Banco BTG Pactual, constitui um fato político cuja gravidade não pode ser diminuída.

Para começar, desde 1988 vivemos num país onde a Constituição assegura a liberdade de expressão com toda clareza permitida pela língua de Camões, sem abrir espaço para ambiguidades nem segundas interpretações.

O inciso IX do artigo 5 afirma que "é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença".

Seis notas sobre a nova conjuntura

Por Valério Arcary, no site A terra é redonda:

1.

O ponto de partida de uma interpretação honesta da situação brasileira é que a maioria da esquerda, inclusive as forças políticas mais influentes, vem subestimando Bolsonaro, uns mais que outros, pelo menos, desde 2017. Explicar este desdém é complicado. A resposta simples, mas insuficiente, é que a esquerda moderada subestimou Bolsonaro porque compreender o apelo do discurso da extrema-direita, depois de mais de treze anos no poder, exigiria uma profunda revisão autocrítica. Há um grão de verdade aqui. Afinal, alguma coisa muito errada deve ter sido feita. Mas o problema não é concluir que Bolsonaro arrastou, por variadas razões a maioria da classe média, o desafio é descobrir porque a maioria da classe trabalhadora organizada, âncora social do PT desde os anos oitenta, não se mobilizou para defender o governo Dilma Rousseff. Essa ausência foi perturbadora. Em consequência, a esquerda moderada abraçou a tática quietista de apostar em derrotar Bolsonaro nas eleições de 2022, calculando que um inevitável desgaste seria acumulado.


domingo, 30 de agosto de 2020

Jeff Bezos, Covid-19 e a fortuna dos ricaços

Por Altamiro Borges

Enquanto a pandemia do coronavírus gera milhões de desempregados, famélicos e desesperados em todo o planeta, os ricaços ficam cada dia mais ricos no capitalismo. A revista Forbes divulgou na semana passada que Jeff Bezos, dono da Amazon, é o primeiro bilionário no mundo a alcançar uma fortuna de US$ 200 bilhões.

A riqueza recorde foi atingida na quarta-feira (26), em plena tragédia da Covid-19, após a valorização de 2% das ações da empresa lhe render um ganho extra de US$ 4,9 bilhões. Convertida em reais, Jeff Bezos já pode ser chamado de trilionário: a fortuna do ricaço ultrapassa o R$ 1,1 trilhão.

O pastor que “abençoou” Bolsonaro e Witzel

Por Altamiro Borges

A prisão nesta sexta-feira (28) de Everaldo Dias Pereira, o “Pastor Everaldo”, presidente nacional do Partido Social Cristão (PSC), não mereceu manchetes nos jornalões ou destaque nos telejornais – que deram maior cobertura ao afastamento do governador Wilson Witzel, da mesma legenda de aluguel.

Mas o sinistro pastor não é figura de menor expressão na política nativa – e como expoente da direita. Preso sob a acusação de integrar um esquema milionário de desvio de recursos públicos destinados ao combate da pandemia da Covid-19 no Rio de Janeiro, ele é famoso por sua ação nos bastidores, no subterrâneo da política.


Notícias falsas devem pautar eleição em 2020

Por Igor Carvalho, no jornal Brasil de Fato:

Personagem importante das eleições de 2018, as notícias falsas devem influenciar, ainda, o debate eleitoral neste ano. Apesar dos debates no Congresso e no Judiciário, especialistas escutados pelo Brasil de Fato estão pessimistas sobre o combate à desinformação no país.

“Esse processo se expandiu e agora influencia tudo. Por exemplo, a pandemia da covid-19 tem gerado notícias que favorecem quem desacredita a doença e tem morrido muita gente por isso. Não é só eleição que ela influencia e continuará influenciado neste ano, é comportamento também”, explica Leda Gitahy, professora do Departamento de Política Cientifica e Tecnológica (DPCT) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), no interior de São Paulo.

Ricardo Salles, um equilibrista na devastação

Por Rodrigo Martins, na revista CartaCapital:

A permanência de Ricardo Salles no Ministério do Meio Ambiente está ameaçada. Não que seu trabalho desagrade ao presidente, longe disso.

Logo após vencer as eleições de 2018, Jair Bolsonaro manifestou a intenção de extinguir a pasta e colocar fim à “indústria de multas do Ibama”. Diante da forte reação contrária à iniciativa, não apenas de ambientalistas, mas também de representantes do agronegócio preocupados com a criação de barreiras comerciais aos produtos brasileiros no exterior, o ex-capitão viu-se forçado a um recuo tático. Manteve a estrutura formalmente de pé, mas escalou a dedo um leal combatente para implodir todo o aparato de fiscalização. Fosse pelo desejo do chefe, Salles ocuparia o posto até o fim do mandato, e ainda poderia receber alguma distinção pelos serviços prestados à agenda da devastação.

