Por Ricardo Kotscho, em seu blog:
Com as mãos trêmulas, sem conseguir segurar os papéis, o superministro Paulo Guedes era o próprio retrato do fracasso do governo que mal completa hoje 135 dias, uma eternidade de lambanças.
Em discurso terça-feira na comissão mista de orçamento do Congresso, o Posto Ipiranga de Bolsonaro jogou a toalha e passou a bola para o Congresso: agora depende de vocês salvar o Brasil.
Guedes falou que chegamos “ao fundo do poço, ao abismo fiscal” e, mais uma vez, repetiu que só com a reforma da Previdência o país poderá sair do buraco.
Ainda que a reforma seja aprovada este ano, não se sabe quando, a esta altura é preciso saber o que vai sobrar do projeto original, já que o poderoso Centrão está em confronto aberto com o governo e assumiu o comando dos trabalhos, de braços dados com Rodrigo Maia, o herdeiro de Eduardo Cunha.
Na manhã de hoje, o Banco Central anunciou que a prévia do PIB no primeiro trimestre caiu 0,68%. A projeção de crescimento já caiu 11 vezes este ano e agora se fala até na volta da recessão. A indústria sofreu uma queda de 1,3% em março na comparação com fevereiro.
Desemprego em alta e PIB em baixa é a combinação perfeita gerada pela ausência de qualquer política econômica.
O fato concreto é que a grana do Tesouro Nacional está no fim e o país quebrou. Não tem mais milagre.
No mercado financeiro, já se comenta o atraso no pagamento de fornecedores de insumos básicos e serviços essenciais para o funcionamento do governo.
A bateção de cabeças no Palácio do Planalto e as refregas entre o grupo militar e olavetes certamente não permitem criar um clima de confiança entre investidores daqui e de fora.
Houve uma completa reversão de expectativas desde o início do ano, quando reinava um forçado clima de otimismo com o novo governo, e a palavra de ordem era “tem que dar certo, estamos todos no mesmo barco”.
Não deu certo, e agora já tem muitos aliados querendo pular desse barco antes que ele naufrague.
A única estratégia visível de Bolsonaro é provocar o caos, como ele mostrou na última reunião com parlamentares antes de embarcar para o Texas.
Delegado Waldir, líder do PSL na Câmara, saiu apressado da reunião, anunciando aos jornalistas que Bolsonaro tinha ligado para o ministro da Educação, na frente deles, dando ordens para cancelar o corte de verbas, diante das manifestações de estudantes e professores marcadas para esta quarta-feira.
Meia hora depois, o ministro e a Casa Civil desmentiram a informação. E Bolsonaro embarcou sem se manifestar sobre o recuo do recuo, já uma rotina nas decisões do governo.
Do outro lado da praça dos Três Poderes, também ninguém se entende. É um ambiente de barata voa, que mais parece uma mistura de quartel, templo e delegacia de polícia, tantos são os nobres representantes da “nova política” chamados de pastor, delegado, sargento, tenente, coronel, general, que tomaram conta do plenário.
Agora que os parlamentares poderão andar armados no Congresso, periga acontecer uma carnificina neste baile de fantasia em que ninguém é de ninguém.
Com o povo nas ruas, o capitão presidente em Dallas e o vice general Mourão na China, estamos nas mãos de sua excelência, o imponderável.
Não arrisco prever como vai acabar esta quarta-feira, 15 de maio de 2019, o dia em que o Brasil chegou ao fundo do poço, nas palavras do ministro Guedes, e a população resolveu dar um basta aos desmandos federais.
Entramos no modo salve-se quem puder, sem lideranças nacionais nem interlocutores da sociedade civil capazes de apontar um caminho.
Foi o que sobrou do Brasil.
Vida que segue.
Em discurso terça-feira na comissão mista de orçamento do Congresso, o Posto Ipiranga de Bolsonaro jogou a toalha e passou a bola para o Congresso: agora depende de vocês salvar o Brasil.
Guedes falou que chegamos “ao fundo do poço, ao abismo fiscal” e, mais uma vez, repetiu que só com a reforma da Previdência o país poderá sair do buraco.
Ainda que a reforma seja aprovada este ano, não se sabe quando, a esta altura é preciso saber o que vai sobrar do projeto original, já que o poderoso Centrão está em confronto aberto com o governo e assumiu o comando dos trabalhos, de braços dados com Rodrigo Maia, o herdeiro de Eduardo Cunha.
Na manhã de hoje, o Banco Central anunciou que a prévia do PIB no primeiro trimestre caiu 0,68%. A projeção de crescimento já caiu 11 vezes este ano e agora se fala até na volta da recessão. A indústria sofreu uma queda de 1,3% em março na comparação com fevereiro.
Desemprego em alta e PIB em baixa é a combinação perfeita gerada pela ausência de qualquer política econômica.
O fato concreto é que a grana do Tesouro Nacional está no fim e o país quebrou. Não tem mais milagre.
No mercado financeiro, já se comenta o atraso no pagamento de fornecedores de insumos básicos e serviços essenciais para o funcionamento do governo.
A bateção de cabeças no Palácio do Planalto e as refregas entre o grupo militar e olavetes certamente não permitem criar um clima de confiança entre investidores daqui e de fora.
Houve uma completa reversão de expectativas desde o início do ano, quando reinava um forçado clima de otimismo com o novo governo, e a palavra de ordem era “tem que dar certo, estamos todos no mesmo barco”.
Não deu certo, e agora já tem muitos aliados querendo pular desse barco antes que ele naufrague.
A única estratégia visível de Bolsonaro é provocar o caos, como ele mostrou na última reunião com parlamentares antes de embarcar para o Texas.
Delegado Waldir, líder do PSL na Câmara, saiu apressado da reunião, anunciando aos jornalistas que Bolsonaro tinha ligado para o ministro da Educação, na frente deles, dando ordens para cancelar o corte de verbas, diante das manifestações de estudantes e professores marcadas para esta quarta-feira.
Meia hora depois, o ministro e a Casa Civil desmentiram a informação. E Bolsonaro embarcou sem se manifestar sobre o recuo do recuo, já uma rotina nas decisões do governo.
Do outro lado da praça dos Três Poderes, também ninguém se entende. É um ambiente de barata voa, que mais parece uma mistura de quartel, templo e delegacia de polícia, tantos são os nobres representantes da “nova política” chamados de pastor, delegado, sargento, tenente, coronel, general, que tomaram conta do plenário.
Agora que os parlamentares poderão andar armados no Congresso, periga acontecer uma carnificina neste baile de fantasia em que ninguém é de ninguém.
Com o povo nas ruas, o capitão presidente em Dallas e o vice general Mourão na China, estamos nas mãos de sua excelência, o imponderável.
Não arrisco prever como vai acabar esta quarta-feira, 15 de maio de 2019, o dia em que o Brasil chegou ao fundo do poço, nas palavras do ministro Guedes, e a população resolveu dar um basta aos desmandos federais.
Entramos no modo salve-se quem puder, sem lideranças nacionais nem interlocutores da sociedade civil capazes de apontar um caminho.
Foi o que sobrou do Brasil.
Vida que segue.
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