Reproduzo artigo enviado por Beto Almeida, membro da Junta Diretiva da Telesur:
A imensa comoção nacional do povo argentino diante da morte de Nestor Kirchner, manifestando dor e compromisso de luta a um só tempo, oferece a todos nós latino-americanos mais uma oportunidade, agora dolorosa, para entender e valorizar, a um só tempo e cada vez mais o significado histórico do nacionalismo revolucionário na América Latina.
O papel indispensável de Nestor em sua pátria foi o de religar os fios da história que estavam rompidos, desconectados. Ao religar novamente o presente argentino com aquele seu passado que nunca foi enterrado, por ser uma necessidade da nação argentina, o peronismo, Kirchner conseguiu sintonizar o povo do país irmão com o ponto mais elevado do projeto de nação que os platenses conseguiram desenhar um dia.
Renascimento do nacionalismo revolucionário
A comoção argentina, que alcança a toda América Latina, é o reconhecimento das grandes massas trabalhadoras com o papel de Kirchner ao conseguir trazer novamente, e de modo atualizado para os temas da contemporaneidade, a experiência peronista que, num governo de 11 anos, de 1944 a 1955, transformou aquele país num dos mais prósperos do mundo.
Por meio da estatização dos setores chaves da economia, seja energia, mineração, comércio exterior, transportes e telecomunicações, além de fortíssima expansão na educação, saúde, cultura e radiodifusão públicas, a Argentina elevou de modo impactante o nível de vida de seu povo. O analfabetismo foi praticamente erradicado. O país de um salto.
Mas, a sanha imperialista que rondava o mundo naquela quadra e sabotou outros processos nacionalistas transformadores que estavam em curso - entre 1953 e 1955 houve golpes de estado no Irã, no Brasil, Guatemala - alcançou também a pátria argentina. Perón foi deposto por um golpe que causou centenas de mortos, num bombardeio praticado pela Aeronáutica, maior bolsão oligárquico então, mas organizado pelo imperialismo anglo-saxão, que mais tarde se repetiu no bombardeio ao Palácio de La Moneda, no Chile, em 1973.
Com Perón, Vargas e Ocampo, estava em curso o projeto ABC, pelo o qual Argentina, Brasil e Chile desenvolveriam um amplo trabalho de integração econômica, comercial, política e cultural. A intervenção estrangeira desestabilizadora contra Vargas o impediu de cumprir com a parte brasileira naquele processo de integração que, mais tarde, foi parcialmente recuperado pela criação do Mercosul e agora expandido pela criação da Unasur , da qual Nestor Kirchner era o secretário-geral.
Fim da ditadura do FMI
Tanto no plano internacional, como no plano interno, Nestor Kirchner teve um governo marcado pela recuperação da soberania de seu país, meta que vem sendo aplicada pela atual presidente, Cristina Kirchner. Emblemática foi a renegociação soberana da dívida externa argentina, sobretudo quando Kirchner estabeleceu, de modo unilateral, os limites claros e soberanos do montante que estaria em negociação e o aceitava pagar.
Com isto, a Argentina terminou com a ditadura do FMI que, desde a sanguinária ditadura militar rapinava o país, levando-o a ficar de joelhos e sob a marca das relações carnais com os EUA, na Era Menem, que dilapidou todo o patrimônio público construído no período do peronismo dos anos 50. Com a ditadura militar e a oligarquia de volta ao poder a Argentina voltava a conhecer o analfabetismo, a fome, a miséria, o afavelamento em massa já que tinha superado décadas atrás. E, por fim, o neoliberalismo leva a Argentina à terrível crise do governo de Fernando De La Rua, obrigado a renunciar diante do desastre político e econômico para todo o povo argentino.
Kirchner surgiu como a síntese capaz de retomar o passado, capaz de superar o presente e capaz de projetar um futuro para um povo que estava, naquela altura, sem um rumo que o levasse à condição promissora que pode ter, diante das imensas riquezas e potencialidades que a Argentina inequivocamente possui.
A retomada do protagonismo de estado
Nestor retoma o protagonismo de estado, insere novamente a participação dos trabalhadores e de seus sindicatos nas políticas salariais e nas demais políticas públicas. Além disso, revogou as leis que obstruíam a plena atuação dos sindicatos nas políticas laborais, salariais e previdenciárias.
Nestor recria empresa estatal de energia, de aviação, recupera o salário mínimo, expande o mercado de trabalho, revigora o raquítico mercado interno, multiplica investimentos públicas na habitação. Mas, na área de Direitos Humanos, vai muito mais além: simplesmente revoga duas monstruosas leis impostas pela ditadura mesmo depois de seu fim a dois governos vassalos, o de Alfonsin e de Menem: a Lei de Ponto Final e a Lei de Obediência Devida.
Mais que isso, transforma a Escola Superior da Armada, a ESMA, centro de tortura e de execução de sindicalistas, militantes, intelectuais e artistas, em um Centro Cultural para Homenagear os Desaparecidos, os direitos democráticos e condenar para todo o sempre os carniceiros da Junta Militar de Jorge Rafael Videla e companhia. O mundo inteiro viu a retirada dos retratos destes carniceiros da parede da ESMA para serem jogados no lixo da história, ao passo que estes assassinos encontram-se na prisão.
Democratização da mídia
Kirchner faz o enfrentamento necessário com o oligopólio da mídia, fortalece e expande a TV Pública Argentina, criada no primeiro governo de Perón. Com isto criou as bases necessárias para a conscientização política popular necessária para que fosse aprovada, já no governo de Cristina Kirchner, a nova Lei de Meios de Comunicação Argentina, reduzindo drasticamente o poder das oligarquias midiáticas, criando um canal infantil, um canal cultural de alto nível, demolindo a reserva de mercado de algumas emissoras privadas sobre a transmissão do futebol, que agora também é transmitido pelos canais públicos, e, sobretudo, determinando que o espaço eletromagnético seja divido em três segmentos: o estatal, o privado e o público, pelo qual até a CGT e a Universidade Nacional, poderão ter canais e televisão. Sem esquecer que foi criado também um operador nacional de TV a cabo e um operador estatal para a TV digital, dois modelos sobre os quais os brasileiros deveriam meditar com muita atenção.
Kirchner é isto e muito mais. A recuperação do significado histórico do nacionalismo revolucionário, derrotando a oligarquia e as falanges mais recalcitrantes e marrons no interior do próprio peronismo, é algo que o transformou num dirigente político com esmerada capacidade de organização e de aplicação de táticas adequadas, sempre dominadas pela busca da maior unidade política possível das forças populares e progressistas argentinas.
É este nacionalismo transformador, também aplicado na história do México pelo General Lázaro Cárdenas, aqui no Brasil por Getúlio Vargas, e agora na Venezuela por Hugo Chávez, ou por Daniel Ortega na Nicarágua, recuperando o antiimperialismo de Augusto César Sandino, que deve ser reconhecido com a qualidade fundamental de Nestor Kirchner.
Ritmos e prazos na integração latino-americana
Presente no velório, Lula destacou a importância de Kirchner como construtor e organizador da unidade latino-americana. E sublinhou que, com ele, as relações entre Brasil e Argentina deram um grande salto de qualidade. Este é um elemento decisivo, pois quanto mais unidos estiverem Brasil e Argentina, pelo peso específico de cada país, pelo grau de desenvolvimento industrial alcançado por ambos, os ritmos e prazos da integração latino-americana poderão ser drasticamente reduzidos, em benefício da elevação do padrão de vida de todos os latino-americanos.
Em razão disso, é justo e correto observar em várias medidas e políticas aplicadas também por Lula, uma certa recuperação de políticas da Era Vargas. Sim, no antagonismo entre o governo Lula e o Governo FHC, tão debatido durante a campanha eleitoral, é preciso acrescentar que o objetivo declarado de FHC, como seria o de Serra, é o de extirpar com o que resta da Era Vargas. Assim também tentou Menem, mas, não conseguiu sequer disputar o segundo turno das eleições presidenciais de 2003 contra Kirchner.
É que Nestor já havia religado os fios da história despertando novamente o grande potencial revolucionário do nacionalismo, aquele que incorpora o povo nas políticas públicas, os sindicatos nas políticas de previdência, de trabalho e salarial, a intelectualidade na formulação de uma comunicação inteligente e humanizadora.
Este foi Kirchner. Temos muito a aprender com ele, para América Latina seguir mudando, para o Brasil seguir mudando e para recuperar a sintonia com o melhor de nossa própria história em termos de formulação de políticas públicas. Aliás, como está ocorrendo hoje.
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sexta-feira, 29 de outubro de 2010
Serra e o relógio da mentira
Reproduzo ótima piada enviada pelo amigo palmeirense Bezerra:
Um cidadão morreu e foi para o céu. Enquanto estava em frente a São Pedro nos Portões Celestiais, viu uma enorme parede com relógios atrás dele.
Ele perguntou: O que são todos aqueles relógios?
São Pedro respondeu: São Relógios da Mentira. Todo mundo na Terra tem um Relógio da Mentira.
Cada vez que você mente, os ponteiros de seu relógio movem-se.
- Oh!! – exclamou o cidadão – De quem é aquele relógio ali?
- É o de Madre Teresa. Os ponteiros nunca se moveram, indicando que ela nunca mentiu.
- E aquele, é de quem?
- É o de Abraham Lincoln. Os ponteiros só se moveram duas vezes, indicando que ele só mentiu duas vezes em toda a sua vida.
- E o Relógio do Serra, também está aqui?
- Ah! O do Serra está na minha sala.
- Ué – espantou-se o cidadão, – por quê?
E São Pedro, rindo, respondeu:
- Estou usando como ventilador de teto.
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Um cidadão morreu e foi para o céu. Enquanto estava em frente a São Pedro nos Portões Celestiais, viu uma enorme parede com relógios atrás dele.
Ele perguntou: O que são todos aqueles relógios?
São Pedro respondeu: São Relógios da Mentira. Todo mundo na Terra tem um Relógio da Mentira.
Cada vez que você mente, os ponteiros de seu relógio movem-se.
- Oh!! – exclamou o cidadão – De quem é aquele relógio ali?
- É o de Madre Teresa. Os ponteiros nunca se moveram, indicando que ela nunca mentiu.
- E aquele, é de quem?
- É o de Abraham Lincoln. Os ponteiros só se moveram duas vezes, indicando que ele só mentiu duas vezes em toda a sua vida.
- E o Relógio do Serra, também está aqui?
