quarta-feira, 27 de novembro de 2019

Neoliberalismo: capitalismo como terrorismo

Por Marcia Tiburi, no site da revista Cult:

As tentativas de compreender e explicar o capitalismo servem ao processo de superá-lo. Está provado que o capitalismo não é justo para a maior parte das pessoas que habitam o mundo porque o acúmulo do capital nas mãos de poucos seres humanos, alguns indivíduos e suas famílias, em detrimento da imensa maioria da população mundial, uma grande parte em estado de inanição, implica processos de exploração do trabalho humano e de apropriação indébita do patrimônio universal, incluso o imaterial, marcados por processos de injustiças sociais e políticas até o extremo da violência.

O "pacote anticrime" e o Estado de Exceção

Por Orlando Silva, no site da Fundação Maurício Grabois:

O projeto de lei 882/2019, encaminhado ao Congresso Nacional pelo Ministério da Justiça, propõe uma série de alterações substanciais na legislação penal brasileira, afetando 14 diplomas, entre eles o Código Penal (decreto-lei 2848/40), o Código de Processo Penal (decreto-lei 3689/41), a Lei de Execução Penal (Lei 7210/84) e a Lei de Crimes Hediondos (Lei 8072/90). Alega-se que o objetivo da reforma é melhorar as condições de combate à corrupção, ao crime organizado e aos crimes violentos contra a pessoa.

A tragédia do AI-5 contra a democracia

Editorial do site Vermelho:

Em O Dezoito Brumário de Luis Bonaparte, Karl Marx escreveu: "Hegel observa em uma de suas obras que todos os fatos e personagens de grande importância na história do mundo ocorrem, por assim dizer, duas vezes. E esqueceu-se de acrescentar: a primeira vez como tragédia, a segunda como farsa.” Seria, segundo ele, um processo “em que a tradição das gerações mortas volta para assombrar a memória dos vivos”.

Paulo Guedes, o AI-5 e a alta do dólar

Por Renato Rovai, em seu blog:

No dia 13 de janeiro de 1999, o governo FHC depois de ganhar a eleição por manter o real valorizado frente ao dólar, num claro estelionato eleitoral, enterrou aquela política cambial.

A decisão causou um grande impacto econômico, político e social no país. E de lá até o final do mandato, FHC só segurou o tranco da malandragem. Não governou mais com autonomia, ficando refém do FMI.

Com a desvalorização cambial, o banco Marka e o FonteCindam, do ex-diretor do Banco Central do Brasil, Luiz Antônio Gonçalves, que apostaram na estabilidade do real, ficaram insolventes. Enquanto as demais instituições financeiras se preparavam para a alta do dólar. Conforme foi posteriormente comprovado em sentença definitiva no âmbito da Justiça Federal, havia um esquema de venda de informações privilegiadas, Cacciola alegou não se beneficiar dele, pois seu banco quebrou justamente porque foi um dos únicos a não apostar na desvalorização.

terça-feira, 26 de novembro de 2019

Bolsonaro quer licença para matar no campo

Por Altamiro Borges

Em mais uma guinada fascistizante, o “capetão” Jair Bolsonaro afirmou nessa segunda-feira (25) que enviará ao Congresso Nacional projeto de lei autorizando o emprego da chamada GLO (Garantia da Lei e da Ordem) para reintegração de posse em propriedades rurais. A medida é uma verdadeira licença para matar no campo brasileiro, servindo de reforço a ação criminosa de grileiros e latifundiários – hoje disfarçados de “modernos” barões do agronegócio. As GLOs são operações de segurança que podem durar vários meses e que incluem as forças públicas, incluindo soldados das Forças Armadas e agentes da Polícia Federal.

'Sugestão' de AI-5 iguala Guedes a Bolsonaro

Por Fernando Brito, em seu blog:

Paulo Guedes traiu pela língua a sua adesão ao projeto ditatorial dos Bolsonaro.

Ontem, em Washington, disse que quando se ” chama todo mundo para quebrar a rua ” se alguém pedir o AI-5″.

- Já não aconteceu uma vez? Ou foi diferente? Levando o povo para a rua para quebrar tudo. Isso é estúpido, é burro, não está à altura da nossa tradição democrática.

Quem está chamando por qualquer quebradeira nas ruas? A única quebradeira que se tem notícia é na área da economia, com empresas encolhendo ou fechando por conta da estagnação dos negócios.

