sábado, 17 de novembro de 2018

Frente democrática e os 'sapos do pântano'

Por Liszt Vieira, no site Carta Maior:

Sapo não pula por boniteza, mas porém por precisão. (Guimarães Rosa)

Entre as várias causas em geral mencionadas para explicar a vitória do candidato de extrema direita encontram-se a violência urbana, a corrupção, o esgotamento do sistema político representativo e o anti petismo disseminado pela grande mídia nas últimas décadas. O candidato vencedor fugiu dos debates, não apresentou programa de governo e deixou para cada um imaginar o que seria mudar "tudo isso que está aí". Mas conseguiu canalizar o sentimento popular de rejeição aos políticos com ideias simplistas, medíocres e equivocadas para resolver problemas complexos como, por exemplo, o porte de armas para acabar com a violência.

A era da mediocridade está em marcha

Por Ricardo Kotscho, em seu blog:

Escrever sobre o Brasil neste momento não é só doloroso, é inútil.

Para dizer bem a verdade, não tenho mais nada de novo a escrever para vocês hoje.

Estamos sendo governados pelo piloto automático desgovernado deste trem fantasma chamado Brasil, rodando sem destino pelo sanatório.

Será que nada mais é capaz de nos causar espanto?

Já nem sei mais o que comentar sobre o presidente eleito.

O impacto da saída dos médicos cubanos

Por Aristóteles Cardona Júnior, no jornal Brasil de Fato:

De tudo que vem sendo dito sobre o fim do Programa Mais Médicos como o conhecemos, decidi trazer alguns números para explicitar o desastre que a saída dos cubanos representará para o povo sertanejo, no geral, mas particularmente onde acompanho, que é o sertão pernambucano. 

Me envolvi com o Mais Médicos desde quando ele era ainda uma ideia e desde então componho a tutoria pedagógica dos profissionais que estão em grande parte do sertão de Pernambuco, por meio da instituição na qual sou professor, a Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf).

Quem é a turma da ministra da Agricultura?

Por Bruno Stankevicius Bassi, no site The Intercept-Brasil:

Desde o impeachment de Dilma Rousseff, tornou-se recorrente a menção à Bancada BBB, acrônimo para Bíblia, Boi e Bala, as grandes frentes de interesse no Congresso Nacional. Mas o apelido, surgido em 2015, não expressa fielmente o balanço de poder. Quem manda mesmo no Brasil é a bancada do boi – a bancada ruralista.

Hora de ser vidraça

Por Tereza Cruvinel, no Jornal do Brasil:

O presidente eleito Jair Bolsonaro não se deu conta de que já passou do papel de atirador ao de vidraça.

Acontece com todo governante, mas no seu caso começou antes da hora porque continuou atirando pedras depois de eleito. Seus seguidores podem fazer isso nas redes sociais, pois são mesmo franco atiradores que não respondem pelas consequências do que dizem.

Os ministros já indicados, da mesma forma, agora se tornaram alvos, a começar de Sérgio Moro, que não se vexou em pedir exoneração do cargo ontem, horas depois do depoimento do ex-presidente Lula à juíza que o substitui na vara de Curitiba.

A República Fundamentalista do Brasil

Por Luis Nassif, no Jornal GGN:

Peça 1 – o fundamentalismo de Bolsonaro

Algumas decisões dos últimos dias mostram que o governo Bolsonaro caminha para a implantação de um fundamentalismo religioso no país, uma Teocracia, atropelando qualquer veleidade de racionalidade e de pragmatismo. A pequena esperança de que houvesse um grupo interno com alguma racionalidade – os chamados generais da infraestrutura – se dilue.

Ernesto Araújo, indicado por Olavo de Carvalho para o Ministério das Relações Exteriores, é membro da ultradireita mais pirada, para quem a salvação do mundo está no presidente norte-americano Donald Trump.

O projeto é não ter projeto

Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:

Vai ficando cada vez mais preocupante o que nos espera com o governo Jair Bolsonaro.

Os “planos” do presidente eleito são, até agora, de demolição, não de construção.

Vimos um exemplo terrível e desumano com o caso dos médicos cubanos que, em apenas um mês, deixarão sem assistência mais de 25 milhões de brasileiros, no que, num expressão definitiva, Bernardo Mello Franco chamou, em O Globo, de “Programa Menos Médicos”.

Mas não é o único desmonte à frente.

O Brasil no mundo e na era Bolsonaro

Ilustração: Muzaffar Yulchiboev/Uzbequistão
Por Flavio Aguiar, na Rede Brasil Atual:

A se acreditar nos relatos disponíveis, a coisa foi assim: Olavo de Carvalho, este luminar do obscurantismo, indicou o diplomata obscurantista Ernesto Araújo (basta acessar seu blog para comprovar o adjetivo) ao filho do presidente eleito, que por sua vez indicou-o a este, que o três-indicou para o posto de chanceler brasileiro, um espaço geopolítico que já foi ocupado por Rio Branco, João Neves da Fontoura, San Thiago Dantas, Azeredo da Silveira, Celso Lafer, Celso Amorim, para citar alguns poucos nomes de uma tradição diplomática da melhor qualidade, e de diferentes correntes de pensamento.

Silvio Santos, o office-boy de luxo

Por Pedro Alexandre Sanches, na revista CartaCapital:

Aos 87 anos, Silvio Santos está a todo vapor. Em uma mesma semana, ressuscitou o slogan ditatorial “Brasil, ame-o ou deixe-o”, bajulou o presidente eleito em telefonema transmitido ao vivo, declarou torcida pelo juiz Sérgio Moro na Presidência da República a partir de 2026, utilizou programa assistencialista para assediar no ar as cantoras Claudia Leitte e Anitta, crianças e mulheres negras.

Fanático de Trump envergonha o Itamaraty

Por Altamiro Borges

Motivo de desconfiança na imprensa internacional, Jair Bolsonaro deu mais um tiro no pé nesta semana ao indicar Ernesto Araújo, um sujeito obscuro e com jeitão de aloprado, para o estratégico cargo de ministro das Relações Exteriores. Entre as “contribuições intelectuais” do novo chanceler já se descobriu que ele é um admirador fanático de Donald Trump, tratado como a nova “salvação do Ocidente”, e um inimigo hidrófobo das esquerdas e do PT, rotulado de “Partido Terrorista”. Em tom de chacota, o jornal britânico The Guardian estampou no título: “Novo chanceler brasileiro acredita que as mudanças climáticas são um plano marxista”. Há dúvida apenas se Ernesto Araújo é um completo idiota ou um mero oportunista – ele pode ser também um oportunista idiota!