domingo, 30 de setembro de 2018

Conversa de virar mesa

Por Tereza Cruvinel, no Jornal do Brasil:

Atravessando um pedregal desde o esfaqueamento, a candidatura de Jair Bolsonaro parou de crescer e começou a ser apedrejada por forças que ainda sonham com sua troca por Geraldo Alckmin num segundo turno contra o PT.

Agora espocam denúncias sobre seus malfeitos nunca antes descobertos, por exemplo, pela revista Veja, com sua expertise.

Ontem ele reagiu com sua mais clara ameaça de virar a mesa se não ganhar: “Não posso falar pelos comandantes. Pelo que vejo nas ruas, não aceito resultado diferente da minha eleição”, disse em entrevista ao programa de TV Brasil Urgente.

Bolsonaro é Temer. Temer é Bolsonaro

Por Reginaldo Moraes, no site Carta Maior:

Negue seu amor, o seu carinho;
Diga que você já me esqueceu.
Pise, machucando com jeitinho

Este coração que ainda é seu.

Diga que o meu pranto é covardia,
Mas não se esqueça
Que você foi minha um dia!

Diga que já não me quer!
Negue que me pertenceu,
Que eu mostro a boca molhada
E ainda marcada pelo beijo seu.

(Adelino Moreira e Enzo de Almeida Passos)


Talvez a melhor caracterização do “mito” Bolsonaro tenha sido a de Ciro Gomes, um frasista de primeira: o Bolsonaro inventou um personagem, agora ele incorporou o papel e os jornalistas entraram na onda. Se isso é verdade, corremos o risco de ver realizada a profecia de Marx. A ditadura militar, que uma vez nos foi imposta como tragédia, reaparece agora como farsa.

sábado, 29 de setembro de 2018

Fux mostra que o golpismo está no STF

Por Luis Nassif, no Jornal GGN:

Deve-se ao Ministro Luiz Fux a melhor contribuição até agora ao jogo democrático, ao explicitar de maneira inédita onde se trama o golpe. Agora, rasgaram-se as fantasias e Luis Roberto Barroso não poderá prosseguir mais no seu jogo de negaças, de tomar as decisões de forma partidária e tentar escondê-las em espertezas processuais que já não iludem ninguém.

Agora é Bolsonaro, ame-o ou deixe-o!

Ao derrubar a liminar concedida pelo Ministro Ricardo Lewandowski à Folha e à TV Minas, para poder entrevistar Lula, Fux cometeu as seguintes irregularidades?

A Europa foi Hitler e Mussolini. E o Brasil?

Por Cezar Britto, no site Congresso em Foco:

Muitos livros têm o péssimo hábito de nominar, elogiar ou responsabilizar uma única pessoa por acontecimentos históricos, mesmo quando eles são praticados coletivamente ou por meio de um emaranhado de infindáveis atos e múltiplas ações. É como se toda a complexidade da vida em sociedade pudesse ser definida por uma só pena escritora, independentemente da criação coletiva que inspira, motiva, ensina ou colabora com o artista eleito condutor da narrativa anotada. Assim, apontam Hitler e Mussolini como escritores exclusivos das páginas mais violentas, genocidas, intolerantes, racistas e obscuras da história contemporânea.

O povo responderá a Fux nas urnas

Por Eduardo Guimarães, no Blog da Cidadania:

Luiz Fux, Cármen Lúcia, Edson Fachin e Luis Roberto Barroso se tornaram uma espécie de braço do juiz Sergio Moro no STF. Atuam com claro viés político em tudo que concerne a Lula e chega ao Supremo.

Rosa Weber e Dias Toffoli (ora presidente do STF), apesar de não agirem com intenções políticas, acovardam-se diante das ameaças dos milicos e da mídia e acabam votando com o núcleo “morista” na Corte Superior.

A última dos “moristas” do STF, porém, foi protagonizada por aquele que talvez atue com maior desfaçatez naquela Corte, quando se trata de impedir que Lula exerça os direitos políticos plenos que ainda detém segundo a Constituição: Luiz Fux.

Uma visita ao acampamento em Curitiba

Por Cynara Menezes, no blog Socialista Morena:

Há quase 200 dias, desde que Lula foi levado para as masmorras do juiz Sergio Moro em Curitiba, que um grupo de pessoas, a maioria delas do MST (Movimento dos Sem-Terra), se reveza em vigília ao ex-presidente nas proximidades da Superintendência da Polícia Federal. Aproveitei que fui fazer uma oficina para jovens sindicalistas na capital paranaense e visitei o lugar onde estes irredutíveis lulistas esperam seu líder ser libertado.