Bolsonaro pretende instalar Estado policial

Da Rede Brasil Atual:

O presidente Jair Bolsonaro anunciou ontem (25) que vai editar um projeto de lei que autoriza o emprego de operações de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) para reintegração de posse em propriedades rurais. Também disse nos últimos dias que a ampliação do excludente de ilicitude – que impede a punição de policiais que matem pessoas em ações de segurança – deve valer para manifestações. Ainda ontem, o ministro da Economia, Paulo Guedes, repetiu o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e disse que um novo Ato Institucional 5 (AI-5) pode ser editado. Para cientista política Roseli Coelho, o governo vem “testando” a democracia e caminha para instalar Estado policial no Brasil.

Emprego e o círculo de ferro neoliberal

Por José Raimundo Trindade, no site Carta Maior:

A análise conjuntural para este terceiro trimestre de 2019 enseja alguns movimentos econômicos e sociais distintos do período imediatamente anterior, porém não se observa nenhuma alteração estrutural no quadro de emprego e renda social que nos pudesse afirmar que estaríamos frente a uma inflexão duradora de crescimento e expansão da economia. O crescimento do PIB continua estacionado em uma taxa inferior a 1% e não aponta uma possível recuperação na geração de empregos a altura das necessidades da população brasileira.


Bolsonaro e Guedes pregam a solução final

Por Gilberto Maringoni

A barbaridade externada por Paulo Guedes em Washington tem toda lógica nos dias que correm.

Não se trata apenas de uma viúva de Pinochet quem fala. Trata-se de uma declaração de guerra.

Ela está intimamente ligada ao projeto ultraliberal de segunda onda.

As marcas essenciais dessa segunda onda são:

1. É muito mais agressiva que a primeira, nos anos 1990.

Quem vai cuidar das cuidadoras de idosos?

Por Paulo Moreira Leite, em seu blog:

Reproduzindo uma ideia cada vez mais frequente em levantamentos sobre o mercado de trabalho, a reportagem "Um futuro de raros empregos", publicada pelo Valor Econômico (22/11/2019) aponta uma única atividade remunerada que terá lugar assegurado em nossa sociedade - cuidadoras de idosos.

"São alguns dos empregos que se manterão no futuro", anuncia a legenda de uma foto na qual duas imigrantes de traços asiáticos alimentam duas senhoras de idade avançadíssima numa "residência de repouso na Alemanha."

Embora essa visão seja frequente na maioria das discussões sobre o assunto, a dura realidade é que nem este serviço tem futuro garantido - pelo menos na escala que se imagina necessária.

Guedes quer para o Brasil a ditadura do Chile

Por Kiko Nogueira, no Diário do Centro do Mundo:

A defesa de Paulo Guedes do AI-5, ecoando Eduardo Bolsonaro, além de mentirosa, revela o caráter autoritário do ministro da Economia e sua nostalgia pinochetista.

Primeiro, a mentira.

Em Washington, numa entrevista, declarou o seguinte sobre Lula:

“Chamar o povo para rua é de uma irresponsabilidade. Chamar o povo para a rua para dizer que tem o poder, para tomar. Tomar como? Aí o filho do presidente fala em AI5, aí todo mundo assusta, fala o que que é?”

Eduardo Bolsonaro evocou o infame ato institucional no canal de Leda Nagle no Youtube no final de outubro.

Uruguai: a disputa prossegue nas ruas

Lacalle Pou
Por Nicolás Centurión, no site Outras Palavras:

Aconteceu o segundo turno das eleições no Uruguai e tudo indica que a direita, juntamente com a ultradireita, voltará ao governo, depois de 15 anos ininterruptos de governo da Frente Ampla.

Restam 35 mil votos para serem escrutinados e a diferença é de 28 mil votos entre a chapa Lacalle Pou-Argimon e a do oficialismo. Parece quase impossível ser superada, já que necessita de um voto a mais que a outra chapa para ganhar, mas, mesmo assim, a Frente Ampla mantém as esperanças vivas.

