domingo, 30 de dezembro de 2018

Os anos perdidos

Por Tereza Cruvinel, no Jornal do Brasil:

O ano que se finda ainda será muito revisitado para ser compreendido.

Nele, constatamos que o fundo do poço pode sempre ser mais escavado.

A autoflagelação destrutiva iniciada em 2013, e os desatinos dos anos seguintes, resultaram na opção eleitoral pelo projeto extremista que começa a ser implantado com a posse de Bolsonaro.

E com isso começa o ciclo político que substituirá o da Nova República, iniciado em janeiro de 1985 com a eleição de Tancredo Neves e coroado com a Constituinte, legado que o Brasil e suas elites não souberam aprimorar. Não se pode falar de 2018 sem olhar também para os cinco anos anteriores.

Direita pode estar montando provocações

Por Gilberto Maringoni

São preocupantes as informações de que um suposto grupo terrorista teria anunciado um atentado durante a posse de Jair Bolsonaro, em 1o. de janeiro, em Brasília. As informações se originariam dos próprios responsáveis. É algo somente plausível em seriados da RKO dos anos 1940: uma gang alardeia aos quatro ventos que fará uma ação surpresa em local e data determinadas.

A isso se soma notícia, divulgada na noite de sábado, de que a futura ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves (titular da pasta da Goiabeira), estaria "sofrendo ameaças nas redes sociais há uma semana e que está conversando com a Polícia Federal", conforme informa o UOL.

Temer volta a atacar a indústria nacional

Por Luiz Carlos Bresser-Pereira:

Hoje o governo Temer, através da Camex, deu mais um passo visando acabar com a indústria nacional. Decidiu que em quatro anos as tarifas sobre a importação de bens de capital caiam de 14 para 4 por cento. O argumento é que o setor se beneficia de protecionismo, quando não há protecionismo algum.

O que as tarifas fazem é neutralizar a doença holandesa para efeito de vendas no mercado interno e, assim, dar condições para que as boas empresas do país possam competir.

Temer deixa um Brasil destroçado

Por Lia Bianchini, no jornal Brasil de Fato:

O dia 31 de dezembro marcará o fim de um governo histórico para o Brasil. Michel Temer sairá do poder com a marca de presidente mais impopular da história democrática brasileira. No início deste mês, pesquisa Ibope mostrou que 74% da população considera o governo Temer (MDB) ruim ou péssimo e outros 88% desaprovam a maneira como o presidente governa o país.

Parte dos caminhos que levaram Temer de vice à presidência da República foram expostos em maio de 2016, em áudio gravado de uma conversa entre o ex-senador Romero Jucá (MDB) e o ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado. No áudio, eles falam que a “saída mais fácil” para “estancar a sangria” no país seria colocar Michel Temer na presidência, em um “grande acordo nacional”, “com Supremo, com tudo”. Naquele mesmo ano, a presidenta eleita Dilma Rousseff (PT) foi impeachmada e seu vice-presidente, Temer, alçado ao poder.

Queiroz e o jornalismo farsante do SBT

Por Renato Rovai, em seu blog:

Entre os jornalistas, o SBT já vem sendo chamado de Sistema Bolsonaro de Televisão, tamanha a desfaçatez com a qual a emissora de Silvio Santos aderiu ao novo governo. Entre outras bizarrices, resgatou o programa Semana com o Presidente e o slogan Brasil, Ame-o ou Deixe-o. Ambos, produtos da ditadura militar.

Mas não foi só isso que o SBT fez para se tornar mais amigo do novo rei do que outros grupos de comunicação. Também foi se livrando de jornalistas mais sérios e contratando aqueles que fazem qualquer coisa para “subir na vida”.

O ocaso dezembrista de Temer

Por Cezar Britto, no site Congresso em Foco:

Tenho no mês de dezembro o lapso temporal mais paradoxal do calendário. E não estou aqui narrando das coisas do horóscopo ou das múltiplas complexidades das pessoas nascidas em sagitário ou capricórnio. Tampouco filosofando sobre o fracassado movimento dezembrista que, no distante 26 de dezembro de 1825, reunindo militares e a alta nobreza russa, queria impedir a posse do futuro czar Nicolau I, conhecido por sua crueldade.

O primeiro ato da resistência a Bolsonaro

Por José Reinaldo Carvalho, no blog Resistência:

Foi justa a decisão do PT, acompanhada pelo PSOL e o PCdoB, de não comparecer à cerimônia de investidura do governo da extrema direita.