Bolsonaro e o antídoto contra a "Veja"

Por João Filho, no site The Intercept-Brasil:

Durante a semana, o exército virtual de Bolsonaro espalhou nas redes sociais uma falsa capa da Veja que revelava um esquema de fraude nas urnas eletrônicas para favorecer o PT. Era mais uma mentira entre tantas que a família Bolsonaro e sua militância têm espalhado sem o menor pudor. O boato voou e foi compartilhado até pelo cantor, compositor e bolsonarista Lobão, o que também não chega a ser uma novidade. Ironicamente, a Veja se preparava para publicar uma reportagem devastadora para a candidatura Bolsonaro. Mas, para seus militantes, a reportagem fake anunciada em uma montagem de Photoshop teria mais credibilidade do que a verdadeira.

Censura de Fux e a selvageria contra Lula

Por Paulo Moreira Leite, em seu blog:

A decisão do ministro Luiz Fux, que tenta proibir duas entrevistas de Lula - ao jornalista Florestan Fernandes Junior, do programa Voz Ativa, da Rede Minas, e a Monica Bergamo, da Folha de São Paulo - marca a perseguição judicial no ponto máximo.

Depois de impedir Lula de disputar a presidência e cassar 3,4 milhões de títulos eleitorais em regiões que são uma tradicional base de apoio do Partido dos Trabalhadores e do PSB, o Judiciário afronta a Constituição ao tentar censurar a voz de Lula como cidadão.

Fux toma decisão típica de ditaduras

Por Kennedy Alencar, em seu blog:

O ministro do STF Luiz Fux matou no peito, contrariando a Constituição e precedentes legais, afrontando decisão de colega que tem o mesmo poder e assegurando um absurdo (eventual censura prévia). Fux suspendeu decisão do colega Ricardo Lewandowski que liberou duas entrevistas com o ex-presidente Lula, preso em Curitiba.

A decisão de Fux é típica de ditaduras que fazem do Judiciário um simulacro de poder.

Não podemos eleger nosso próprio algoz

Por Maíra Kubík Mano, no jornal Brasil de Fato:

Hoje vi a foto de uma pessoa, do meu mais profundo afeto, posicionada em cima de um tanque de guerra, dizendo que estava “pronta para votar”.

Fiquei em choque. “Um tanque de guerra não precisa de votos”, pensei. “Ele resolve tudo na bala”, comentei. Assim como foi na ditadura cívico-militar. Assim como já tem sido nas periferias do Brasil desde sempre, com a recente inovação tecnológica de que os tiros também vêm de cima, por helicópteros. Prisões arbitrárias, torturas, execuções.

Os militares que querem tutelar o país

Por Eleonora de Lucena e Rodolfo Lucena, no site Tutaméia:

“Eles queriam pegar o Lula. Alguns grupos econômicos internos e externos queriam tirar o Lula e o projeto progressista no Brasil. Mas, para fazer isso, eles acabaram debilitando todas as instituições políticas. E aí os militares ressurgem. O que eles não perceberam é que, para desacreditar o Lula, eles acabaram tendo que desacreditar a política como um todo, e o filho disso é o Bolsonaro. Agora que está chegando ao final eles estão assustados”.

Fux leva o Brasil de volta à censura

Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:

Para além da política eleitoral, é extremamente grave o que aconteceu ontem à noite, quando o exótico ministro Luiz Fux revogou, por liminar, a decisão de seu colega Ricardo Lewandowski, de permitir que a Folha de S. Paulo e o SBT entrevistassem o ex-presidente Lula.

Tão grave que, dificilmente, terá sido apenas uma iniciativa pessoal de Fux, que não a tomaria sem ter a certeza que não ficará sozinho na posição esdrúxula em que se colocou: derrubar, por liminar, a decisão de um colega de Corte.

sexta-feira, 28 de setembro de 2018

#EleNão pode marcar reviravolta na eleição

Por Jeferson Miola, em seu blog:

A campanha do Bolsonaro não está conseguindo sair da espiral caótica em que mergulhou há cerca de um mês.

Tanto mais alguém da sua tropa – ou os filhos, ou o dublê de guru econômico e posto Ipiranga, ou o vice que só consegue pensar com rebenque em punho – expõe a cosmovisão medieval e sádica desse exército do atraso – [quer seja sobre costumes e valores, quer seja sobre economia, políticas públicas e fim do 13º], tanto mais Bolsonaro é aspirado para o centro do caos.