Mídia não aprendeu lições do golpe de 1964

Por Tiago Pereira, na Rede Brasil Atual:

A jornalista Cynara Menezes, do blogue Socialista Morena, afirmou que os veículos da imprensa tradicional, no Brasil, encontraram no ódio antipetista a fórmula para alcançar o poder. O plano era substituir o PT pelos aliados do PSDB. Mas a estratégia, baseada no apoio incondicional da mídia à Operação Lava Jato, fracassou, abrindo espaço para a ascensão do atual presidente Jair Bolsonaro.

Para ela, é hora dos grandes jornais e as principais redes de televisão do país fazerem, eles mesmos, a “autocrítica” que tanto cobram dos políticos petistas. Já que essa fórmula baseada no ódio antipetista causou a destruição do país.

Bolsonaro faz farra com R$ 325 bi do Tesouro

Editorial do site Vermelho:

De quem é o Tesouro Nacional? Segundo a legislação, é seu dever, como instrumento do governo federal gerido pela Secretaria do Tesouro Nacional, administrar os recursos financeiros que entram nos cofres públicos. É o caixa-forte do Brasil. Sua função precípua seria atender às necessidades do país, priorizar as necessidades da população, função bem definida na Constituição ao estabelecer deveres e direitos do Estado.

A destruição da sacrossanta

Por Manuel Domingos Neto

Nação é comunidade complexa, formada por segmentos sociais numerosos, diferenciados e sempre em disputa uns com os outros.

As Ciências Sociais já demonstraram que tal entidade é mais que simples manifestação do instinto gregário observado em agrupamentos “tribais”. Demonstraram que não é fruto “natural” do desenvolvimento socioeconômico e a submissão dos vizinhos pela força, como acreditava Hitler. Também não é crença comum num passado mítico deliberadamente sugerido pelo romantismo. Ou ainda lastreada em “tradições” fabricadas e impostas de cima para baixo.

Nação não se fundamenta em etnias, língua ou crenças religiosas. Tampouco resulta da vontade ou da determinação do Estado, em que pese o esforço ingente do poder político para moldar a sociedade e apresentar-se como sua legítima expressão.

sexta-feira, 28 de agosto de 2020

Mudanças na conjuntura e eleições municipais

Por Altamiro Borges

De forma telegráfica, em tópicos, algumas observações e preocupações sobre o cenário político brasileiro e a importantíssima batalha das eleições municipais deste ano:

1- Há sinais de mudança na conjuntura nacional. Essa alteração pode ser momentânea, fugaz. Pode?! Mas ela interfere na luta política nos próximos meses;

2- O “capetão” Bolsonaro estava nas cordas, correndo sério risco de até sofrer impeachment. Ele se desgastou em decorrência da prolongada crise econômica, do seu persistente piriri verborrágico e, principalmente, da sua postura criminosa, negacionista e irresponsável diante da pandemia do novo coronavírus;

3- O troglodita também se isolava celeremente, tendo comprado brigas com sua legenda de aluguel (PSL), com governadores que subiram ao seu palanque (como Doria e Witzel) e com lavajatistas subordinados a Moro. Até expoentes da cloaca burguesa já advertiam que o governo poderia deixar de ser funcional ao “deus-mercado”;

A queda de Witzel e a aposta na antipolítica

Por Rodrigo Vianna, no site Brasil-247:

O afastamento de Wilson Witzel, eleito ao governo do Rio na onda da antipolítica e do lavajatismo, vem acompanhado ironicamente de todos os ingredientes de abusos e distorções instaurados na política brasileira pela Operação curitiboca.

O governador foi afastado por ordem judicial, atropelando assim o rito que prevê a votação do impeachment na Assembleia. É uma espécie de "golpe judicial", a partir do STJ, tribunal em que o bolsonarismo parece ter aliados importantes.

O vice de Witzel, que deve assumir o poder e segue fiel ao bando de Jair, teria se encontrado com os bolsonaristas na véspera da Operação - que incluiu busca e apreensão em gabinetes da Alerj.

