sexta-feira, 28 de fevereiro de 2020

As reações às provocações de Bolsonaro

Mídia abafa politização do Carnaval

Steve Bannon e a ofensiva da extrema direita

Por Celso Japiassu, no site Carta Maior:

A ofensiva da extrema direita, herdeira ideológica do nazi-fascismo, tenta ocupar espaços no solo da Europa, onde um dia a sua matriz construiu uma triste e trágica história.

Países como a Polônia e a Hungria estão virtualmente ocupados e vários outros abrigam partidos que, dentro da democracia, trabalham para desestabilizá-la e substituí-la por regimes populistas, radicais e reacionários. Um ardiloso agente dessa ação que pretende subverter por dentro os sistemas democráticos europeus chama-se Steve Bannon.

O americano Steve Bannon tem 66 anos, foi executivo de mídia no site direitista Breitbart News, onde veiculava material de cunho racista, antissemita, sexista e xenofóbico.

Ajudou a eleger Donald Trump, em cujo governo atuou como estrategista chefe até ser demitido em 2017.

Cheiro de golpe no ar

Por Frei Betto, em seu site:

O ministro Augusto Heleno, do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), sugeriu, em 19 de fevereiro, que o povo deve ir às ruas “contra a chantagem do Congresso”. Bastou este aceno autoritário para os aliados do presidente convocarem manifestação para o domingo, 15 de março.
Ora, quando uma autoridade do Poder Executivo convoca uma manifestação contrária a outro Poder da República, no caso o Legislativo, isso é gravíssimo e sinaliza conspiração golpista ou, sem rodeios, o fechamento do Congresso. Tomara que o Poder Judiciário, representado pelo STF, proíba tal manifestação, pois caso contrário correrá o risco de assinar o fechamento de suas portas.

Mais tarde será tarde, estaremos na ditadura

Por Tereza Cruvinel, no site Brasil-247:

Até quando as instituições, especialmente Congresso e STF, pouparão Bolsonaro, permitindo que ele avance com a tática de testar os limites da democracia, para em alguma hora romper a cerca e instaurar a ditadura?

A quarta-feira de cinzas foi de protestos, alguns mais enérgicos, como o do ministro do STF Celso de Mello, outros mais brandos, como os de Rodrigo Maia, presidente da Câmara, e Dias Toffoli, presidente do STF, sem falar no silêncio imperdoável do presidente do Senado e do Congresso, Davi Alcolumbre.

Até quando as elites econômicas vão acreditar que será possível haver reformas neoliberais, ajuste fiscal e crescimento com Bolsonaro na Presidência?

Coronavírus agrava economia já sem rumo

Da Rede Brasil Atual:

Com o fim do carnaval, o mercado brasileiro entrou em “pânico” nesta quarta-feira (26), superando a queda dos principais mercados mundiais, abalados por conta das notícias sobre a disseminação da epidemia do coronavírus. Por aqui, a falta de rumo da política econômica do governo Bolsonaro deve ser agravada por conta da retração da economia mundial, em especial a da China, foco principal da infecção e principal parceira comercial do Brasil. Há ainda as tensões políticas estimuladas pelo próprio presidente, que ampliam as incertezas no cenário econômico.

As crises e os capitães

Por Fernando Brito, em seu blog:

Os jornais, pelo mundo afora, dizem que esta é a pior semana econômica desde a crise de 2008.

É, portanto, bom lembrar que os efeitos daquela não desapareceram de uma hora para outra e que os governos, por toda a parte, tinham instrumentos que, de alguma forma, ajudaram na sua estabilização, provendo liquidez pela baixa de juros, pelas emissões e até, como ocorreu com a General Motors, com aportes diretos nas empresas.

E isso já não é possível hoje, senão numa muito menor escala.

