Por Altamiro Borges
Circulam pela internet inúmeros apelos preocupados para que se evite provocações nas ruas do Rio de Janeiro neste domingo (24). É que ocorrerão dois eventos da campanha presidencial: na Zona Sul, na Praia de Copacabana, cabos eleitorais - militantes e, a maioria, profissionalizados - farão uma marcha em apoio a José Serra. Já na Zona Oeste, a partir de Realengo, ocorrerá uma manifestação pública pró-Dilma Rousseff.
As informações que circulam é que os demotucanos, depois da palhaçada do ataque com bolinhas de papel, tentariam provocar choques entre os apoiadores das duas campanhas com o objetivo de acusar os dilmistas de violentos e autoritários. É bom lembrar que o Rio de janeiro é o segundo colégio eleitoral do país, com 4,7 milhões de votos. O confronto poderia servir para Ali Kamel, o senhor das trevas da TV Globo, produzir cenas contra a campanha de Dilma Rousseff. Este rapaz é um filhote de Gompels.
Evitar o jogo do inimigo
Onde há fumaça, há fogo. É bom ficar esperto para não fazer o jogo do inimigo. Entre as mensagens na internet, há uma bem estranha conclamando os "petistas" a promoverem uma "chuva de bolinhas de papel" em Copacabana. Outra, bem provocativa, convoca os demotucanos a marcharem em passeata até o ato em apoio a Dilma Rousseff. Algumas até estimulam abertamente o confronto, o "acerto de contas".
O presidente estadual do PT, deputado federal Luiz Sérgio, já solicitou à militância que evite provocações. "Há informações de que estaria sendo preparada uma armação para tentar imputar aos militantes petistas atos de hostilidade ao candidato José Serra ou contra sua comitiva. Essas informações não passam de rumores, mas cabe a nós fazer o alerta prévio e reiterar que o PT repudia qualquer tipo de violência".
Integralistas e milicos de pijama
Na zona oeste, parte popular da capital carioca, Dilma foi a vitoriosa no primeiro turno. Ela obteve 46,6% dos votos válidos, contra 33,2% de Marina Silva (PV) e 17,6% de Serra. Já na zona sul, que concentra os ricaços e a classe média, o candidato demotucano venceu. Serra teve 31,6% dos votos, contra 28,8% de Marina e 28,6% de Dilma. Os dois palcos refletem bem as diferenças de classe nesta eleição.
Um confronto nesta reta decisiva seria prejudicial à candidatura de Dilma e serviria às baixarias de Serra, amparado pela mídia golpista. É bom lembrar que o candidato demotucano teve o apoio de alguns militares da reserva, de pijama, do Clube Militar do Rio de Janeiro, experientes em conspirações. Ele também reúne a escória fascista da TFP, que distribuiu folhetos numa recente reunião do comando tucano.
Na década de 30, os seguidores de Plínio Salgado, admiradores de Hitler e Mussolini, ficaram famosos por seus atos de violência e provocação. Os militantes da sua Ação Integralista Brasileira ficaram conhecidos como "galinhas verdes". Hoje, domingo, no ato do Rio de Janeiro é bom evitar fazer o jogo dos "galinhas verdes", os violentos cabos eleitorais do demotucano José Serra. Eles estão desesperados!
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sábado, 23 de outubro de 2010
Revista Veja é criminosa. Processo já!
Por Altamiro Borges
Pela sexta vez em menos de dois meses, a revista Veja publica uma capa agressiva contra a candidata Dilma Rousseff. A famíglia Civita está obcecada e aciona os seus capachos - que envergonham o jornalismo - para produzir factóides. A edição desta semana, bem espalhafatosa, traz uma suposta escuta telefônica em que o secretário de Direitos Humanos, ligado ao Ministério da Justiça, teria reclamado das pressões que teria sofrido da ex-ministra para produzir dossiês contra José Serra.
"É grave usar esses métodos"
Dilma Rousseff, irritada, já rebateu as insinuações do panfleto serrista. "Eu nego terminantemente esse tipo de conversa às vésperas das eleições. Gostaria muito que houvesse, por parte de quem acusou, a comprovação e a prova de que alguma vez eu fiz isso. É muito fácil, na última hora, na semana da eleição, criar uma acusação contra a pessoa sem prova alguma. É grave usar esses métodos".
Mais indignado ainda, o secretário de Direitos Humanos, Pedro Abramovay, envolvido criminosamente pela revista no episódio, também repudiou as insinuações. Ele exigiu que a Veja apresente as provas. Já o ex-secretário, Romeu Tuma Junior, exonerado do cargo em agosto passado por suposta ligações com contrabandistas, não se pronunciou sobre o caso. Estranhamente, o seu telefonema é a prova principal da acusação.
Acusações sem prova e ilegais
Até agora, a revista não divulgou o áudio da conversa, não informou a fonte de sua informação - será uma escuta clandestina, ilegal? - e nem se dignou a ouvir os dois principais prejudicados pela acusação (Dilma e Abramovay). Disse apenas que a fita foi periciada pelo "especialista" Ricardo Molina, o mesmo que a TV Globo usou para falar sobre o segundo objeto que atingiu José Serra (além da bolinha de papel) e que ficou famoso por tentar incriminar o MST na chacina de Eldorado dos Carajás.
A matéria lembra outros factóide produzidos pela Veja, como a tal escuta telefônica contra o ex-presidente do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Dantas (ou Mendes?), que até hoje não foi comprovada e até já caiu no esquecimento. A revista insiste em produzir material de campanha contra Dilma Rousseff. Não publica nenhuma capa em tom negativo contra o tucano Serra. E olha que não falta assunto - o homem-bomba Paulo Preto, a hipocrisia sobre o aborto de Monica Serra, as brigas Serra-Aécio.
A revista e o mensalão dos tucanos
Mas a Veja resolveu blindar, descaradamente, o demotucano. Até matérias publicadas no passado, com denúncias contra Serra, foram arquivadas. Não aparecem na campanha presidencial. As razões são evidentes. Em primeiro lugar, a revista defende a mesma plataforma política neoliberal. Em segundo, ela deve favores aos tucanos paulistas. Afinal, o governo Serra doou fortunas à Editora Abril, com a compra de assinaturas milionárias e farta publicidade. A promiscuidade lembra o pior tipo de "mensalão".
Na sua nota oficial, o secretário Pedro Abramovay exigiu a imediata apresentação de provas. "Infelizmente a revista se recusou a fornecer o conteúdo da suposta conversa ou mesmo a íntegra de sua transcrição", lamentou. Ele também ameaçou entrar com um processo contra a publicação da famiglia Civita. Não dá mais para aceitar calado os ataques irresponsáveis e criminosos da Veja. Isto só estimula a impunidade. A famiglia Civita precisa ser internada e a revista Veja merece ser processada, já!
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Pela sexta vez em menos de dois meses, a revista Veja publica uma capa agressiva contra a candidata Dilma Rousseff. A famíglia Civita está obcecada e aciona os seus capachos - que envergonham o jornalismo - para produzir factóides. A edição desta semana, bem espalhafatosa, traz uma suposta escuta telefônica em que o secretário de Direitos Humanos, ligado ao Ministério da Justiça, teria reclamado das pressões que teria sofrido da ex-ministra para produzir dossiês contra José Serra.
"É grave usar esses métodos"
Dilma Rousseff, irritada, já rebateu as insinuações do panfleto serrista. "Eu nego terminantemente esse tipo de conversa às vésperas das eleições. Gostaria muito que houvesse, por parte de quem acusou, a comprovação e a prova de que alguma vez eu fiz isso. É muito fácil, na última hora, na semana da eleição, criar uma acusação contra a pessoa sem prova alguma. É grave usar esses métodos".
