quinta-feira, 3 de janeiro de 2019

Chico Pinheiro e as tensões na Globo

Por Altamiro Borges

A esquizofrenia diante do governo Jair Bolsonaro – dá total apoio ao seu projeto econômico ultraliberal, mas discorda do seu conservadorismo nos costumes e teme seu autoritarismo na política – tem produzido cenas curiosas na poderosa Rede Globo. Na semana passada, o jornalista Alexandre Garcia pediu abruptamente as contas após mais de 30 anos na emissora. Direitista convicto desde a época em que foi capacho do general João Baptista Figueiredo, o último governante da ditadura militar, até se cogitou que o bajulador dos milicos seria o porta-voz do capitão-presidente – o que ele retrucou nas redes sociais. Agora, outra mexida interna atiça as tensões no império midiático, conforme informa Ricardo Feltrin, colunista no site UOL:

O marido “valentão” de Ana Hickmann

Por Altamiro Borges

Após explicitar sua postura misógina e incitar o ódio nas redes sociais, o medíocre Alexandre Correa, marido de Ana Hickmann – modelo e apresentadora da TV Record – recuou da sua valentia nesta quarta-feira (2). Um dia antes, ele aproveitou a posse de Jair Bolsonaro para compartilhar um “recado” à presidenta nacional do PT, Gleisi Hoffman, e à deputada federal Maria do Rosário. Na provocação fascista, o valentão – talvez para bajular o bispo e patrão Edir Macedo – rosna: “Avisem a Gleisi e a Maria do Rosário que se sobrevoarem Brasília de vassoura serão abatidas”. A postagem gerou imediata repulsa dos internautas e o sujeito rapidamente retornou para o armário – ou esgoto.

General Mourão, o vice falante

Por Maurício Dias, na revista CartaCapital:

Como poderá ser a relação, ao longo de quatro anos, entre Jair Bolsonaro, presidente, e Hamilton Mourão, vice, após se aconchegarem às cadeiras do poder presidencial? Muito provavelmente tudo será como o ocorrido antes. A obviedade quase sempre guia os interesses políticos. No entanto, há casos de vice-presidentes que calam e de outros que falam.

Posse de Bolsonaro foi um show de horrores

Por Renato Rovai, em seu blog:

A posse de um presidente vale não pelos rococós que dispensam quase 90% do seu tempo, mas pelo momento em que o eleito sobe no parlatório para falar ao público presente na Esplanada. É ali que se dá o recado de qual será o tom do início do governo. É neste discurso que se estabelecem os marcos do marketing que chega.

E a grande novidade é que Michele Bolsonaro não será uma primeira-dama decorativa. Ela falou antes do novo presidente usando a linguagem de libras. Foi tudo meio patético, mas ao mesmo tempo um golaço de marketing. Ao fazer isso ela estabelece uma relação direta com o público deficiente físico, em especial os surdos. São 25% dos brasileiros com alguma deficiência. E 5,4% de surdos. Não é pouca coisa.

Bolsonaro: uma ditadura contra o trabalho

Charge: Ramses Morales Izquierdo/Cuba
Por Osvaldo Bertolino, no site Vermelho:

O debate econômico que se estabeleceu no país com a restauração da receita neoliberal adotada pelo governo golpista do presidente Michel Temer e reforçada pelo programa econômico de Jair Bolsonaro e Paulo Guedes, reflete uma questão de fundo: a regulamentação da relação da relação capital-trabalho. Mesmo interditado pelo monopólio midiático, esse debate será, possivelmente, uma das discussões que mais mobilizarão as energias do país nos próximos anos.

A resistível ascensão de Jair e Hamilton

Por Osvaldo Coggiola, no jornal Le Monde Diplomatique-Brasil:

Os mecanismos políticos que permitiram a chegada da extrema direita ao governo do Brasil foram deflagrados em 2015, no primeiro ano do segundo mandato de Dilma Rousseff, em reuniões de parlamentares opositores e situacionistas, além de juristas e economistas de todas as cores políticas e ideológicas, organizadas por um deputado federal piauiense do PSB, Heráclito Fortes. A iniciativa, como se sabe, culminou na apresentação da moção de destituição da presidenta. No mesmo ano, Jair Bolsonaro, que votou no impeachment em nome e em memória do principal torturador da ditadura militar, anunciou sua intenção de concorrer ao Planalto em 2018. 

De que cor será a camisa de força de Damares?

Por Carlos Fernandes, no blog Diário do Centro do Mundo:

Por princípios, jamais duvido da palavra de uma mulher que tem a coragem de denunciar uma violência sexual contra ela própria ou contra qualquer outra.

Não são poucas as que por medo, vergonha, dependência ou quantos outros motivos existam se calam e deixam de buscar ajuda para algo tão terrível e, infelizmente, tão comum nesses tempos incomuns.

Por isso mesmo, a civilidade, a decência, a solidariedade e a justiça impõem uma regra muito clara para os casos em que essas barreiras são heroicamente quebradas: até prova em contrário, uma mulher que denuncia a violência que sofreu, é sim, uma vítima.

Bolsonaro e a hora de desagradar

Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:

Não se sabe se já será anunciada hoje, na primeira reunião da trupe ministerial, a proposta de reforma previdenciária.

O Globo, porém, antecipa o que seriam as medidas propostas e, na essência, uma versão ampliada do projeto de Michel Temer que a gravação de Joesley Batista congelou.

As coisas são ainda muito vagas para que se possa analisar, mas é evidente que algumas coisas estão sendo postas apenas para que possam ser retiradas, como a proporcionalidade do Benefício de Prestação Continuada (BPC), pago aos 65 anos a idosos e deficientes da baixa renda para 50% ou 60% do salário mínimo, o que não passa nem neste Congresso.

2019: um voo cego rumo ao incerto?

Charge: William Medeiros
Por Leonardo Boff, em seu blog:

Os últimos anos foram muito atormentados em nosso país. Aconteceu um discutível impeachment da Presidenta Dilma Rousseff, acusações sérias de corrupção a seu sucessor, o Presidente Temer, a obra devastadora do Lava-Jato com aplicação rigorosa da lawfare e a prisão de Lula, o maior líder popular, por um julgamento claramente sem parcialidade e desprovido de provas materiais, criticado pelos mais conceituados juristas nacionais e estrangeiros.

Começa a era dos Milicos do Senhor

Charge: Marian Kamensky/Áustria
Do blog Socialista Morena:

Em um inédito discurso em Libras, a primeira-dama Michelle Bolsonaro deu o tom exato do que serão os próximos quatro anos de governo: uma mistura de religião com militarismo. Emblematicamente, ao terminar sua curta fala em que a palavra “Deus” foi citada quatro vezes, a evangélica Michelle fez um gesto de continência, seguindo o exemplo do marido, o capitão Jair, no Rolls Royce oficial, que por sua vez citou “Deus” nove vezes em seus dois discursos. O casal perfeito.

Quando a paranoia toma posse

Salário mínimo: a primeira vítima

Por Altamiro Borges

Em um gesto com forte simbolismo, o primeiro ato do novo governo foi reduzir o reajuste do salário de milhões de trabalhadores, aposentados e pensionistas do Brasil. Segundo informa o site da revista Exame, uma referência da cloaca empresarial que apoiou a candidatura do fascista, “o presidente Jair Bolsonaro assinou nesta terça-feira (2), horas depois da sua posse, decreto onde fixou o salário mínimo em R$ 998 para o ano de 2019, representando um aumento de 4,61% em relação ao ano passado... O valor é inferior aos R$ 1.006 calculados pelo antigo governo. A informação foi publicada no Diário Oficial em edição extra”.