Globo e Estadão têm medo da justiça

Do site Lula:

Em 1º. de novembro de 2018 a defesa do ex-presidente Lula levou ao STF um habeas corpus em que pede a anulação da sentença do tríplex e de todos os casos em que o então juiz Sergio Moro atuou contra ele. O pedido tem base em fatos notórios como os grampos ilegais, inclusive dos advogados de Lula, o abuso da condução coercitiva, a sentença que ignorou 73 testemunhos contrários à denúncia, e condenou por “atos indeterminados”, a deliberada manipulação da opinião pública por meio da mídia, tudo caracterizando a motivação política e eleitoral de Moro para perseguir Lula.

Utopias: O Brasil depois da pandemia

Por Samuel Pinheiro Guimarães

1. O Brasil tem o quinto maior território e a sexta maior população do mundo e está entre as doze maiores economias. Nestas três categorias de Estados, entre os doze primeiros somente se encontram cinco: os Estados Unidos, a China, a Índia, o Brasil e a Rússia.

2. Todavia, em contraste com estas características positivas, a sociedade brasileira é complexa, com enormes disparidades de riqueza; de nível cultural; de origem étnica; de gênero; regionais; entre centros e periferias urbanas. Disparidades agravadas pela ação cotidiana de um Governo retrógrado, que não tem comparação com qualquer outro no mundo, cuja intenção, declarada, é destruir tudo o que foi construído no passado, semear o ódio, a violência e a ignorância.

Bolsonaro desrespeita a agricultura familiar

Editorial do site Vermelho:

Os vetos do presidente Jair Bolsonaro ao sancionar o Projeto de Lei sobre medidas emergenciais de amparo aos agricultores familiares do Brasil para amenizar os impactos socioeconômicos provocados pela pandemia da Covid-19 é mais uma ação que entra para o seu já vasto rol de maldades contra o povo. Além do presidente da República, assinam o veto o ministro da Economia, Paulo Guedes, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, e o ministro da Cidadania, Onyx Lorenzoni

The Send, o movimento reacionário dos EUA

Por Luisa Fragão, na revista Fórum:

Em fevereiro de 2020, o Brasil foi palco de um dos maiores eventos missionários do mundo. Autointitulado como um “movimento”, a edição brasileira do The Send lotou – de forma simultânea – um estádio em Brasília e dois em São Paulo, além de ter contado com a participação de figuras importantes da política nacional, como o próprio presidente Jair Bolsonaro e a ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves.

Os irmãos Koch miram a América Latina

Por Carolina Rieger Massetti Schiavon e Katya Braghini, no site Outras Palavras:

Há uma rede multidimensional de instituições e grupos políticos que difundem o ideário “libertariano”, atuando sobre a formação de jovens. Nessa rede, os jovens são vistos como novas lideranças empreendedoras, perfeitos na operação de modificações estruturais na sociedade, entre elas, a alteração de fundamentos republicanos de forma ampla e a mudança no funcionamento da educação pública, de forma específica.

O príncipe das trevas de Trump

Por Léa Maria Aarão Reis, no site Carta Maior:

Para quem pouco ouviu falar dele, o lobista estadunidense nascido em Connecticut, Roger Stone, de 68 anos - também conhecido como ''o príncipe das trevas'' - foi um dos principais artífices de redes de notícias falsas, mentiras e explosões de ódio nas plataformas digitais. Mesmo antes do advento da internet ele já havia trabalhado ativamente nas campanhas políticas de Nixon e Reagan e, mais recente, não apenas como conselheiro de Donald Trump, em 2016, mas como um dos seus principais confidentes.

Economia mundial afunda e Guedes bravateia

Por Altamiro Borges

Só mesmo o charlatão Paulo Guedes, o "fritado" de um ministério em "debandada", ainda bravateia que a economia vai deslanchar em breve. Divulgado nesta quarta-feira (26), relatório da OCDE aponta que os 36 países mais ricos do planeta tiveram queda recorde do PIB, de 9,8%, no segundo trimestre deste ano.

Segundo o estudo, a pandemia da Covid debilitou ainda mais uma economia que já estava doente. Antes da atual crise, o maior recuo nos países da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) foi de 2,3% no primeiro trimestre de 2009, quando o capitalismo viveu o auge da crise financeira global.

O foco de Bolsonaro é se perpetuar no poder

Por Hildegard Angel, em seu blog:

O foco de Bolsonaro não é a justiça social, não é favorecer o mercado, não é o neoliberalismo, não é o conservadorismo, o evangelicismo, o neopentecostalismo, nada disso. Muito menos é um projeto, qualquer projeto, para o país. Seu único e obsessivo foco é se perpetuar no poder. E de preferência como déspota, sem obedecer a qualquer conjunto institucional. Regente único.