Mais indignado ainda, o secretário de Direitos Humanos, Pedro Abramovay, envolvido criminosamente pela revista no episódio, também repudiou as insinuações. Ele exigiu que a Veja apresente as provas. Já o ex-secretário, Romeu Tuma Junior, exonerado do cargo em agosto passado por suposta ligações com contrabandistas, não se pronunciou sobre o caso. Estranhamente, o seu telefonema é a prova principal da acusação.
Acusações sem prova e ilegais
Até agora, a revista não divulgou o áudio da conversa, não informou a fonte de sua informação - será uma escuta clandestina, ilegal? - e nem se dignou a ouvir os dois principais prejudicados pela acusação (Dilma e Abramovay). Disse apenas que a fita foi periciada pelo "especialista" Ricardo Molina, o mesmo que a TV Globo usou para falar sobre o segundo objeto que atingiu José Serra (além da bolinha de papel) e que ficou famoso por tentar incriminar o MST na chacina de Eldorado dos Carajás.
A matéria lembra outros factóide produzidos pela Veja, como a tal escuta telefônica contra o ex-presidente do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Dantas (ou Mendes?), que até hoje não foi comprovada e até já caiu no esquecimento. A revista insiste em produzir material de campanha contra Dilma Rousseff. Não publica nenhuma capa em tom negativo contra o tucano Serra. E olha que não falta assunto - o homem-bomba Paulo Preto, a hipocrisia sobre o aborto de Monica Serra, as brigas Serra-Aécio.
A revista e o mensalão dos tucanos
Mas a Veja resolveu blindar, descaradamente, o demotucano. Até matérias publicadas no passado, com denúncias contra Serra, foram arquivadas. Não aparecem na campanha presidencial. As razões são evidentes. Em primeiro lugar, a revista defende a mesma plataforma política neoliberal. Em segundo, ela deve favores aos tucanos paulistas. Afinal, o governo Serra doou fortunas à Editora Abril, com a compra de assinaturas milionárias e farta publicidade. A promiscuidade lembra o pior tipo de "mensalão".
Na sua nota oficial, o secretário Pedro Abramovay exigiu a imediata apresentação de provas. "Infelizmente a revista se recusou a fornecer o conteúdo da suposta conversa ou mesmo a íntegra de sua transcrição", lamentou. Ele também ameaçou entrar com um processo contra a publicação da famiglia Civita. Não dá mais para aceitar calado os ataques irresponsáveis e criminosos da Veja. Isto só estimula a impunidade. A famiglia Civita precisa ser internada e a revista Veja merece ser processada, já!
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Bolinha de papel bombou no Twitter
Reproduzo mensagem enviada pelo advogado Marcus Gama:
As melhores da bolinha de papel do Serra:
* Bolinha de papel: R$0,50, Consulta: R$150, Tomografia: R$600, Ver o "SerraRojas" fingindo: Não tem preço.
* Ainda bem que foi uma bolinha de papel, se fosse bolha de sabão, Serra diria que o PT usa armas químicas
* Estou preocupado com a segurança pulblica. Hoje é bolinha de papel, amanha vai ser o que? Guerra de travesseiros?
* Alô sindicato, quero ganhar 30% de periculosidade já! Trabalho em escritório, tem papel pra todo lado!
* Pedra vence tesoura, tesoura vence papel, papel vence Serra, Serra vence o Oscar!
* Folha de São Paulo traz cópias de documentos que provam que bolinha tem parentes trabalhando na Casa Civil!
* Fui comprar um caderno hj numa papelaria e a vendedora me disse que eu preciso ter porte de armas pra isso.
* Bolas de papel irão comandar a terceira guerra mundial
* Bolinha de papel: médico recomenda a Serra repouso de quatro anos
* Ibope confirma! Bolinha de papel é mais popular que o Serrarojas!! PSDB analisa a possibilidade de substituir o candidato!
* Ah... se os professores soubessem que o ex-governador Serra tinha tanto medo assim de bolinha de papel!
* Decida. Uma enfrentou a ditadura, superou o câncer, não pirateia. O outro foge, é vencido por uma bolinha e privatiza até a mãe.
* De olho no apoio de Marina, PT promete que de agora em diante só bolinhas de papel reciclado.
* Bolinha de papel dá entrevista ao Estadão e garante: 'PT pagou hotel para eu me hospedar no Rio'
* Serra, o único ser humano que é avisado por telefone que está sentindo dor de cabeça.
* Extra! Extra! Militantes do PT são presos em flagrante com resmas de papel Chamex, calibre A4!
* Extremistas Iranianos continuam seus experimentos de enriquecimento de papel.
* O Globo: presidente da Chamex convoca coletiva para explicar a atuação da empresa na indústria bélica
* Wiliam e Fátima entrevistam a Bolinha: O senhore teve seu sigilo florestal quebrado?
* Descobertas fazendas de celulose de eucalipto do MST, Perigo nacional!
* Agora já sei porque SerraRojas fugiu do Brasil e Chile nas ditaduras... com uma bolinha de papel foi esse drama todo, imagina com tortura!
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As melhores da bolinha de papel do Serra:
* Bolinha de papel: R$0,50, Consulta: R$150, Tomografia: R$600, Ver o "SerraRojas" fingindo: Não tem preço.
* Ainda bem que foi uma bolinha de papel, se fosse bolha de sabão, Serra diria que o PT usa armas químicas
* Estou preocupado com a segurança pulblica. Hoje é bolinha de papel, amanha vai ser o que? Guerra de travesseiros?
* Alô sindicato, quero ganhar 30% de periculosidade já! Trabalho em escritório, tem papel pra todo lado!
* Pedra vence tesoura, tesoura vence papel, papel vence Serra, Serra vence o Oscar!
* Folha de São Paulo traz cópias de documentos que provam que bolinha tem parentes trabalhando na Casa Civil!
* Fui comprar um caderno hj numa papelaria e a vendedora me disse que eu preciso ter porte de armas pra isso.
* Bolas de papel irão comandar a terceira guerra mundial
* Bolinha de papel: médico recomenda a Serra repouso de quatro anos
* Ibope confirma! Bolinha de papel é mais popular que o Serrarojas!! PSDB analisa a possibilidade de substituir o candidato!
* Ah... se os professores soubessem que o ex-governador Serra tinha tanto medo assim de bolinha de papel!
* Decida. Uma enfrentou a ditadura, superou o câncer, não pirateia. O outro foge, é vencido por uma bolinha e privatiza até a mãe.
* De olho no apoio de Marina, PT promete que de agora em diante só bolinhas de papel reciclado.
* Bolinha de papel dá entrevista ao Estadão e garante: 'PT pagou hotel para eu me hospedar no Rio'
* Serra, o único ser humano que é avisado por telefone que está sentindo dor de cabeça.
* Extra! Extra! Militantes do PT são presos em flagrante com resmas de papel Chamex, calibre A4!
* Extremistas Iranianos continuam seus experimentos de enriquecimento de papel.
* O Globo: presidente da Chamex convoca coletiva para explicar a atuação da empresa na indústria bélica
* Wiliam e Fátima entrevistam a Bolinha: O senhore teve seu sigilo florestal quebrado?
* Descobertas fazendas de celulose de eucalipto do MST, Perigo nacional!
* Agora já sei porque SerraRojas fugiu do Brasil e Chile nas ditaduras... com uma bolinha de papel foi esse drama todo, imagina com tortura!