- Ah! O do Serra está na minha sala.
- Ué – espantou-se o cidadão, – por quê?
E São Pedro, rindo, respondeu:
- Estou usando como ventilador de teto.
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Comparações: Lula/Dilma e FHC/Serra
Reproduzo várias “notinhas” enviadas por um amigo internauta de Brasília:
Saúde:
FHC aumentou os gastos com saúde de 18 bilhões em 1999 para 25 bilhões em 2002: 7 bilhões de aumento.
Lula aumentou os gastos com saúde daqueles 25 para 54, em 2009: são 29 bilhões de reais a mais!
Com Dilma, mais saúde!
Ciência e tecnologia:
Com FHC, o gastos em ciência e tecnologia passaram de 953 milhões para 2 bilhões e 79 milhões de reais em 2002. Um aumento de pouco mais de 1 bilhão...
Com Lula, os gastos em ciência e tecnologia passaram de 2,7 bilhões para 5 bilhões e 800 milhões!
Foram 3 bilhões de reais a mais!
Mais de 3 vezes mais!
A ciência é o futuro! Vote em Dilma!
Segurança pública:
Com FHC, o número de policiais federais passou de 7.316 em 1995 para 9.231 em 2002.
Com Lula, o número de policiais federais passou de 9.231 em 2002 para 14.383 em 2009!
FHC aumentou o número de policiais em 2 mil.
Lula aumentou 5 mil, duas vezes e meia !
Ter segurança é votar em Dilma!
Redução da pobreza:
Com FHC, os pobres passaram de 52 milhões em 1995 para 58 milhões em 2002.
Com Lula, os pobres se reduziram a 40 milhões em 2009.
O número de pobres aumentou em 6 milhões com FHC!
Com Lula, o número de pobres se reduziu em 18 milhões!
Um aumentou a pobreza; o outro a reduziu!
Votar em Dilma é lutar contra a pobreza!
Crédito internacional:
Com FHC, em dezembro de 1995, a dívida externa pública era de 38 bilhões de reais e passou para 237 bilhões de reais em 2002.
Com Lula, a dívida externa caiu 237 bilhões de reais e se transformou em um crédito de 287 bilhões de reais em 2009.
Com FHC, a dívida se multiplicou por seis!
Com Lula, o Brasil passou de devedor a credor!
É preciso comparar!
Votar em Dilma é garantir o Brasil credor!
Salário mínimo:
Em janeiro de 1995, o salário mínimo era de 70 reais.
Em janeiro de 2003, o salário mínimo era de 200 reais.
FHC aumentou o salário mínimo em 130 reais...
Com Lula, o salário mínimo aumentou de 200 reais em 2003 para 510 reais em 2010!
310 reais de aumento.
Bem mais do que o dobro!
Votar em Dilma é garantir um salário melhor!
Reservas internacionais:
Em dezembro de 2002, último ano de FHC, as reservas brasileiras eram de apenas 38 bilhões de dólares...
Com Lula, as reservas brasileiras passaram de 49 bilhões de dólares em 2003 para atingir 280 bilhões de dólares em outubro de 2010.
Com FHC, 38 bilhões...
Com Lula, 280 bilhões. Sete vezes mais!
Votar em Dilma é garantir a nossa tranqüilidade externa!
Exportações:
As exportações brasileiras passaram de 47 bilhões de dólares em 1995 para 61 bilhões em 2002.
Com Lula cresceram de 73 bilhões de dólares em 2003 para 145 bilhões em 2010: dobraram.
Com FHC, mais 14 bilhões...
Com Lula, mais 72 bilhões. Cinco vezes mais!
Votar em Dilma é garantir o futuro das exportações!
Inflação:
A inflação com FHC foi na média por ano de 9,2%...
Com Lula, a inflação média anual foi de 5,8%. Praticamente a metade!
Dilma garantirá preços baixos!
Geração de empregos:
FHC criou 5 milhões de empregos...
Lula criou 14 milhões de empregos...
Quase três vezes mais!
Vote em Dilma para poder trabalhar!
Crédito para consumo:
O crédito dos bancos públicos aos consumidores e aos produtores brasileiros cresceu de 109 bilhões (1995) para 145 bilhões (2002). 36 bilhões de aumento...
Com Lula, passou de 145 bilhões para 593 bilhões em 2010: um aumento de 448 bilhões! Dez vezes mais crédito para comprar e investir!
Crescer é crédito; crédito é Dilma!
Educação:
Em 2002, no último ano de FHC, as despesas com educação foram de 13 bilhões de reais.
Com Lula, a educação passou de 13 bilhões para 28 bilhões de reais: 15 bilhões de reais a mais!
Educação é com Dilma!
Agricultura familiar:
Com FHC, os valores efetivamente gastos subiram de 410 milhões, em 1999, para 2 bilhões e 160 milhões em 2002. Aumento importante de 1 bilhão e 700 milhões!
Com Lula, passaram de 2 bilhões e 160 milhões para 10 bilhões e 790 milhões!
Um aumento extraordinário de 8 bilhões e meio!
Votar em Dilma é alimento em sua mesa!
Saneamento básico:
Com FHC, os gastos orçamentários com saneamento caíram de 161 milhões, em 2000, para 97 milhões em 2002. Menos 64 milhões!
Com Lula, os gastos com saneamento passaram de 59 milhões, em 2003, para 845 milhões em 2009. Um aumento de 786 milhões de reais!
Votar em Dilma pela saúde!
Crédito para a indústria:
Com FHC, os desembolsos do BNDES para as indústrias cresceram de 7 bilhões de reais em 1995 para 38 bilhões em 2002. 31 bilhões de aumento!
Com Lula, os desembolsos passaram de 35 bilhões em 2003 para 137 bilhões em 2009. 102 bilhões de aumento!
Com Dilma, industrializar para crescer!
Amazônia:
No Governo Lula, o desmatamento na Amazônia caiu de 21 mil km2 para 7 mil km2! Três vezes menor!
Votar em Dilma é preservar a Amazônia!
Meio Ambiente:
Com FHC, foram destinados 13 milhões de hectares a áreas de conservação ambiental na Amazônia...
Com Lula, foram 22 milhões de hectares!
Com Dilma, pela Amazônia!
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Saúde:
FHC aumentou os gastos com saúde de 18 bilhões em 1999 para 25 bilhões em 2002: 7 bilhões de aumento.
Lula aumentou os gastos com saúde daqueles 25 para 54, em 2009: são 29 bilhões de reais a mais!
Com Dilma, mais saúde!
Ciência e tecnologia:
Com FHC, o gastos em ciência e tecnologia passaram de 953 milhões para 2 bilhões e 79 milhões de reais em 2002. Um aumento de pouco mais de 1 bilhão...
Com Lula, os gastos em ciência e tecnologia passaram de 2,7 bilhões para 5 bilhões e 800 milhões!
Foram 3 bilhões de reais a mais!
Mais de 3 vezes mais!
A ciência é o futuro! Vote em Dilma!
Segurança pública:
Com FHC, o número de policiais federais passou de 7.316 em 1995 para 9.231 em 2002.
Com Lula, o número de policiais federais passou de 9.231 em 2002 para 14.383 em 2009!
FHC aumentou o número de policiais em 2 mil.
Lula aumentou 5 mil, duas vezes e meia !
Ter segurança é votar em Dilma!
Redução da pobreza:
Com FHC, os pobres passaram de 52 milhões em 1995 para 58 milhões em 2002.
Com Lula, os pobres se reduziram a 40 milhões em 2009.
O número de pobres aumentou em 6 milhões com FHC!
Com Lula, o número de pobres se reduziu em 18 milhões!
Um aumentou a pobreza; o outro a reduziu!
Votar em Dilma é lutar contra a pobreza!
Crédito internacional:
Com FHC, em dezembro de 1995, a dívida externa pública era de 38 bilhões de reais e passou para 237 bilhões de reais em 2002.
Com Lula, a dívida externa caiu 237 bilhões de reais e se transformou em um crédito de 287 bilhões de reais em 2009.
Com FHC, a dívida se multiplicou por seis!
Com Lula, o Brasil passou de devedor a credor!
É preciso comparar!
Votar em Dilma é garantir o Brasil credor!
Salário mínimo:
Em janeiro de 1995, o salário mínimo era de 70 reais.
Em janeiro de 2003, o salário mínimo era de 200 reais.
FHC aumentou o salário mínimo em 130 reais...
Com Lula, o salário mínimo aumentou de 200 reais em 2003 para 510 reais em 2010!
310 reais de aumento.
Bem mais do que o dobro!
Votar em Dilma é garantir um salário melhor!
Reservas internacionais:
Em dezembro de 2002, último ano de FHC, as reservas brasileiras eram de apenas 38 bilhões de dólares...
Com Lula, as reservas brasileiras passaram de 49 bilhões de dólares em 2003 para atingir 280 bilhões de dólares em outubro de 2010.
Com FHC, 38 bilhões...
Com Lula, 280 bilhões. Sete vezes mais!
Votar em Dilma é garantir a nossa tranqüilidade externa!
Exportações:
As exportações brasileiras passaram de 47 bilhões de dólares em 1995 para 61 bilhões em 2002.
Com Lula cresceram de 73 bilhões de dólares em 2003 para 145 bilhões em 2010: dobraram.
Com FHC, mais 14 bilhões...
Com Lula, mais 72 bilhões. Cinco vezes mais!
Votar em Dilma é garantir o futuro das exportações!
Inflação:
A inflação com FHC foi na média por ano de 9,2%...
Com Lula, a inflação média anual foi de 5,8%. Praticamente a metade!
Dilma garantirá preços baixos!
Geração de empregos:
FHC criou 5 milhões de empregos...
Lula criou 14 milhões de empregos...
Quase três vezes mais!
Vote em Dilma para poder trabalhar!
Crédito para consumo:
O crédito dos bancos públicos aos consumidores e aos produtores brasileiros cresceu de 109 bilhões (1995) para 145 bilhões (2002). 36 bilhões de aumento...
Com Lula, passou de 145 bilhões para 593 bilhões em 2010: um aumento de 448 bilhões! Dez vezes mais crédito para comprar e investir!
Crescer é crédito; crédito é Dilma!
Educação:
Em 2002, no último ano de FHC, as despesas com educação foram de 13 bilhões de reais.
Com Lula, a educação passou de 13 bilhões para 28 bilhões de reais: 15 bilhões de reais a mais!
