Hoje, 11 de março, às 19 horas, na sede do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, será formada a “rede de comunicadores em apoio à reforma agrária e contra a criminalização dos movimentos sociais”. O seu objetivo é se contrapor às mentiras dos ruralistas e da mídia na “CPMI do MST”. O manifesto de convocação do evento reuniu dezenas de assinaturas em apoio à formação da rede de comunicadores. Reproduzo novamente o texto e a lista atualizada das adesões.
Está em curso uma ofensiva conservadora no Brasil contra a reforma agrária, e contra qualquer movimento que combata a desigualdade e a concentração de terra e renda. E você não precisa concordar com tudo que o MST faz para compreender o que está em jogo.
Uma campanha orquestrada foi iniciada por setores da chamada “grande imprensa brasileira” – associados a interesses de latifundiários, grileiros - e parcelas do Poder Judiciário. E chegou rapidamente ao Congresso Nacional, onde uma CPMI foi aberta com o objetivo de constranger aqueles que lutam pela reforma agrária.
A imagem de um trator a derrubar laranjais no interior paulista, numa fazenda grilada, roubada da União, correu o país no fim do ano passado, numa ofensiva organizada. Agricultores miseráveis foram presos, humilhados. Seriam os responsáveis pelo "grave atentado". A polícia trabalhou rápido, produzindo um espetáculo que foi parar nas telas da TV e nas páginas dos jornais. O recado parece ser: quem defende reforma agrária é "bandido", é "marginal". Exemplo claro de “criminalização” dos movimentos sociais.
Quem comanda essa campanha tem dois objetivos: impedir que o governo federal estabeleça novos parâmetros para a reforma agrária (depois de três décadas, o governo planeja rever os “índices de produtividade” que ajudam a determinar quando uma fazenda pode ser desapropriada); e “provar” que os que derrubaram pés de laranja são responsáveis pela “violência no campo”.
Trata-se de grave distorção.
Comparando, seria como se, na África do Sul do Apartheid, um manifestante negro atirasse uma pedra contra a vitrine de uma loja onde só brancos podiam entrar. A mídia sul-africana iniciaria então uma campanha para provar que a fonte de toda a violência não era o regime racista, mas o pobre manifestante que atirou a pedra.
No Brasil, é nesse pé que estamos: a violência no campo não é resultado de injustiças históricas que fortaleceram o latifúndio, mas é causada por quem luta para reduzir essas injustiças. Não faz o menor sentido...
A violência no campo tem um nome: latifúndio. Mas isso você dificilmente vai ver na TV. A violência e a impunidade no campo podem ser traduzidas em números: mais de 1500 agricultores foram assassinados nos últimos 25 anos. Detalhe: levantamento da Comissão Pastoral da Terra (CPT) mostra que dois terços dos homicídios no campo nem chegam a ser investigados. Mandantes (normalmente grandes fazendeiros) e seus pistoleiros permanecem impunes.
Uma coisa é certa: a reforma agrária interessa ao Brasil. Interessa a todo o povo brasileiro, aos movimentos sociais do campo, aos trabalhadores rurais e ao MST. A reforma agrária interessa também aos que se envergonham com os acampamentos de lona na beira das estradas brasileiras: ali, vive gente expulsa da terra, sem um canto para plantar - nesse país imenso e rico, mas ainda dominado pelo latifúndio.
A reforma agrária interessa, ainda, a quem percebe que a violência urbana se explica – em parte – pelo deslocamento desorganizado de populações que são expulsas da terra e obrigadas a viver em condições medievais, nas periferias das grandes cidades.
Por isso, repetimos: independente de concordarmos ou não com determinadas ações daqueles que vivem anos e anos embaixo da lona preta na beira de estradas, estamos em um momento decisivo e precisamos defender a reforma agrária.