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Campanha contra o muro na Palestina
Reproduzo mensagem enviada pela amiga Rita Freire, da sítio Ciranda:
Para marcar a Semana contra o Muro do Apartheid (Week against the Apartheid Wall), a ser realizada do dia 9 ao 16 de novembro, palestinos e ativistas internacionais promoverão uma série de eventos em diversas partes do mundo e sairão novamente às ruas. A mobilização será complementada por uma maratona de 48 horas de cobertura midiática nos dias 12 e 13 do mesmo mês. Chamamos comunicadores/as e jornalistas para que participarem das 48 horas ininterruptas de cobertura!
Na Semana contra o Muro teremos vários eventos internacionais nos quais participantes se unirão para exigir o fim do muro e da impunidade de Israel. Isso acontecerá através de mostras de filmes, manifestações públicas, exibições fotográficas, conferências e painéis de debates. Na Ásia, na América do Norte e Sul, assim como na Europa, milhares de pessoas juntarão forças contra as políticas de separatistas israelenses, a contínua ocupação do território palestino, os acordos governamentais e internacionais que contribuem com a construção ilegal do muro e de assentamentos. A campanha Boicote, Não Investimento e Sanções (Boycott, Divestments and Sanctions - BDS) é crucial para mostrar para o mundo que Israel, assim como as empresas e os governos que o apoiam, não deveriam mais lucrar com o ataque contínuo aos direitos básicos dos palestinos.
Israel e a comunidade internacional ainda negligenciam sua obrigação de parar a construção do muro, e todo regime associado a ele, seis anos depois da Corte Internacional de Justiça considerar tal prática ilegal. Já que outras rodadas de acordos de paz não trarão justiça ao povo palestino, agora mais do que nunca, é importante mobilizar comunidades ao redor do mundo para acabar com as injustiças da ocupação.
A campanha Stop the Wall, em cooperação com a Ciranda, o Fórum Social de Radios e WSFTV, e outras iniciativas compartilhadas de comunicação, como as listadas abaixo, lançaram uma maratona midiática para promover o engajamento de ativistas da mídia internacional na conscientização sobre as consequências da construção do muro.
Fazemos um chamado à imprensa para que participe das 48 horas ininterruptas de cobertura televisiva, radiofônica, online e impressa sobre a Semana contra o Muro da Separação e o regime divisionista israelense, a resistência palestina e o movimento BDS global.
Participar é fácil:
1. Escolha um horário dentre as 48 horas da maratona (12 de novembro 0:00h – 13 de novembro 23:59h) durante o qual você fará a cobertura sobre a Semana, o regime separatista israelense, a resistência palestina e a solidariedade global.
2. Informe a campanha sobre a sua participação na maratona para que possamos colocá-lo em contato com outros participantes e inserir sua cobertura nas 48 horas de programação a ser publicada em um website especial.
3. Faça sua programação. Utilize os recursos da sua comunidade. Existe bastante informação e material disponível.
Esta maratona de cobertura midiática é a primeira do tipo. A campanha Stop the wall faz um apelo a jornalistas e veículos de comunicação de todo o mundo para que aproveitem esta oportunidade e reportem os grandes eventos dos dias 12 e 13 de novembro dia e noite. Chegou a hora de mostrar que não haverá paz sem o fim da repressão contra palestinos e da ocupação do seu território.
Encontre mais informação sobre a Semana Contra o Muro da Separação aqui: http://stopthewall.org/latestnews/2; e sobre a Maratona Midiática aqui: http://www.ciranda.net/mot169
Contatos:
Stop the Wall: (Gemma) gemma@stopthewall.org
Ciranda (Hilde e Soraya): bds@ciranda.net
Lista de mídias que já aderiram à maratona midiática:
- Alai
- Altermundo
- Amarc
- ANMCLA
- Caros Amigos
- Ciranda
- E-Joussour
- Foro Social de Radios
- Minga
- Radio Amisnet
- Site Stop the Wall
- WSFTV
Inclua sua mídia nesta lista! Escreva para bds@ciranda.net
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Para marcar a Semana contra o Muro do Apartheid (Week against the Apartheid Wall), a ser realizada do dia 9 ao 16 de novembro, palestinos e ativistas internacionais promoverão uma série de eventos em diversas partes do mundo e sairão novamente às ruas. A mobilização será complementada por uma maratona de 48 horas de cobertura midiática nos dias 12 e 13 do mesmo mês. Chamamos comunicadores/as e jornalistas para que participarem das 48 horas ininterruptas de cobertura!
Na Semana contra o Muro teremos vários eventos internacionais nos quais participantes se unirão para exigir o fim do muro e da impunidade de Israel. Isso acontecerá através de mostras de filmes, manifestações públicas, exibições fotográficas, conferências e painéis de debates. Na Ásia, na América do Norte e Sul, assim como na Europa, milhares de pessoas juntarão forças contra as políticas de separatistas israelenses, a contínua ocupação do território palestino, os acordos governamentais e internacionais que contribuem com a construção ilegal do muro e de assentamentos. A campanha Boicote, Não Investimento e Sanções (Boycott, Divestments and Sanctions - BDS) é crucial para mostrar para o mundo que Israel, assim como as empresas e os governos que o apoiam, não deveriam mais lucrar com o ataque contínuo aos direitos básicos dos palestinos.
Israel e a comunidade internacional ainda negligenciam sua obrigação de parar a construção do muro, e todo regime associado a ele, seis anos depois da Corte Internacional de Justiça considerar tal prática ilegal. Já que outras rodadas de acordos de paz não trarão justiça ao povo palestino, agora mais do que nunca, é importante mobilizar comunidades ao redor do mundo para acabar com as injustiças da ocupação.
A campanha Stop the Wall, em cooperação com a Ciranda, o Fórum Social de Radios e WSFTV, e outras iniciativas compartilhadas de comunicação, como as listadas abaixo, lançaram uma maratona midiática para promover o engajamento de ativistas da mídia internacional na conscientização sobre as consequências da construção do muro.
Fazemos um chamado à imprensa para que participe das 48 horas ininterruptas de cobertura televisiva, radiofônica, online e impressa sobre a Semana contra o Muro da Separação e o regime divisionista israelense, a resistência palestina e o movimento BDS global.
Participar é fácil:
1. Escolha um horário dentre as 48 horas da maratona (12 de novembro 0:00h – 13 de novembro 23:59h) durante o qual você fará a cobertura sobre a Semana, o regime separatista israelense, a resistência palestina e a solidariedade global.
2. Informe a campanha sobre a sua participação na maratona para que possamos colocá-lo em contato com outros participantes e inserir sua cobertura nas 48 horas de programação a ser publicada em um website especial.
3. Faça sua programação. Utilize os recursos da sua comunidade. Existe bastante informação e material disponível.
Esta maratona de cobertura midiática é a primeira do tipo. A campanha Stop the wall faz um apelo a jornalistas e veículos de comunicação de todo o mundo para que aproveitem esta oportunidade e reportem os grandes eventos dos dias 12 e 13 de novembro dia e noite. Chegou a hora de mostrar que não haverá paz sem o fim da repressão contra palestinos e da ocupação do seu território.
Encontre mais informação sobre a Semana Contra o Muro da Separação aqui: http://stopthewall.org/latestnews/2; e sobre a Maratona Midiática aqui: http://www.ciranda.net/mot169
Contatos:
Stop the Wall: (Gemma) gemma@stopthewall.org
Ciranda (Hilde e Soraya): bds@ciranda.net
Lista de mídias que já aderiram à maratona midiática:
- Alai
- Altermundo
- Amarc
- ANMCLA
- Caros Amigos
- Ciranda
- E-Joussour
- Foro Social de Radios
- Minga
- Radio Amisnet
- Site Stop the Wall
- WSFTV
Inclua sua mídia nesta lista! Escreva para bds@ciranda.net
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Bolinha provoca quatro pontos em Serra
Reproduzo matéria de Luis Nassif, publicada hoje à tarde em seu blog:
O tracking diário do PT identificou uma abertura de quatro pontos na diferença entre Dilma e Serra. A abertura se deu em todas as regiões. Antes do episódio, Dilma mantinha uma dianteira de 12 pontos em relação a Serra. Depois, a distância aumentou para 16 pontos.