Educação é com Dilma!
Agricultura familiar:
Com FHC, os valores efetivamente gastos subiram de 410 milhões, em 1999, para 2 bilhões e 160 milhões em 2002. Aumento importante de 1 bilhão e 700 milhões!
Com Lula, passaram de 2 bilhões e 160 milhões para 10 bilhões e 790 milhões!
Um aumento extraordinário de 8 bilhões e meio!
Votar em Dilma é alimento em sua mesa!
Saneamento básico:
Com FHC, os gastos orçamentários com saneamento caíram de 161 milhões, em 2000, para 97 milhões em 2002. Menos 64 milhões!
Com Lula, os gastos com saneamento passaram de 59 milhões, em 2003, para 845 milhões em 2009. Um aumento de 786 milhões de reais!
Votar em Dilma pela saúde!
Crédito para a indústria:
Com FHC, os desembolsos do BNDES para as indústrias cresceram de 7 bilhões de reais em 1995 para 38 bilhões em 2002. 31 bilhões de aumento!
Com Lula, os desembolsos passaram de 35 bilhões em 2003 para 137 bilhões em 2009. 102 bilhões de aumento!
Com Dilma, industrializar para crescer!
Amazônia:
No Governo Lula, o desmatamento na Amazônia caiu de 21 mil km2 para 7 mil km2! Três vezes menor!
Votar em Dilma é preservar a Amazônia!
Meio Ambiente:
Com FHC, foram destinados 13 milhões de hectares a áreas de conservação ambiental na Amazônia...
Com Lula, foram 22 milhões de hectares!
Com Dilma, pela Amazônia!
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Para quem confia em mim
Reproduzo artigo da blogueira gaúcha Sônia Correa, do blog Coisas da Soninha:
Escrevo pra ti mais uma vez, em nome do profundo respeito que tenho pelas pessoas de meu convívio e pelo compromisso de vida que assumi comigo mesma, de lutar por um país justo, de igualdade e fraternidade.
Por isso, neste domingo, quero te pedir o voto. Mas, não quero que tu votes na minha candidata Dilma 13 só porque estou te pedindo. Quero que tu votes nela, pelos compromissos desta candidatura e pelas comparação que eu gostaria que tu fizesses.
Amigos (as), desde 1986 eu acompanho eleições. Posso lhes garantir que nunca assisti uma campanha tão suja, com tanta mentira e difamação promovida pelo PSDB, pelo Serra e sua turma, que para mim só tem uma classificação: “quadrilha”.
Eu não vou entrar nesta mesma linha, porque sou contra este tipo de atitude, que tenta incutir nas pessoas o julgamento moral e o preconceito mais baixo. Quero falar de atitudes concretas e de projetos.
Para começar, vamos falar da diferença entre prometer e fazer. Por exemplo: Serra diz que vai aumentar o salário mínimo para R$ 600. Entretanto, o Rio Grande do Sul (governado pelo PSDB – Yeda) e São Paulo (governado pelo próprio José Serra) tem os dois menores pisos regionais salariais do Brasil. RS: piso de R$ 546. SP: piso de R$ 560. Ou seja, uma promessa tão falsa quanto essa nota aí.
Além disso, em 96 e 97, quando Serra foi ministro de FHC, o salário mínimo reduziu em 5,26%. No governo deles o salário mínimo equivalia 56 dólares e não comprava nem UMA cesta básica. Hoje o valor é equivalente a 300 dólares e com ele é possível comprar mais do que DUAS cestas básicas.
Serra também promete que vai aumentar o salário dos aposentados em 10%. Para quem não se lembra, foi exatamente Serra e FHC que criaram o Fator Previdenciário, que penaliza os aposentados. Além disso, foram eles que desvincularam o aumento dos aposentados do aumento do salário mínimo.
Ele diz também que vai dar 13º para o Bolsa Família. Só que quando foi governo nunca fizeram nenhuma política de distribuição de renda neste país. É muito fácil beijar com a boca dos outros. Foi Lula e Dilma 13 que criaram o Bolsa Família que beneficia 12,7 milhões de famílias brasileiras e que foi responsável pela retirada de milhões de pessoas da linha da miséria.
Serra diz que foi ele quem criou o seguro desemprego. Essa é mais uma das grandes mentiras de José Serra. O seguro desemprego foi criado pelo decreto presidencial nº 2.283 de 27 de fevereiro de 1986, assinado pelo então presidente José Sarney. Mas, digamos que fosse verdade...
O trabalhador não quer seguro desemprego. Ele quer emprego. E, nisso o governo de Lula e Dilma 13 também fizeram gol. A gente se lembra que o desemprego era um fantasma que assustava as famílias brasileiras, até 2002. Durante os oito anos do Governo Lula/Dilma foram criados 15 milhões de novos empregos com carteira assinada.
E por falar em carteira assinada, que é o que garante os direitos dos trabalhadores, PSDB e DEM sustentaram o Projeto de Lei 6272, que ficou conhecido como a Emenda 3, que tinha o objetivo de acabar com a CLT – Consolidação das Leis do Trabalho, ou seja, acabar com todos os direitos trabalhistas.
Graças ao governo Lula/Dilma, isso não aconteceu. O presidente Lula vetou a Emenda 3.
Serra anda falando por aí de valorização da educação e dos professores, fala do PROUNI e que vai criar um tal de PROTEC (para escolas técnicas). Essa poderia ser considerada uma das maiores piadas de sua campanha, se não fosse tão grave o tratamento que ele dá à questão da educação.
Os professores paulistas sabem bem o que recebem de José Serra. Não é valorização, não. É cacetada. É assim que José Serra recebe os professores quando estes pedem aumento de salário.
Quanto ao PROUNI, criado por Lula/Dilma, o DEM, partido do vice do Serra, entrou no Supremo tentando acabar com este programa. É que eles não admitem, mas no fundo não aceitam pobre na universidade pública e menos ainda nas privadas.
Agora, falar de escolas técnicas é, definitivamente, zombar da nossa inteligência. Até 2002 havia no país 140 escolas técnicas federais. Somente durante o governo Lula/Dilma foram criadas mais 179 novas escolas técnicas federais e Dilma 13 vai criar mais 150.
Também é necessário falar sobre o Pré-Sal que, para quem não tem isso muito claro, trata-se de uma imensa reserva de petróleo de alta qualidade descoberta recentemente no país. O Pré-Sal vai gerar muito, mas muito dinheiro mesmo para o Brasil. Lula e Dilma 13 já trataram de garantir na Lei que este dinheiro fique para o país e seja investido em programas sociais.
É por isso que Dilma 13 afirma, com muita convicção, que ela fará o governo que vai acabar com a pobreza no Brasil. Isso é muito sério. Agora, isso só vai acontecer se quem assumir o governo seja alguém com compromisso com as questões sociais.
Por tudo o que eu falei acima e, principalmente, pelo exemplo que Serra já deu quando foi governo, sendo o cara que batia o martelo nas privatizações, é que não dá para confiar que eles vão manter o Pré-Sal como patrimônio o povo brasileiro.
Sobre o monte de boatos, mentiras e fofocas eu não vou falar. É nojento demais. É como alguém dizer que tu gostas de amendoim e tu dizer que tu não gostas de amendoim. O que vale é o que disseram ou o que tu dizes?
Por tudo isso, amigos e amigas, é que quero pedir teu voto em Dilma 13, para o Brasil seguir mudando e investindo em quem mais precisa: o povo trabalhador desse gigante verde-amarelo.
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Escrevo pra ti mais uma vez, em nome do profundo respeito que tenho pelas pessoas de meu convívio e pelo compromisso de vida que assumi comigo mesma, de lutar por um país justo, de igualdade e fraternidade.
Por isso, neste domingo, quero te pedir o voto. Mas, não quero que tu votes na minha candidata Dilma 13 só porque estou te pedindo. Quero que tu votes nela, pelos compromissos desta candidatura e pelas comparação que eu gostaria que tu fizesses.
Amigos (as), desde 1986 eu acompanho eleições. Posso lhes garantir que nunca assisti uma campanha tão suja, com tanta mentira e difamação promovida pelo PSDB, pelo Serra e sua turma, que para mim só tem uma classificação: “quadrilha”.
Eu não vou entrar nesta mesma linha, porque sou contra este tipo de atitude, que tenta incutir nas pessoas o julgamento moral e o preconceito mais baixo. Quero falar de atitudes concretas e de projetos.
Para começar, vamos falar da diferença entre prometer e fazer. Por exemplo: Serra diz que vai aumentar o salário mínimo para R$ 600. Entretanto, o Rio Grande do Sul (governado pelo PSDB – Yeda) e São Paulo (governado pelo próprio José Serra) tem os dois menores pisos regionais salariais do Brasil. RS: piso de R$ 546. SP: piso de R$ 560. Ou seja, uma promessa tão falsa quanto essa nota aí.
Além disso, em 96 e 97, quando Serra foi ministro de FHC, o salário mínimo reduziu em 5,26%. No governo deles o salário mínimo equivalia 56 dólares e não comprava nem UMA cesta básica. Hoje o valor é equivalente a 300 dólares e com ele é possível comprar mais do que DUAS cestas básicas.
Serra também promete que vai aumentar o salário dos aposentados em 10%. Para quem não se lembra, foi exatamente Serra e FHC que criaram o Fator Previdenciário, que penaliza os aposentados. Além disso, foram eles que desvincularam o aumento dos aposentados do aumento do salário mínimo.
Ele diz também que vai dar 13º para o Bolsa Família. Só que quando foi governo nunca fizeram nenhuma política de distribuição de renda neste país. É muito fácil beijar com a boca dos outros. Foi Lula e Dilma 13 que criaram o Bolsa Família que beneficia 12,7 milhões de famílias brasileiras e que foi responsável pela retirada de milhões de pessoas da linha da miséria.
Serra diz que foi ele quem criou o seguro desemprego. Essa é mais uma das grandes mentiras de José Serra. O seguro desemprego foi criado pelo decreto presidencial nº 2.283 de 27 de fevereiro de 1986, assinado pelo então presidente José Sarney. Mas, digamos que fosse verdade...
O trabalhador não quer seguro desemprego. Ele quer emprego. E, nisso o governo de Lula e Dilma 13 também fizeram gol. A gente se lembra que o desemprego era um fantasma que assustava as famílias brasileiras, até 2002. Durante os oito anos do Governo Lula/Dilma foram criados 15 milhões de novos empregos com carteira assinada.