"Nova Previdência" penaliza os precarizados

Por André Luiz Passos Santos, no site Brasil Debate:

A série de três notas técnicas sobre a reforma da previdência – publicadas em agosto, setembro e outubro pelo Centro de Estudos de Conjuntura e Política Econômica (CECON), do Instituto de Economia da Unicamp – das quais participei com Ricardo Knudsen, Henrique Sá Earp e Antonio Ibarra, sob a coordenação do prof. Pedro Paulo Zahluth Bastos, aborda diversos aspectos da reforma finalmente aprovada pelo Congresso Nacional e agora promulgada. Cabe esclarecer que apenas o Regime Geral de Previdência Social (RGPS) foi analisado.

O que fazer diante do novo partido fascista?

Por Mar­celo Castañeda, no site Correio da Cidadania:

Bol­so­naro é tido como burro e ig­no­rante, mas, numa jo­gada es­tra­té­gica ar­ris­cada, con­se­guiu co­locar no de­bate pú­blico e in­ter­co­nec­tado nas duas úl­timas se­manas a sua mais re­cente pro­posta de criar um par­tido para chamar de seu, con­gre­gando como ban­deiras Deus, armas e an­ti­co­mu­nismo sob a regência da fi­lo­sofia ola­vista. Trata-se de uma pro­posta com ins­pi­ração fas­cista e de base mi­li­ciana e evan­gé­lica.

Sem fundos setoriais, adeus banda larga!

Editorial do Instituto Telecom:

Mais de R$ 4 bilhões foram arrecadados pelos fundos de telecomunicações no ano de 2018. O Fistel (fiscalização) arrecadou R$ 2,6 bilhões; o Fust (universalização), R$ 854 milhões; o Funttel (desenvolvimento tecnológico), R$ 577 milhões. Boa parte desses recursos foi contingenciada para fazer frente ao superávit primário. Desde 2001, segundo as operadoras de telecomunicações, já foram arrecadados R$ 90 bilhões para os fundos setoriais. No entanto, apenas 8,6% desse valor foram investidos.

Um grande erro.

Bolívia é faceta do autoritarismo líquido

Charge: Iñaki y Frenchy/Rebelión
Por Pedro Serrano, na revista CartaCapital:

Embora sob a aparência de um golpe clássico, caracterizado pela ruptura institucional e comandado por militares, milicianos e pela elite econômica do país, as circunstâncias que levaram Evo Morales à renúncia podem ser encaradas como mais uma faceta do autoritarismo líquido dos nossos tempos.

Os discursos de seus opositores demonstram aparentes intenções de se buscar uma “saída democrática”. Dizem que é preciso agir “de modo democrático e constitucional” e que é necessário negar a “narrativa de golpe de Estado”. Além disso, ainda que o processo tenha sido sustentado pelas Forças Armadas e conduzido de forma extremamente violenta, com ameaças ao presidente e seus familiares, e forte repressão sobre seus apoiadores, todos aqueles que ora se empenham em ocupar o poder falam em um governo de transição que possa levar à realização de novas eleições.

"Rótulo" Bolsonaro cresce na América Latina

Por Vinícius Mendes, no jornal Le Monde Diplomatique-Brasil:

Quando o empresário coreano-boliviano Chi Hyun Chung irrompeu por uma das ruas que dão acesso à Praça Kantuta, na região do Pari, zona central de São Paulo, no final de setembro, ninguém o notou de imediato. A chuva fina que caía sobre a cidade naquele domingo havia afugentado a maioria dos frequentadores que, normalmente, lotam o local – principal reduto de lazer dos bolivianos que vivem na capital paulista – neste dia da semana. À boca pequena, se dizia que a visita num dia daquele era benéfica, porque não permitiria que ele aglomerasse muita gente ao seu redor. 

Violência contra a mulher: basta!

Editorial do site Vermelho:

O termo "Violência contra a Mulher", introduzido pela ONU em 1993, inclui muitos tipos de agressões, que vão além de físicas, sexuais ou psicológicas. Ela se manifesta de forma múltipla na sociedade patriarcal. Não é apenas a violência física ou verbal, facilmente constatáveis - há também outras formas, como a desigualdade no trabalho (condições ruins, jornadas extensas e salários menores do que os dos homens) e a baixa representação política. E outras mais sutis que, nem por isso, deixam de ser violentas. Elas fazem parte deste cenário de desigualdade de gênero que vitima as mulheres.

segunda-feira, 25 de novembro de 2019

A coalizão com o fascismo no Uruguai

Por Jeferson Miola, em seu blog: 

O ambiente nas ruas de Montevidéu nesta segunda-feira, 25 de novembro, é como se no domingo tivesse havido um empate entre Nacional e Peñarol, o centenário clássico de futebol do Uruguai que magnetiza a atenção da sociedade uruguaia.