Se você é um democrata, talvez já tenha percebido que os ataques coordenados contra o MST fazem parte de uma ofensiva maior contra qualquer entidade ou cidadão que lutem por democracia e por um Brasil mais justo.
Se você pensa assim, compareça ao Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, no próximo dia 11 de março, e venha refletir com a gente:
- por que tanto ódio contra quem pede, simplesmente, que a terra seja dividida?
- como reagir a essa campanha infame no Congresso e na mídia?
- como travar a batalha da comunicação, para defender a reforma agrária no Brasil?
É o convite que fazemos a você.
Assinam:
- Alcimir do Carmo.
- Altamiro Borges.
- Ana Facundes.
- André de Oliveira.
- André Freire.
- Antonio Biondi.
- Antonio Martins.
- Bia Barbosa.
- Breno Altman.
- Conceição Lemes.
- Cristina Charão.
- Cristovão Feil.
- Danilo Cerqueira César.
- Dênis de Moraes.
- Emiliano José.
- Emir Sader.
- Flávio Aguiar.
- Gilberto Maringoni.
- Giuseppe Cocco.
- Hamilton Octavio de Souza.
- Henrique Cortez.
- Igor Fuser.
- Jerry Alexandre de Oliveira.
- Joaquim Palhares.
- João Brant.
- João Franzin.
- Jonas Valente.
- Jorge Pereira Filho.
- José Arbex Jr.
- José Augusto Camargo.
- José Carlos Torves.
- José Reinaldo de Carvalho.
- Ladislau Dowbor.
- Laurindo Lalo Leal Filho.
- Leonardo Sakamoto.
- Lilian Parise.
- Lúcia Rodrigues.
- Luiz Carlos Azenha.
- Márcia Nestardo.
- Marcia Quintanilha.
- Maria Luisa Franco Busse.
- Mario Augusto Jacobskind.
- Miriyám Hess.
- Nilza Iraci.
- Otávio Nagoya.
- Paulo Lima.
- Paulo Zocchi.
- Pedro Pomar.
- Rachel Moreno.
- Raul Pont.
- Renata Mielli.
- Renato Rovai.
- Rita Casaro.
- Rita Freire.
- Rodrigo Savazoni.
- Rodrigo Vianna.
- Rose Nogueira.
- Rubens Corvetto.
- Sandra Mariano.
- Sérgio Caldieri.
- Sérgio Gomes.
- Sérgio Murilo de Andrade.
- Soraya Misleh.
- Tatiana Merlino.
- Terezinha Vicente.
- Vânia Alves.
- Venício A. de Lima.
- Verena Glass.
- Vito Giannotti.
- Wagner Nabuco.
Importante: A proposta é que a rede de comunicadores em apoio à reforma agrária tenha caráter nacional. Esse evento de São Paulo é apenas o início deste processo. Promova lançamentos também em seu estado, participe e convide outros comunicadores para aderirem à rede.
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quinta-feira, 11 de março de 2010
PT finalmente reage à agressão midiática
Passado o convescote Instituto Millenium, antro da direita hidrófoba do país, os barões da mídia resolveram ir às ruas para evitar o perigo da “restauração stalinista e castrista” representada pela candidatura Dilma Rousseff. Como na preparação do golpe midiático na Venezuela, em abril de 2002, agem como “una solo voz”. A Veja estampa na capa a manchete “caiu a casa do tesoureiro do PT”; na sequência, a TV Globo difunde a versão para milhões de telespectadores desavisados; já os jornais Folha, Estadão e O Globo, entre outros, dão farta munição para a artilharia pesada.
Diante deste autêntico “genocídio midiático”, a sociedade fica perplexa e confusa; parlamentares da base aliada se acovardam; até alguns demos voltam a falar em ética na política, deixando de visitar Arruda, o “vice-careca”, na prisão; e os tucanos tentam sair do seu inferno astral. Alguns expoentes petistas ainda defendem a tática do se fingir de morto, achando que isto abrandará o ódio da mídia. Neste cenário, a nota pública do novo presidente do PT, José Eduardo Dutra, é um alento. Serve para esclarecer a população, municiar a militância e retomar a ofensiva política.