E por falar em carteira assinada, que é o que garante os direitos dos trabalhadores, PSDB e DEM sustentaram o Projeto de Lei 6272, que ficou conhecido como a Emenda 3, que tinha o objetivo de acabar com a CLT – Consolidação das Leis do Trabalho, ou seja, acabar com todos os direitos trabalhistas.
Graças ao governo Lula/Dilma, isso não aconteceu. O presidente Lula vetou a Emenda 3.
Serra anda falando por aí de valorização da educação e dos professores, fala do PROUNI e que vai criar um tal de PROTEC (para escolas técnicas). Essa poderia ser considerada uma das maiores piadas de sua campanha, se não fosse tão grave o tratamento que ele dá à questão da educação.
Os professores paulistas sabem bem o que recebem de José Serra. Não é valorização, não. É cacetada. É assim que José Serra recebe os professores quando estes pedem aumento de salário.
Quanto ao PROUNI, criado por Lula/Dilma, o DEM, partido do vice do Serra, entrou no Supremo tentando acabar com este programa. É que eles não admitem, mas no fundo não aceitam pobre na universidade pública e menos ainda nas privadas.
Agora, falar de escolas técnicas é, definitivamente, zombar da nossa inteligência. Até 2002 havia no país 140 escolas técnicas federais. Somente durante o governo Lula/Dilma foram criadas mais 179 novas escolas técnicas federais e Dilma 13 vai criar mais 150.
Também é necessário falar sobre o Pré-Sal que, para quem não tem isso muito claro, trata-se de uma imensa reserva de petróleo de alta qualidade descoberta recentemente no país. O Pré-Sal vai gerar muito, mas muito dinheiro mesmo para o Brasil. Lula e Dilma 13 já trataram de garantir na Lei que este dinheiro fique para o país e seja investido em programas sociais.
É por isso que Dilma 13 afirma, com muita convicção, que ela fará o governo que vai acabar com a pobreza no Brasil. Isso é muito sério. Agora, isso só vai acontecer se quem assumir o governo seja alguém com compromisso com as questões sociais.
Por tudo o que eu falei acima e, principalmente, pelo exemplo que Serra já deu quando foi governo, sendo o cara que batia o martelo nas privatizações, é que não dá para confiar que eles vão manter o Pré-Sal como patrimônio o povo brasileiro.
Sobre o monte de boatos, mentiras e fofocas eu não vou falar. É nojento demais. É como alguém dizer que tu gostas de amendoim e tu dizer que tu não gostas de amendoim. O que vale é o que disseram ou o que tu dizes?
Por tudo isso, amigos e amigas, é que quero pedir teu voto em Dilma 13, para o Brasil seguir mudando e investindo em quem mais precisa: o povo trabalhador desse gigante verde-amarelo.
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Globogate: a farsa da mídia golpista
Reproduzo três artigos de Antonio Martins, da série Globogate, publicados no sítio Outras Palavras:
A semana em que as elites perderam a noção (1)
A esta altura, restam muito poucas dúvidas: tudo indica que também o vídeo da suposta “segunda agressão” a José Serra no bairro carioca de Campo Grande (20/10) foi manipulado pela Rede Globo. Denunciada mundialmente no Twitter, na sexta-feira (22/10), após a aparição de análises que demonstram fusão falsificadora de imagens, a emissora não procurou se defender, nas edições seguintes do Jornal Nacional.
Sua redação paulista fora palco, na véspera, de uma cena insólita. Os próprios jornalistas vaiaram a “edição” das cenas em que o candidato do PSDB é atingido por um rolo de fita adesiva, materializado do nada. Na madrugada posterior às denúncias de fraude (23h09 de 22/10), o site da Globo exibiu discretamente uma nota do “perito” Ricardo Molina. Redigido depois que os sinais de fusão fraudulenta de imagens tornaram-se evidentes, o texto procura, em essência isentar a emissora em investigações futuras sobre falsificação. Molina alega que analisou material “encontrado na internet”.
À medida em que a primeira certeza se consolida, começa a se desenhar uma segunda. A provável manipulação de imagens não foi um fato isolado. Ela articula-se com outro assunto que dominou o noticiário da velha mídia esta semana. Vazaram os depoimentos que o jornalista Amaury Ribeiro prestou à Polícia Federal, no inquérito sobre a quebra dos sigilos fiscais de Verônica Serra e outros expoentes do PSDB. O processo corre em sigilo de justiça. Porém, por serem parte envolvida, os advogados de Eduardo Jorge Caldas, ex-tesoureiro de campanha do partido, pediram, através de liminar, acesso às peças. São a fonte óbvia da inacreditável sequência de matérias publicadas, também a partir de 22/10, pela Folha de S.Paulo e Jornal Nacional.
Aqui, já não se trata, como se verá no terceiro texto desta série, de manipulação de imagens – mas de substituição explícita do jornalismo pelo panfleto partidário. Tendo acesso exclusivo ao depoimento de Amary Ribeiro, a Folha e o JN esconderam de seus leitores uma série assombrosa de informações ou pistas de grande relevância. Preferiram destacar em manchete, durante quatro dias, uma penca de ninharias, pinçadas com claro intuito de servir à campanha de José Serra. A tentativa foi reforçada pela edição de Veja que circula este fim-de-semana.
Iniciado na quarta-feira – poucas horas, portanto, depois de o candidato tucano comparecer à Globo para uma entrevista ao vivo no Jornal Nacional – o movimento inclui sinais de ataque flagrante ao direito à informação, praticado por empresas que se beneficiam de concessão e pesados subsídios públicos. Foi, provavelmente, concebido para desencadear, a onze dias do pleito, a última tentativa de vitória do candidato conservador, numa disputa em que está em jogo, também, o destino das reservas do Pré-Sal.
A força da velha mídia chocou-se, porém, com a rebeldia da internet. Entre quarta e sexta-feira, as manipulações imagéticas e factuais foram desfeitas por uma rede – auto-organizada e informal, porém muito potente – de busca e difusão da verdade. Personagens quase-anônimos desmontaram, com inteligência e conhecimento, as tentativas da Globo de fabricar a “agressão” a Serra. Jornalistas como Luís Nassif demonstraram o caráter partidista das “reportagens” da Folha. Graças ao Twitter e ao Facebook, cada nova descoberta era retransmitida instantaneamente por milhares de pessoas, o que estimulava novas investigações.
No momento em que este texto é concluído, a batalha não está decidida. O contra-ataque da blogosfera – reforçado por uma fala corajosa, de Lula, denunciando a farsa pró-Serra (na quinta-feira, 21/10) – amedrontou temporariamente a Rede Globo, a Folha e a própria campanha do PSDB. Desde sexta à noite, quando difundiram-se os vídeos que desmentiam o Jornal Nacional, a investida refluiu. O recuo, a esta altura, pode ter sido fatal para as Serra.
Após as eleições será indispensável investigar o episódio da semana passada. A depender da mobilização social, ele poderá ser conhecido, no futuro, como o GloboGate. Ou o momento em que o setor mais conservador das elites brasileiras abusou descontroladamente do controle que exerce sobre a mídia, a ponto de provocar, como resposta, um amplo movimento pela democratização das comunicações.
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A batalha de Campo Grande (2)
Por volta da meia noite de quinta-feira (21/10), o professor José Antonio Meira da Rocha sentiu a aguilhoada de uma pulga, atrás da orelha. Três horas antes, ele havia assistido ao Jornal Nacional, e “quase” se convencera com as explicações do “perito” Ricardo Molina. Claro, havia exagero e encenação: é insólito fazer tomografia no cérebro depois de sentir na testa o choque de um rolo de fita adesiva. Mas as imagens pareciam mostrar que José Serra havia sido, de fato, atingido por um objeto um pouquinho mais pesado que uma bola de papel.
Como complemento a suas aulas de Jornalismo Gráfico, no campus de Frederico Westfalen da Universidade Federal de Santa Maria, José Antonio tem o hábito de debater, com os alunos, tratamento de imagens na internet ou na TV. Instalou em seu computador uma placa de captura de vídeo de 120 reais. Usa o programa Avidemux (eu Ubuntu-Linux) para examinar quadro a quadro tudo o que assiste.
Algo chamou a atenção de José Antonio, quando analisava as imagens da Globo. A suposta fita adesiva surgia do nada. Não aparecia nem antes, nem depois de tocar a cabeça de Serra. O professor comparou com as cenas da bolinha de papel. Nestas, há uma trajetória, um antes e um depois – ainda que o objeto surja naturalmente distorcido, como um risco de luz.
O professor José Antonio considera risível o trecho em que o “perito” Ricardo Molina assegura, em seu laudo das 23h09 de 22/10, que Serra foi atingido por um objeto real, descartando uma fusão de imagens. “Molina, um especialista em áudios, não deveria aventurar-se a análises de vídeo. Ao argumentar que o ‘objeto’ que aparece sobre a cabeça Serra não é ilusório porque tem formas definidas, ele reforça a hipótese contrária. A característica principal do efeito artifact é ser uma distorção. Imagens tênues assumem, quando muito comprimidas, a aparência de objetos com formas exageradamente geométricas. Enxergar o resultado como prova é grosseiro”.
Inquieto com uma fita adesiva que se materializava num único quadro, sem existência anterior ou posterior, José Antonio decidiu escrever uma mensagem a seus alunos e às listas de internet especializadas em jornalismo: uma na Universidade do Texas (seguida por dezenas de jornalistas brasileiros), outra no Fórum pela Democratização das Comunicações. Animou-se, enquanto redigia. Ao final, decidiu postar a análise também em seu blog. Foi dormir às três da madrugada de sexta (22/10). Ao acordar, às onze, estava fora do ar, devido ao excesso de audiência… O desmascaramento do Jornal Nacional de quinta-feira – o feito mais decisivo na batalha que a velha e a nova mídia travaram, durante 48 horas e em dois rounds, começava a ganhar a blogosfera.
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A disputa começou na tarde de quarta-feira. Ao decidir deslocar-se ao Calçadão de São Cristóvão, José Serra contrariou todas as estratégias razoáveis para a campanha de um candidato em segundo turno. Ao menos, para uma campanha normal: de convencimento, diálogo com formadores de opinião e geração de emoções positivas, capazes de se converter em votos.