É o primeiro ato de uma Resistência que nas novas circunstâncias se afigura prolongada, complexa e sinuosa.

A situação política criada com a eleição do governo de extrema direita é por si só anormal, agravada pelo fato de ser um governo resultante da fraude e do engodo.

Sua posse não será uma cerimônia, uma festa, um protocolo, uma juramentação constitucional, mas o ato oficial de inauguração de uma nova época política. Ilusão pensar que em Primeiro de Janeiro procede-se a uma mera alternância de governo.

Lava-Jato acredita nas mentiras do Queiroz

Por Jeferson Miola, em seu blog:         

Se nem mesmo os integrantes e figuras centrais do governo Bolsonaro acreditam nas lorotas do Queiroz, ninguém teria justificativa para acreditar nas suas mentiras, certo? Errado!

Sérgio Moro, Deltan Dallagnol, Marcelo Bretas e os justiceiros da Lava Jato não só aceitam como legitimam a versão mentirosa do Queiroz.

Depois da conversa de vigarista do Queiroz no SBT [ler aqui], ninguém acreditaria que o farsante seria levado a sério. Errado!

Previdência: empobrecimento programado

Por Paulo Moreira Leite, em seu blog:

Principal luta social de 2019, a resistência da maioria dos brasileiros ao projeto de reforma da Previdência acaba de ganhar um reforço indispensável no plano das ideias e argumentos.

Em vez alimentar o debate no plano da luta ideológica, a Associação Nacional dos Participantes dos Fundos de Pensão (Anapar) patrocinou um levantamento da FSB Pesquisa sobre a realidade da população de 210 milhões de brasileiros que será chamada a pagar a conta de toda mudança que vier a ser realizada no sistema de aposentadorias em vigor no país. Foram feitas 2045 entrevistas domiciliares com pessoas com mais de 16 anos, em 152 municípios, entre 8 e 13 de novembro. O resultado é um necessário banho de realidade. Exemplos:

sábado, 29 de dezembro de 2018

Mesmo preso, Lula é inimigo para Bolsonaro

Por Ricardo Kotscho, em seu blog:

Não passa um dia sem que Bolsonaro e família façam algum ataque grosseiro ao ex-presidente Lula, encarcerado há 9 meses em Curitiba.

Preparados para a guerra, militares precisam sempre de um inimigo a ser abatido para justificar a própria existência.

Lula foi escolhido para ser esse inimigo.

Fora do Exército há 30 anos, o mesmo tempo em que virou político profissional do baixo clero, o capitão reformado quer herdar a popularidade de Lula como seu antagonista, combatendo-o mesmo depois da eleição.

Os efeitos da facada no Sistema S

Por Thais Reis Oliveira, na revista CartaCapital:

Paulo Guedes quer ‘meter a faca’ no Sistema S. Em reunião com executivos da Firjan, o superministro de Bolsonaro falou em cortar pela metade o repasse ao sistema que concentra 11 entidades dedicadas à formação profissional e a uma gama de serviços de bem-estar social.

Ainda durante a campanha, ventilou-se que o sistema seria totalmente reformulado. A equipe de Guedes fala agora em acabar com a contribuição obrigatória, a exemplo do que ocorreu com o imposto sindical. Ele explicou que, se os patrões não cooperarem, a derrama será maior: “se tiver a visão do Eduardo Eugênio [presidente da Firjan], corta 30%; se não tiver, corta 50%”.

2018, um ano difícil para a democracia

Do site Vermelho:

A memória do ano que finda será a de um tempo de atentados contra a democracia e de graves retrocessos iniciados no golpe de Estado de 2016 e que vão se acentuar a partir da posse do governo de Jair Bolsonaro. E também será a memória da intensa luta democrática e do fortalecimento da resistência.

Democracias também são mortas em silêncio

Por Boaventura de Sousa Santos, no site Outras Palavras:

Habituamo-nos a pensar que os regimes políticos se dividem em dois grandes tipos: democracia e ditadura. Depois da queda do Muro de Berlim em 1989, a democracia (liberal) passou a ser quase consensualmente considerada como o único regime político legítimo. Pese embora a diversidade interna de cada um, são dois tipos antagônicos, não podem coexistir na mesma sociedade, e a opção por um ou outro envolve sempre luta política que implica a ruptura com a legalidade existente. Ao longo do século passado foi-se consolidando a ideia de que as democracias só colapsavam por via da interrupção brusca e quase sempre violenta da legalidade constitucional, através de golpes de Estado dirigidos por militares ou civis com o objectivo de impor a ditadura.

