quarta-feira, 6 de março de 2019

Devaneios do ministro e demência da educação

Por Fred Melo Paiva, na revista CartaCapital:

Pense naquela sua tia que compartilha correntes no WhatsApp, envia mensagens de alerta sobre os novos tipos de golpes que bandidos estão a aplicar na praça e, abduzida por insuspeita militância, bombardeia sua caixa de entrada com abaixo-assinados em série. Imagine que essa sua tia, hoje uma aplicada combatente da mamadeira de piroca, decidiu enveredar-se na trilha do comentário político ao inaugurar um canal no YouTube, onde é possível acompanhar seu pensamento vivo. Vociferante e furibunda com os inimigos, amável com os amigos, foi catapultada ao sucesso como “influenciadora digital” da nova direita, espécie de Alexandre Frota dispensada do filme pornô, embora suas vergonhas estejam à vista do internauta que se animar a assisti-las. 

Sanders e Ocasio-Cortez: socialistas dos EUA?

Por Mehdi Hasan, no site The Intercept-Brasil:

Você sabe o que realmente me irrita na cobertura da mídia sobre a política americana e, principalmente, sobre o Partido Democrata?

Busque no Google as palavras “moderado” ou “centrista” e um pequeno grupo de nomes aparecerá instantaneamente: Michael Bloomberg, Amy Klobuchar, Joe Biden e, sim, Howard Schultz.

Bloomberg é considerado um “líder do pensamento centrista” (Vanity Fair). Klobuchar é a “pragmatista direta” (Time). Biden é o “o mais puro centrista” (CNN) e o “último grito de alegria para democratas moderados” (New York magazine). Schultz é talentoso com entrevistas de alto escalãopara assentar o seu tom de “centrista independente” aos eleitores.

Lula e a tragédia dos Lula da Silva

Por Cynara Menezes, no blog Socialista Morena:

Imagine seu pai. Ele inventa se tornar sindicalista e presidente de sua entidade de classe. Ele inventa ser político. Ele inventa ser presidente do Brasil. Ele se torna o presidente mais popular da história. Ele é preso injustamente. Independentemente de como você aja ou faça, sua vida é um contínuo turbilhão, trazido por seu pai, seu querido pai. E tudo que ele fez de “errado” foi querer o melhor para o povo mais sofrido do país…

Governo Bolsonaro é uma pornochanchada

Por Miguel do Rosário, no blog Cafezinho:

No boletim Focus divulgado hoje, a estimativa do mercado para o PIB de 2019 caiu para 2,3%. Economistas experientes, contudo, sabem que esses números são otimistas demais, e que se crescermos um pouco mais de 1% já será muito.

A OCDE reduziu sua estimativa de crescimento do PIB brasileiro este ano para 1,9%.

O tal mercado, entidade que significa, em verdade, a opinião de meia dúzia de operadores da bolsa e diretores de banco, tornou-se, no Brasil, mais um centro de difusão de irracionalidade.

Crianças e os banqueiros: em nome de Arthur

Por Tarso Genro, no site Sul-21:

Alguns nazistas até hoje negam os fornos de Auschwitz. Os experimentos “científicos” com seres humanos como cobaias e a criminalização e extinção em massa de toda uma comunidade cultural e étnica é suprimida da sua memória: negam a “solução” final e alegam que apenas combatiam em defesa da Alemanha, contra os banqueiros judeus, contra a “decadência europeia”, pelo fim da humilhação alemã ao fim da 1a. Guerra mundial. A negação do mundo real faz parte, tanto da construção do “mito” político moderno, como da sua negação quando a História volta o seu curso de civilidade mínima.

Um capitalismo de vigilância

Por Shoshana Zuboff, no jornal Le Monde Diplomatique-Brasil:

Aquele dia de julho de 2016 foi particularmente difícil para David. Ele passara longas horas ouvindo testemunhas de litígios relacionados a seguros em um tribunal empoeirado de Nova Jersey, onde, na véspera, uma queda de energia havia danificado o sistema de ar-condicionado. Finalmente em casa, imergiu no ar fresco como quem mergulha no mar. Pela primeira vez no dia, respirou fundo, pegou uma bebida e subiu para tomar um longo banho. A campainha tocou no exato momento em que a água começou a correr sobre seus músculos doloridos. Interrompendo o banho, vestiu uma camiseta e uma bermuda e desceu as escadas correndo. Ao abrir a porta, viu-se diante de dois adolescentes sacudindo seus aparelhos de celular bem na sua cara.

O 'excrementíssimo' presidente Bolsonaro

Por Ivana Bentes, no sie Mídia Ninja:

E Bolsonaro, o “excrementíssimo” presidente da República, deu um tiro no pé: o presidente do Brasil responde as provocações dos blocos de carnaval de rua, que em todo Brasil viralizaram o “Ei Bolsonaro vai TNC” e outros impropérios, tentando desqualificar a maior e mais amada festa de rua popular brasileira com uma imagem garimpada nas redes para “horrorizar” o cidadão de bem! Como se o carnaval de rua fosse um vídeo pornográfico da deep web! Proibido para a família brasileira!

Bolsonaro tenta desmoralizar o carnaval

Da Rede Brasil Atual:

Jair Bolsonaro (PSL) foi o presidente da República mais lembrado da história em um carnaval com apenas dois meses de mandato. Mas a forma como os foliões o homenagearam nos blocos de rua deixou o chefe do Executivo sem rumo. Xingamentos, vaias e fantasias de laranjas em blocos de rua por todo o país, latas e pedras atiradas contra seu boneco em Olinda (PE), redes sociais tomadas por postagens ironizando e esculachando os dois primeiros meses de sua gestão, entre outras manifestações, deram o tom dos quatro dias da maior festa popular do Brasil. Irritado, Bolsonaro postou um vídeo obsceno de dois homens em um bloco de rua em São Paulo, dizendo que a cena seria comum em "blocos de rua no carnaval brasileiro".

Por esquerdas plurais e democráticas

Por Flavio Aguiar, no site Carta Maior:

A primeira condição para ser de esquerda hoje é parar de falar “na esquerda” e passar a falar “nas esquerdas”. É preciso acabar com o que chamo de “síndrome do banco da frente”, descrita mais ou menos assim: na nossa Kombi (sou do tempo das heróicas Kombis) é de esquerda quem senta comigo no banco da frente; dali pra trás e pra fora é tudo traidor do proletariado e da revolução que está nos esperando já no primeiro cruzamento. O diabo deste tipo de pensamento, que vigorou e ainda vigora por áreas do sentimento de ser “vanguarda”, é que não há cruzamento: esta estrada não tem fim.

Pibinho deixa o Brasil andando de lado

Por Paulo Kliass, no site Vermelho:

Alguns dias antes do início do Carnaval, o IBGE divulgou o resultado oficial das Contas Nacionais para 2018. Como era de se esperar, os números vieram a confirmar aquilo que já se anunciava como o fracasso da política econômica implementada desde o início do austericídio em 2015.

E aqui não custa nada fazer um pouco de recuperação de nossa História recente. Dilma havia sido reeleita em outubro de 2014, depois de um apertado embate com Aécio Neves no segundo turno. Um dos temas mais debatidos na campanha havia sido justamente o legado dos 3 mandatos a partir de 2003. Ocorre que depois anunciada a vitória, ela se deixou levar pelo discurso ortodoxo e monetarista do financismo a respeito da suposta necessidade de uma conduta mais rigorosa na questão fiscal.