No Rio de Janeiro, Serra teve seu quinto pior resultado no primeiro turno: apenas 22,5% dos votos [1]. Entre as centenas de zonas eleitorais do Rio, as sete que atendem os eleitores de Campo Grande [2] estão entre as menos favoráveis ao candidato tucano. Nelas, sua média cai para 18%. Ele perde invariavelmente de Dilma e de Marina, chegando a 15,9% na 246ª zona – onde por pouco não ficou atrás de brancos e nulos (12,3%).
Por fim, em todo o extenso bairro de Campo Grande (o terceiro em área, no Rio), o Calçadão é, talvez, o setor mais adverso ao candidato. São três ruas curtas e muito estreitas, dominadas por comércio popular e ambulante (veja fotos e visão de rua, no Google). A dez dias das urnas, e cerca de dez milhões de votos atrás de sua adversária, quantos sufrágios seria possível recuperar por lá?
Milhões – caso se criasse um fato político capaz de provocar comoção nacional. A cinco minutos do Calçadão [3], está localizada a sede do SintSaúde, o sindicato dos “mata-mosquitos”, agentes da Fundação Nacional de Saúde encarregados de parte do combate à dengue. Entre as milhares categorias profissionais em que se dividem os trabalhadores brasileiros, é, provavelmente, a que mais teme José Serra. No rastro do “ajuste fiscal” determinado por Fernando Henrique Cardoso em 1999, ele demitiu 6 mil destes trabalhadores de uma vez – um ato tido por muitos como causa do alastramento da epidemia, no período seguinte. A maior parte foi readmitida por Lula, anos depois.
A presença de Serra soaria aos “mata-mosquitos”, é evidente, como uma provocação. Na tarde de quarta-feira, um número expressivo deles preparou cartazes às pressas e se dirigiu ao Calçadão para contrapor-se ao candidato. Fizeram-no de modo pacífico. Foram agredidos pelos segurança do candidato e se exaltaram, o que permitiu à mídia gerar fotos e vídeos de tumulto.
Ainda assim, nenhuma imagem é capaz, até agora, de justificar as duas cenas em que Serra leva as mãos à cabeça – numa delas, produzindo impressão de dor; noutra, imediatamente após falar ao telefone. Foi em torno destas fotos e vídeos que se produziram as duas etapas da disputa.
* * *
A primeira vai da tarde de quarta-feira até a noite de quinta. Por volta das 15h, o site G1, da Globo “informa” que José Serra fora “atingido na cabeça”, após tumulto provocado por “militantes petistas” em Campo Grande. O filme que acompanha a narrativa, porém não sugere nada grave. O candidato aparece sereno, em todas as cenas. Na última, em que se retira da área, acena e sorri.
Na sequência, produz-se algo curioso. A Globo deixa de destacar, em seus sites, o vídeo que ela própria produzira. Ele é substituído por uma foto estática, na qual Serra curva-se para baixo, leva as mãos à cabeça e é circundado por pessoas que gritam. A notícia ganha dramaticidade crescente. O candidato submete-se a tomografia e é aconselhado, por um oncologista (!) ligado ao PSDB e ao DEM [4], a 24 horas de repouso.
O jornalista Paulo Henrique Amorim reage quase de imediato, em seu blog. Percebendo grande exagero na repercussão dada ao incidente, compara José Serra a Roberto Rojas, o goleiro da seleção chilena que, em 1989, simulou ter sido atingido por um rojão em jogo contra o Brasil, em 1989. Começa, com este mote, a primeira grande onda de resistência à manipulação. Seu meio principal é o Twitter, onde toda postagem pode associada a um assunto (“tag”) e é possível, graças a isso, acompanhar o que milhões de pessoas escrevem sobre o mesmo tema.
Em algumas horas, a “tag” #serrarojas espalha-se. A corrente leva milhares de pessoas à investigação jornalística – um fenômeno muito mais potente que o antigo “esforço de reportagem” dos jornalões. Na busca, descobre-se o vídeo do SBT sobre a caminhada.
A novidade desperta uma catarse. Parece desnudar-se, de forma patética, um comportamento farsesco, presente em toda a campanha de Serra. “Hoje aprendemos que, quando atingidos por uma bolinha de papel, devemos fazer tomografia”, diz uma postagem de ironia sutil, no Twitter. Centenas de outras debocham do fato de o candidato ter manifestado dor vinte minutos depois do choque com a folha de papel A4 amassada – e logo após ter recebido um telefonema.
Lula, que na quarta-feira estivera a ponto de telefonar a José Serra, solidarizando-se com ele contra a “agressão” sofrida, executou um giro. Na manhã de quinta, ao inaugurar o polo naval do Rio Grande do Sul, fez uma declaração que mudaria o curso da campanha, por obrigar Serra a atacá-lo diretamente. “A mentira que foi produzida ontem pela equipe de publicidade do candidato José Serra é uma coisa vergonhosa. Ontem deveria ser conhecido como dia da farsa, dia da mentira. (…)Espero que o candidato tenha um minuto de bom senso e peça desculpas ao povo brasileiro pela mentira descarada”
Entre a manhã e a tarde de quinta-feira, #serrarojas tornou-se uma preferência mundial, um fenômeno tão impressionante quanto o “Cala Boca, Galvão” — que chegou a merecer, durante a Copa do Mundo, uma capa de Veja… Nesse mesmo período, começou, porém, uma reação. Diante da chacota que se seguiu à revelação de que uma bolinha de papel “ferira” José Serra, surgia – vinte e quatro horas depois do incidente de Campo Grande – um “novo” vídeo. Feito pelo repórter Ítalo Nogueira, num telefone celular, tem qualidade muito precária. Apareceu primeiro no site da Folha de S.Paulo, no meio da tarde de quinta. Embora tenha tomado a iniciativa de divulgá-lo, a sucursal carioca do jornal jamais chegou às conclusões que a Rede Globo sacaria (leia coluna de Jânio de Freitas a respeito).
À noite, poucas horas depois de difundidas, as novas imagens ganhavam o país por meio do Jornal Nacional. Eram uma espécie de revanche: por isso, precisavam ser tratadas como verdade absoluta. Ocuparam sete minutos do noticiário – um tempo só concedido, em condições normais, aos grandes acontecimentos nacionais ou internacionais. Zombavam de milhões de usuários do Twitter, e do próprio Lula. Ressuscitavam a foto dramática em que Serra leva as mãos a cabeça. “Explicavam” que, além da bolinha, o candidato havia sido atingido por outro objeto, “mais consistente”. Vinham com a suposta chancela do “perito” Ricardo Molina – um “especialista” cultivado pela Globo, cujo currículo inclui a tentativa de culpar o MST pelo massacre de Eldorado de Carajás; de “demonstrar” que PC Farias suicidou-se; e de inocentar o casal Nardoni pela morte da menina Isabela.
Tinham o poder da Rede Globo: sua audiência, sua capacidade de repercutir imediatamente e influenciar outras mídias. Tudo indica que teriam promovido um tufão. Em especial, porque supostamente desautorizavam os dois pilares essenciais à candidatura Dilma: a mobilização social e o apoio do presidente mais popular da história do país. Em outras condições, teriam permitido à emissora exercer o mesmo papel que desempenhou nas eleições de 1989 – e que tentou cumprir em 2006.
Agora, foi diferente. O professor José Antonio Meira Rocha foi o primeiro a contestar o Jornal Nacional e seu “perito”. A partir das primeiras horas da manhã de sexta, o Twitter deu publicidade intensa e rápida a seu esforço. Em algumas horas, desenhava-se um novo fenômeno na internet, mais consistente que o anterior. Agora, a “tag” #globomente substituía #serrarojas. Já não era apenas o desprezo às mistificações de um candidato – mas o protesto claro contra um sinal evidente de manipulação mediática, praticado pela maior emissora do Brasil.
A análise de Meira Rocha fora feita com equipamento amador, nas últimas horas de vigília após um dia de trabalho. Mas o Twitter deslanchou uma nova onda de esforço coletivo. Na trilha aberta pelo professor, e dispondo de mais tempo, outros estudos evidenciaram com clareza ainda maior os sinais de fraude imagética. Vice-presidente do grupo Tortura Nunca Mais, o advogado Marcelo Zelic publicou no YouTube um estudo intitulado “Farsa em 6 partes”. Nele, além de destacar a ausência de trajetória na “fita crepe”, no vídeo exibido pela Globo, aponta os primeiros sinais de fusão deturpadora de imagens. Ao contrário do que ocorrera ao ser atingido por uma bolinha de papel, Serra permanecia inteiramente impassível, diante do choque com o que Molina chamara, na véspera, um “objeto maior e mais consistente”. Além disso, as cenas da “fita crepe” haviam sido fundidas com a foto em que o candidato leva as mãos à cabeça, em sinal de dor. Houvera um lapso de vinte minutos, entre os dois momentos. Juntá-los, como se fizessem parte de uma mesma sequência, era sinal evidente de má-fé.
Mas o estudo em que os sinais de falsificação são mais consistentes – e mais úteis, para uma investigação futura – é, provavelmente, “Bolinhagate”, postado também YouTube pelo cineasta Daniel Florêncio. Graças a sua experiência no tratamento de imagem, Florếncio aponta com clareza dois fatos eloquentes. O suposto rolo de fita crepe que teria “atingido” o candidato é, na verdade, distorção da cabeça de um correligionário, que está bem atrás de Serra. Ele permanece impassível simplesmente porque não pode sentir um impacto que não houve. O vídeo foi fundido com outra cena (Florêncio aponta o instante preciso da fusão, destacando objetos que surgem e desaparecem, em cada um dos trechos), para transmitir a falsa impressão de que, depois de “atingido”, Serra leva as mãos à cabeça.
A multiplicação das evidências de fraude, apontadas cada vez com mais detalhe, produz um novo fenômeno no Twitter. Na sexta-feira (22/10) à tarde, a “tag” #globomente está entre as três mais mencionadas, em todo o mundo. A Globo foi nocauteada no segundo round. O assunto desaparece por completo do Jornal Nacional, nesse dia e em todos os seguintes. Às 23h09, entra a nota do “perito” Molina, a tentativa de colocar uma pedra sobre o assunto.
No final da noite de sexta, o jornalista Paulo Cesar Rosa, diretor da Veraz Comunicação, de Porto Alegre, posta, via Twitter, uma hipótese perturbadora: “Se bobear, o Serra saiu, da entrevista que deu no dia anterior à Globo, com o roteiro da bolinha pronto”… Mais dois estudos – estes postados por Arcosta, no YouTube, dão força a esta possibilidade dramática. Eles (1 2) reúnem evidências de que a própria bolinha de papel que atingiu Serra tucano foi atirada não por “militantes petistas”, como a Globo fez questão de difundir desde o primeiro momento – mas por um guarda-costas do próprio candidato tucano…
Notas
1- Serra obteve 40,5% em São Paulo, 35,4% no Espírito Santo e 30,7% em Minas Gerais.