A saída do bolsonarista Alexandre Garcia

Bolsonaro agradece Alexandre Garcia pela graça alcançada
Por Kiko Nogueira, no blog Diário do Centro do Mundo:

Alexandre Garcia deixou a Rede Globo nesta sexta-feira, dia 28, e livrou a Globo de um constrangimento, que era sua militância bolsonarista.

Em um comunicado interno, o diretor de jornalismo Ali Kamel, aquele do clássico “Não Somos Racistas”, prestou uma espécie de homenagem ao antigo funcionário.

Em nossa conversa, Alexandre me disse que deixa a Globo, mas não o jornalismo. Ele continuará a ter seus comentários políticos transmitidos por duzentas e oitenta rádios Brasil afora. Do mesmo jeito, continuará a escrever artigos para um sem número de jornais por todo o país. E, entre seus planos, está o de acrescentar outro títulos ao seu livro de grande sucesso “Nos Bastidores da Notícia”, lançado em 1990 pela Editora Globo.

O Brasil na imprensa internacional

Por Carlos Eduardo Silveira, no site Carta Maior:

2018 foi um ano em que aumentou a atenção do mundo com o Brasil. Não foram só as eleições, mas diversos acontecimentos, como a prisão de Lula, um ícone mundial, o assassinato de Marielle e a ascensão de Jair Bolsonaro que traz à lembrança, particularmente dos europeus, do período mais terrível vivido por eles. Mas também a deterioração da experiência democrática do país, duramente conquistada. Os massacres, os assassinatos, não só de Marielle, mas de muitos líderes ambientalistas, indígenas e de movimentos sociais foram notícia ao longo do ano, sem a predominância que outras questões tiveram, à exceção do caso Marielle e a violência generalizada foram sempre noticiados.

Posse de Bolsonaro e o funeral da democracia

Por Marcelo Zero

Em condições de normalidade democrática, as cerimônias de posse do novo presidente são festas da democracia. Elas são a manifestação maior do principio da soberania popular.

Contudo, neste 1º de janeiro de 2019, a cerimônia de posse do candidato neofascista terá um tom lúgubre.

Não será, de forma alguma, uma comemoração da democracia.

Ao contrário, será uma espécie de funeral das instituições democráticas e dos direitos que as conformam.

Com efeito, como comemorar democraticamente a posse de um candidato que manifestou, inúmeras vezes, seu total desprezo pela democracia?

sexta-feira, 28 de dezembro de 2018

Alexandre Garcia será porta-voz de Bolsonaro?

Por Altamiro Borges

O site Na Telinha, hospedado no UOL, informa que o jornalista Alexandre Garcia decidiu encerrar a sua carreira de 30 anos na TV Globo. “Na manhã desta sexta-feira (28), o diretor de jornalismo da emissora, Ali Kamel, emitiu comunicado falando sobre a saída de Garcia e agradecendo por todos os serviços prestados. O motivo de sua saída não foi mencionado, mas especula-se que tenha a ver com um recente convite para compor a equipe de comunicação do governo Jair Bolsonaro, que começa no dia 1º de janeiro”. Não causaria surpresa, já que o jornalista adora fascistas e milicos. Antes de ingressar na Globo, ele foi porta-voz do general João Baptista Figueiredo, o último presidente da ditadura militar – e só foi defecado após posar na revista Playboy.

Corruptos e drogas na equipe de transição

Por Altamiro Borges

Um mês após a operação policial, a Folha revelou nesta semana as sujeiras de mais um “colaborador” da hermética e sinistra equipe de transição do presidente Jair Bolsonaro. Vale conferir trechos da reportagem assinada por Walter Nunes:

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Na manhã de 27 de novembro, policiais federais e fiscais da Receita entraram no apartamento do advogado Thiago Taborda Simões, em São Paulo, em busca de provas sobre a suposta atuação de uma quadrilha que operava um esquema de fraude, sonegação e lavagem de dinheiro que pode ter dado prejuízo de R$ 500 milhões ao Fisco.

Durante as buscas, os investigadores apreenderam documentos, encontraram uma caixa com maconha e cocaína e um crachá de acesso ao local de trabalho da equipe de transição do governo do presidente Jair Bolsonaro, em Brasília.