A torcida que ganha no empate – a direita – está acabrunhada, envergonhada e preocupada, ao passo que a torcida que perde no empate – a Frente Ampla – está altiva, orgulhosa e confiante.

Nem parece que no dia anterior o povo foi às urnas numa das mais apertadas – senão a mais apertada – disputa eleitoral de toda sua história para escolher o presidente que governará o país no período de 2020 a 2025.

Três notas sobre a conjuntura política

Por André Singer, no site A terra é redonda:

O pacote de medidas econômicas

O governo enviou ao Senado três propostas de emendas à Constituição. Uma denominada de “pacto federativo”, outra acerca da “emergência fiscal”, e a terceira referente ao que o governo chama de “fundos públicos”.

Cada uma dessas propostas contém medidas bastante audazes. No caso do pacto federativo, prevê-se a fusão de municípios com menos de cinco mil habitantes cuja arrecadação seja menor que 10% da receita total desse município. Estima-se que essa medida pode atingir até mil municípios, que ficam assim sujeitos ao desaparecimento.

Bolsonaro e seu partido tresoitão

Por Cynara Menezes, no blog Socialista Morena:

A incoerência dessa gente é gritante. Logo que assumiu a presidência, Jair Bolsonaro baixou um decreto liberando o porte e a posse de armas de fogo para qualquer um e facilitando o acesso até a menores de idade.

Na época, especialistas criticaram a medida, alertando que isso iria representar até 20 milhões de pessoas armadas no país. Em abril, o presidente de extrema direita publicou no instagram a foto que ilustra este post, em que defendia “a liberdade, com critérios, para cidadãos que querem se proteger e proteger suas famílias. Leis de desarmamento só funcionam contra aqueles que respeitam as leis; quem quer cometer crimes já não se preocupa com isso”. Pressionado, revogou o decreto e enviou ao Congresso um projeto de lei, que foi desidratado na Câmara, e a maioria das propostas do presidente ficou de fora.

Bolsonaro quer Exército e PF no campo

Por Fernando Brito, em seu blog:

Na Folha adianta-se o segundo dos quatro passos do “licença para matar” anunciados por Jair Bolsonaro.

Agora, para usar “Garantias da Lei e da Ordem” para que forças federais esvaziem terras ocupadas por lavradores, a partir de reintegrações judiciais.

O argumento é o de que as autoridades dos estados “protelam” as ações policiais, negociando que a retirada seja pacífica e se encontre um lugar para que aquela gente pobre e desamparada vá.

“Quando marginais invadem propriedades rurais, e o juiz determina a reintegração de posse, como é quase como regra que governadores protelam, poderia, pelo nosso projeto, ter uma GLO do campo para chegar e tirar o cara”.

A violência repressiva varre a Bolívia

Por Angela Davis, Noam Chomsky, Molly Crabapple, John Pilger e outros, no site Carta Maior:

Evo Morales - Presidente da Bolívia do partido MAS (Movimento ao Socialismo, Movimento ao Socialismo) - foi forçado a renunciar em 10 de novembro, no que muitos observadores consideram um golpe. Após a renúncia de Morales, houve um crescente caos e violência. O que está acontecendo na Bolívia é altamente antidemocrático e estamos testemunhando algumas das piores violações dos direitos humanos nas mãos dos militares e da polícia desde a transição para o governo civil no início dos anos 80. Condenamos a violência nos termos mais fortes e exortamos os EUA e outros governos estrangeiros a deixarem imediatamente de reconhecer e fornecer qualquer apoio a esse regime. Instamos a mídia a fazer mais para documentar os crescentes abusos dos direitos humanos cometidos pelo Estado boliviano.

Três estelionatos da mídia em duas semanas

Por Ângela Carrato, no blog Viomundo:

Por dever de ofício, acompanho diariamente o noticiário nacional e internacional através dos principais jornais, emissoras de rádio, televisão, sites e blogs brasileiros.

As últimas duas semanas, desde a saída do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva da prisão, por decisão do STF, têm sido particularmente interessantes para quem se debruça sobre a mídia a fim de compreender os processos através dos quais ela atua e não apenas, como tradicionalmente se faz, para estar informado.

