terça-feira, 18 de dezembro de 2018

O voo sem volta da Embraer

Por Gilberto Maringoni

Os principais feitos do governo Temer em política externa não estão no esvaziamento da Unasul, na mitigação do Mercosul ou no papel acentuadamente irrelevante que o Brasil assume nos BRICS. Os pontos de destaque estão na desnacionalização da produção energética, através do desmonte da área de refino da Petrobrás e do fim do regime de partilha, e na desnacionalização da Embraer.

O impacto desses dois eventos se dará não apenas na indústria e na economia (a Petrobrás chegou a representar 14% do PIB e a Embraer é nossa principal exportadora de tecnologia). O baque maior está na sinalização de que desenvolvimento e projeto nacional saem de cena e que nosso destino é a periferia do mundo.

Direitos humanos: tudo falta

Por Guilherme Boulos, na revista CartaCapital:

Há sete décadas, em 10 de dezembro de 1948, quase 50 nações vinculadas à ONU assinavam a Declaração Universal dos Direitos Humanos. O Brasil, então presidido pelo militar Eurico Gaspar Dutra, foi um dos signatários. Nenhum país ousou votar contra o texto.

A declaração tornou-se um marco, especialmente por ter sido pioneira em englobar ao mesmo tempo direitos civis e políticos e direitos sociais e econômicos. E porque foi firmada logo depois de o mundo viver fenômenos como o fascismo, o nazismo e duas guerras mundiais. Se havia a necessidade de nomear quais deveriam ser os direitos humanos era porque houvera e seguia a haver uma série de violações contra diferentes populações, parte delas praticadas pelo próprio Estado.

Ipea mostra tragédia para a juventude

Editorial do site Vermelho:

Os dados da Nota Técnica "A Evolução Da População Ocupada Com Nível Superior no Mercado de Trabalho", do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), que acompanha a seção Mercado de Trabalho, revela informações que são a tradução da tragédia social brasileira. Os números indicam que em quatro anos o total de jovens com nível superior em funções incompatíveis com a sua escolaridade subiu 6,1 pontos percentuais, chegando a 44,2%. Considerando-se o total de trabalhadores com curso superior, este índice é de 38%.

O lawfare militar, comercial e geopolítico

Por Cristiano Zanin Martins e Valeska Teixeira Z. Martins, no site Consultor Jurídico:

Já faz algum tempo que as leis e os procedimentos jurídicos têm sido deturpados e mal utilizados em diversos lugares do mundo para promover verdadeiras perseguições contra indivíduos ou grupo de pessoas - organizados sob as mais diversas formas (grupos políticos, grupos empresariais, grupos temáticos e até mesmo países).

Charles Dunlap Jr., general aposentado da Força Aérea norte-americana, escreveu um importante artigo [1] em 2001 no qual usou pela primeira vez o termo lawfare [2] para designar esse fenômeno sob o enfoque militar. Segundo expôs à época, o lawfare seria “a estratégia de utilizar ou mal utilizar a lei em substituição aos meios militares tradicionais para se alcançar um objetivo operacional” [3]. O trabalho apresentava os Estados Unidos como vítima de lawfare [4], situação que, na forma atual do fenômeno e tal como o compreendemos, permite em algumas situações conclusão em sentido exatamente oposto.

O Fiat Elba de Jair Bolsonaro

Por Jeferson Miola, em seu blog:           

Quando o assunto é o escândalo de R$ 1,2 milhão, inclusive com repasse de R$ 24 mil para a esposa do presidente eleito, aquele pessoal da Lava Jato coordenado pelo pastor Deltan Dallagnol faz de conta que o assunto não existe e se esconde ao melhor “estilo Queiroz”.

Sérgio Moro, implacável e duro na perseguição aos inimigos políticos, absolveu sumariamente o chefe: para ele, Bolsonaro “já esclareceu” [sic] “isso daí”.

O R$ 1,2 milhão é apenas uma gota do esquema; diz respeito às 176 operações atípicas feitas somente em 1 ano por Fabrício Queiroz – amigo e parceiro de Bolsonaro há mais de 30 anos e funcionário há cerca de 20.

Bolsonaro mente na sua prestação de contas

Por João Filho, no site The Intercept-Brasil:

Ao fim do primeiro turno, Bolsonaro fez um pronunciamento ao vivo no seu Facebook - a chamada “live” - comentando o resultado. Ao lado de Paulo Guedes, o então candidato afirmou que já teria faturado a eleição se as urnas não tivessem sido fraudadas. Não houve nada que sustentasse essa suspeita, a não ser vídeos fakes compartilhados por seus filhos, que passaram a eleição espalhando notícias falsas sobre fraudes nas urnas. Bolsonaro mentiu deliberadamente. E como já ficou claro desde que foi eleito, a mentira não é utilizada apenas como arma eleitoral, mas como um método da extrema-direita que se prepara para assumir o poder.

"Mito" é esnobado por Trump

Por Ricardo Kotscho, em seu blog:

Jair Bolsonaro, o “Mito”, como é chamado por seus seguidores, se agachou o quanto pode para bajular os Estados Unidos, mas tomou uma bela invertida do seu êmulo Donald Trump, que já mandou avisar: não vem para a posse do presidente eleito no dia 1º de janeiro.

Ao mesmo tempo em que era esnobado pelo homem mais poderoso do planeta, Bolsonaro resolveu se vingar da desfeita e mandou desconvidar os presidentes de Cuba e da Venezuela, um gesto que não tem antecedentes na história da diplomacia brasileira.

O racismo de sempre no carnaval do Rio

Por Jean Wyllys, no site Mídia Ninja:

Vamos falar objetivamente e sem meias-palavras. A dificuldade das escolas de samba do Rio para conseguir fazer seu carnaval, um dos eventos mais lucrativos do calendário turístico no mundo, não tem outra explicação a não ser um racismo fortemente arraigado na mentalidade do poder público e também da iniciativa privada.

Alguém consegue imaginar que o governo alemão iria deixar a míngua a sua Oktoberfest? Ou que a Espanha viraria as costas para sua tradicional festa do tomate?

Posse de Bolsonaro: medo venceu a esperança

Por Martha Raquel, no site Jornalistas Livres:

Medo, medo e mais medo. Esse é o clima da posse de Jair Bolsonaro (PSL) no próximo dia 1 de janeiro. O Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República divulgou na manhã de hoje, 18, as medidas de segurança da cerimônia de posse.

Carrinhos de bebê, guardas-chuva, animais de estimação, bolsas, mochilas e até garrafinhas de água estão proibidos – além, é claro, de armas de fogo e produtos inflamáveis. Segundo o GSI, também haverá um bloqueio de sinal dos aparelhos de celular, ou seja, não haverá a possibilidade de fazer ligações e ou usar a internet.

Caçada a Batistti marca retrocesso histórico

Por Paulo Moreira Leite, em seu blog:

Como se fosse preciso reavivar a memória do período em que os heróis de Jair Bolsonaro mandavam no país com força de tanques e baionetas,as imagens distribuídas pela Polícia Federal para estimular os brasileiros a denunciar o paradeiro de Cesare Battisti lembram os velhos cartazes com retratos de acusados de terrorismo nos piores momentos da ditadura militar.

Não se trata, aqui, de comparar momentos históricos diferentes, mas de reconhecer um fato de extrema relevância – para nosso presente e nosso futuro.