A posição do Brasil no mundo

Por Samuel Pinheiro Guimarães

“A geografia é a política das Nações” - Napoleão (1769-1821)

“O Brasil está fadado a ser, por tempo indefinido, um satélite dos Estados Unidos” - Raul Fernandes, Ministro das Relações Exteriores – 26/08/1954 a 12/11/1955


1. A política exterior e a posição do Brasil no mundo se transformaram radicalmente desde a posse de Michel Temer, resultado de golpe de Estado político/midiático/judicial em 2016.

2. A julgar pelas manifestações do presidente eleito, de familiares e de seus ministros indicados, essa mudança de política e de posição deverá se acentuar na gestão do Presidente Jair Bolsonaro, a partir de 2019, devido à sua visão do mundo e da sociedade brasileira.

Queiroz reproduz comunicação de Bolsonaro

Por Tiago Pereira, na Rede Brasil Atual:

As respostas de Fabrício Queiroz em entrevista ao SBT nesta quarta-feira (26) não serviram para esclarecer as origem das movimentações financeiras atípicas apontada em relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) no início do mês. "Sou um cara de negócios, faço dinheiro", justificou o ex-assessor e coordenador de segurança do deputado estadual, e agora senador eleito, Flávio Bolsonaro (PSL-RJ).

O jogo será outro a partir de janeiro

Por Tereza Cruvinel, no Jornal do Brasil:

Jair Bolsonaro deve mesmo aproveitar estes últimos dias de descanso e lazer no refúgio militar da Marambaia. Daqui a sete dias vai terminar, para ele, o tempo da campanha prolongada, das exibições demagógicas de simplicidade, vestindo bermudas e esfregando a barriga no tanque de lavar roupa.

Ainda que deteste a imprensa, não poderá governar pelas redes sociais.

Nem se escorar no trololó ideológico e comportamental, pois começará o tempo efetivo das cobranças por resultados. E eles vão depender, essencialmente, do que Paulo Guedes fizer na gestão da economia.

Queiroz e a bajulação no SBT

Por Eduardo Guimarães, no Blog da Cidadania:

A entrevista que o laranja de Bolsonaro deu ao SBT foi uma disputa entre entrevistado e entrevistador de quem daria mais vergonha alheia. O que chama atenção é que, segundo o próprio Queiroz, ele faltou não uma nem duas vezes a intimações para depor no Ministério Público: faltou QUATRO vezes. Ah, se fosse o Lula… Seria condução coercitiva na primeira.

Entrando na Era do Novo Normal

Por Ayrton Centeno, no jornal Brasil de Fato:

Para dizer a verdade – e já brigando com o título da coluna - ingressamos na Era do Novo Normal faz algum tempo. Primeiro com o dedão do pé como quem, na praia, experimenta para ver se a água não está muito fria. Estava glacial e mesmo assim enfiamos o resto do pé. E assim ficamos, imitando uma dessas aves pernaltas.

Agora, oficialmente a partir deste 1º de janeiro que chega com a faca nos dentes e exalando hálito de urubu, vamos meter o pé que falta. Ou os quatro pés como insinuam The New York Times, Le Monde, El País, Le Figaro, Libération, Deutsche Welle e o restante daquela imprensa a soldo de Moscou, Havana, quem sabe Pyongyang.

quinta-feira, 27 de dezembro de 2018

A tentativa de sequestro do governo do RN

Por Renato Rovai, em seu blog:

Fátima Bezerra, do Rio Grande do Norte, foi a única governadora eleita pelo PT em 2018. Todos os outros vitoriosos da sigla foram reeleitos, Rui Costa (Bahia), Camilo Santana (Ceará) e Wellington Dias (Piaui). Para atingir este objetivo, a futura governadora teve de superar uma campanha duríssima em que derrotou todas as oligarquias locais (Maia, Alves, Ciarlini e Faria – do atual governador Robison Faria) que se juntaram contra ela.

No segundo turno, seu adversário foi Carlos Eduardo Alves, o Cadoca, que renunciou a prefeitura de Natal para enfrentá-la. Sobrinho do ex-governador e ex-ministro Aluísio Alves e primo do ex-governador Garibaldi Alves, que se candidatou ao Senado e teve apenas 13% dos votos.

Salve-se quem puder

Por Marcelo Zero

Confesso que tenho tido dificuldades em escrever sobre a armada Bolsoleone que tomou de assalto o Brasil.

Não por falta de assunto, mas pelo oposto.

