sábado, 9 de junho de 2018

O Brasil embranquecido na tela da TV

Por Carol Castro, na revista CartaCapital:

Não dá mais para esconder a cor majoritariamente negra do Brasil. No último censo do IBGE, 54% das pessoas confirmaram sua negritude. Mas a televisão, e a cena artística em geral, ainda tenta pintar de branco a cara do País. E o Ministério Público do Trabalho (MPT) anda atento à falta de representatividade nas emissoras brasileiras.

Logo que a novela Segundo sol, da Rede Globo, estreou, em maio, a internet se enfureceu para questionar o óbvio: como pode uma trama sobre axé, na Bahia (o estado mais negro do Brasil), ter pouquíssimos atores e atrizes negros?

Prefeito estrangula a cultura em Porto Alegre

Por Igor Natusch, no site The Intercept-Brasil:

Muitas críticas podem ser feitas ao governo tucano de Nelson Marchezan Jr. em Porto Alegre, mas ninguém poderá reclamar da falta de novas ideias. Nesta semana, a prefeitura surpreendeu com mais uma inovação: resolveu cobrar pelo aluguel da Praça da Alfândega, espaço público onde ocorre gratuitamente, há mais de 60 anos, a tradicional Feira do Livro da cidade. Parece piada, mas a Câmara Rio-grandense do Livro recebeu mesmo o inédito carnê, com vencimento em setembro, um mês antes do início do evento.

Evangélico não segue voto de liderança

Por Eduardo Maretti, na Rede Brasil Atual:

Segundo pesquisa realizada em São Paulo, na última quinta-feira (31), durante a Marcha para Jesus, pelo Núcleo de Estudos em Arte, Mídia e Política (Neamp) da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), em parceria com o Grupo de Pesquisa Comunicação e Religião da Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação (Intercom), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) lidera a intenção de votos entre os evangélicos. Ele tem 20,09%, seguido pelo deputado federal Jair Bolsonaro (PSL-RJ), com 15,6%, e pela ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva (Rede), que aparece com 5,91%. O estudo entrevistou 423 pessoas e não definiu margem de erro, já que a Polícia Militar não fez estimativa de público.

Queimando dólares para apagar o fogo?

Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:

O Banco Central avisou ontem à noite e agiu hoje cedo, vendendo dólares em proporções cavalares – estima-se uma média superior a 3 bilhões por dia além do normalmente ofertado, ou um “extra” de mais de R$ 10 bilhões de reais diários – e promete fazer o mesmo nos próximos dias.

Tudo para obter uma queda igualmente cavalar na cotação da moeda norte-americana.

Que me recorde, não houve intervenção tão pesada quanto esta no – pausa para gargalhar – “regime de câmbio livre”.

A esquerda e os caminhoneiros

Por Ricardo Gebrim, no jornal Brasil de Fato:

Tudo sempre está em disputa. Mas, diversas lideranças e correntes de esquerda defenderam que era possível disputar o recente movimento dos caminhoneiros. O debate não é secundário, situações similares tendem a ocorrer na conjuntura e precisamos saber como enfrentá-las.

A contradição é real e com potencial mobilizador. A bandeira de luta contra os reajustes no diesel e na gasolina é legítima. Também é inquestionável a presença de caminhoneiros trabalhadores nas empresas e autônomos que enfrentam um cotidiano de exploração.

Pré-Sal é cada vez mais dos gringos

Do site da FUP:

Mergulhado em escândalos de corrupção e sem apoio algum da população, o governo Temer entregou mais oito bilhões de barris de petróleo às multinacionais, ao concluir nesta quinta-feira (07) a 4ª Rodada de Licitações do Pré-Sal, onde cada barril saiu ao preço médio de R$ 0,26. Os três campos leiloados - Dois Irmãos (na Bacia de Campos), Três Marias e Uirapuru (na Bacia de Santos) - contêm reservas estimadas de 12,132 bilhões de barris de petróleo. A Petrobrás, mesmo pagando o maior valor em bônus do leilão (R$ 1 bilhão do total de R$ 3,150 bilhões arrecadados) e exercendo a preferência dos 30% de participação mínima nos consórcios, como prevê a lei, terá direito apenas a 3.999 bilhões de barris. Ou seja, 33% das reservas licitadas.