Ele já percebeu que o que o ajudará a atingir o objetivo é o assistencialismo barato. Sem planejamento, sem projeto, ao melhor estilo Silvio Santos de ser – “Quem quer dinheiro?”, e atira os tostões para o auditório, que se joga sobre ele como lobos famintos. E bate palmas.

Sindicalismo: Mais magro e mais ágil

Por João Guilherme Vargas Netto

Durante os últimos anos os jornalões sistematicamente noticiaram uma pessoa submetida ao mais severo regime de fome e agora, feita a pesagem, descobriram que ela emagreceu. Não é de se espantar, mesmo porque devido ao rigor do regime a novidade é que a pessoa continue viva.

Eis uma comparação com as últimas notícias sobre a queda da sindicalização no Brasil.

Com efeito, depois do cavalo de pau em 2015 com o desemprego em alta, a informalidade nas nuvens, a deforma trabalhista de Temer, a intensificada campanha neoliberal individualista, a eleição de Bolsonaro e seu primeiro ano de governo (em que, para lembrar, o próprio ministério do Trabalho e Emprego foi desmantelado) era muito difícil que o sindicalismo mantivesse os níveis de sindicalização que situavam o movimento sindical brasileiro no pelotão mundial de países com índices médios ou altos. A queda foi brutal.

Guedes está nu e com a mão no (seu) bolso

Por Fernando Brito, em seu blog:

Paulo Guedes não vale mais um tostão furado.

Saia – como é provável – do Ministério ou permaneça no cargo, completamente desmoralizado por um presidente que vai a público dizer que desautoriza a proposta de seu “superministro” e manda suspender o tal Renda Brasil que Guedes definia como o “Big Bang” da reconstrução nacional já importa bem pouco.

Se com a “garfada” de R$ 20 bilhões do abono – como venho insistindo aqui – Guedes estava às voltas com uma “Operação Cata-Cata” para fazer um milagre de arranjar dinheiro para fazer seu “Bolsa Bolso”, sem ela o programa é, numa palavra, impossível.

Globo imita Bolsonaro e não responde

Por Jeferson Miola, em seu blog:                                   

Bolsonaro não responde por que Fabrício Queiroz, o parceiro de pescarias, capataz e gerente financeiro dos esquemas criminosos do clã, depositou R$ 89 mil na conta bancária da sua esposa Michele Bolsonaro.

Quando perguntado a respeito, Bolsonaro se descontrola totalmente e reage com raiva e violência. Ameaça “encher de porrada” a boca de jornalista e xinga repórter de otário, bundão, safado …

Uma reação, enfim, que seria incompatível para quem não tivesse nada a esconder.

A Rede Globo imita Bolsonaro e não responde por que Dario Messer “entregava de duas a três vezes por mês quantias que oscilavam entre 50.000 e 300.000 dólares” “em espécie para os Marinho”, conforme reportagem da revista Veja sobre delação do “doleiro dos doleiros”.

Lei da proteção de dados é uma conquista

Editorial do site Vermelho:

A entrada em vigor da Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD), uma derrota para o governo Bolsonaro que pretendia adiá-la para 3 de maio de 2021, é uma conquista para o Brasil. Quem faz essa avaliação é o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), relator do texto na Câmara dos Deputados. A lei, que não pode ser alterada pelo presidente, representa a defesa da privacidade de cada cidadão e estímulo à atividade econômica, conforme explicação do deputado.

quarta-feira, 26 de agosto de 2020

A subtributação dos super-ricos no Brasil

Por Paulo Nogueira Batista Jr.

Escolhi hoje um tema perigoso: a subtributação dos super-ricos. A turma da bufunfa é poderosa e tem verdadeiro horror de contribuir para o financiamento do Estado. Resiste ferozmente a qualquer tentativa de extrair dela alguma contribuição. E quem se dispõe a tratar do assunto corre o risco de ser caçado a pauladas, feito ratazana prenhe, como diria Nelson Rodrigues.

Assim, é natural que poucos se animem a entrar nessa seara. Recentemente, um grupo numeroso de economistas, muitos deles ligados ao mercado e a instituições financeiras, assinaram um longo artigo-manifesto, publicado pela Folha de S.Paulo, sobre a situação fiscal brasileira (“É preciso rebaixar o piso de gastos para que o teto não colapse”, 17 de agosto, p. A14). O artigo não é ruim, está até bem argumentado, mas é notável que não contenha uma linha sequer sobre a injustiça do sistema tributário e a subtributação dos ricos.