O festival generoso de estultice, ignorância, amadorismo, desorganização, fanatismo e caos da armada do capitão dificulta a escolha de um só tema.

A sensação é de um inevitável naufrágio, de um apocalipse não apenas econômico, social e político, mas sobretudo civilizatório.

A farsa do Queiroz continua

Por Jeferson Miola, em seu blog:   

Queiroz continua sumido, para decepção nacional.

Ele apenas saiu momentaneamente de algum esconderijo onde está sendo guardado a 7 chaves para conceder 1 entrevista arranjada, sob medida, para a emissora SBT que, tudo indica, habilita-se a forte candidata a voz oficial do regime nazi-bolsonarista [ver aqui].

É descabido, tecnicamente falando, chamar de entrevista a performance ensaiada do Queiroz no SBT com exclusividade, sem submeter-se ao escrutínio de toda a imprensa.

Jurisprudência para Lula: preso ou preso

Por Paulo Moreira Leite, em seu blog:

Ao negar autorização para Lula comparecer ao velório e sepultamento do amigo Sigmaringa Seixas, o juiz plantonista Vicente de Paula Ataíde confirmou que está se formando uma estranha jurisprudência em torno da liberdade do ex-presidente.

Quando uma sentença determina a permanência de Lula na prisão, deve ser cumprida sem debate nem maiores questionamentos. Quando a decisão ordena que seja colocado em liberdade, quem sabe por poucos dias, ou mesmo por algumas horas, dá-se um jeito de impedir que saia do papel, ainda que tenha origem em instâncias mais elevadas do Judiciário.

As duas últimas tacadas de Temer

Por Luis Nassif, no Jornal GGN:

Na última semana de governo, o grupo de Temer emplaca duas jogadas tentadas há anos por lobbies poderosos.

A primeira, a de permitir até 100% de capital externo na aviação comercial. A medida foi criticada pelo proprietário de Azul que informou que em qualquer país o processo de abertura é gradativo e sujeito a reciprocidades.

Na delação de Lúcio Funaro ficava claro que, desde os tempos de Temer vice-presidente e organizador da caixinha do PMDB, já estava na mesa um lance de R$ 20 milhões pela aprovação da medida.

Bolsonaro, Trump e os falsos idiotas

Por Paulo Nogueira Batista Jr., na revista CartaCapital:

Há muito tempo, leitor, não trato de um tema que me era caro outrora: a ascensão fulminante e irresistível do idiota. E, no entanto, hoje mais do que nunca vivemos as consequências desse fenômeno arrasador – não só no Brasil, mas em grande parte do mundo.

Tudo começou no século XX. O primeiro a diagnosticar o fenômeno foi, salvo engano, o filósofo espanhol Ortega y Gasset. A sua obra A Rebelião das Massas marcou época. Décadas depois, Nelson Rodrigues retomou o tema com mais verve e mais graça. Os idiotas sempre existiram - e em grande número.

A água e o complexo de vira-lata

Por Paulo Kliass, no site Vermelho:

Mal encerramos o período festivo do final de dezembro e o capitão nos brinda com mais uma de suas trapalhadas. Bem ao seu estilo de se apresentar com propostas supostamente inovadoras na forma e no estilo, ele vem a público falar de algo que não conhece ou a respeito do qual está sendo muito mal assessorado. Como aconteceu em uma série de oportunidades anteriores, mais uma vez ele poderia ter ficado bem caladinho. O País agradeceria, emocionado.

A venda da Abril e o domínio dos bancos

Por Alexandre Andrada, no site The Intercept-Brasil:

Quase tudo que se consome de informação nesse país, algo como 70%, pertence a seis famílias: Marinho (Organizações Globo), Frias (Folha de S. Paulo, UOL), Mesquita (O Estado de S. Paulo), Saad (Bandeirantes), Abravanel (SBT) e Civita (Abril).

Os Civitas, porém, foram engolidos por uma dívida de R$ 1,6 bilhão, e a Abril entrou com pedido de recuperação judicial em agosto. Quase toda essa dívida, mais de R$ 1 bilhão, era com, voilá!, os bancos.