As pesquisas qualitativas indicaram como principal fator o episódio da bolinha assassina. Os eleitores do PT na mostra caçoavam do episódio; os tucanos se mostravam envergonhados.
A avaliação qualitativa da campanha de ontem de Serra mostrou rejeição. Os adjetivos mais utilizados para descrever Serra foram "vingativo" e "autoritário".
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O tracking diário do PT identificou uma abertura de quatro pontos na diferença entre Dilma e Serra. A abertura se deu em todas as regiões. Antes do episódio, Dilma mantinha uma dianteira de 12 pontos em relação a Serra. Depois, a distância aumentou para 16 pontos.
As pesquisas qualitativas indicaram como principal fator o episódio da bolinha assassina. Os eleitores do PT na mostra caçoavam do episódio; os tucanos se mostravam envergonhados.
A avaliação qualitativa da campanha de ontem de Serra mostrou rejeição. Os adjetivos mais utilizados para descrever Serra foram "vingativo" e "autoritário".
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As bolas de papel da democracia desejada
Reproduzo artigo de Gilson Caroni Filho, publicado no sítio Carta Maior:
Quando as redações da grande imprensa, em campanha aberta pela candidatura Serra, erigem o preconceito como norma de juízo, a mentira não é apenas abominável: é suicida. A opinião pública brasileira dispõe, hoje em dia, dos elementos necessários para julgar os acontecimentos políticos, sociais, econômicos e culturais sem se deixar levar pelo filtro ideológico de conhecidas técnicas de edição. Há muito tempo, a sociedade aprendeu a aquilatar a qualidade ética da informação oferecida, os desvios de apuração e o descompromisso do noticiário com a verdade factual.
O Jornal Nacional de quinta-feira, 21/10, não foi apenas uma tentativa patética de recriar o tiro que matou o Major Vaz. Os sete minutos gastos na “fabricação” da fita adesiva que teria atingido o candidato tucano revelam desorientação no tempo e no espaço. A Rua Tonelero não fica em Campo Grande, zona oeste do Rio de Janeiro. Além disso, passados 56 anos, não há lugar para atores políticos com indefinição ideológica evidente. Serra não é Lacerda; falta-lhe talento. O PSDB não é a UDN; tem lastro histórico mais precário. Mas em ambos, no candidato e em seu partido, convivem a vergonha de serem ostensivamente autoritários e o medo de serem inteiramente democráticos. A face dupla do moralismo udenista, transposto para 2010, realça o desbotamento de um Dorian Gray mal-acabado.
A campanha oposicionista padece de velhos vícios e truncamentos de origem. Parece acreditar que o povo, em toda a parte, é uma entidade incapaz e como tal deve ser tratado, sob pena de hecatombe social iminente. Deve-se também ameaçar a esquerda com a hipótese sempre latente de um golpe de Estado. E lembrar aos setores populares, principalmente à nova classe média, que se eles não tiverem juízo virão aí os bichos papões e, com eles, os massacres dos Kulaks, as igrejas fechadas, os asilos psiquiátricos, a supressão da liberdade, em suma, o socialismo sem rosto humano.
Essa agenda está superada, mas seu simples ressurgimento deve nos remeter a pontos importantes. Se atualmente é difícil calar organizações que expressam as demandas dos seus membros e representados, como é o caso do MST, do movimento estudantil e do mundo do trabalho, muitos obstáculos ainda têm que ser ultrapassados.
Exigir liberdades democráticas não é uma gesticulação romântica, desde que se dêem consequências às suas implicações. É preciso apostar na organização crescente das forças sociais com o objetivo de consolidar uma saída definitivamente nacional e popular para temas que vão da questão agrária ao controle social dos meios de comunicação.
A análise histórica mostra que, quando não avançamos na democracia concreta, damos aos seus adversários tempo para que se reorganizem, utilizando as oficinas de consenso para caluniar, difamar, fazer o que for necessário, para deter o ímpeto vital que lhes ameaça.
Nos dias de hoje, é preciso senso crítico sempre atilado, não se deixar envolver pela vaga e traiçoeira tese do aperfeiçoamento democrático a qualquer preço, pois as forças retrógadas costumam cobrar bem caro por nossas distrações ou equívocos. Por tudo isso, a eleição de Dilma Rousseff é um passo decisivo para erradicarmos de vez o cartorialismo econômico, a indiferença moral e a incompetência administrativa que marcaram vários governos até 2003.
Na Rua Tonelero, o futuro vislumbrado é o de um país que realizará suas potencialidades. O que importa saber é que atores são capazes de assegurar uma democracia com ênfase social, assentada também nos direitos individuais e na liberdade econômica. Nesse cenário, as bolinhas de papel passeiam na calçada. O vento-e não mais o cálculo político-dita o rumo de cada uma delas.
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Quando as redações da grande imprensa, em campanha aberta pela candidatura Serra, erigem o preconceito como norma de juízo, a mentira não é apenas abominável: é suicida. A opinião pública brasileira dispõe, hoje em dia, dos elementos necessários para julgar os acontecimentos políticos, sociais, econômicos e culturais sem se deixar levar pelo filtro ideológico de conhecidas técnicas de edição. Há muito tempo, a sociedade aprendeu a aquilatar a qualidade ética da informação oferecida, os desvios de apuração e o descompromisso do noticiário com a verdade factual.
O Jornal Nacional de quinta-feira, 21/10, não foi apenas uma tentativa patética de recriar o tiro que matou o Major Vaz. Os sete minutos gastos na “fabricação” da fita adesiva que teria atingido o candidato tucano revelam desorientação no tempo e no espaço. A Rua Tonelero não fica em Campo Grande, zona oeste do Rio de Janeiro. Além disso, passados 56 anos, não há lugar para atores políticos com indefinição ideológica evidente. Serra não é Lacerda; falta-lhe talento. O PSDB não é a UDN; tem lastro histórico mais precário. Mas em ambos, no candidato e em seu partido, convivem a vergonha de serem ostensivamente autoritários e o medo de serem inteiramente democráticos. A face dupla do moralismo udenista, transposto para 2010, realça o desbotamento de um Dorian Gray mal-acabado.
A campanha oposicionista padece de velhos vícios e truncamentos de origem. Parece acreditar que o povo, em toda a parte, é uma entidade incapaz e como tal deve ser tratado, sob pena de hecatombe social iminente. Deve-se também ameaçar a esquerda com a hipótese sempre latente de um golpe de Estado. E lembrar aos setores populares, principalmente à nova classe média, que se eles não tiverem juízo virão aí os bichos papões e, com eles, os massacres dos Kulaks, as igrejas fechadas, os asilos psiquiátricos, a supressão da liberdade, em suma, o socialismo sem rosto humano.
Essa agenda está superada, mas seu simples ressurgimento deve nos remeter a pontos importantes. Se atualmente é difícil calar organizações que expressam as demandas dos seus membros e representados, como é o caso do MST, do movimento estudantil e do mundo do trabalho, muitos obstáculos ainda têm que ser ultrapassados.
Exigir liberdades democráticas não é uma gesticulação romântica, desde que se dêem consequências às suas implicações. É preciso apostar na organização crescente das forças sociais com o objetivo de consolidar uma saída definitivamente nacional e popular para temas que vão da questão agrária ao controle social dos meios de comunicação.
A análise histórica mostra que, quando não avançamos na democracia concreta, damos aos seus adversários tempo para que se reorganizem, utilizando as oficinas de consenso para caluniar, difamar, fazer o que for necessário, para deter o ímpeto vital que lhes ameaça.