Por que o Judiciário protege Moro-Dallagnol?

Por Jair de Souza

Conforme o que vem sendo noticiado, a acusação contra Deltan Dallagnol e seu criminoso “power point” contra Lula deverá ser arquivada por prescrição no tempo.

É só mais um caso daqueles em que o comportamento do Judiciário vai de encontro aos interesses dos membros da corporação e de outros grupos aos quais essa corporação serve.

Considero um grave erro isso de que muita gente de esquerda deposite excessiva esperança nas decisões do Judiciário. O funcionamento do Poder Judiciário, assim como o de todos os outros poderes do Estado, depende fundamentalmente do processo de luta de classes que se trava em um momento determinado da história.

Promulgado, o novo Fundeb agora é lei

Por Carlos Pompe

Em sessão solene, o Congresso promulgou nesta quarta-feira, 26, a Emenda Constitucional (EC) 108/2020, que amplia o alcance e torna permanente o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb). Sua aprovação foi resultado de ampla pressão e mobilização de entidades sindicais, como a Contee, CUT e CTB; estudantis, como UNE e Ubes; de gestores, como Undime, e de personalidades e organizações ligadas à educação. O texto é resultado da Proposta de Emenda à Constituição aprovada na Câmara, em julho, e no Senado, em 25 de agosto.

O capitão pugilista esmurra nosso futuro

Por Roberto Amaral, em seu blog:

Quando todo o mundo, espicaçado de último pela pandemia, se volta mais e mais para investimentos em ensino e pesquisa de qualidade, o governo que nos malsina, após desestruturar o sistema nacional de ciência e tecnologia, dedica-se, de corpo e alma, com eficiência não revelada em outras áreas, à desmontagem do ministério da educação, concluindo a obra de vandalismo do ex-ministro homiziado em uma sinecura no Banco Interamericano de Desenvolvimento.

terça-feira, 25 de agosto de 2020

Do tamanho de um coração

Foto: http://www.simec.com.br/
Por João Guilherme Vargas Netto

Das muitas atividades dos sindicatos e dos trabalhadores em defesa da vida, dos empregos e da renda que constituem o dia a dia de suas labutas, quero destacar duas ações de solidariedade que servem de exemplos edificantes da capacidade de ação sindical.

Na fria noite paulistana do último domingo os diretores do sindicato dos metalúrgicos e seus familiares fizeram pessoalmente a distribuição de lanches e achocolatados aos infelizes moradores de rua da Cracolândia, auxiliados pelo pastor Aranilton. O drama humano foi, nesta noite, amenizado, mas permanece a necessidade de ações solidárias de responsabilidade dos poderes públicos.

O insaciável apetite dos bancos

Por Paulo Kliass, no site Carta Maior:

As grandes instituições financeiras tupiniquins parecem atuar em um universo paralelo. O Brasil está sentindo os efeitos dramáticos da pandemia em praticamente todas as suas dimensões. Para além das quase 120 mil mortes, assistimos ao crescimento impressionante do desemprego e da precariedade no mercado de trabalho, com consequências terríveis para grande maioria de nossa população. Do ponto de vista das empresas, observa-se igualmente um quadro de enormes dificuldades, com aumento exponencial do encerramento de atividades, falências e diminuição do faturamento.

O impacto do auxílio emergencial

Por André Singer, no site A terra é redonda:

Os dados da recente pesquisa do Instituto Datafolha mostram que a aprovação do presidente Jair M. Bolsonaro subiu cinco pontos percentuais. Essa elevação se insere numa tendência já indicada pelos comentaristas atentos às repercussões do pagamento pelo governo do auxílio emergencial. Trata-se de um valor significativo em regiões onde o custo de vida é baixo. São 600 reais, podendo chegar a 1200 reais dependendo se há um ou uma chefe de família na casa.

Convenção de Trump e o ‘terror anticomunista’

Por Fernando Brito, em seu blog:

Joe Biden é um socialista, como sua companheira de chapa, Kamala Harris.

Obama é comunista.

O vírus da pandemia foi produzido pelo Partido Comunista Chinês.

Os democratas vão quebrar os Estados Unidos da América, exportar os empregos para a China e transformar o país num paraíso das drogas, como teriam feito da Califórnia, nas palavras da namorada do filho de Trump, Kimberly Guilfoyle, dando uma de Janaína Paschoal, uma “terra de agulhas de heroína descartadas nos parques.