Quem deve R$ 1 bilhão aos bancos, já pertence de corpo e alma a eles. Nesta quinta, porém, fomos informados que a família Civita vendeu 100% da empresa para o investidor Fábio Carvalho.

quarta-feira, 26 de dezembro de 2018

Venda da Embraer e a soberania nacional

Por Renata Belzunces, no site Mídia Ninja:

Não é exagero afirmar que a compra de parte da Embraer pela americana Boeing, caso volte a ser liberada pela Justiça, ameaça à soberania nacional e pode resultar no fim da história da fabricação de aeronaves no país. O acerto comercial, que envolve bilhões e deixa a produção de aviões comerciais nas mãos de uma nova empresa a ser criada, torna difícil a sobrevivência do que restaria da Embraer. É real o risco de uma empresa tão estratégica para o país se transformar, em alguns anos, em uma mera fornecedora de peças para os Estados Unidos.

Lula, Sigmaringa e um Judiciário insensível

Por Joaquim de Carvalho, no blog Diário do Centro do Mundo:

Pela letra fria da lei, Lula não teria direito de se despedir do amigo Luiz Carlos Sigmaringa Seixas - que será sepultado hoje -,com quem mantinha relações que iam além da amizade.

Eram irmãos de luta, uma luta que começou a ser travada nos tempos sombrios da ditadura militar.

Mas a Lei de Execuções Penais diz, em seu artigo 120, que os presos poderão obter permissão para sair do estabelecimento, mediante escolta, quando ocorrer falecimento ou doença grave do cônjuge, pai, mãe, filhos ou irmãos.

A perversa cordialidade e o caos destrutivo

Por Leonardo Boff, em seu blog:

Dizem notáveis cosmólogos que tudo começou com um imenso caos, o big bang. Matéria e antimatéria se chocaram. Sobrou ínfima porção de matéria que deu origem ao atual universo. O caos foi generativo. Este ano conhecemos também grande caos em todas as instâncias. Irrompeu o lado perverso da cordialidade brasileira. Segundo Sergio Buarque de Holanda (Raízes do Brasil, 5.capitulo), “a inimizade bem pode ser tão cordial como a amizade, visto que uma e outra nascem do coração” (p.107).

As contradições do futuro governo

Por Luiz Alberto Gómez de Souza, no site Carta Maior:

Em texto anterior sobre o México eu assinalava que, tanto ali como aqui, os vencedores brandiam aparentemente as mesmas propostas: contra a corrupção e pela segurança. Elas correspondem a uma demanda real da sociedade e assumi-las tem uma forte resposta eleitoral. López Obrador soube captá-las e isso o levou à vitória. Aqui também a candidatura Bolsonaro partiu delas e isso o fez, em parte, crescer nas semanas que antecederam o primeiro turno. Por outro lado, a esquerda e o centro, do PT ao PSDB, não souberam avaliar sua importância, presos a uma posição negativa de defender-se da pecha de corruptos ou o primeiro a esgotar suas energias na liberdade de Lula. Ora, isso os colocou em desvantagem, frente a uma posição positiva e agressiva.

Jornalistas temem a posse de Bolsonaro

Por Viviane Ávila, no site Jornalistas Livres:

Conforme publicamos no Jornalistas Livres no último 18 de dezembro sobre a posse “presidencial” de Jair Bolsonaro, o medo venceu a esperança. A cinco dias do evento em Brasília, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Distrito Federal (SJP-DF) recebeu inúmeras reclamações de trabalhadores do Jornalismo do Brasil todo, que irão cobrir a posse, sobre restrições das entradas deles nas áreas das cerimônias e desfile com equipamentos de trabalho indispensáveis para a produção e edição de conteúdos. E emitiu nota exigindo garantias à liberdade de imprensa e segurança dos jornalistas durante toda a cobertura do evento, no dia 1 de janeiro.

terça-feira, 25 de dezembro de 2018

Justiça garante negociata Embraer-Boeing

Por Altamiro Borges

Em plena madrugada de sábado (22), em mais uma prova de descaso do Judiciário com a soberania nacional e de servilismo diante da cloaca empresarial, o Tribunal Regional Federal da 3ª Região derrubou a liminar que suspendia a negociata da venda da Embraer à multinacional ianque Boeing. Esta foi a segunda vez no mês que um tribunal rejeitou as decisões de um juiz de São Paulo, Victorio Giuzio Neto, que pretendia bloquear temporariamente o lesivo acordo. A desembargadora Therezinha Cazerta, presidente do TRF-3, atendeu a um pedido da Advocacia-Geral da União (AGU) do entreguista Michel Temer, que alegou que a manutenção da liminar “agride o princípio constitucional da livre iniciativa”. Haja subserviência ao capital!

O companheiro de pescarias de Bolsonaro

Do blog Viomundo:

Vera Magalhães é colunista do diário conservador paulistano Estadão.