Esse mergulho no noticiário – incluindo colunas de opinião – possibilitou que chegasse a conclusões que podem contribuir para esclarecer o que se passa e se passou no país recentemente.

As batalhas sindicais de 2020

Por João Guilherme Vargas Netto

Para dizer platitudes preguiçosas é melhor ficar calado; para tentar explicar e confundir ainda mais é melhor ficar calado; para insistir no erro e não corrigi-lo é melhor ficar calado.

E, no entanto, é preciso registrar a resistência que acontece, as lutas e as conquistas nesta imensidão de país e nas várias categorias que se mobilizam com direções reconhecidas e acatadas.

As centrais sindicais, os movimentos sociais e os partidos de oposição (e alguns outros dirigentes) preparam uma pauta mínima de luta emergencial pelo emprego e renda em defesa dos trabalhadores e para alívio dos desempregados.

Julian Assange pode morrer na cadeia

Da Rede Brasil Atual:

O ativista Julian Assange, famoso por seu trabalho como fundador do WikiLeaks, está sob séria ameaça de morrer nas mãos da Justiça inglesa. O alerta foi feito por um grupo de 60 médicos, que elaborou uma carta apelando para que Assange seja encaminhado para um hospital. Ele foi preso em abril após ser retirado a força da embaixada do Equador em Londres, onde passou sete anos como asilado político.

domingo, 24 de novembro de 2019

A formação do ser neoliberal

Por Eleutério F. S. Prado, no site Outras Palavras:

Os economistas de direita costumam ridicularizar a ideia de economista neoliberal, assim como o conceito de neoliberalismo. Será que eles são apenas competentes na formulação e na aplicação de teorias econômicas ou, ademais, eles são na verdade bons produtores de fake-theories que são funcionais – isto é, permitem que as coisas funcionem melhor e de acordo com as conveniências do sistema econômico ora existente? É preciso examinar isto cuidadosamente.

Bolsonaro vai perder a guerra contra Globo

Por Fernando Morais, no blog Nocaute:

É possível que Bolsonaro, como eu, considere as Organizações Globo e a família Marinho inimigas do Brasil e dos brasileiros e que assim devem ser tratadas. Primeiro é preciso sublinhar que os motivos que me levam a propagar esse bordão anti-Globo são diametralmente opostos às razões do presidente. Segundo, tenho uma má notícia para ele: pode tirar o cavalo da chuva, capitão, porque você não vai quebrar a rede Globo. Vou tentar explicar por que estou afirmando isto.

A manchete contra Moro que a Folha não deu

Por Moisés Mendes, no Diário do Centro do Mundo:

A Folha parece envergonhada com a própria manchete:

“Moro contrariou padrão da Lava Jato ao divulgar grampo de Lula, indicam mensagens”

Contrariar o padrão é um jeito tucano de dizer que Moro agiu sempre para perseguir Lula, ao divulgar apenas os grampos que interessavam ao plano do lavajatismo.

Esta deveria ter sido a manchete:

“Moro só divulgava os grampos contra Lula”

O fracasso do leilão do pré-sal

Por Giorgio Romano, no jornal Le Monde Diplomatique-Brasil:

A partir da derrubada do governo Dilma Rousseff, entrou em operação um processo acelerado de desmonte da política para o pré-sal desenvolvida pelos governos Lula e da presidenta impedida. Esta se dava basicamente por meio de um controle posto em prática pela estatal PPSA (Pré-Sal Petróleo S.A.) e pela própria Petrobras, apoiado pelo marco regulatório de 2010, conhecido como partilha, e por uma política vigorosa de conteúdo local para garantir que os volumosos investimentos necessários para a exploração do petróleo e gás se traduzissem em geração de renda e emprego no país.

O general restrição externa entrará em campo

Por José Luis Oreiro, no site Brasil Debate:

Duas notícias interessantes publicadas no Valor Econômico de segunda-feira, dia 18 de novembro. A primeira referente ao déficit crescente da indústria de transformação no Brasil, o qual nos últimos 12 meses se encontrava em US$ 31,5 bilhões de dólares. A segunda referente ao déficit cambial brasileiro, que acumulava o valor de US$ 21, 2 bilhões até novembro do corrente ano. Pelas razões que apontarei a seguir, esses indicadores parecem sinalizar para o retorno do velho problema da restrição externa, o qual é endêmico nas economias latino-americanas e, particularmente, no Brasil.