Impunidade de Deltan: retribuição pelo golpe

Por Jeferson Miola, em seu blog:             

A impunidade do Deltan Dallagnol é o pagamento das instituições do regime de exceção em retribuição pelos crimes perpetrados por ele e seu bando contra a democracia brasileira.

O arquivamento do processo movido pela defesa do Lula desde 15 de setembro de 2016 – há incríveis 4 anos! – pelo Conselho Nacional do Ministério Público [CNMP] não atesta a inocência e a lisura do Deltan e dos outros elementos da Lava Jato.

Isso porque 8 dos 11 integrantes do CNMP reconheceram que eles agiram ilegalmente na divulgação espalhafatosa do power point contra Lula transmitido ao vivo pela Globo durante horas e repercutido exaustivamente na bancada de “notáveis juristas” da emissora.

Quem matou Zuzu Angel foi o Estado

Por Wadih Damous, no site da Fundação Perseu Abramo:

O Poder Judiciário brasileiro reconheceu que a morte da estilista Zuzu Angel não foi acidental e sim decorrente de um atentado contra a sua vida cometida por agentes do Estado brasileiro, à época sob ditadura militar. A Comissão de Mortos e Desaparecidos, criada em 1995, já havia, em 1998, reconhecido o assassinato de Zuzu e afastado a versão da ditadura de que a morte da estilista decorrera de acidente automobilístico.

Bolsonaro não explica R$ 89 mil de Queiroz

Editorial do site Vermelho:

Pode-se dizer que os recentes arroubos do presidente Jair Bolsonaro contra jornalistas são mais do mesmo. A postura aparentemente cordata que ele vinha adotando, ficou claro, era mera conveniência passageira. A essência autoritária, condizente com o seu objetivo de empreender a ruptura com a democracia, aflorou novamente. Nesse caso, o que irritou Bolsonaro foi o questionamento sobre um dos casos de corrupção a que ele está diretamente envolvido, os depósitos feitos por Fabrício Queiroz na conta da primeira-dama Michelle Bolsonaro.

Por que o pacote Bolsonaro-Guedes patina

Por Antonio Martins, no site Outras Palavras:

Ninguém fala em Big Bang Day impunemente. Mas foi exatamente com estes termos que o ministro Paulo Guedes referiu-se, no fim de semana, ao pacote de medidas econômicas e sociais que seria anunciado hoje (25/8). Ao final, saiu um traque – de pólvora seca. Por divergências internas, o Palácio do Planalto cancelou o anúncio ontem à noite, prometendo, em seu lugar, a reapresentação da Carteira Verde Amarela - ao final, igualmente adiada. A esquerda ganha algum tempo. Será útil aproveitá-lo para compreender com clareza o ataque que está sendo preparado e, quem sabe, formular o antídoto.

Frente única contra Bolsonaro na internet

Por Eduardo Maretti, na Rede Brasil Atual:

A gigantesca repercussão, nas redes sociais, desencadeada pela ameaça do presidente Jair Bolsonaro a um jornalista reverbera insatisfação de amplo espectro social e representa significativa derrota dos “combatentes” bolsonaristas, embora em uma batalha apenas, na guerra da comunicação. “O presidente subiu o tom como forma de tentar manter o discurso de força e enfrentamento que ele sabe que dá retorno. Mas esse retorno, no caso, se deu nos seus canais de redes sociais, administrados por ele, e a questão é que ele não está conseguindo administrar na ‘casa’ dele. Ele não está jogando na casa do adversário, está jogando em casa e está perdendo muito”, diz Fabio Malini, professor e pesquisador da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). A pergunta e sua repercussão chegou a atingir mil reproduções no Twitter a cada 40 segundos.

Dilma Rousseff e a Folha dos covardes

Por Luiz Inácio Lula da Silva, em seu site:

O editorial da Folha de S. Paulo de sábado (22) é uma ofensa à presidenta Dilma Rousseff, uma agressão à verdade histórica e um desrespeito, mais um, aos leitores do jornal e à sociedade brasileira.

Dilma Rousseff, uma pessoa honesta e dedicada ao Brasil, foi vítima de uma campanha de mentiras e seu governo foi alvo de uma sabotagem articulada por setores inconformados com o resultado das urnas de 2014.

A Folha teve papel decisivo naquela articulação, colocando-se mais uma vez a serviço do que há de pior em nosso país: a ganância dos extremamente ricos numa sociedade desigual e injusta; a intolerância dos poderosos diante de qualquer projeto de transformação desta sociedade.