Nos dias de hoje, é preciso senso crítico sempre atilado, não se deixar envolver pela vaga e traiçoeira tese do aperfeiçoamento democrático a qualquer preço, pois as forças retrógadas costumam cobrar bem caro por nossas distrações ou equívocos. Por tudo isso, a eleição de Dilma Rousseff é um passo decisivo para erradicarmos de vez o cartorialismo econômico, a indiferença moral e a incompetência administrativa que marcaram vários governos até 2003.
Na Rua Tonelero, o futuro vislumbrado é o de um país que realizará suas potencialidades. O que importa saber é que atores são capazes de assegurar uma democracia com ênfase social, assentada também nos direitos individuais e na liberdade econômica. Nesse cenário, as bolinhas de papel passeiam na calçada. O vento-e não mais o cálculo político-dita o rumo de cada uma delas.
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Serra e os santinhos da guerra suja
Reproduzo reportagem de Alan Rodrigues e Bruna Cavalcanti, publicada na revista IstoÉ:
A ordem para encomendar o material à gráfica ligada aos tucanos partiu de dom Luiz Gonzaga Bergonzini, bispo da Diocese de Guarulhos, na Grande São Paulo. Ele é antigo conhecido do PSDB, amigo declarado de seu conterrâneo Sidney Beraldo, deputado estadual pelo partido e um dos coordenadores da campanha de Serra em São Paulo. Nas conversas de sacristia, dom Luiz tem fama de ser um homem "maquiavélico" e "implacável". Padres o descreveram à ISTOÉ como alguém que não aceita opiniões divergentes e já criou situações embaraçosas para constranger e afastar subordinados que questionam seu radicalismo.
Para fazer os contatos com a gráfica dos Kobayashi, dom Luiz contou com a ajuda do ex-seminarista Kelmon Luís da Silva Souza. Frequentador da Catedral Metropolitana Ortodoxa, na zona sul de São Paulo, Souza também é presidente da Associação Theotokos, um grupo católico ultratradicionalista, e membro do autodenominado Partido Monarquista Brasileiro. Em 2006, um dos parceiros do ex-seminarista que atua numa organização integralista doou R$ 3,5 mil para a campanha do deputado federal Índio da Costa, candidato a vice-presidente na chapa de Serra. Quando a atuação de Souza e dom Luiz tornou-se pública, os dois se enclausuraram. Nos próximos dias, no entanto, terão de prestar depoimento à Polícia Federal, investigados por crime eleitoral, calúnia e difamação.
A distribuição de panfletos caluniosos em paróquias que estão sob a jurisdição de outros bispos provocou um racha na Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. "O embate ideológico que existiu nos primeiros anos da CNBB, mas estava ausente nas últimas décadas, ameaça voltar após as eleições", avalia dom Pedro Luiz Stringhini, bispo de Franca. Fiéis não param de telefonar e mandar e-mails para a Cúria Diocesana de Guarulhos condenando o comportamento de dom Luiz.
Eles questionam: se os cofres da igreja estão quase vazios, com que dinheiro o bispo vai pagar a encomenda dos panfletos que beneficiam Serra? "Na segunda-feira, recebi uma ligação de dom Luiz pedindo desculpas pelos transtornos", contou à ISTOÉ Paulo Ogawa, administrador da gráfica que trabalha para o PSDB. "O Kelmon também telefonou", disse ele. "Garantiu que eu não ficaria no prejuízo e que a fatura do material apreendido pela PF, no valor de R$ 30 mil, poderia ser enviada porque a igreja iria pagar".
As acusações contra Dilma que aparecem nestes panfletos são idênticas às divulgadas pela central de boatos dos tucanos na internet. No bureau de difamação instalado no QG tucano trabalham 30 "troleiros", como são chamados os militantes que rastreiam e espalham pelas redes de computadores propagandas negativas e calúnias sobre a candidata do PT. O comitê da campanha de Serra ocupa quatro andares do antigo Edifício Joelma, no centro de São Paulo. No térreo fica o chamado baixo clero, que recebe informações de militantes que estão nas ruas e busca cooptar lideranças de diversos segmentos, como o dos religiosos.
É ali que trabalham operadores como o pastor Alcides Cantóia Jr. Ele coordena com afinco o grupo dos evangélicos que, entre seus trunfos, se orgulha de ter conseguido a adesão do pastor Silas Malafaia, do Rio de Janeiro, estrela de um dos vídeos mais ferinos contra Dilma. Na última semana, o grupo foi encarregado de oferecer benefícios financeiros às igrejas e seus projetos sociais, uma forma de compra de votos que deverá ser investigada pelo Ministério Público Eleitoral.
O cérebro do bureau fica no 20º andar do Joelma, ninho dos tucanos mais poderosos. A avalanche de baixarias que eles produzem é tão intensa que o PT já recebeu mais de cinco mil denúncias sobre mensagens e vídeos ofensivos à candidata petista. Apesar de toda essa estrutura, o presidenciável Serra procura se apresentar como vítima e cinicamente afirma que foi o PT que colocou o debate sobre o aborto na pauta eleitoral. Não foi.
Para combater a disseminação de calúnias, a coordenação da campanha de Dilma criou, na semana passada, uma espécie de disque-denúncia em 59 cidades brasileiras. "Há indícios veementes de que os panfletos apreendidos pela PF foram produzidos pela campanha de nosso adversário", disse o deputado José Eduardo Martins Cardozo (PT-SP). "A despesa é por conta da diocese de Guarulhos, que tem pleno direito a manifestar-se sobre questões que considera relevantes", retrucou Serra. A alegação do tucano não é verdadeira, como explica o advogado Eduardo Nobre, especialista em direito eleitoral: "Entidade religiosa não pode fazer doações para candidatos ou partidos políticos. Os bispos que assinaram o manifesto podem ser processados por calúnia e difamação e ser obrigados a pagar multa".
A campanha eleitoral rasteira deste ano é um marco na história do País. A onda de mensagens preconceituosas pulverizada na internet pelos grupos ultraconservadores agora aliados dos tucanos debocha do poder de dicernimento do eleitorado. Recorrendo a artimanhas subterrâneas, foge ao debate de questões vitais para o avanço do Brasil. O volume e a rapidez de propagação de falsidades são inéditos. E não há dúvida de onde partem: após o primeiro turno, numa reunião da cúpula tucana em Brasília, foi distribuído um panfleto com instruções de como propagar uma campanha anti-Dilma na internet. Num dos trechos, há recomendação para que militantes visitem o site do Instituto Plinio Corrêa de Oliveira, um dos fundadores da TFP (Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade), um dos grupos mais arraigados ao conservadorismo no País.
Apostando no peso do voto religioso, a central de boatos de Serra parece usar métodos da inquisição e fazer campanha para a sucessão de Bento XVI - e não de Lula. Uma das providências desses militantes tucanos foi distribuir "santinhos" com a foto e a assinatura de Serra, junto à inscrição "Jesus é a verdade e a justiça".
Panfletos como este, porém, acabaram irritando muitos católicos. Menos de uma semana depois do vexame de Canindé, o evidente uso e abuso tucano de armações com radicais de ultradireita já dava sinais de fadiga. As feitiçarias e os supostos pecados começavam a recair sobre quem se esmerou em propagá-los. "A Igreja não tem a tutela nem a missão de dominar a consciência política do povo", disse padre Júlio Lancellotti, na terça-feira 19, durante um ato de apoio de juristas e intelectuais à candidata petista. O religioso e escritor Frei Betto fez coro: "Bispos panfletários não falam em nome da Igreja nem da CNBB. É opinião pessoal, só que injuriosa, mentirosa e difamatória".