Bolsonaro solta a direita e esfarela o PSDB

Por Ricardo Kotscho, em seu blog:

De onde vieram os votos que garantiram a liderança de Bolsonaro nas pesquisas com índices próximos a 30%?

Basta olhar para a posição do tucano Geraldo Alckmin nos mesmos levantamentos, empacado em torno de 8%, para saber o que aconteceu na campanha de 2018.

Em outras eleições, estes votos do capitão do Exército iriam naturalmente para o PSDB, principal adversário do PT nas últimas seis eleições presidenciais.

A radicalização política do país que se seguiu ao golpe de 2016 e a implosão dos partidos pela Lava Jato produziu esta anomalia chamada bolsonarismo, para se contrapor ao petismo.

Ameaças à democracia no mundo

Foto: Mila Frati
Por Kjeld Jakobsen e Rose Spina, na revista Teoria e Debate:

Noam Chomsky, um dos mais importantes intelectuais da atualidade, é referência mundial, tanto no domínio da linguística, sua área de especialização científica, como para a esquerda por suas posições políticas. Convidado a participar do seminário “Ameaças à Democracia e a Ordem Multipolar”, organizado pela Fundação Perseu Abramo, Chomsky concedeu esta entrevista à Teoria e Debate,na qual falou sobre os perigos que nos rodam, a onda conservadora que toma conta do mundo, o golpe no Brasil e o papel dos Estados Unidos nesse cenário


#Elenão, mulheres contra o fascismo

Editorial do site Vermelho:

Usando a melodia da canção italiana que simboliza a repulsa mundial contra o fascismo – “Bella Ciao” – o vídeo que convoca a manifestação nacional das mulheres deste sábado (29), em defesa da democracia proclama: “Vamos à luta / pra derrotar / o ódio e pregar o amor”. As atividades que ocorrerão ao longo do dia em todos os estados brasileiros e no Distrito Federal, além de várias cidades pelo mundo, foram convocadas por entidades de mulheres, organizações da sociedade civil, personalidades representativas de diversos segmentos sociais e um amplo movimento que ganhou forças nas redes sociais. A iniciativa reflete a consciência e o sentimento de rechaço à candidatura de Bolsonaro por tudo de péssimo que representa: posições reacionárias contra as conquistas das mulheres, racismo, homofobia, ameaça à democracia e contra os direitos trabalhistas.

Candidatura de Beto Richa ao Senado derrete

Por René Ruschel, na revista CartaCapital:

Em menos de uma semana, o ex-governador do Paraná, Beto Richa, viu sua carreira política se esvair em um mar de lama e corrupção. Acuado por uma série de denúncias, sua candidatura ao Senado derrete.

Na manhã do último 11 de setembro, o tucano foi preso em sua residência pelo Grupo de Atuação Especial ao Crime Organizado (Gaeco). Arrastou consigo para as grades a mulher e ex-secretária de seu governo, Fernanda; o irmão e também ex-secretário, Pepe. No total, entre secretários de estado, assessores e empresários, a operação “Rádio Patrulha” cumpriu quinze mandados de prisão. O tucano e sua trupe foram salvos, quatro dias depois, pelo ministro Gilmar Mendes. Mas já era tarde demais.

E se Bolsonaro não estiver no segundo turno?

Por Antonio Martins, no site Outras Palavras:

Nem era preciso. Mas acaba de surgir um novo motivo – uma deliciosa razão – para participar, amanhã, dos inumeráveis atos #elenão, organizados pelos movimentos feministas em centenas de cidades brasileiras. Nos três últimos dias, configurou-se uma possibilidade surpreendente: a de que Jair Bolsonaro esteja ausente do segundo turno. Esta hipótese, há muito desejada pelos que lutamos, fora da estrutura do PT, para manter o país respirável, passou a ser considerada também por parte das elites. Por isso, já não é quimérica. Como chegamos a isso? Quais as possibilidades e riscos? Que fazer, agora?

Mídia amplia sua atuação eleitoreira

Por Laurindo Lalo Leal Filho, na Rede Brasil Atual:

O golpe de 2016 recebe a cada momento novos ingredientes. Os mais recentes são as autorizações dadas ao agressor do candidato da extrema-direita, preso no Mato Grosso do Sul, para conceder entrevistas à mídia conservadora. Ao mesmo tempo em que pedidos semelhantes feitos em relação ao ex-presidente Lula continuam negados. O autor de uma tentativa de homicídio pode falar ao público, um ex-presidente da República não.