2- 120ª, 122ª, 242ª, 243ª, 244ª, 245ª e 246ª
3- Rua Mauá, 34
4- Jacob Klingerman foi diretor-geral do Instituto Nacional do Câncer, na gestão de José Serra como ministro da Saúde e secretário da Saúde do prefeito César Maia, do Rio.
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Como tutelar o seu leitor (3)
Meu Deus, o JN tem acesso a isso http://bit.ly/cVNb0M e faz aquela matéria sobre vazamento de sigilos. Na tarde de sexta-feira (22/10), o jornalista Luís Nassif fez questão de republicar, no Twitter, mensagem que recebera de LuizKK, outro membro da rede. Pouco antes, os sites dos jornais paulistas haviam disponibilizado, sem alarde, a íntegra de algo que haviam explorado por dias, em suas edições anteriores: o depoimento prestado à Polícia Federal (PF), uma semana antes (15/10), pelo jornalista Amaury Ribeiro.
O espanto de LuizKK e Nassif era justificado. Amaury é o personagem central de um tema que acompanhou (e influenciou) toda a disputa eleitoral: a quebra dos sigilos fiscais de Verônica Serra, filha do candidato do PSDB, e alguns expoentes do partido. A aparição do documento comprovou algo de que já se suspeitava: a parcialidade da velha mídia, ao atribuir, com insistência, o vazamento à campanha de Dilma. Mas revelou, também, algo novo. Na “semana em que as elites perderam a noção”, dois veículos – a Folha de S.Paulo e o Jornal Nacional (o JN, na mensagem de LuizKK) – levaram esta parcialidade a um ponto extremo, que um dia será tema de estudo nas escolas de Comunicação.
Numa evidente violação de seu compromisso com os leitores, eles triaram partidariamente o depoimento de Amaury. Os elementos que poderiam comprometer Dilma foram divulgados com espalhafato, “merecendo” por quatro edições da Folha (20 a 23/10) o status de principal assunto do dia (incluindo três manchetes). Enquanto isso, esconderam-se as afirmações do jornalista que comprometiam Serra em dois episódios. O primeiro é o processo de privatizações do governo FHC, durante o qual membros do PSDB – além de Verônica Serra – teriam se envolvido em corrupção e ou lavagem de dinheiro. O segundo, a disputa fratricida em que os tucanos se consumiram, para escolha de candidato à Presidência, com os dois lados (Serra e Aécio Neves) chegando a ponto de encomendar a preparação de dossiês sobre crimes cometidos pelo grupo adversário.
* * *
Para desfazer o cipoal em que a cobertura da mídia transformou o assunto, e compreendê-lo, é preciso retroceder à última semana de agosto. Uma apuração da Receita Federal verificou que, em 8 de outubro de 2009, servidores da Receita Federal no ABC Paulista haviam acessado declarações de Imposto de Renda de quatro integrantes do PSDB: o ex-diretor do Banco do Brasil (no governo FHC) e arrecadador de recursos do partido, Ricardo Sérgio de Oliveira; o ex-ministro das Comunicações no governo FHC, Luiz Carlos Mendonça de Barros; o vice-presidente do partido, Eduardo Jorge; e o empresário Gregório Marin Preciado, casado com uma prima-irmã de José Serra. Dias mais tarde, apurou-se que o mesmo sucedera com Verônica Serra, filha do candidato à Presidência.
O assunto dominou a mídia durante ao menos quinze dias. Foi destacado, em manchetes seguidas, por Veja, O Globo, Folha e Estado, além do JN. O acesso indevido a dados fiscais de milhões de contribuintes não é incomum. Inúmeras matérias, nos jornais e TVs, já destacaram a venda em massa de CDs com tais informações, em pontos como a Rua Santa Ifigênia, em São Paulo. No entanto, o fato foi tratado como espionagem política, quando envolveu os cinco tucanos.
Insinuou-se largamente que o vazamento fora produzido a mando de um “setor de inteligência” na campanha Dilma, que prepararia um “dossiê” sobre os tucanos. Veja falou em “enfraquecimento das instituições”, num texto intitulado “O Estado a serviço do Partido”, em edição cuja capa trazia a imagem de um polvo apoderando-se, com seus tentáculos, do brasão da República. Um editorial do Estado atribuiu a Lula a responsabilidade pelo incidente. A presença de Verônica acrescentou um componente sentimental ao caso: o aparelhamento da máquina pública, pelos adversários de Serra, ia a ponto de acossar a família do candidato…
* * *
A Polícia Federal abriu inquérito para apurar o caso. Ouviu 37 pessoas. Embora a investigação corra em sigilo de justiça, Eduardo Jorge – um dos que teve os dados fiscais vasculhados – valeu-se da condição de parte envolvida e requereu, por meio de liminar, acesso aos autos. É a fonte provável da retomada do tema, pela mídia. A partir de 20 de outubro, Folha e Jornal Nacional, depois secundados pelos outros jornais e por Veja, voltaram a tratar a quebra de sigilos como um assunto de relevância nacional.
Segundo a mídia, o jornalista Amaury Ribeiro é apontado no inquérito da PF como pivô do vazamento das informações fiscais dos tucanos. Amaury é um repórter experimentado, que passou pelos jornais de maior circulação do país e foi distinguido por três Prêmios Esso e quatro Vladimir Herzog. Nega que tenha encomendado a funcionários da Receita a consulta das declarações de Imposto de Renda dos tucanos. Admite que reúne, sobre o tema, um “dossiê”.
Porém, ao terem acesso a seu depoimento na PF, Folha e Jornal Nacional recolheram evidências que desmentem, por completo, a subordinação do trabalho de Amaury Ribeiro ao PT ou à campanha de Dilma. O jornalista premiado, que prepara um livro sobre as privatizações, relata, entre outros pontos, os seguintes.
1. Sua investigação teve início na virada da década passada, quando transitou entre a sucursal paulista de O Globo e a redação do Jornal do Brasil – e se interessou pela participação de Ricardo Sérgio do processo de privatizações.
2. Nessa época, teve acesso a uma primeira declaração de renda de Ricardo Sérgio (relativa a 1998), por meios totalmente legais. O documento constava dos autos de um processo movido pela Rhodia do Brasil contra a Calfat, de propriedade de Ricardo Sérgio.
3. Ao persistir na investigação, verificou, em 2003 – por meio de documentos públicos, obtidos pela CPI do Banestado – que Ricardo Sérgio movimentava “milhões de dólares” anualmente. Servia-se, para tanto, de rede de doleiros e operava inclusive em paraísos fiscais.
4. Chegou a publicar, já em 2003 (em IstoÉ), diversas matérias sobre esta movimentação. Foi processado por Ricardo Sérgio. Serviu-se do direito à “exceção da verdade” — que garante aos acusados de praticar calúnia o direito de demonstrar que suas alegações são verdadeiras. Ao fazê-lo, pôde requerer da CPI do Banestado novos documentos sobre movimentação de dinheiro no exterior, por seu antagonista.
5. O material recebido permitiu-lhe verificar que Gregório Marin Preciado (o marido da prima-irmã de José Serra), e outras pessoas de algum modo relacionadas ao processo de privatizações do governo FHC, também haviam feito ampla movimentação de recursos no exterior.
6. A partir de 2007, passou a trabalhar no Estado de Minas e Correio Braziliense (ambos do grupo Diários Associados). Nessa época, descobriu que um grupo clandestino de inteligência, espionava o governador Aécio Neves, a serviço de José Serra.
7. Suas fontes na “comunidade de informações” apuraram que este grupo, articulado pelo delegado da PF e deputado federal Marcelo Itagiba (PSDB-RJ) trabalhava para José Serra – que então disputava com Aécio a indicação para candidato do partido à Presidência.
8. Ao apurar as atividades deste grupo, descobriu que Verônica Serra e seu esposo possuíam empresas operando em paraísos fiscais. Utilizadas para lavar dinheiro, elas dividiam escritório, nas Ilhas Virgens, com companhias de Ricardo Sérgio.
9. Concluiu, a partir do conjunto de informações levantadas, que Ricardo Sérgio, dirigente do Banco do Brasil, participou da articulação dos consórcios privados que assumiram o controle do Sistema Telebrás. E tesoureiro do PSDB cobrou propina e executou, a partir de sua base nas Ilhas Virgens, internação ilegal de valores no Brasil.
Nada assegura que este elenco de afirmações seja verdadeiro. É certo, porém, que são de imensa gravidade e relevância. Tendo acesso privilegiado ao material, a Folha, o JN e as publicações que os seguiram ocultaram-no de seus leitores. Não tinham como objetivo apurar e informar. Queriam comprovar uma hipótese pré-concebida – a de que a quebra de sigilos demonstrava a prática, por parte do PT, de espionagem e aparelhamento do Estado. Por isso, pinçaram do depoimento de Amaury Ribeiro outro conjunto de informações, a saber:
10. Afastado de O Estado de Minas em função da doença e morte de seu pai, o jornalista foi sondado, em abril de 2010, pela Lanza Comunicações, que cuidava à época das comuicações, na pré-campanha de Dilma. Por saberem de sua relação com a “comunidade de informações” os responsáveis pela empresa pediam indicação de um profissional capaz de investigar suspeita de espionagem, na “Casa do Lago Sul”, usada para prestar serviços à candidatura.
11. Onézimo Graça, o profissional indicado por Amaury, apresentou um orçamento (R$ 180 mil), considerado muito elevado. O próprio Amaury descartou a possibilidade de trabalhar para a campanha de Dilma, diante do risco de “infiltração” de espiões.
12. Durante os dias em que manteve contato com a campanha petista, Amaury hospedou-se no apart-hotel de “Jorge” o responsável pela administração da “Casa do Lago Sul”. Neste período, o conteúdo de suas investigações sobre corrupção e lavagem de dinheiro ligadas às privatizações da era FHC foi copiado, de seu notebook, por Rui Falcão, integrante da campanha de Dilma. Envolvido numa disputa interna com a Lanza, Falcão entregou o material ao jornalista Policarpo Júnior, de Veja.