Bolsonaro imita Collor e pode ter mesmo fim

Por Ricardo Kotscho, em seu blog:

Ao perceber que estava perdendo o apoio do mercado e da mídia, e sem sustentação política no Congresso Nacional, Fernando Collor jogou a última cartada para evitar o impeachment: convocou a população a ir às ruas num domingo, vestida de verde e amarelo, para defender o seu governo, em 1992.

"Não me deixem só!", implorou ele numa reunião com taxistas no Planalto. No domingo, a população foi às ruas, mas vestida de preto, para protestar contra os desmandos do primeiro presidente eleito após o golpe cívico-militar de 1964.

Foi a gota d´água. Pouco depois, seu governo foi derrubado nas ruas, no Congresso e no STF.

Agora, o capitão Bolsonaro também está perdendo o apoio do mercado e da mídia, dois pilares da sua eleição, e também entrou em confronto com o Congresso Nacional.

A Bolsa e a aposta perdida de Bolsonaro

Editorial do site Vermelho:

Com a reabertura da Bolsa de Valores de São Paulo, após os festejos do carnaval, foi possível observar os efeitos da crise no chamado “mercado internacional” no Brasil. As quedas acentuadas dos últimos dias refletiram as consequências da expansão do coronavírus para a Europa e Estados Unidos. Pesou de maneira significativa, também, o prognóstico de redução do Produto Interno Bruto (PIB) do Japão e de uma possível desaceleração do crescimento chinês.

Adeus, governo Bolsonaro

Por Luiz Carlos Bresser-Pereira

Governar é mais do que nomear e demitir; requer ter poder para reformar as instituições e realizar políticas que levem o país na direção desejada.

Para ter poder não basta ser eleito; é preciso ter “legitimidade política“ – ou seja, ter apoio nas elites e no povo. Quando um presidente da República deixa de ter legitimidade, podemos dizer que seu governo acabou. Ele não tem mais condições de cumprir seu programa de governo, tem apenas que “segurar as pontas” para não sofrer processo de impeachment.

Por exemplo, o governo Sarney terminou em 1987 quando o Plano Cruzado fracassou e ele decidiu ficar mais um ano no governo.

O 25 de Ventoso de Jair Bolsaparte

Por Marcelo Zero

Jair Bolsonaro, insatisfeito com os limites constitucionais e democráticos impostos ao exercício de poder na presidência da República, lançou, pelas milícias digitalizadas, sua candidatura a Imperador do Brasil.

Sua inspiração, contudo, não vem de Pedro I ou Pedro II, mas sim de Napoleão Bonaparte.

Bolsonaro parece pretender fazer, no próximo dia 25 de Ventoso (no calendário da Revolução Francesa -15 de março, no calendário gregoriano), o mesmo que Napoleão fez no 18 de Brumário de 1799: dar um golpe.

Entretanto, a diminuta envergadura moral, intelectual e histórica do candidato a ditador o aproxima mais de outro Bonaparte, o sobrinho Luís, que repetiu a história como farsa corrupta.

Como Jair, candidato a Pedro III, Luís Bonaparte fora antes eleito deputado e presidente da República antes de dar o golpe de Estado e proclamar-se Napoleão III, também chamado de “Napoleão, o Pequeno”, por Victor Hugo.

Movimento popular reage à política golpista

Por Carlos Pompe

Durante o Carnaval, o presidente Bolsonaro compartilhou em seu número pessoal de WhatsApp vídeo convocando ato contra o Congresso Nacional. No texto que enviou junto com o vídeo, o presidente escreveu: “15 de março, Gen Heleno/Cap Bolsonaro. O Brasil é nosso, não dos políticos de sempre”. A mesma arte foi divulgada por Regina Duarte, anunciada como futura secretária da Cultura do Governo Federal. Alguns panfletos convocatórios evocam o Ato Institucional nº 5 da ditadura militar (AI-5, que cassou mandatos de parlamentares oposicionistas, interveio nos municípios e estados e favoreceu a institucionalização da tortura de presos políticos) e pedem a saída dos presidentes da Câmara, Rodrigo Maia, e do Senado, Davi Alcolumbre.