Bolsonaro segue pisando nos tomates

Por Tereza Cruvinel, no Jornal do Brasil:

A reta final da campanha começa mal para o candidato que até aqui deslizou sempre para cima nas pesquisas, Jair Bolsonaro.

Foi grande o estrago produzido por seu vice, general Mourão, ao defender o fim do 13º salário, “esta jabuticaba”.

O capitão teve que desautorizar o general pelas redes sociais, como havia feito na semana passada com o economista Paulo Guedes.

O clima no QG de campanha é de vaca estranhando bezerro, a alta hospitalar de Bolsonaro foi adiada e os movimentos pluripartidários contra ele continuam crescendo na sociedade.

Em desespero, Alckmin apela para ''vaquinha'

Por Antonio Lassance, no site Carta Maior:

Chuchu com pimenta

A campanha do insosso Geraldo Alckmin tem feito de tudo para melhorar sua receita. Primeiro, colocou uma pitada de extrema direita em sua chapa, chamando a senadora Ana Amélia para ser vice.

Ana Amélia é aquela que não sabe a diferença entre a rede de televisão Al-Jazheera, um oásis de liberdade de imprensa no mundo árabe, e o Estado Islâmico. Ora, bolas! Todos comentem confusões. Talvez por isso Amélia, que era a vice de verdade, não se incomodou quando Alckmin trocou seu nome pelo da senadora Kátia Abreu, em uma entrevista.

A filósofa e o neoliberalismo

Por Pedro de Oliveira, no site da Fundação Maurício Grabois:

A professora Emérita da USP e filosofa Marilena Chauí – ex-secretária municipal de Cultura de São Paulo durante a gestão Luiza Erundina (1989-1992) – participou no último dia 14 de setembro de um seminário internacional patrocinado pela Fundação Perseu Abramo onde se debateu as “Ameaças à Democracia e a Ordem Multipolar”. Ao seu lado estiveram presentes o ex ministro de Relações Exteriores da França, Dominique de Villepin, o ex Primeiro Ministro da Itália, Massimo D’Alema, o ex Diretor Adjunto da UNESCO, o senegalês Pierre Sané, e Jorge Taiana, ex Ministro de Relações Exteriores da Argentina.

A estratégia possível de Haddad, se eleito

Por Luis Nassif, no Jornal GGN:

Vou refazer o Xadrez de ontem de uma forma mais didática.

Peça 1 – o grande acordo nacional

O maior desafio do novo presidente será colocar as instituições de volta na caixinha – os limites definidos pela Constituição –, desarmar os espíritos e recuperar a economia.

É um desafio político gigante, à altura da grande concertação espanhola de Felipe Gonzales em 1982.

Assim como na Espanha pós-Franco, o Brasil atual vive uma pós-ditadura disfarçada, com a derrocada das instituições, a disseminação do estado de exceção, e o fascismo se mostrando em todos os cantos.

Os militares e a eleição de 2018

Por Marco Aurélio Cabral Pinto, no site Brasil Debate:

Em 1982, a sociedade brasileira estabeleceu pacto para a democracia. Por um lado, movimentos de “esquerda”, que contestavam com guerrilha maior participação no pacto político, depuseram armas. Da mesma maneira, os militares, que vinham enfrentando a instabilidade interna com excessos e tortura, também renunciaram ao poder e reinstauraram a democracia no país.

Desde então, os militares se mantiveram longe da política partidária nacional. Ao menos até o “Golpe dos Corruptos” em 2015, a partir de quando a situação brasileira se deteriorou ao ponto de beirar o caos interno, infiltrando-se sobre os três poderes da República.

O perigo mora no suposto “centro”

Por Marcelo Zero

A candidatura Bolsonaro sustenta-se somente em três sentimentos básicos: insegurança, ressentimento e ódio.

Associada a esses sentimentos, compreensíveis num ambiente de crise, não há qualquer proposta racional, para além das indagações ao Posto Ipiranga.

Simplesmente não há sequer um simples e primário programa de governo.

Tudo se resolveria com base na força, na eliminação dos mecanismos democráticos, na distribuição de armas e na restauração de um Brasil mítico, "puro" e desigual.

Bolsonaro e as disputas na direita

Por Gilberto Maringoni

Nas duas voltas das eleições presidenciais, há uma tarefa central: derrotar o fascismo e garantir a manutenção da democracia, sem sobressaltos ao longo do próximo governo. E isso só será feito se Fernando Haddad, o possível vencedor, conseguir desarmar algumas armadilhas pelo caminho.