Enquanto sonegavam, por completo, o primeiro grupo de informações, o Jornal Nacional e a Folha davam ao segundo máximo destaque. Durante os anos 1990, a Folha orgulhava-se de um slogan: “De rabo preso com leitor”…
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A semana em que as elites perderam a noção (1)
A esta altura, restam muito poucas dúvidas: tudo indica que também o vídeo da suposta “segunda agressão” a José Serra no bairro carioca de Campo Grande (20/10) foi manipulado pela Rede Globo. Denunciada mundialmente no Twitter, na sexta-feira (22/10), após a aparição de análises que demonstram fusão falsificadora de imagens, a emissora não procurou se defender, nas edições seguintes do Jornal Nacional.
Sua redação paulista fora palco, na véspera, de uma cena insólita. Os próprios jornalistas vaiaram a “edição” das cenas em que o candidato do PSDB é atingido por um rolo de fita adesiva, materializado do nada. Na madrugada posterior às denúncias de fraude (23h09 de 22/10), o site da Globo exibiu discretamente uma nota do “perito” Ricardo Molina. Redigido depois que os sinais de fusão fraudulenta de imagens tornaram-se evidentes, o texto procura, em essência isentar a emissora em investigações futuras sobre falsificação. Molina alega que analisou material “encontrado na internet”.
À medida em que a primeira certeza se consolida, começa a se desenhar uma segunda. A provável manipulação de imagens não foi um fato isolado. Ela articula-se com outro assunto que dominou o noticiário da velha mídia esta semana. Vazaram os depoimentos que o jornalista Amaury Ribeiro prestou à Polícia Federal, no inquérito sobre a quebra dos sigilos fiscais de Verônica Serra e outros expoentes do PSDB. O processo corre em sigilo de justiça. Porém, por serem parte envolvida, os advogados de Eduardo Jorge Caldas, ex-tesoureiro de campanha do partido, pediram, através de liminar, acesso às peças. São a fonte óbvia da inacreditável sequência de matérias publicadas, também a partir de 22/10, pela Folha de S.Paulo e Jornal Nacional.
Aqui, já não se trata, como se verá no terceiro texto desta série, de manipulação de imagens – mas de substituição explícita do jornalismo pelo panfleto partidário. Tendo acesso exclusivo ao depoimento de Amary Ribeiro, a Folha e o JN esconderam de seus leitores uma série assombrosa de informações ou pistas de grande relevância. Preferiram destacar em manchete, durante quatro dias, uma penca de ninharias, pinçadas com claro intuito de servir à campanha de José Serra. A tentativa foi reforçada pela edição de Veja que circula este fim-de-semana.
Iniciado na quarta-feira – poucas horas, portanto, depois de o candidato tucano comparecer à Globo para uma entrevista ao vivo no Jornal Nacional – o movimento inclui sinais de ataque flagrante ao direito à informação, praticado por empresas que se beneficiam de concessão e pesados subsídios públicos. Foi, provavelmente, concebido para desencadear, a onze dias do pleito, a última tentativa de vitória do candidato conservador, numa disputa em que está em jogo, também, o destino das reservas do Pré-Sal.
A força da velha mídia chocou-se, porém, com a rebeldia da internet. Entre quarta e sexta-feira, as manipulações imagéticas e factuais foram desfeitas por uma rede – auto-organizada e informal, porém muito potente – de busca e difusão da verdade. Personagens quase-anônimos desmontaram, com inteligência e conhecimento, as tentativas da Globo de fabricar a “agressão” a Serra. Jornalistas como Luís Nassif demonstraram o caráter partidista das “reportagens” da Folha. Graças ao Twitter e ao Facebook, cada nova descoberta era retransmitida instantaneamente por milhares de pessoas, o que estimulava novas investigações.
No momento em que este texto é concluído, a batalha não está decidida. O contra-ataque da blogosfera – reforçado por uma fala corajosa, de Lula, denunciando a farsa pró-Serra (na quinta-feira, 21/10) – amedrontou temporariamente a Rede Globo, a Folha e a própria campanha do PSDB. Desde sexta à noite, quando difundiram-se os vídeos que desmentiam o Jornal Nacional, a investida refluiu. O recuo, a esta altura, pode ter sido fatal para as Serra.
Após as eleições será indispensável investigar o episódio da semana passada. A depender da mobilização social, ele poderá ser conhecido, no futuro, como o GloboGate. Ou o momento em que o setor mais conservador das elites brasileiras abusou descontroladamente do controle que exerce sobre a mídia, a ponto de provocar, como resposta, um amplo movimento pela democratização das comunicações.
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A batalha de Campo Grande (2)
Por volta da meia noite de quinta-feira (21/10), o professor José Antonio Meira da Rocha sentiu a aguilhoada de uma pulga, atrás da orelha. Três horas antes, ele havia assistido ao Jornal Nacional, e “quase” se convencera com as explicações do “perito” Ricardo Molina. Claro, havia exagero e encenação: é insólito fazer tomografia no cérebro depois de sentir na testa o choque de um rolo de fita adesiva. Mas as imagens pareciam mostrar que José Serra havia sido, de fato, atingido por um objeto um pouquinho mais pesado que uma bola de papel.
Como complemento a suas aulas de Jornalismo Gráfico, no campus de Frederico Westfalen da Universidade Federal de Santa Maria, José Antonio tem o hábito de debater, com os alunos, tratamento de imagens na internet ou na TV. Instalou em seu computador uma placa de captura de vídeo de 120 reais. Usa o programa Avidemux (eu Ubuntu-Linux) para examinar quadro a quadro tudo o que assiste.
Algo chamou a atenção de José Antonio, quando analisava as imagens da Globo. A suposta fita adesiva surgia do nada. Não aparecia nem antes, nem depois de tocar a cabeça de Serra. O professor comparou com as cenas da bolinha de papel. Nestas, há uma trajetória, um antes e um depois – ainda que o objeto surja naturalmente distorcido, como um risco de luz.
O professor José Antonio considera risível o trecho em que o “perito” Ricardo Molina assegura, em seu laudo das 23h09 de 22/10, que Serra foi atingido por um objeto real, descartando uma fusão de imagens. “Molina, um especialista em áudios, não deveria aventurar-se a análises de vídeo. Ao argumentar que o ‘objeto’ que aparece sobre a cabeça Serra não é ilusório porque tem formas definidas, ele reforça a hipótese contrária. A característica principal do efeito artifact é ser uma distorção. Imagens tênues assumem, quando muito comprimidas, a aparência de objetos com formas exageradamente geométricas. Enxergar o resultado como prova é grosseiro”.
Inquieto com uma fita adesiva que se materializava num único quadro, sem existência anterior ou posterior, José Antonio decidiu escrever uma mensagem a seus alunos e às listas de internet especializadas em jornalismo: uma na Universidade do Texas (seguida por dezenas de jornalistas brasileiros), outra no Fórum pela Democratização das Comunicações. Animou-se, enquanto redigia. Ao final, decidiu postar a análise também em seu blog. Foi dormir às três da madrugada de sexta (22/10). Ao acordar, às onze, estava fora do ar, devido ao excesso de audiência… O desmascaramento do Jornal Nacional de quinta-feira – o feito mais decisivo na batalha que a velha e a nova mídia travaram, durante 48 horas e em dois rounds, começava a ganhar a blogosfera.
* * *
A disputa começou na tarde de quarta-feira. Ao decidir deslocar-se ao Calçadão de São Cristóvão, José Serra contrariou todas as estratégias razoáveis para a campanha de um candidato em segundo turno. Ao menos, para uma campanha normal: de convencimento, diálogo com formadores de opinião e geração de emoções positivas, capazes de se converter em votos.
No Rio de Janeiro, Serra teve seu quinto pior resultado no primeiro turno: apenas 22,5% dos votos [1]. Entre as centenas de zonas eleitorais do Rio, as sete que atendem os eleitores de Campo Grande [2] estão entre as menos favoráveis ao candidato tucano. Nelas, sua média cai para 18%. Ele perde invariavelmente de Dilma e de Marina, chegando a 15,9% na 246ª zona – onde por pouco não ficou atrás de brancos e nulos (12,3%).
Por fim, em todo o extenso bairro de Campo Grande (o terceiro em área, no Rio), o Calçadão é, talvez, o setor mais adverso ao candidato. São três ruas curtas e muito estreitas, dominadas por comércio popular e ambulante (veja fotos e visão de rua, no Google). A dez dias das urnas, e cerca de dez milhões de votos atrás de sua adversária, quantos sufrágios seria possível recuperar por lá?
Milhões – caso se criasse um fato político capaz de provocar comoção nacional. A cinco minutos do Calçadão [3], está localizada a sede do SintSaúde, o sindicato dos “mata-mosquitos”, agentes da Fundação Nacional de Saúde encarregados de parte do combate à dengue. Entre as milhares categorias profissionais em que se dividem os trabalhadores brasileiros, é, provavelmente, a que mais teme José Serra. No rastro do “ajuste fiscal” determinado por Fernando Henrique Cardoso em 1999, ele demitiu 6 mil destes trabalhadores de uma vez – um ato tido por muitos como causa do alastramento da epidemia, no período seguinte. A maior parte foi readmitida por Lula, anos depois.
A presença de Serra soaria aos “mata-mosquitos”, é evidente, como uma provocação. Na tarde de quarta-feira, um número expressivo deles preparou cartazes às pressas e se dirigiu ao Calçadão para contrapor-se ao candidato. Fizeram-no de modo pacífico. Foram agredidos pelos segurança do candidato e se exaltaram, o que permitiu à mídia gerar fotos e vídeos de tumulto.
Ainda assim, nenhuma imagem é capaz, até agora, de justificar as duas cenas em que Serra leva as mãos à cabeça – numa delas, produzindo impressão de dor; noutra, imediatamente após falar ao telefone. Foi em torno destas fotos e vídeos que se produziram as duas etapas da disputa.
* * *
A primeira vai da tarde de quarta-feira até a noite de quinta. Por volta das 15h, o site G1, da Globo “informa” que José Serra fora “atingido na cabeça”, após tumulto provocado por “militantes petistas” em Campo Grande. O filme que acompanha a narrativa, porém não sugere nada grave. O candidato aparece sereno, em todas as cenas. Na última, em que se retira da área, acena e sorri.