Lula livre é o maior líder político do Brasil

Por Marcos Coimbra, na revista CartaCapital:

A discussão a respeito da libertação de Lula tem de considerar duas premissas. Muita gente parece se esquecer de ambas, mas é preciso sempre lembrá-las. A primeira é o tamanho e a qualidade da imagem do ex-presidente. Sem nenhum exagero, é o político brasileiro mais admirado e querido de todos os tempos. Não há quem se compare a ele, nem no passado antigo, no Império ou na República até 1964, nem no Brasil pós-ditadura. Getulio Vargas foi em parte absolvido dos pecados do Estado Novo pelo segundo governo, mas eles permaneceram. Juscelino Kubitschek foi estimado, mas não recebeu o mesmo carinho da gente humilde. 

O Plano Emergencial de Emprego e Renda

Editorial do site Vermelho:

As propostas das centrais sindicais, dos movimentos sociais e de partidos de oposição na cidade de São Paulo são opostas ao programa do governo Bolsonaro. De certo modo, essa é uma posição natural, pois desde sempre os objetivos do bolsonarismo não passam nem perto dos interesses do povo e do país. A grande notícia é a entrada em cena de mais uma ação relevante de uma movimento organizado que expressa resistência determinada ao desastre em andamento.

Câmara isenta racismo de deputados do PSL

Por João Filho, no site The Intercept-Brasil:

Os deputados do PSL têm se sentido cada vez mais à vontade para barbarizar a vida política brasileira. Até o ano passado, Jair Bolsonaro era um dos poucos parlamentares que usava o mandato para expressar seu desprezo pelos valores democráticos. Com o bolsonarismo, isso virou padrão. Todo dia tem um figurão do PSL xingando opositores, atacando as instituições, perseguindo jornalistas, exaltando assassinos e fazendo ameaças de todo tipo contra a democracia. A coisa já está fora de controle.

Bolsonaro golpeia recursos para a saúde

Por Alexandre Padilha, no jornal Brasil de Fato:

Com a falsa promessa de atender os mais necessitados, Bolsonaro faz o maior ataque da história ao princípio da universalidade do Sistema Único de Saúde (SUS).

A portaria do novo financiamento dos recursos para que os municípios possam abrir e colocar para funcionar unidades básicas de saúde, imunização e ações e prevenção visa impedir que o SUS atenda a todos.

Essa nova portaria baseia o repasse de recursos aos municípios não mais pelo tamanho da população e por indicadores de vulnerabilidade, e sim pelo número de pessoas cadastradas pelas equipes de saúde da família.

O neofascismo em marcha no Brasil

Por Ricardo Kotscho, em seu blog:

Ao lançar as bases do primeiro partido neofascista que chegou ao poder pelo voto no Brasil, Bolsonaro abriu as cartas do seu jogo da morte: ele só está em busca de um pretexto para botar as tropas na rua.

Cada vez mais isolado no mundo e aqui dentro, com o país cercado por rebeliões populares pra todo lado nos países vizinhos, a plataforma da Aliança Pelo Brasil, nome de fantasia do partido da familícia, o capitão presidente soltou seus cachorros loucos para provocar um confronto com as oposições, que não reagiram.

No Equador, na Bolívia, no Chile e, agora, também na Colômbia, o povo foi às ruas contra os governos, mas aqui pode acontecer o contrário: o próprio governo ir às ruas contra o povo.

O autoritarismo líquido do século XXI

Por Pedro Estevam Serrano, no site A terra é redonda:

Uma das grandes preocupações daqueles que, no campo da política e do Direito, se dispõem a debater e a compreender este começo de século é o surgimento de novas formas de autoritarismo e de uma crescente onda de medidas autoritárias instauradas no interior de regimes democráticos. Em várias partes do mundo e, especialmente na América Latina e no Brasil, assistimos ao recrudescimento dessas medidas, que resulta em brutais retrocessos no campo dos direitos. Em meus artigos, livros e entrevistas, já há alguns anos venho também me dedicando a entender as características do fenômeno, a que tenho chamado de autoritarismo líquido.

Frente Ampla e o segundo turno no Uruguai

Por Jeferson Miola, em seu blog:

O segundo turno da eleição uruguaia entra na reta final num cenário de polarização política e disputa acirrada. Há um relativo favoritismo do direitista Lacalle Pou, do Partido Nacional.