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A hipocrisia do aborto
Nesta campanha, o casal Mônica e José Serra rompeu a fronteira entre o público e o privado ao dar conotação eleitoreira ao tema do aborto. Quando retirou o procedimento da categoria de saúde pública ou de foro íntimo, o casal abriu um flanco na própria privacidade. Serra vinha condenando de forma sistemática a descriminalização ao aborto. Mônica, por sua vez, havia sido ainda mais incisiva, intrometendo-se no assunto durante uma carreata com o marido em Duque de Caxias (RJ): "Ela (Dilma) é a favor de matar as criancinhas", disse a um ambulante que apoiava a candidata do PT.
Não demorou para que o relato de um aborto feito por Mônica quando Serra vivia exilado no Chile virasse assunto público. O caso foi trazido à tona pela bailarina e coreógrafa Sheila Canevacci Ribeiro, 38 anos, ex-aluna de Mônica no curso de dança da Universidade de Campinas. Ao lado do marido, o antropólogo italiano Massimo Canevacci, Sheila assistia em sua casa a um debate entre os presidenciáveis quando Dilma Rousseff questionou Serra sobre ataques feito por Mônica. Surpreendida, Sheila se lembrou em detalhes de uma aula de psicologia ministrada em 1992 por Mônica para a sua turma na Unicamp.
Ao discorrer sobre como os traumas da vida alteram os movimentos do corpo e se refletem no cotidiano, Mônica contara ao pequeno grupo de alunas do curso de dança que ficara marcada por um aborto que precisou fazer na época da ditadura, devido às condições políticas adversas em que vivia. "Fiquei assustada com o duplo discurso de minha professora", afirma Sheila, que na manhã seguinte colocou uma reflexão sobre o assunto em sua página na rede social Facebook.
A coreógrafa acreditava estar compartilhando a experiência com um grupo de amigos, mas o texto se espalhou, ganhou as páginas dos jornais e até uma nota oficial da campanha de Serra negando o aborto. Já Mônica e Serra não fizeram qualquer desmentido sobre o caso. Na sequência, Sheila recebeu milhares de apoios, mas também críticas, incluindo a de ter traído sua antiga professora. "Foi ela quem traiu minha confiança como aluna e mulher", diz a coreógrafa. "Ela não é a mulher do padeiro, do dentista. Ela é a mulher de um candidato a presidente da República. O que ela fala e faz conta".
As atitudes das personalidades públicas contam tanto que chegam a provocar temor. Colega de classe de Sheila, a professora de dança C.N.X., 36 anos, também se lembra do depoimento de Mônica na universidade, mas pede para não ser identificada. Recém-aprovada em concurso de uma instituição federal, ela acredita que, se eleito presidente, Serra pode prejudicar sua carreira. Quanto à aula de 1992, C.N.X. conta que o grupo de alunas não chegava a dez e estava sentado em círculo quando Mônica comentou que um dos fatores que tinham alterado sua "corporalidade" foi a vivência na ditadura e a necessidade de fazer o aborto. "Ela queria ter o filho, não queria ter tirado", diz a professora de dança. "E eu fiquei muito chocada com o depoimento, pois na época era muito bobinha", completa C.N.X., que passara no vestibular com apenas 16 anos e pela primeira vez vivia longe da família.
Na opinião da professora de dança, nada impede que, de 1992 para cá, Mônica tenha mudado de ideia: "Mas ela não pode ser hipócrita. Sabe que o aborto é uma experiência traumática". Trata-se também de um tabu no País, embora 5,3 milhões de brasileiras entre 18 e 39 anos tenham feito pelo menos um aborto, de acordo com o Ministério da Saúde. Mais da metade das brasileiras que se submete ao procedimento acaba internada devido a complicações da intervenção. Como se não bastasse, pode ser condenada a pena de um a três anos de detenção, como prevê o Código Penal de 1940, exceto para os casos de estupro ou de risco de morte da mãe.
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A ordem para encomendar o material à gráfica ligada aos tucanos partiu de dom Luiz Gonzaga Bergonzini, bispo da Diocese de Guarulhos, na Grande São Paulo. Ele é antigo conhecido do PSDB, amigo declarado de seu conterrâneo Sidney Beraldo, deputado estadual pelo partido e um dos coordenadores da campanha de Serra em São Paulo. Nas conversas de sacristia, dom Luiz tem fama de ser um homem "maquiavélico" e "implacável". Padres o descreveram à ISTOÉ como alguém que não aceita opiniões divergentes e já criou situações embaraçosas para constranger e afastar subordinados que questionam seu radicalismo.
Para fazer os contatos com a gráfica dos Kobayashi, dom Luiz contou com a ajuda do ex-seminarista Kelmon Luís da Silva Souza. Frequentador da Catedral Metropolitana Ortodoxa, na zona sul de São Paulo, Souza também é presidente da Associação Theotokos, um grupo católico ultratradicionalista, e membro do autodenominado Partido Monarquista Brasileiro. Em 2006, um dos parceiros do ex-seminarista que atua numa organização integralista doou R$ 3,5 mil para a campanha do deputado federal Índio da Costa, candidato a vice-presidente na chapa de Serra. Quando a atuação de Souza e dom Luiz tornou-se pública, os dois se enclausuraram. Nos próximos dias, no entanto, terão de prestar depoimento à Polícia Federal, investigados por crime eleitoral, calúnia e difamação.
A distribuição de panfletos caluniosos em paróquias que estão sob a jurisdição de outros bispos provocou um racha na Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. "O embate ideológico que existiu nos primeiros anos da CNBB, mas estava ausente nas últimas décadas, ameaça voltar após as eleições", avalia dom Pedro Luiz Stringhini, bispo de Franca. Fiéis não param de telefonar e mandar e-mails para a Cúria Diocesana de Guarulhos condenando o comportamento de dom Luiz.
Eles questionam: se os cofres da igreja estão quase vazios, com que dinheiro o bispo vai pagar a encomenda dos panfletos que beneficiam Serra? "Na segunda-feira, recebi uma ligação de dom Luiz pedindo desculpas pelos transtornos", contou à ISTOÉ Paulo Ogawa, administrador da gráfica que trabalha para o PSDB. "O Kelmon também telefonou", disse ele. "Garantiu que eu não ficaria no prejuízo e que a fatura do material apreendido pela PF, no valor de R$ 30 mil, poderia ser enviada porque a igreja iria pagar".
As acusações contra Dilma que aparecem nestes panfletos são idênticas às divulgadas pela central de boatos dos tucanos na internet. No bureau de difamação instalado no QG tucano trabalham 30 "troleiros", como são chamados os militantes que rastreiam e espalham pelas redes de computadores propagandas negativas e calúnias sobre a candidata do PT. O comitê da campanha de Serra ocupa quatro andares do antigo Edifício Joelma, no centro de São Paulo. No térreo fica o chamado baixo clero, que recebe informações de militantes que estão nas ruas e busca cooptar lideranças de diversos segmentos, como o dos religiosos.
É ali que trabalham operadores como o pastor Alcides Cantóia Jr. Ele coordena com afinco o grupo dos evangélicos que, entre seus trunfos, se orgulha de ter conseguido a adesão do pastor Silas Malafaia, do Rio de Janeiro, estrela de um dos vídeos mais ferinos contra Dilma. Na última semana, o grupo foi encarregado de oferecer benefícios financeiros às igrejas e seus projetos sociais, uma forma de compra de votos que deverá ser investigada pelo Ministério Público Eleitoral.