Bolsonaro estimula quebradeira de empresas

Editorial do site Vermelho:

O projeto de lei sancionado pelo presidente Jair Bolsonaro que cria um programa de crédito com linhas para microempreendedores individuais (MEIs), micro, pequenas e médias empresas suscita algumas reflexões. Pode-se dizer que é uma medida tardia e insuficiente. O Programa Emergencial de Acesso a Crédito (Peac) foi criado por uma Medida Provisória em junho e aprovado pelo Congresso Nacional.

Defesa contra a educação

Por João Paulo Cunha, no jornal Brasil de Fato:

Tem chamado atenção e despertado críticas a proposta de orçamento para 2021, que prevê mais recursos para a defesa do que para a educação. Invertendo um perfil histórico e a lógica da civilização, as Forças Armadas seriam vestidas com o tecido cortado das escolas. Sai o uniforme, entra a farda. Menos merenda e mais rancho. Salário de professor em baixa para manutenção dos privilégios da caserna.

O fim do mundo e o Big Bang bolsonarista

Por Fernando Brito, em seu blog:

Creia ou não o respeitável público, teremos amanhã o festim do “”Encontro Brasil vencendo a Covid–19“, direto do Palácio do Planalto, quem sabe para comemorar, na base do “tem de manter isso” as mil vidas que são ceifadas todos os dias e as 115 mil que, naquele dia, já se foram.

No dia seguinte, no mesmo Pátio dos Milagres, comemorar-se-á o “Big Bang Day“, a recriação do mundo econômico do social por Paulo Guedes, que fará emprego e dinheiro jorrarem como um chafariz: a água é a mesma, não entra um litro sequer, mas os esguichos, certamente iluminados por feéricas luzes verdes e amarelas darão a impressão de que agora, cairá do céu o maná que a todos salvará da fome e do caos.

"Falha de S.Paulo" ataca outra vez?

Por Dilma Rousseff, em seu site:

A Folha tem enorme dificuldade de avaliar o passado e, assim, frequentemente erra ao analisar o presente.

Foi por avaliar mal o passado que a empresa até hoje não explicou porque permitiu que alguns de seus veículos de distribuição de jornal dessem suporte às forças de repressão durante a ditadura militar, como afirma o relatório da Comissão Nacional da Verdade.

Foi por não saber julgar o passado com isenção que cometeu a pusilanimidade de chamar de “ditabranda” um regime que cassou, censurou, fechou o Congresso, suspendeu eleições, expulsou centenas de brasileiros do país, prendeu ilegalmente, torturou e matou opositores.

Carona a garimpeiros em avião da FAB?

Por Jeferson Miola, em seu blog: 

Ao longo de 79 anos, desde sua criação no ano de 1941 como Ministério da Aeronáutica, a FAB/Força Aérea Brasileira nunca tinha enfrentado situações tão embaraçosas e desonrosas como no governo Bolsonaro.

A viagem de Vicente Santini, então ministro-substituto do Onyx Caixa-2 na Casa Civil, a paraísos turísticos de 7 países num jato Legacy da FAB com o pretexto de participar do Fórum Econômico de Davos, Suíça [que, registre-se, ainda está longe de ser esclarecido, inclusive com ressarcimento ao erário das despesas indevidas], até parece um crime para juizado de pequenas causas, se comparado com o episódio do tráfico internacional de 39 kg de cocaína em avião da FAB da frota presidencial.

Plano de Flávio Dino e abismo de Bolsonaro

Editorial do site Vermelho:

O Plano Emergencial de Empregos Celso Furtado lançado pelo governador do estado do Maranhão Flávio Dino (PCdoB) representa um forte contraste com a política econômica do governo Bolsonaro. Ao todo, serão investidos R$ 558 milhões em obras e compras públicas, com investimentos que serão realizados entre os meses de agosto a dezembro deste ano. Uma das principais metas, segundo o governo maranhense, é a manutenção do número de empregos criados no mesmo período de 2019, que foi de 62.927 admissões.

Os liberais não quebraram seus santos

Por Fernando Brito, em seu blog:

O Valor traz hoje em sua capa a manchete que afirma que o ministro da Economia Paulo Guedes assume Pró-Brasil e amplia o programa para criar empregos.

E você já leu em inúmeros lugares e declarações que Jair Bolsonaro, com o “Renda Brasil”, vai dobrar o Bolsa Família, em valor e alcance.

Tudo muito bom, desde que você esqueça o que realmente pensa esta gente que cansou de apontar o Bolsa Família como um programa populista, que estava tornando os brasileiros vagabundos que não queriam trabalhar, mas viver do auxílio e de que era melhor emprego sem direito do que direitos sem emprego.