Parece haver duas disputas no interior da direita.

A primeira é o descolamento acelerado que parte dela faz da candidatura Bolsonaro, cujos sinais mais evidentes estão nos ataques por parte da campanha Alckmin na TV e na capa de Veja desta semana. Esse movimento teve seu primeiro sinal semana passada com o manifesto Democracia Sim!, firmado por várias figuras do campo democrático e por tucanos de primeira hora, que há dois anos apoiaram o golpe. No afã de limparem as próprias biografias, fazem um movimento positivo.

STF só ouve voz das ruas quando lhe convém

Por Paulo Moreira Leite, em seu blog:

Disponível no Youtube, o vídeo da sessão do STF que discutiu a cassação de 3,4 milhões de títulos eleitorais é um desses documentos essenciais para se compreender o atual momento político.

Num país habituado a ouvir ministros e juizes dizendo que é preciso "ouvir a voz das ruas", a decisão de ontem mostrou que a maioria do STF gosta de ouvir a voz das ruas -- quando lhe convém.

Exibida em termos técnicos, de forma a sugerir neutralidade, o corte de 3,3 milhões de votos terá um impacto direto na eleição presidencial.

A importância do tecnólogo para o Brasil

Por Chicão dos Eletricitários

É fato que em um mundo globalizado a qualidade da mão de obra é um diferencial para o desenvolvimento do país e permite que milhões de trabalhadores alcancem melhores empregos ou remuneração.

O Brasil é um país que apresenta graves problemas de infraestrutura que só poderão ser equalizados com políticas públicas articuladas, planejamento correto, prioridades bem definidas e sólidos investimentos na capacitação profissional.

Bolsonaro e a PEC das domésticas

Por Juliane Furno, no jornal Brasil de Fato:

Na série de entrevistas realizadas pelo Jornal Nacional com os principais candidatos à Presidência da República, me chamou particularmente a atenção as declarações de Jair Bolsonaro do PSL quando questionado sobre ter sido o único deputado federal a votar contrário a PEC das domésticas em 2013.

Sobre a resposta do candidato presidenciável há duas questões importantes que quero tratar aqui: a primeira é a ignorância e o completo desconhecimento de Bolsonaro sobre os efeitos da PEC das domésticas sob a categoria, e a segunda é a externalização de um projeto de Brasil em que as relações servis e pessoalizadas de trabalho seguem como u modelo a ser seguido, fazendo regredir nossos avanços sociais à décadas atrás.

Ciro segue fundamental contra o fascismo

Por Rodrigo Vianna, em seu blog:

As duas pesquisas Ibope divulgadas esta semana (são séries diferentes de pesquisas, a segunda delas encomendada pela CNI; por isso, estatísticos dizem que não se deve tomá-las como uma sequência) mostram números muito parecidos. Mais que os números, indicam algumas tendências claras na eleição:

- Bolsonaro interrompeu seu crescimento; sob ataque da campanha de Alckmin, e com a repercussão (até internacional) do #EleNão, tende a recuar mais um pouco; mas o grau de consolidação de seu eleitorado é alto, e é um voto de quem não está disposto a escutar; por isso, me espantaria se ele chegasse ao dia 7 abaixo dos 23% ou 25%;

Barroso entre a cruz e a espada no STF

Por Jeferson Miola, em seu blog:

Em entrevista a Mônica Bergamo, na Folha, Luís Roberto Barroso fez uma acusação de extrema gravidade. O trecho a seguir da entrevista é estarrecedor, em se tratando de afirmação de um juiz da mais alta corte judicial do país:

“[…] E ainda assim, no Supremo, você tem gabinete distribuindo senha para soltar corrupto. Sem qualquer forma de direito e numa espécie de ação entre amigos.

Que gabinetes, ministro? (sorri e fica em silêncio).

O senhor não acha um risco o senhor falar de forma genérica? Tem gabinetes. [seguindo] Quando a Justiça desvia dos amigos do poder, ela legitima o discurso de que as punições são uma perseguição”.