O cérebro do bureau fica no 20º andar do Joelma, ninho dos tucanos mais poderosos. A avalanche de baixarias que eles produzem é tão intensa que o PT já recebeu mais de cinco mil denúncias sobre mensagens e vídeos ofensivos à candidata petista. Apesar de toda essa estrutura, o presidenciável Serra procura se apresentar como vítima e cinicamente afirma que foi o PT que colocou o debate sobre o aborto na pauta eleitoral. Não foi.
Para combater a disseminação de calúnias, a coordenação da campanha de Dilma criou, na semana passada, uma espécie de disque-denúncia em 59 cidades brasileiras. "Há indícios veementes de que os panfletos apreendidos pela PF foram produzidos pela campanha de nosso adversário", disse o deputado José Eduardo Martins Cardozo (PT-SP). "A despesa é por conta da diocese de Guarulhos, que tem pleno direito a manifestar-se sobre questões que considera relevantes", retrucou Serra. A alegação do tucano não é verdadeira, como explica o advogado Eduardo Nobre, especialista em direito eleitoral: "Entidade religiosa não pode fazer doações para candidatos ou partidos políticos. Os bispos que assinaram o manifesto podem ser processados por calúnia e difamação e ser obrigados a pagar multa".
A campanha eleitoral rasteira deste ano é um marco na história do País. A onda de mensagens preconceituosas pulverizada na internet pelos grupos ultraconservadores agora aliados dos tucanos debocha do poder de dicernimento do eleitorado. Recorrendo a artimanhas subterrâneas, foge ao debate de questões vitais para o avanço do Brasil. O volume e a rapidez de propagação de falsidades são inéditos. E não há dúvida de onde partem: após o primeiro turno, numa reunião da cúpula tucana em Brasília, foi distribuído um panfleto com instruções de como propagar uma campanha anti-Dilma na internet. Num dos trechos, há recomendação para que militantes visitem o site do Instituto Plinio Corrêa de Oliveira, um dos fundadores da TFP (Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade), um dos grupos mais arraigados ao conservadorismo no País.
Apostando no peso do voto religioso, a central de boatos de Serra parece usar métodos da inquisição e fazer campanha para a sucessão de Bento XVI - e não de Lula. Uma das providências desses militantes tucanos foi distribuir "santinhos" com a foto e a assinatura de Serra, junto à inscrição "Jesus é a verdade e a justiça".
Panfletos como este, porém, acabaram irritando muitos católicos. Menos de uma semana depois do vexame de Canindé, o evidente uso e abuso tucano de armações com radicais de ultradireita já dava sinais de fadiga. As feitiçarias e os supostos pecados começavam a recair sobre quem se esmerou em propagá-los. "A Igreja não tem a tutela nem a missão de dominar a consciência política do povo", disse padre Júlio Lancellotti, na terça-feira 19, durante um ato de apoio de juristas e intelectuais à candidata petista. O religioso e escritor Frei Betto fez coro: "Bispos panfletários não falam em nome da Igreja nem da CNBB. É opinião pessoal, só que injuriosa, mentirosa e difamatória".
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A hipocrisia do aborto
Nesta campanha, o casal Mônica e José Serra rompeu a fronteira entre o público e o privado ao dar conotação eleitoreira ao tema do aborto. Quando retirou o procedimento da categoria de saúde pública ou de foro íntimo, o casal abriu um flanco na própria privacidade. Serra vinha condenando de forma sistemática a descriminalização ao aborto. Mônica, por sua vez, havia sido ainda mais incisiva, intrometendo-se no assunto durante uma carreata com o marido em Duque de Caxias (RJ): "Ela (Dilma) é a favor de matar as criancinhas", disse a um ambulante que apoiava a candidata do PT.
Não demorou para que o relato de um aborto feito por Mônica quando Serra vivia exilado no Chile virasse assunto público. O caso foi trazido à tona pela bailarina e coreógrafa Sheila Canevacci Ribeiro, 38 anos, ex-aluna de Mônica no curso de dança da Universidade de Campinas. Ao lado do marido, o antropólogo italiano Massimo Canevacci, Sheila assistia em sua casa a um debate entre os presidenciáveis quando Dilma Rousseff questionou Serra sobre ataques feito por Mônica. Surpreendida, Sheila se lembrou em detalhes de uma aula de psicologia ministrada em 1992 por Mônica para a sua turma na Unicamp.
Ao discorrer sobre como os traumas da vida alteram os movimentos do corpo e se refletem no cotidiano, Mônica contara ao pequeno grupo de alunas do curso de dança que ficara marcada por um aborto que precisou fazer na época da ditadura, devido às condições políticas adversas em que vivia. "Fiquei assustada com o duplo discurso de minha professora", afirma Sheila, que na manhã seguinte colocou uma reflexão sobre o assunto em sua página na rede social Facebook.
A coreógrafa acreditava estar compartilhando a experiência com um grupo de amigos, mas o texto se espalhou, ganhou as páginas dos jornais e até uma nota oficial da campanha de Serra negando o aborto. Já Mônica e Serra não fizeram qualquer desmentido sobre o caso. Na sequência, Sheila recebeu milhares de apoios, mas também críticas, incluindo a de ter traído sua antiga professora. "Foi ela quem traiu minha confiança como aluna e mulher", diz a coreógrafa. "Ela não é a mulher do padeiro, do dentista. Ela é a mulher de um candidato a presidente da República. O que ela fala e faz conta".
As atitudes das personalidades públicas contam tanto que chegam a provocar temor. Colega de classe de Sheila, a professora de dança C.N.X., 36 anos, também se lembra do depoimento de Mônica na universidade, mas pede para não ser identificada. Recém-aprovada em concurso de uma instituição federal, ela acredita que, se eleito presidente, Serra pode prejudicar sua carreira. Quanto à aula de 1992, C.N.X. conta que o grupo de alunas não chegava a dez e estava sentado em círculo quando Mônica comentou que um dos fatores que tinham alterado sua "corporalidade" foi a vivência na ditadura e a necessidade de fazer o aborto. "Ela queria ter o filho, não queria ter tirado", diz a professora de dança. "E eu fiquei muito chocada com o depoimento, pois na época era muito bobinha", completa C.N.X., que passara no vestibular com apenas 16 anos e pela primeira vez vivia longe da família.
Na opinião da professora de dança, nada impede que, de 1992 para cá, Mônica tenha mudado de ideia: "Mas ela não pode ser hipócrita. Sabe que o aborto é uma experiência traumática". Trata-se também de um tabu no País, embora 5,3 milhões de brasileiras entre 18 e 39 anos tenham feito pelo menos um aborto, de acordo com o Ministério da Saúde. Mais da metade das brasileiras que se submete ao procedimento acaba internada devido a complicações da intervenção. Como se não bastasse, pode ser condenada a pena de um a três anos de detenção, como prevê o Código Penal de 1940, exceto para os casos de estupro ou de risco de morte da mãe.
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TV Globo e a farsa da bolinha de papel
Víde de autoria de Marcelo Zelic, intitulado "Farsa em 6 partes".
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Ignacio Ramonet e a revolta na França
Reproduzo entrevista concedida ao jornalista Laurent Etre, publicada no jornal L`Humanité:
Sarkozy rompeu unilateralmente o contrato moral que tinha feito com os franceses, acusa Ignacio Ramonet, presidente da Associação Memória das Lutas. Para ele, "seria necessária uma jornada europeia de ação".
Na sua opinião, o que representa a amplitude da mobilização pela defesa das aposentações?
Pouco a pouco, todos vão ganhando consciência de que o projeto governamental vai atingi-los e que, num sentido, isto vai pagar-se em anos de vida. Para além disso, há um mal-estar social mais global, que não se pôde exprimir desde que se desencadeou a crise, financeira e depois econômica, em 2008. Observamos igualmente a rejeição de um certo modo de governo, feito de arrogância, de soberba, de auto-suficiência. Do que se pode chamar de “espírito de Fouquet”, que foi ilustrado recentemente pelo caso Woerth.