O que houve? Uma epifania? Uma conversão milagrosa destas mentes à ideia de que o progresso econômico se funda na elevação do poder de compra da população e dos seus níveis de bem-estar?

Bolsonaro, o sujeito histórico do fascismo

Por Jeferson Miola, em seu blog:                     

1.

No 1º turno da eleição de 2018, Bolsonaro obteve 49,2 milhões de votos – 33,5% do total de 147,3 milhões de eleitores alistados. Considerando-se apenas os 107 milhões de votos válidos; ou seja, descontando-se os votos em branco, nulos e as abstenções, teve 46%.

As séries de pesquisas de opinião realizadas por distintos institutos desde o início do governo Bolsonaro mostram, com variações sutis, que o pior índice de aprovação dele em todo este período nunca foi inferior a 25%, em maio/2020.

Com este desempenho Bolsonaro – um sociopata genocida que deveria estar preso, se as instituições de fato estivessem funcionando normalmente – nunca deixou de ser um polo eleitoral competitivo da extrema-direita. Mais: ele é, hoje, o fator político em torno do qual a oligarquia dominante, em todos seus matizes, do centro-direita à extrema-direita, gravita.

O teto de gastos asfixia a democracia

Por Juliane Furno, no jornal Brasil de Fato:

Antes de entrar propriamente dito no argumento central que proponho nessa reflexão, a saber: que o teto de gastos fere e asfixia democracia – quero tecer alguns comentários de ordem mais geral.

O primeiro deles é que a aprovação da Emenda Constitucional nº 95, em 2016, partiu de uma premissa equivocada.

Se é certo que desde 2014 o Brasil passou a incorrer em desequilíbrio fiscal – ou seja, a gente passou a gastar mais do que a gente arrecadava – é certo, também, que para solucionar esse desequilíbrio a gente teria, pelo menos, dois caminhos.

No entanto, depois de marteladas tantas vezes na nossa cabeça, a ideia de que o Estado não pode gastar mais do que arrecada, a gente achou – por óbvio – que o ajuste desse desequilíbrio teria que ser feito, necessariamente, cortando gastos.

Manifesto pelo fim do teto de gastos

Por César Locatelli

“Para fazer frente aos desafios do Século 21, é preciso repensar a atuação do Estado, o que necessariamente passa por uma revisão daquilo que sabemos que já não funciona.” E revisar o que não funciona passa, especialmente, pela extinção do teto de gastos que comprime as políticas sociais de saúde, educação e assistência e os investimentos da União.

Essa é a mensagem central do documento “Teto de gastos, a âncora da estagnação brasileira e da crise social”, organizado pela ABED – Associação Brasileira de Economistas pela Democracia e que recebeu a assinatura de 380 economistas. Além da extinção do teto de gastos, o documento exige um pacto social mais harmônico e uma reforma tributária progressiva.

O canto de guerra dos Kayapós

Por Tereza Cruvinel, no site Brasil-247:

Num Brasil silenciado pela pandemia, em que boa parte da população fecha os olhos para a negligência sanitária e a incompetência econômica do governo, graças ao auxílio emergencial providenciado pelo Congresso e apropriado por Bolsonaro, o som de resistência que se ouve vem dos índios.

Desde ontem um grupo de Kayapós mantém o bloqueio da rodovia 163, na altura de Novo Progresso, no Pará.

Entoando cantos de guerra, e batendo com seus varões no asfalto, eles queimaram uma carta da Funai que não atendeu à principal reivindicação deles – a renovação do Plano Básico Ambiental-Indigena (PBA-I), que consiste no financiamento de projetos que compensem os impactos da construção da rodovia que cortou as terras deles.

Maia salva Bolsonaro no golpe aos servidores

Por Altamiro Borges

Mais uma vez o 'rentista' Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara Federal, salvou o "capetão" na sua agenda ultraneoliberal na economia. Em sessão na noite desta quinta-feira (20), os deputados mantiveram o projeto de Bolsonaro/Guedes de congelamento dos salários dos servidores públicos de estados e municípios.

A mídia rentista, que espinafrou o Senado que um dia antes havia rejeitado a proposta de arrocho do governo, novamente é só elogios à “seriedade" e à "responsabilidade fiscal” do presidente da Câmara. O incompetente Jair Bolsonaro, que temia a traição do próprio Centrão, deve mais uma ao seu “fiel” aliado na pauta econômica regressiva e destrutiva.