A bandidagem do Estadão e da Veja
“É com perplexidade e absoluta indignação que o PT vem acompanhando a escalada de ataques mentirosos, infundados e caluniosos por parte de alguns órgãos da imprensa a partir de matéria sensacionalista publicada na última edição da revista Veja. O mais absurdo desses ataques se deu no jornal O Estado de S.Paulo, que usou seu principal editorial para acusar o PT de ser ‘o partido da bandidagem’ – extrapolando os limites da luta política e da civilidade sem qualquer elemento que sustente sua tese”, afirma o partido do presidente Lula, que finalmente decidiu reagir.
Ainda segundo a nota, o PT “buscará, pelas vias institucionais, a devida reparação judicial pelas infâmias perpetradas nos últimos dias. Acionará judicialmente o jornal O Estado de S.Paulo, pelo editorial, e a revista Veja, pela matéria que começou a circular no último sábado. Representará no Conselho Nacional do Ministério Público contra o promotor José Carlos Blat, fonte primária de onde brotam as mentiras, as ilações, as acusações sem prova e o evidente interesse em usar a imprensa para se promover às custas de acusações desprovidas de base jurídica ou factual”.
Os interesses eleitoreiros da mídia
A nota do PT é mais do que justa. É necessária à democracia. Quanto às “reporcagens” da mídia demotucana, elas atentam contra a própria Constituição Federal, que estabelece a “presunção da inocência”. Sem ouvir os acusados, numa atitude covarde, a mídia incorreu novamente no crime da “presunção da culpa”. Requentou antigas denúncias sem apresentar qualquer prova concreta. Seu objetivo evidente é acuar a candidatura de Dilma Rousseff e ajudar no palanque eleitoral do tucano José Serra, homem de confiança das famíglias Marinho, Civita, Frias e Mesquita.
Quanto ao promotor José Carlos Blat, fonte primaria das ilações da Veja, o PT poderia anexar ao processo velhas denúncias da própria revista contra o sinistro sujeito. Entre os manjados padrões de manipulação da mídia, um dos principais é realçar o que interessa e ocultar o que não serve no momento. Neste caso, a Veja preferiu esconder as denúncias que já fez contra o promotor – que revelou recentemente suas pretensões políticas. “Estou pensando em me candidatar a deputado”.
Fonte primária é bastante suspeita
A revista sabe que Blat é um elemento suspeito. Quando integrou o Grupo de Atuação Especial e Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), ele foi acusado de tentar se livrar de multas do Detran e de proteger suspeitos de corrupção. Em 2004, Blat inclusive foi afastado do órgão. Na ocasião, a Corregedoria do Ministério Público apontou vários indícios de crimes: uso de veículo e pessoal da Gaeco para interesses pessoas; negociar com um delegado a liberação do seu pai, preso em flagrante por armazenar bens roubados; abuso de autoridade e enriquecimento ilícito.
Ele também foi acusado de beneficiar o contrabandista chinês Law Kin Chong. Em 2002, quando atuou na força-tarefa antipirataria, focou a investigação nos pequenos contrabandistas, livrando o chefe da máfia. A advogada do contrabandista costumava visitar Blat no Gaeco. A Corregedoria descobriu ainda que ele morou num apartamento de Alfredo Parisi, condenado por bancar o jogo do bicho. Antes de virar promotor, ele foi sócio do filho de Ivo Noal, outro banqueiro do bicho, numa loja de conveniência. Esta é a fonte privilegiada da Veja, da TV Globo e dos jornalões.