O poder obstina-se a negar o envolvimento de um ministro num caso que o liga a milionários, a classes extremamente favorecidas. A população começa a ficar farta. E tenho a impressão que, à medida em que se sucedem as jornadas de protesto, cada cidadão toma consciência de que pode associar-se ao movimento. Assim, este vai ganhando amplitude. Progressivamente, o movimento traduz o mal-estar de cada um.
Nicolas Sarkozy estimou que o dossiê reformas estava fechado. Que fazer diante de uma tal surdez?
No plano da legalidade parlamentar, o espaço de tempo é relativamente curto porque se estima que de hoje até quinta o Senado acabará por votar esta lei, que voltará então à Assembleia. E daqui a uma dezena de dias, do ponto de vista desta legalidade parlamentar, o caso estará fechado. Mas em democracia, há também outras legitimidades. Vemos assim exprimir-se, neste momento, a legitimidade social, aliás reconhecida pela Constituição através do direito de greve e do direito de manifestação.
Mesmo que o poder se mantenha surdo, esta legitimidade é maioritária no país, como mostram todas as sondagens. Seria imprudente por parte do governo teimar em não levar em conta senão uma única legitimidade e não reconhecer as outras, perfeitamente legais em democracia. Além disso, ninguém ignora que o presidente da República afirmou, no seu programa presidencial, que não tocaria na reforma aos 60 anos. Ele rompeu unilateralmente o contrato moral que tinha feito com os franceses. Por isso, temos o direito de invocar ainda uma outra legitimidade, a da democracia participativa: já que o presidente muda o seu programa, deve submetê-lo aos eleitores. É por isso que há quem peça, a meu ver com razão, a realização de um referendo.
Outros movimentos desenvolvem-se na Europa, atualmente, num grande número de países, contra os planos de austeridade. A sequência do braço-de-ferro em França vai ocorrer do lado das mobilizações à escala europeia?
Há manifestações muito importantes num grande número de países, na Espanha, em Portugal, na Itália, na Romênia... Na Grécia, houve seis greves gerais. Logo, realmente, seria necessária uma jornada europeia de ação. Acrescento a isso que alguns dos países onde os protestos estão sendo mais fortes são governados pela social-democracia. Por isso, muitos cidadãos se perguntam se a social-democracia, quando está no poder, acaba por aceitar ela própria as diretivas do Fundo Monetário Internacional, ele mesmo dirigido por um social-democrata. Há, consequentemente, uma hipoteca, que os sociais-democratas devem levantar. Em relação a isto, só podemos alegrar-nos de que, na França, o PS anuncie que, se voltar ao poder, restabelecerá a idade legal de 60 anos. Mesmo que não descarte a possibilidade de fazer uma reforma do sistema de reformas.
Em que sentido podemos dizer que a questão das reformas é um assunto de civilização?
Construímos sociedades mais avançadas, mais civilizadas, na medida em que criamos sistemas de reforma que permitissem eliminar um dos grandes terrores do Ocidente, a angústia dos velhos. Hoje, é isso que está sob ameaça. Todos sabem que a questão das reformas implica o conjunto das famílias, consequentemente a sociedade, portanto a civilização. É preciso sublinhar que, em certos países, uma das medidas que a esquerda implanta, quando chega ao poder, é precisamente a redução da idade de ida para a reforma. A Bolívia de Evo Morales reduziu-a de 65 para 58 anos! Isso corresponde a uma aspiração profunda das populações.
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Sarkozy rompeu unilateralmente o contrato moral que tinha feito com os franceses, acusa Ignacio Ramonet, presidente da Associação Memória das Lutas. Para ele, "seria necessária uma jornada europeia de ação".
Na sua opinião, o que representa a amplitude da mobilização pela defesa das aposentações?
Pouco a pouco, todos vão ganhando consciência de que o projeto governamental vai atingi-los e que, num sentido, isto vai pagar-se em anos de vida. Para além disso, há um mal-estar social mais global, que não se pôde exprimir desde que se desencadeou a crise, financeira e depois econômica, em 2008. Observamos igualmente a rejeição de um certo modo de governo, feito de arrogância, de soberba, de auto-suficiência. Do que se pode chamar de “espírito de Fouquet”, que foi ilustrado recentemente pelo caso Woerth.
O poder obstina-se a negar o envolvimento de um ministro num caso que o liga a milionários, a classes extremamente favorecidas. A população começa a ficar farta. E tenho a impressão que, à medida em que se sucedem as jornadas de protesto, cada cidadão toma consciência de que pode associar-se ao movimento. Assim, este vai ganhando amplitude. Progressivamente, o movimento traduz o mal-estar de cada um.
Nicolas Sarkozy estimou que o dossiê reformas estava fechado. Que fazer diante de uma tal surdez?
No plano da legalidade parlamentar, o espaço de tempo é relativamente curto porque se estima que de hoje até quinta o Senado acabará por votar esta lei, que voltará então à Assembleia. E daqui a uma dezena de dias, do ponto de vista desta legalidade parlamentar, o caso estará fechado. Mas em democracia, há também outras legitimidades. Vemos assim exprimir-se, neste momento, a legitimidade social, aliás reconhecida pela Constituição através do direito de greve e do direito de manifestação.
Mesmo que o poder se mantenha surdo, esta legitimidade é maioritária no país, como mostram todas as sondagens. Seria imprudente por parte do governo teimar em não levar em conta senão uma única legitimidade e não reconhecer as outras, perfeitamente legais em democracia. Além disso, ninguém ignora que o presidente da República afirmou, no seu programa presidencial, que não tocaria na reforma aos 60 anos. Ele rompeu unilateralmente o contrato moral que tinha feito com os franceses. Por isso, temos o direito de invocar ainda uma outra legitimidade, a da democracia participativa: já que o presidente muda o seu programa, deve submetê-lo aos eleitores. É por isso que há quem peça, a meu ver com razão, a realização de um referendo.
Outros movimentos desenvolvem-se na Europa, atualmente, num grande número de países, contra os planos de austeridade. A sequência do braço-de-ferro em França vai ocorrer do lado das mobilizações à escala europeia?
Há manifestações muito importantes num grande número de países, na Espanha, em Portugal, na Itália, na Romênia... Na Grécia, houve seis greves gerais. Logo, realmente, seria necessária uma jornada europeia de ação. Acrescento a isso que alguns dos países onde os protestos estão sendo mais fortes são governados pela social-democracia. Por isso, muitos cidadãos se perguntam se a social-democracia, quando está no poder, acaba por aceitar ela própria as diretivas do Fundo Monetário Internacional, ele mesmo dirigido por um social-democrata. Há, consequentemente, uma hipoteca, que os sociais-democratas devem levantar. Em relação a isto, só podemos alegrar-nos de que, na França, o PS anuncie que, se voltar ao poder, restabelecerá a idade legal de 60 anos. Mesmo que não descarte a possibilidade de fazer uma reforma do sistema de reformas.
Em que sentido podemos dizer que a questão das reformas é um assunto de civilização?
Construímos sociedades mais avançadas, mais civilizadas, na medida em que criamos sistemas de reforma que permitissem eliminar um dos grandes terrores do Ocidente, a angústia dos velhos. Hoje, é isso que está sob ameaça. Todos sabem que a questão das reformas implica o conjunto das famílias, consequentemente a sociedade, portanto a civilização. É preciso sublinhar que, em certos países, uma das medidas que a esquerda implanta, quando chega ao poder, é precisamente a redução da idade de ida para a reforma. A Bolívia de Evo Morales reduziu-a de 65 para 58 anos! Isso corresponde a uma aspiração profunda das populações.
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