Quando o povo pôs os fascistas para correr

Integralistas em fuga do conflito na Praça da Sé, em São Paulo
Por Augusto C. Buonicore, no site da Fundação Maurício Grabois:

No dia 7 de outubro de 1934, uma ação conjunta das organizações da esquerda brasileira desbaratou uma grande manifestação promovida pelos integralistas no centro de São Paulo. O que aconteceu naquela tarde de domingo na Praça da Sé serviu de exemplo a todo o país. Os conflitos se multiplicaram e as forças democráticas e populares não permitiram que os fascistas tupiniquins assaltassem as ruas das grandes cidades e intimidassem os trabalhadores. Impediram que ocorresse aqui o que aconteceu na Itália e na Alemanha.

Debate SBT/UOL enterra Alckmin

Por Renato Rovai, em seu blog:

O debate organizado pelo SBT, Folha e UOL foi de baixa intensidade. Ninguém saiu arrasado ou muito melhor para ganhar pontos significativos com ele. Mas se isso é uma verdade, também há outra: o grande derrotado foi o candidato tucano, Geraldo Alckmin.

Ele não aproveitou a oportunidade para tentar sair do limbo em que se encontra nas pesquisas e ao mesmo tempo tomou dois tocos de Guilherme Boulos (PSOL) que certamente serão memetizados entre hoje e amanhã.

quarta-feira, 26 de setembro de 2018

Bolsonaro e o “imexível” do Banco Central

Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:

Mariana Carneiro e Julio Wiziack, na Folha, mostram que o ex-capitão Bolsonaro sabe mesmo a quem deve bater continência.

Já teria decidido pela manutenção, se viesse a ser vencedor, de Ilan Goldfajn no comando do Banco Central, onde está desde que Michel Temer foi guindado ao governo com Henrique Meirelles como seu posto Ipiranga da economia.

Agora é Paulo CPMF Guedes quem faz este papel e Goldfajn já está, segundo a reportagem, sob sua coordenação, depois de dois encontros reservados.

"Bolsodoria" e Alckmin afundam juntos

Por Ricardo Kotscho, em seu blog:

Os números divulgados esta semana pelo Ibope sobre as eleições em São Paulo não poderiam ser mais dramáticos para o que sobrou do PSDB de Mario Covas.

Padrinho e afilhado, Geraldo Alckmin e João Doria sentem agora na própria carne os efeitos da traição de que foram vítimas nesta campanha.

Tudo começou quando, ainda no ano passado, logo depois de tomar posse na prefeitura, Doria já se lançou como presidenciável, furando a fila de Alckmin, candidato natural do tucanato por tempo de serviço.

A bandeira da democracia como prioridade

Editorial do site Vermelho:

Todas as constituições democráticas dizem que o povo é soberano. Isso quer dizer que o fundamento da democracia é o voto individual, incondicionalmente livre. No Brasil, esse princípio foi violado pelo golpe de 2016, que anulou o resultado das urnas de 2014 e rasgou o programa de governo eleito. Mas, mesmo com essa mácula, a Constituição é o parâmetro dessas eleições presidenciais. Ela garante a um só tempo o livre exercício do voto e as bases para um projeto de país soberano, desenvolvido e democrático. As circunstâncias, no entanto, exigem ações decididas para que o país não caia em novas aventuras golpistas ainda mais ameaçadoras.

“Austeridade”, história de uma fraude

Por Pedro Rossi, Esther Dweck e Flávio Arantes, no site Outras Palavras:

A austeridade é uma ideia força, poderosa quando transformada em discurso, perigosa quando aplicada politicamente. O comprometimento dos governos com ajustes e consolidações fiscais, que reduz o papel do Estado e distribui sacrifícios à população, se apoia em um discurso, em argumentos teóricos e em uma literatura empírica. O objetivo deste capítulo é analisar – discurso, argumentos e literatura – e mostrar que a austeridade se sustenta em discursos falaciosos, argumentos morais e em evidências empíricas frágeis.

As estratégias dos fãs de Bolsonaro

Da Rede Brasil Atual:

Eleitores do representante da extrema-direita nas eleições de outubro, Jair Bolsonaro (PSL), se comportam como fãs. Alimentados por um discurso radical, chamam seu político preferido de “mito” e utilizam de estratégias para censurar, difamar e provocar os opositores. Um exército de intolerância: gritam que mulheres que não votam no Bolsonaro são “cadelas”, disparam nas redes sociais grande coleção de fake news e até mesmo promovem ataques de hackers contra páginas que repudiam o candidato.

A eleição e a reinvenção da maioria

Por Tereza Cruvinel, no Jornal do Brasil:

Tal como em outras eleições, cá estamos numa campanha em que a disputa presidencial domina completamente a cena, deixando em segundo plano a eleição de deputados e senadores.