Ela contribui com a rádio Jovem Pan.

Josias de Souza é colunista do diário conservador Folha de S. Paulo, que emprestou um jornal para espalhar as mentiras da ditadura militar, a Folha da Tarde - e nunca pediu desculpas por isso.

Nenhum deles é esquerdista.

Porém, tanto Vera quanto Josias notaram o sumiço de Fabrício Queiroz, o motorista do senador eleito Flávio Bolsonaro que movimentou R$ 1,2 milhão em sua conta bancária durante um ano.

Votos de Natal

Por Tereza Cruvinel, no Jornal do Brasil:

É Natal e a esperança está em alta, diz a pesquisa Datafolha publicada no sábado.

Por que é Natal, desejamos o bom e o melhor para os mais próximos, os distantes e mesmo àqueles de quem queremos distância, por pensarem e sentirem de forma oposta à nossa.

Porque é Natal, valem também os votos coletivos, para o Brasil e seu povo que têm pela frente um tempo de mudanças.

A maioria está esperançosa mas uma parte está apreensiva com tantas interrogações, mas os votos políticos de Natal que seguem estão além da lógica e das probabilidades da política. São votos e não análise.

Carta de Natal de Lula

Do site Lula:

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva enviou nesta segunda (24) uma carta de Natal à Vigília Lula Livre. No texto, Lula agradece as centenas de apoiadores que deixaram suas casas para passarem a noite de Natal em frente à Superintendência da Polícia Federal. Leia:

“Meus amigos e minhas amigas,

O Natal é a época do ano em que lembramos com mais força da vinda de Jesus, dos ideais de solidariedade e bondade cristãos. Nos aproximamos da família e dos amigos, celebramos juntos, nos abraçamos e reunimos força para o ano seguinte.

Ministério não reflete diversidade do país

Por Vitor Nuzzi, na Rede Brasil Atual:

O presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), chegou a declarar que seu ministério seria formado por no máximo 15 pastas. Em rede social, ainda antes do primeiro turno, em outubro, ele afirmou que seria um ministério enxuto, "que possa representar os interesses da população, não de partidos". Prestes a tomar posse, seu governo terá 22, na verdade, quase 50% a mais do que o prometido. Um número que pode ser enganoso, já que algumas áreas foram anexadas. Além disso, a composição pouco reflete a diversidade do país, na medida em que mostra concentração geográfica e até étnica.

segunda-feira, 24 de dezembro de 2018

Sheherazade acertou: Frota é um troglodita!

Por Altamiro Borges

Na terça-feira passada (18), a juíza federal Adriana Freisleben de Zanetti, da 2º Vara de Osasco (SP), condenou o ator-pornô e deputado federal Alexandre Frota (PSL) por divulgar notícias falsas e criminosas contra Jean Wyllys (PSOL-RJ). O fascista foi punido com dois anos e 26 dias de detenção, mas a pena foi suavizada e transformada em multa de R$ 295 mil e prestação de serviços à comunidade – ele deverá picotar folhas de papel dos processos antigos que estão sendo descartados após a informatização da Justiça de Osasco. Descontente com a sentença, Alexandre Frota não recuou e passou a atacar a magistrada nas suas redes sociais. Admiradores do ator-pornô, excitados e tresloucados, também partiram para a baixaria no Facebook.

RedeTV! também adere a Bolsonaro

Por Altamiro Borges

Com exceção da Rede Globo, que segue com sua linha do “bate e assopra” para analisar os riscos futuros, todas as principais redes de televisão do país – que são concessões públicas monopolizadas pela iniciativa “privada”, nos dois sentidos da palavra – já aderiram ao covil de Jair Bolsonaro. O chapa-branquismo se dá por motivos ideológicos – concordância com o programa ultraliberal na economia, conservador nos costumes e repressor na política – e por razões mercenárias – servilismo em busca de verbas publicitárias e de outras benesses. Na semana passada, Marcelo de Carvalho, vice-presidente e sócio da RedeTV!, confirmou o que os poucos telespectadores que acompanham a decadente cobertura jornalística dessa emissora já sabiam.

Fabrício, o amigo oculto de Bolsonaro

Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:

A charge – como sempre, genial – do Aroeira era inevitável.

Mas, no fundo, acho que Fabrício Queiroz – o primeiro ‘desaparecido’ político do período Bolsonaro – está sendo um presente para os brasileiros.