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Diante deste autêntico “genocídio midiático”, a sociedade fica perplexa e confusa; parlamentares da base aliada se acovardam; até alguns demos voltam a falar em ética na política, deixando de visitar Arruda, o “vice-careca”, na prisão; e os tucanos tentam sair do seu inferno astral. Alguns expoentes petistas ainda defendem a tática do se fingir de morto, achando que isto abrandará o ódio da mídia. Neste cenário, a nota pública do novo presidente do PT, José Eduardo Dutra, é um alento. Serve para esclarecer a população, municiar a militância e retomar a ofensiva política.
A bandidagem do Estadão e da Veja
“É com perplexidade e absoluta indignação que o PT vem acompanhando a escalada de ataques mentirosos, infundados e caluniosos por parte de alguns órgãos da imprensa a partir de matéria sensacionalista publicada na última edição da revista Veja. O mais absurdo desses ataques se deu no jornal O Estado de S.Paulo, que usou seu principal editorial para acusar o PT de ser ‘o partido da bandidagem’ – extrapolando os limites da luta política e da civilidade sem qualquer elemento que sustente sua tese”, afirma o partido do presidente Lula, que finalmente decidiu reagir.
Ainda segundo a nota, o PT “buscará, pelas vias institucionais, a devida reparação judicial pelas infâmias perpetradas nos últimos dias. Acionará judicialmente o jornal O Estado de S.Paulo, pelo editorial, e a revista Veja, pela matéria que começou a circular no último sábado. Representará no Conselho Nacional do Ministério Público contra o promotor José Carlos Blat, fonte primária de onde brotam as mentiras, as ilações, as acusações sem prova e o evidente interesse em usar a imprensa para se promover às custas de acusações desprovidas de base jurídica ou factual”.
Os interesses eleitoreiros da mídia
A nota do PT é mais do que justa. É necessária à democracia. Quanto às “reporcagens” da mídia demotucana, elas atentam contra a própria Constituição Federal, que estabelece a “presunção da inocência”. Sem ouvir os acusados, numa atitude covarde, a mídia incorreu novamente no crime da “presunção da culpa”. Requentou antigas denúncias sem apresentar qualquer prova concreta. Seu objetivo evidente é acuar a candidatura de Dilma Rousseff e ajudar no palanque eleitoral do tucano José Serra, homem de confiança das famíglias Marinho, Civita, Frias e Mesquita.
Quanto ao promotor José Carlos Blat, fonte primaria das ilações da Veja, o PT poderia anexar ao processo velhas denúncias da própria revista contra o sinistro sujeito. Entre os manjados padrões de manipulação da mídia, um dos principais é realçar o que interessa e ocultar o que não serve no momento. Neste caso, a Veja preferiu esconder as denúncias que já fez contra o promotor – que revelou recentemente suas pretensões políticas. “Estou pensando em me candidatar a deputado”.
Fonte primária é bastante suspeita
A revista sabe que Blat é um elemento suspeito. Quando integrou o Grupo de Atuação Especial e Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), ele foi acusado de tentar se livrar de multas do Detran e de proteger suspeitos de corrupção. Em 2004, Blat inclusive foi afastado do órgão. Na ocasião, a Corregedoria do Ministério Público apontou vários indícios de crimes: uso de veículo e pessoal da Gaeco para interesses pessoas; negociar com um delegado a liberação do seu pai, preso em flagrante por armazenar bens roubados; abuso de autoridade e enriquecimento ilícito.
Ele também foi acusado de beneficiar o contrabandista chinês Law Kin Chong. Em 2002, quando atuou na força-tarefa antipirataria, focou a investigação nos pequenos contrabandistas, livrando o chefe da máfia. A advogada do contrabandista costumava visitar Blat no Gaeco. A Corregedoria descobriu ainda que ele morou num apartamento de Alfredo Parisi, condenado por bancar o jogo do bicho. Antes de virar promotor, ele foi sócio do filho de Ivo Noal, outro banqueiro do bicho, numa loja de conveniência. Esta é a fonte privilegiada da Veja, da TV Globo e dos jornalões.
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