Quanto mais forte a polarização, menos atenção dos eleitores sobra para a eleição parlamentar, o que se junta a outros fatores para reforçar previsões pouco animadoras: a renovação do Congresso deve ser baixa, as bancadas conservadoras devem se fortalecer e a dispersão dos votos entre os partidos será grande, aumentando o desafio do futuro presidente, de governador sem maioria.

As pesquisas, os eleitores e os candidatos

Por Marcos Coimbra, na revista CartaCapital:

Nas análises sobre as pesquisas, muita coisa está equivocada. Quase sempre se insiste em generalizações que talvez fizessem sentido há algum tempo, mas cuja validade venceu. Há exceções, interpretações que identificam o que é efetivamente relevante para explicar como pensa e se comporta o eleitorado. A regra, no entanto, é outra. Perde-se tempo na descrição de aspectos que, na melhor hipótese, são secundários.

As raízes do ódio fascista no Brasil

Por Emiliano José, na revista Teoria e Debate:

Momento de exacerbação de ódio, como o que vivemos no Brasil, não pode ser compreendido senão circunscrevendo-o ao quadro mundial. Eu me lembro, quando clandestino e militante da organização revolucionária Ação Popular, que qualquer análise de conjuntura começava pela situação internacional. Talvez devêssemos retomar isso, por essencial. Sapo não pula por boniteza, mas por necessidade. Há ódio espalhado pelo mundo, incluído nos países capitalistas centrais. Não me anima a ideia da simplificação, como se esse sentimento brotasse espontaneamente, nem que pudéssemos aplacá-lo com quaisquer cantilenas românticas, linha paz e amor, ou com apelo a religiões, até porque há algumas crenças que terminam por incentivar o ódio, como se com isso purgassem os pecados do mundo. O buraco é mais embaixo.

Para entender a greve geral na Argentina

Por Martín Granovsky, no site Carta Maior:

A jornada de 36 horas de protestos, incluindo uma greve geral de 24 horas, configuram um cenário que pode ser lido através de cinco temas essenciais:

1) A comunhão entre as organizações sindicais foi superior às suas diferenças. As duas vertentes que utilizam a sigla CTA (Central de Trabalhadores Argentinos) convocaram juntas uma jornada de protestos, iniciada ao meio dia da segunda-feira (24/9), finalizando à meia-noite que inicia a quarta (26/9). Contou com a adesão do setor da Confederação Geral do Trabalho (CGT) liderado pelos caminhoneiros Hugo e Pablo Moyano, e que também conta com o apoio da Corrente Federal, que inclui, entre outros, os bancários de Sergio Palazzo, os professores particulares de Mario Almirón e María Lázzaro, e os supervisores de eletricidade de Carlos Minucci. Todos eles criaram, na semana passada, uma nova iniciativa, a Frente Sindical para o Movimento Nacional, com uma característica: os membros dessa frente que estão na CGT não formaram uma central nova. A CGT, dirigida pelo triunvirato Héctor Daer, Carlos Acuña e Juan Carlos Schmid, preferiu aderir somente às 24 horas de greve durante a terça-feira, ao menos oficialmente. Mas é o suficiente para dizer que nem todos os setores estavam presentes na manifestação desta segunda – mas quase isso.

Barroso se candidata a iluminista de Bolsonaro

Por Luis Nassif, no Jornal GGN:

No perfil que tracei do Ministro Luís Roberto Barroso (clique aqui) mostrei o seu estilo camaleão, de se amoldar aos ventos do momento. Quando os ventos eram moderadamente de esquerda, vestia-se de moderadamente de esquerda e praticava um progressismo moral. Em determinado momento, seu discurso passou para a defesa do empreendedorismo contra o Estado, da maneira mais canhestra possível: incluía loas ao empreendedorismo mesmo em processos que nada tinham a ver com o tema.

Bem-vindos à antessala do fascismo

Por Gustavo Noronha, no site Brasil Debate:

Os primeiros sinais de ressurgimento de uma alternativa fascista no cenário político brasileiro teve seu ovo da serpente chocado nas eleições de 2010. Naquela ocasião, já era possível perceber na campanha presidencial de José Serra, que adotava naquela eleição um discurso cada vez mais reacionário, a reboque de uma elite conservadora espelhada numa mídia perdida. Se nunca pareceu razoável que o PSDB incorporasse uma agenda fascista, a postura na campanha permitiu que estes setores, que antes tinham cautela em expressar abertamente suas opiniões, agora manifestem livremente suas agendas.

terça-feira, 25 de setembro de 2018

Facebook censura de novo o blog Nocaute

Por Fernando Morais, no blog Nocaute:

É a segunda vez que, num grave momento político, o Facebook me tira do ar. E sem que eu tivesse transgredido qualquer uma das normas da rede Zuckerberg. O que faço, antes de botar fogo no circo?