Mesmo com a cooperação de uma mídia mansa que, como disse Xico Sá no Twitter, não foi capaz sequer de mostrar o hospital onde o “assessor-amigo” estaria internado, o caso está funcionando como uma “trava” aos planos do ex-capitão de “entrar rachando” em seu mandato.

Lava-Jato age como falange jurídico-policial

Por Jeferson Miola, em seu blog:

Procuradores da República, policiais federais e juízes da Lava Jato [na primeira instância e nos tribunais superiores] se comportam menos como procuradores, policiais e juízes do que como integrantes da falange jurídico-policial da extrema direita.

Além de celebridades de extrema-direita no twitter, instagram e facebook, essas figuras – que deveriam pautar suas condutas pelo recato e pela discrição – levam uma vida de celebridade de extrema-direita também no mundo físico e presencial.

Até agora, novo governo só faz ameaças

Por Ricardo Kotscho, em seu blog:

Por mais que eu queira, é impossível mudar de assunto.

Nem eu aguento mais escrever sobre esse escalafobético governo de transição, em transe permanente, mas a cada dia surgem novas ameaças no horizonte, em vez de projetos para melhorar o país.

Sem ter apresentado até agora um programa econômico concreto e factível, com números, prazos e metas, como faz qualquer governo novo, a equipe de Bolsonaro prefere fazer ameaças no varejo a torto e a direito (mais torto do que direito).

Os rumos do fascismo à brasileira

Por Luis Nassif, no Jornal GGN:

Peça 1 – os ciclos da história

Desde o Plano Cruzado me interessei pelos ciclos históricos, pela maneira caprichosa com que os fatores históricos vão sendo tecidos e os eventos se repetem, com cem anos de diferença, mas seguindo a mesma lógica férrea. Explano essa processo no meu livro “Os cabeças de planilha”.

Quem primeiro me chamou a atenção foi a leitura de “América Latina, males de origem”, do médico, psicólogo, historiador Manuel Bonfim.

Admirador da revolução americana, descreveu logo após a República o que seria o desenho de um país moderno e sua decepção com a República que se desenhava no país. Especialmente com a maneira como o Brasil naufragou com o encilhamento e o jogo político dos financistas.

Receita rastreia fraude fiscal da Coca-Cola

Por Moriti Neto, na revista CartaCapital:

Santa Maria, no interior gaúcho, é palco de uma disputa com potencial para criar um efeito em cascata no resto do País. Ou até internacional. Nomes poderosos, altas cifras e uma das marcas mais influentes do mundo aparecem em denúncias de um caso considerado exemplar de manobras tributárias bilionárias e prejudiciais aos cofres públicos. O alvo é o sistema Coca-Cola, investigado no gabinete da delegacia da Receita Federal localizada no município. Depoimentos de quem conhece a operação da multinacional descortinam transações fiscais que influenciam direta e negativamente a receita tributária.

Triste fim do usurpador Michel Temer

Editorial do site Vermelho:

Cada letra do documento denominado “Uma ponte para o futuro”, apresentado pelo usurpador Michel Temer como plataforma política do seu governo, era uma garantia de que o Brasil ingressaria no caminho para um passado longínquo, pré-Revolução de 1930. Agora, quando ele se prepara para entregar a faixa presidencial usurpada ao presidente eleito Jair Bolsonaro, o que era óbvio está materializado. A aplicação daquele documento golpista aplainou o terreno para o agora ultraliberal e neocolonial programa de governo Jair Bolsonaro-Paulo Guedes.

domingo, 23 de dezembro de 2018

‘Veja’ e as sacanagens do falido Grupo Abril

Por Altamiro Borges

Nesta quinta-feira (20), finalmente o Grupo Abril, que sacaneou centenas de trabalhadores ao pedir recuperação judicial em agosto passado, foi vendido no mercado das almas. O empresário Fábio Carvalho, famoso por comprar empresas falidas para promover drásticas reestruturações, adquiriu o velho império midiático, que edita a abjeta revista Veja e vários outros títulos. “A história da Abril está intimamente relacionada com os grandes eventos políticos e econômicos que marcaram a história do Brasil nas últimas décadas. A capacidade e importância jornalística do Grupo é inegável. Não temos dúvida dos méritos e qualidades que permeiam as companhias do Grupo e que serão os pilares sobre os quais nos apoiaremos para superar os grandes desafios que se apresentam”, bravateou o novo dono da empresa ao anunciar a aquisição.