O fascismo em alta e os farsantes

Lula e o fator transferência

Por Tereza Cruvinel, no Jornal do Brasil:

Diante da provável impugnação da candidatura do ex-presidente Lula, que o PT lançou ontem em Contagem (MG), as pesquisas eleitorais começaram a excluí-lo dos cenários projetados, situação em que a liderança é assumida por Jair Bolsonaro. A variável “transferência de votos” para um candidato que venha a substitui-lo tem sido negligenciada, embora já tenha sido aferida em outros momentos. Ontem, porém, a consultoria XP divulgou pesquisa encomendada ao instituto Ipespe, do cientista político Antonio Lavareda, com a novidade de que o ex-prefeito Fernando Haddad chega ao segundo lugar, com 11%, quando apontado como candidato apoiado por Lula.

Jornalões decidem esconder Lula dos leitores

Por Raymundo Gomes, no blog Diário do Centro do Mundo:

Um ex-presidente da República, preso há dois meses, líder disparado nas pesquisas de intenção de voto a quatro meses da eleição, faz sua primeira manifestação pública, como depoente em um processo.

Seria manchete principal em qualquer país do mundo, certo?

Certo.

Menos no Brasil.

sexta-feira, 8 de junho de 2018

Lula: Manifesto ao Povo Brasileiro

Do site Lula:

Leia a íntegra da carta do presidente ao povo; Lula foi oficializado pré-candidato do PT à Presidência nesta sexta-feira:

"Há dois meses estou preso, injustamente, sem ter cometido crime nenhum. Há dois meses estou impedido de percorrer o País que amo, levando a mensagem de esperança num Brasil melhor e mais justo, com oportunidades para todos, como sempre fiz em 45 anos de vida pública.

Fui privado de conviver diariamente com meus filhos e minha filha, meus netos e netas, minha bisneta, meus amigos e companheiros. Mas não tenho dúvida de que me puseram aqui para me impedir de conviver com minha grande família: o povo brasileiro. Isso é o que mais me angustia, pois sei que, do lado de fora, a cada dia mais e mais famílias voltam a viver nas ruas, abandonadas pelo estado que deveria protegê-las.

Mídia hegemônica brinca de esconde-esconde

Rumo à democracia substantiva

Por Antônio Augusto de Queiroz, na revista Teoria e Debate:

A investida do neoliberalismo sobre o Estado de bem-estar social, com o impedimento de expansão do gasto público, de um lado, e a retirada de direitos, de outro, abriu um enorme espaço para ofensiva das forças progressistas no sentido de aproveitar o processo eleitoral para pautar o debate da democracia substantiva, com participação social.

A democracia representativa – que trata dos processos e regras formais sobre a constituição e o exercício do poder – se exauriu porque envolve apenas os direitos civis (ir e vir, propriedade, expressão e pensamento etc.) e os direitos políticos (votar e ser votado, de associação, de manifestação etc.), constituindo-se em fonte e espelho das desigualdades do país.

As mudanças no mundo do trabalho

Por Luiz Sugimoto, no site da Fundação Maurício Grabois:

Já está na praça um novo livro de Ricardo Antunes, O Privilégio da Servidão (Boitempo Editoral), em que o sociólogo e professor da Unicamp apresenta uma análise detalhada das mudanças trabalhistas que ocorreram no mundo do trabalho contemporâneo nos países capitalistas centrais e no Brasil, tendo como eixo a explosão de um novo proletariado de serviços, que se desenvolve com o trabalho digital, online e intermitente. “O que é o privilégio da servidão, hoje? Dei um curso no ano passado como professor visitante na Universidade Ca’Foscari, em Veneza, para alunos da 'laurea magistral'. Se eles derem sorte, serão 'novos servos': vão ter muitas dificuldades de encontrar trabalho e poderão abrir e fechar as portas dos vaporettos [pequenas embarcações típicas daquela cidade], ganhando 600 euros por mês e trabalhando por cinco ou seis meses”, exemplifica em tom crítico o autor do livro, revelando que extraiu o título de uma citação da obra de Albert Camus, O Primeiro Homem.