No 16 de abril, véspera da votação do impeachment, minha página no Facebook atuava para tentar convencer parlamentares a votarem NÃO contra o golpe. De repente o Facebook me tirou do ar - no auge da campanha contra o impeachment - alegando que eu havia postado algo proibido pelas normas daquela rede. E eu NÃO havia postado nada que contrariasse as regras autoritárias e draconianas do Zuckerberg.

O plano terrorista de Bolsonaro

O croqui do plano de Bolsonaro na matéria da Veja
Por Kiko Nogueira, no blog Diário do Centro do Mundo:

Em 1987, uma reportagem da Veja revelou que Jair Bolsonaro elaborou um plano terrorista para explodir bombas em quartéis e outros locais estratégicos no Rio de Janeiro.

Bolsonaro e outro militar, Fábio Passos, queriam pressionar o comando.

“Sem o menor constrangimento, Bolsonaro deu uma detalhada explicação sobre como construir uma bomba-relógio”, escreveu a repórter Cássia Maria.

Blogueiros entrevistam Fernando Haddad

Foto: Ana Flavia Marx/Barão de Itararé
Por Felipe Bianchi, no site do Centro de Estudos Barão de Itararé:

Candidato escolhido por Lula para concorrer à presidência da República, Fernando Haddad (PT) falou a blogueiros e mídias alternativas no final da tarde desta segunda-feira (24), em São Paulo. Durante a sabatina, o presidenciável abordou temas como a crise entre os poderes e as instituições, as suas perspectivas de vitória em relação às pesquisas eleitorais e o enorme desafio para reconstruir uma sociedade cujo tecido está "esgarçado".

Confira, na sequência, alguns dos tópicos abordados por Haddad durante a entrevista, que contou com a participação do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé e de veículos como Nocaute, Fórum, Jornal GGN, Rede Brasil Atual, Blog da Cidadania, Jornalistas Livres e Brasil 247.


Salto de Haddad e o protagonismo do eleitor

Por Paulo Moreira Leite, em seu blog:

Faltavam alguns minutos para as sete da noite de segunda, 24, quando a notícia de uma nova escalada de Fernando Haddad no Ibope circulou no whatsapp dos jornalistas que participavam de uma entrevista coletiva com o candidato do PT no Instituto Lula. Coube ao repórter Joaquim de Carvalho, do Diário do Centro do Mundo, cumprimentar Haddad pela novidade, que confirma uma análise corrente entre os observadores mais atentos e indica uma virada espetacular numa disputa marcada por tantas idas e voltas e uma tensão crescente até o final.

Haddad e a avalanche lulista

Foto: Ricardo Stuckert
Por Jeferson Miola, em seu blog:           

A última pesquisa Ibope [24/9] demonstra claramente que Lula, mesmo em cárcere político, exerce influência transcendental na eleição. Além da expansão da força do lulismo na sociedade, o Ibope evidencia a estagnação da intenção de voto no antipetismo.

O poder de transferência de votos do Lula para o Haddad se processa na velocidade assombrosa de quase 600 mil votos ao dia.

Na última pesquisa Ibope em que figurou, em 20/8, Lula tinha 37% das intenções de votos – cenário que prefigurava sua vitória já no primeiro turno. Naquela mesma pesquisa, quando simulado como candidato do PT, Haddad obteve 4% das intenções de voto, o que equivalia a 10,8% dos votos do Lula.

Sérgio Buarque e o 'Homem Cordial'

Por Augusto C. Buonicore, no site da Fundação Maurício Grabois:

Raízes do Brasil constituiu-se numa das principais tentativas de explicar o Brasil. O autor procurou responder à pergunta: Existiria um “caráter nacional” distintivo dos brasileiros? Concluiu ele: “a contribuição brasileira para a civilização será a cordialidade”. É nítida nessa obra a presença da problemática (idealista) sobre a existência de um caráter nacional dos brasileiros, acima da história e das lutas de classes. Contudo, a posição de esquerda do autor levou-o a se inserir dentro de uma perspectiva avançada. Sua leitura do passado vinculou-se a tentativa de construção de um projeto de futuro, que passava pela realização da “Revolução brasileira”.