No 1º turno, Daniel Martínez da Frente Ampla [FA] liderou com 39%, livrando mais de 253 mil votos de diferença sobre Lacalle Pou, que ficou em 2º lugar com 28,6% dos votos.

Uma diferença bastante significativa a favor de Martínez, considerando-se o pequeno colégio eleitoral uruguaio de 2,4 milhões de eleitores. Apesar dessa expressiva diferença, entretanto, os sinais indicam dificuldades para a conquista do 4º mandato consecutivo da Frente Ampla.

Golpistas da Bolívia reprimem até os mortos

Por Eric Nepomuceno

O que está acontecendo na Bolívia desde o golpe que derrubou e despachou para o exílio o presidente Evo Morales é, além de trágico, de uma perversão sem limites.

A fúria descontrolada da polícia militarizada ganhou nos últimos dias um reforço extra com a participação, nas ações dirigidas principalmente contra indígenas e apoiadores do presidente deposto, de tropas do Exército.

Desde a derrubada de Evo Morales e a entrada em cena da autoproclamada presidente Jeanine Áñez mais de 30 bolivianos foram mortos.

E o que se viu em La Paz na quinta-feira, dia 21, mostra que a brutalidade sem limites não poupa sequer os mortos dessa violência.

O país do porteiro é o país do medo

Por Fernando Brito, em seu blog:

Por incrível que pareça, há verdade no que falou o porteiro do condomínio Alberto Jorge Mateus ao dizer que se sente “pressionado por ele mesmo”.

Estamos todos.

Até uma conversa de botequim com desconhecidos, historicamente um hábito do carioca, passou a exigir cuidados e contenção.

Vai que é um fanático?

O Brasil do ódio, do policialismo, da agressividade e do “escracho” que se formou nos últimos seis anos, de uns tempos para cá, também se tornou o Brasil da milícia e da bala.

O temor dos diplomatas venezuelanos

Por Cynara Menezes, no blog Socialista Morena:

Uma semana após a embaixada da Venezuela em Brasília ter sido invadida por um grupo de extrema direita, os diplomatas que trabalham e vivem no local continuam a temer por sua integridade física. “Nos preocupa a questão da impunidade”, diz o encarregado de Negócios Freddy Meregote, representante do país no Brasil – desde 2016, em protesto ao golpe contra Dilma Rousseff, não foi nomeado um novo embaixador. “Como ninguém foi punido, a embaixada ficou vulnerável. A qualquer momento podemos ser atacados por facínoras.”

Os 30% de Bolsonaro revelam fraqueza

Por Bepe Damasco, em seu blog:

Alguns analistas consideram que os 30% de apoio que Bolsonaro ainda mantém, segundo as pesquisas, devem ser vistos como uma fortaleza inexpugnável. Ressalvando que algumas sondagens situaram seu contingente de apoiadores até abaixo deste patamar, é preciso contextualizar estes dados politicamente.

Primeiro não podemos perder de vista que todas as pesquisas, incluindo as dos institutos mais tradicionais como Datafolha e Ibope, registram queda acentuada da popularidade de Bolsonaro em todas as faixas de renda, níveis de escolaridade, idades, gêneros e regiões do país. A perda de terreno que mais chama a atenção se dá entre os mais pobres.

Rede Globo assustada com Bolsonaro

Por Laurindo Lalo Leal Filho, na Rede Brasil Atual:

As Organizações Globo estão assustadas. Nunca antes em sua história foram tão atacadas como neste governo. Não que em outros momentos não tivesse sido tachada de parcial e golpista. A diferença, desta vez, é que os ataques passam da escala verbal para a material. A ameaça do presidente da República, Jair Bolsonaro, de não renovar as concessões dos canais de TV e o apelo aos anunciantes para que deixem de veicular propagandas nos veículos globais têm como alvo a própria sobrevivência da empresa. Para não se falar no fim da exigência da publicação de balanços em jornais impressos e no corte radical das verbas publicitárias oficiais passando a favorecer as concorrentes SBT e Record.