Reforma tributária contra a desigualdade

Por Joana Rozowykwiat, no site Vermelho:

O Brasil está na contramão do mundo no que diz respeito ao sistema tributário. Enquanto os demais países capitalistas privilegiam a cobrança de impostos diretos, sobre a renda e o patrimônio, por aqui pesam mais os indiretos, que incidem sobre o consumo. Tal arranjo prejudica os mais pobres, num país que já é vice-campeão mundial em desigualdade. Para mudar esta realidade, surgiu o movimento suprapartidário “Reforma Tributária Solidária: menos Desigualdade, mais Brasil”.

Golpistas vão entrar pelo cano

Por Eleonora de Lucena e Rodolfo Lucena, no site Tutaméia:

Até pouco tempo atrás, Roberto Saturnino Braga achava que as eleições deste ano não iriam acontecer. Afinal, raciocinava ele, depois que “os golpistas desavergonhadamente fizeram tudo o que fizeram e sabem que vão perder as eleições, vão entregar aos golpeados? Achava impossível isso”.

Agora, ele pensa diferente: está convicto de que as eleições vão ocorrer. “O Brasil não sairá desse poço profundo em que caiu se não através do pronunciamento do povo, uma manifestação popular ainda que capenga, sem a presença de Lula, que é o principal líder do país. É uma manifestação que pode mostrar o caminho a ser seguido pelo Brasil depois de todo esse desastre”, afirma. E acrescenta:

Atlas da Violência e a política que mata

Por Luciana Santos

Foi divulgado, essa semana, o Atlas da Violência 2018 e novamente somos confrontados pelos dados da violência crescente em nosso país. Pela primeira vez na história, o Brasil atingiu a taxa de 30 assassinatos para cada 100 mil habitantes, segundo o relatório. Com 62.517 homicídios, a taxa chegou a um nível que corresponde a 30 vezes a da Europa. Segundo o estudo, elaborado pelo Ipea e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, nos últimos dez anos, 553 mil pessoas perderam a vida vítimas de violência no Brasil. Em 2016, especificamente, 71,1% dos homicídios foram praticados com armas de fogo.

Viagem na irrealidade econômica

Por Luiz Gonzaga Belluzzo, no site Carta Maior:

Leio na Folha de S.Paulo, edição de domingo 27 de maio, instigante interpretação do movimento paredista dos caminhoneiros. Tal como os motoristas amadores que se lançam ao volante nos Dias do Senhor, o articulista domingueiro virou o volante de forma ousada e atropelou o debate: “Logo após a crise de 2009, os formuladores de política econômica passaram a estimular a compra de caminhões com empréstimos subsidiados do BNDES."

O cartel da mídia e o caso Petrobras

Por Luis Nassif, no Jornal GGN:

Dia desses participei de um debate sobre fake news. O outro debatedor sustentava que a única saída para combater o fake news seria com educação, significando educação formal, de melhoria do nível escolar. Ponderei que a única maneira seria uma lei de regulação da mídia que implantasse alguma diversidade de narrativas.

A razão é simples. Existe um mercado de opinião e vários agentes influenciadores: educação, política, religião e mídia, entre outros. De longe, a maior influência é da mídia, inclusive sobre a educação. E nesse campo, existe uma cartelização, na qual o cartel impõe o discurso.

Lula, o Papa e a grande mídia brasileira

Por Juliana Gagliardi e João Feres Junior, no site Manchetômetro:

No dia 17 de maio dois eventos potencialmente significativos ocorreram. O maior jornal francês – Le Monde – publicou, na íntegra e com grande chamada de capa, uma carta de Lula em que reafirmava e explicava sua candidatura à presidência, mesmo estando preso. No mesmo dia, em homilia durante missa no Vaticano, o papa Francisco criticou o papel da mídia na difamação e, consequentemente, na ocorrência de golpes de estado.

A Petrobras e a greve dos caminhoneiros

Por Pedro Celestino e William Nozaki

O governo Temer abriu o setor de óleo e gás às multinacionais, para o que promoveu mudanças nos marcos regulatórios da exploração de petróleo, encolheu as frentes de atuação da Petrobrás e abandonou as diretrizes de soberania energética, autossuficiência em petróleo e garantia do abastecimento do mercado interno, razões da atuação da empresa desde a sua criação nos anos 50 do século passado.

Estimula a importação de derivados e de petroquímicos por parte das multinacionais, ao deliberadamente manter suas refinarias operando com 30% de ociosidade e pratica uma política de preços marcada pela volatilidade, ao vinculá-los aos internacionais.