Bolívia: e os indígenas resistem ao golpe…

Foto: Natacha Pisarenko/AP Photo
Por Álvaro García Linera, no site Outras Palavras:

Feito densa neblina noturna, o ódio percorre ferozmente os tradicionais bairros de classe média urbana da Bolívia. Seus olhos transbordam de ira. Não gritam, cospem; não reclamam, impõem. Seus clamores não são pela esperança nem pela irmandade, são de desprezo e de discriminação contra os índios. Montam suas motos, sobem em suas caminhonetes, agrupam-se em suas confrarias e faculdades privadas e saem à caça dos índios atrevidos que tiveram a coragem de arrebatar-lhes o poder.

Luiz Gama, o primeiro jornalista negro

Por Karina Berardo, no site da Fundação Maurício Grabois:

“A escravidão é uma espécie de lepra social: tem sido muitas vezes abolida pelos legisladores e restaurada pela educação sob aspectos diversos”. A frase é de Luiz Gama, primeiro jornalista negro do Brasil e foi escrita em 1876, mas permanece atual. O baiano Luiz Gama nasceu em 21 de junho de 1830. Aos 10 anos, filho de uma mulher brasileira negra e de um português branco, ele foi escravizado, condição que permaneceu até os 18 anos, quando conseguiu provar que nasceu livre.

Fascismo e racismo de mãos dadas

Por Paulo Pimenta, no site da Fundação Perseu Abramo:

Não há dúvida sobre o fato que marcará para a história a passagem do dia 20 de novembro, em que se celebra a memória da morte de Zumbi dos Palmares, nesse ano de 2019. A exposição “(Re)existir no Brasil: Trajetórias Negras Brasileiras”, de peças informativas e artísticas organizada pela Curadoria da Câmara dos Deputados no túnel de acesso ao Plenário Ulysses Guimarães, nesse mês da Consciência Negra.

É tudo pago: o Chile além da desigualdade

Por Emilio Chernavsky, no site Brasil Debate:

O que iniciou com protestos localizados contra o segundo aumento no ano na tarifa do metrô de Santiago, capital do Chile, se transformou num movimento de grandes proporções que se alastrou em todo o país e gerou enormes manifestações populares contra o governo que, recebidas com violenta repressão policial, resultaram em dezenas de mortes e milhares de presos e feridos.

Os acontecimentos surpreenderam quem acompanha à distância os indicadores macroeconômicos do país, que apontam nas últimas décadas taxas de crescimento entre as maiores da América Latina, baixas taxas de inflação e contas públicas equilibradas, dando insumos a órgãos multilaterais como FMI e Banco Mundial e a analistas conservadores que colocam o Chile como exemplo a ser seguido.

Racismo marca Dia da Consciência Negra

Da revista CartaCapital:

O professor do curso de Jornalismo da Universidade Estadual Paulista (Unesp), Juarez Xavier, foi vítima de racismo e de um ataque a canivete na quarta-feira 20, em Bauru, dia em que se celebra a Consciência Negra. A vítima relatou o caso em seu Facebook.

Segundo o policiamento da área onde o crime ocorreu, Xavier estava caminhando na Avenida Nações Unidas quando um homem passou e chamou-o de “macaco”. A vítima questionou a ofensa e foi derrubado no chão pelo agressor, que o atingiu com um canivete. Xavier sofreu duas perfurações superficiais, uma no ombro e uma no tórax.

Primeiro passo diante do agressivo Guedes

Por João Guilherme Vargas Netto

Uma coisa é certa: Guedes e Cia querem fazer no Brasil o que o FMI fez na Grécia em 2010 (veja a descrição disto no livro de Paulo Nogueira Batista Jr. – “O Brasil não cabe no quintal de ninguém”, da editora Leya Brasil, especialmente na página 203).

Frente a essa sucessão de medidas e propostas agressivas é até compreensível um grau de atordoamento, como o de um boxeador encurralado no canto do ringue.

quarta-feira, 20 de novembro de 2019

O racismo mata, mutila, machuca

Por Abigail Pereira, no site Vermelho:

Nesta quinta-feira (19), véspera do Dia da Consciência Negra, o deputado federal Coronel Tadeu (PSL), da base do governo Bolsonaro, destruiu charge do artista Latuff que denunciava a violência policial contra os negros em exposição na Câmara dos Deputados. Em 2018, dois trogloditas candidatos que depois viraram deputados, também apoiadores de primeira hora de Bolsonaro, destruíram placa em homenagem a Marielle, vereadora negra brutalmente assassinada.