Na sequência, produz-se algo curioso. A Globo deixa de destacar, em seus sites, o vídeo que ela própria produzira. Ele é substituído por uma foto estática, na qual Serra curva-se para baixo, leva as mãos à cabeça e é circundado por pessoas que gritam. A notícia ganha dramaticidade crescente. O candidato submete-se a tomografia e é aconselhado, por um oncologista (!) ligado ao PSDB e ao DEM [4], a 24 horas de repouso.
O jornalista Paulo Henrique Amorim reage quase de imediato, em seu blog. Percebendo grande exagero na repercussão dada ao incidente, compara José Serra a Roberto Rojas, o goleiro da seleção chilena que, em 1989, simulou ter sido atingido por um rojão em jogo contra o Brasil, em 1989. Começa, com este mote, a primeira grande onda de resistência à manipulação. Seu meio principal é o Twitter, onde toda postagem pode associada a um assunto (“tag”) e é possível, graças a isso, acompanhar o que milhões de pessoas escrevem sobre o mesmo tema.
Em algumas horas, a “tag” #serrarojas espalha-se. A corrente leva milhares de pessoas à investigação jornalística – um fenômeno muito mais potente que o antigo “esforço de reportagem” dos jornalões. Na busca, descobre-se o vídeo do SBT sobre a caminhada.
A novidade desperta uma catarse. Parece desnudar-se, de forma patética, um comportamento farsesco, presente em toda a campanha de Serra. “Hoje aprendemos que, quando atingidos por uma bolinha de papel, devemos fazer tomografia”, diz uma postagem de ironia sutil, no Twitter. Centenas de outras debocham do fato de o candidato ter manifestado dor vinte minutos depois do choque com a folha de papel A4 amassada – e logo após ter recebido um telefonema.
Lula, que na quarta-feira estivera a ponto de telefonar a José Serra, solidarizando-se com ele contra a “agressão” sofrida, executou um giro. Na manhã de quinta, ao inaugurar o polo naval do Rio Grande do Sul, fez uma declaração que mudaria o curso da campanha, por obrigar Serra a atacá-lo diretamente. “A mentira que foi produzida ontem pela equipe de publicidade do candidato José Serra é uma coisa vergonhosa. Ontem deveria ser conhecido como dia da farsa, dia da mentira. (…)Espero que o candidato tenha um minuto de bom senso e peça desculpas ao povo brasileiro pela mentira descarada”
Entre a manhã e a tarde de quinta-feira, #serrarojas tornou-se uma preferência mundial, um fenômeno tão impressionante quanto o “Cala Boca, Galvão” — que chegou a merecer, durante a Copa do Mundo, uma capa de Veja… Nesse mesmo período, começou, porém, uma reação. Diante da chacota que se seguiu à revelação de que uma bolinha de papel “ferira” José Serra, surgia – vinte e quatro horas depois do incidente de Campo Grande – um “novo” vídeo. Feito pelo repórter Ítalo Nogueira, num telefone celular, tem qualidade muito precária. Apareceu primeiro no site da Folha de S.Paulo, no meio da tarde de quinta. Embora tenha tomado a iniciativa de divulgá-lo, a sucursal carioca do jornal jamais chegou às conclusões que a Rede Globo sacaria (leia coluna de Jânio de Freitas a respeito).
À noite, poucas horas depois de difundidas, as novas imagens ganhavam o país por meio do Jornal Nacional. Eram uma espécie de revanche: por isso, precisavam ser tratadas como verdade absoluta. Ocuparam sete minutos do noticiário – um tempo só concedido, em condições normais, aos grandes acontecimentos nacionais ou internacionais. Zombavam de milhões de usuários do Twitter, e do próprio Lula. Ressuscitavam a foto dramática em que Serra leva as mãos a cabeça. “Explicavam” que, além da bolinha, o candidato havia sido atingido por outro objeto, “mais consistente”. Vinham com a suposta chancela do “perito” Ricardo Molina – um “especialista” cultivado pela Globo, cujo currículo inclui a tentativa de culpar o MST pelo massacre de Eldorado de Carajás; de “demonstrar” que PC Farias suicidou-se; e de inocentar o casal Nardoni pela morte da menina Isabela.
Tinham o poder da Rede Globo: sua audiência, sua capacidade de repercutir imediatamente e influenciar outras mídias. Tudo indica que teriam promovido um tufão. Em especial, porque supostamente desautorizavam os dois pilares essenciais à candidatura Dilma: a mobilização social e o apoio do presidente mais popular da história do país. Em outras condições, teriam permitido à emissora exercer o mesmo papel que desempenhou nas eleições de 1989 – e que tentou cumprir em 2006.
Agora, foi diferente. O professor José Antonio Meira Rocha foi o primeiro a contestar o Jornal Nacional e seu “perito”. A partir das primeiras horas da manhã de sexta, o Twitter deu publicidade intensa e rápida a seu esforço. Em algumas horas, desenhava-se um novo fenômeno na internet, mais consistente que o anterior. Agora, a “tag” #globomente substituía #serrarojas. Já não era apenas o desprezo às mistificações de um candidato – mas o protesto claro contra um sinal evidente de manipulação mediática, praticado pela maior emissora do Brasil.
A análise de Meira Rocha fora feita com equipamento amador, nas últimas horas de vigília após um dia de trabalho. Mas o Twitter deslanchou uma nova onda de esforço coletivo. Na trilha aberta pelo professor, e dispondo de mais tempo, outros estudos evidenciaram com clareza ainda maior os sinais de fraude imagética. Vice-presidente do grupo Tortura Nunca Mais, o advogado Marcelo Zelic publicou no YouTube um estudo intitulado “Farsa em 6 partes”. Nele, além de destacar a ausência de trajetória na “fita crepe”, no vídeo exibido pela Globo, aponta os primeiros sinais de fusão deturpadora de imagens. Ao contrário do que ocorrera ao ser atingido por uma bolinha de papel, Serra permanecia inteiramente impassível, diante do choque com o que Molina chamara, na véspera, um “objeto maior e mais consistente”. Além disso, as cenas da “fita crepe” haviam sido fundidas com a foto em que o candidato leva as mãos à cabeça, em sinal de dor. Houvera um lapso de vinte minutos, entre os dois momentos. Juntá-los, como se fizessem parte de uma mesma sequência, era sinal evidente de má-fé.
Mas o estudo em que os sinais de falsificação são mais consistentes – e mais úteis, para uma investigação futura – é, provavelmente, “Bolinhagate”, postado também YouTube pelo cineasta Daniel Florêncio. Graças a sua experiência no tratamento de imagem, Florếncio aponta com clareza dois fatos eloquentes. O suposto rolo de fita crepe que teria “atingido” o candidato é, na verdade, distorção da cabeça de um correligionário, que está bem atrás de Serra. Ele permanece impassível simplesmente porque não pode sentir um impacto que não houve. O vídeo foi fundido com outra cena (Florêncio aponta o instante preciso da fusão, destacando objetos que surgem e desaparecem, em cada um dos trechos), para transmitir a falsa impressão de que, depois de “atingido”, Serra leva as mãos à cabeça.
A multiplicação das evidências de fraude, apontadas cada vez com mais detalhe, produz um novo fenômeno no Twitter. Na sexta-feira (22/10) à tarde, a “tag” #globomente está entre as três mais mencionadas, em todo o mundo. A Globo foi nocauteada no segundo round. O assunto desaparece por completo do Jornal Nacional, nesse dia e em todos os seguintes. Às 23h09, entra a nota do “perito” Molina, a tentativa de colocar uma pedra sobre o assunto.
No final da noite de sexta, o jornalista Paulo Cesar Rosa, diretor da Veraz Comunicação, de Porto Alegre, posta, via Twitter, uma hipótese perturbadora: “Se bobear, o Serra saiu, da entrevista que deu no dia anterior à Globo, com o roteiro da bolinha pronto”… Mais dois estudos – estes postados por Arcosta, no YouTube, dão força a esta possibilidade dramática. Eles (1 2) reúnem evidências de que a própria bolinha de papel que atingiu Serra tucano foi atirada não por “militantes petistas”, como a Globo fez questão de difundir desde o primeiro momento – mas por um guarda-costas do próprio candidato tucano…
Notas
1- Serra obteve 40,5% em São Paulo, 35,4% no Espírito Santo e 30,7% em Minas Gerais.
2- 120ª, 122ª, 242ª, 243ª, 244ª, 245ª e 246ª
3- Rua Mauá, 34
4- Jacob Klingerman foi diretor-geral do Instituto Nacional do Câncer, na gestão de José Serra como ministro da Saúde e secretário da Saúde do prefeito César Maia, do Rio.
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Como tutelar o seu leitor (3)
Meu Deus, o JN tem acesso a isso http://bit.ly/cVNb0M e faz aquela matéria sobre vazamento de sigilos. Na tarde de sexta-feira (22/10), o jornalista Luís Nassif fez questão de republicar, no Twitter, mensagem que recebera de LuizKK, outro membro da rede. Pouco antes, os sites dos jornais paulistas haviam disponibilizado, sem alarde, a íntegra de algo que haviam explorado por dias, em suas edições anteriores: o depoimento prestado à Polícia Federal (PF), uma semana antes (15/10), pelo jornalista Amaury Ribeiro.
O espanto de LuizKK e Nassif era justificado. Amaury é o personagem central de um tema que acompanhou (e influenciou) toda a disputa eleitoral: a quebra dos sigilos fiscais de Verônica Serra, filha do candidato do PSDB, e alguns expoentes do partido. A aparição do documento comprovou algo de que já se suspeitava: a parcialidade da velha mídia, ao atribuir, com insistência, o vazamento à campanha de Dilma. Mas revelou, também, algo novo. Na “semana em que as elites perderam a noção”, dois veículos – a Folha de S.Paulo e o Jornal Nacional (o JN, na mensagem de LuizKK) – levaram esta parcialidade a um ponto extremo, que um dia será tema de estudo nas escolas de Comunicação.
Numa evidente violação de seu compromisso com os leitores, eles triaram partidariamente o depoimento de Amaury. Os elementos que poderiam comprometer Dilma foram divulgados com espalhafato, “merecendo” por quatro edições da Folha (20 a 23/10) o status de principal assunto do dia (incluindo três manchetes). Enquanto isso, esconderam-se as afirmações do jornalista que comprometiam Serra em dois episódios. O primeiro é o processo de privatizações do governo FHC, durante o qual membros do PSDB – além de Verônica Serra – teriam se envolvido em corrupção e ou lavagem de dinheiro. O segundo, a disputa fratricida em que os tucanos se consumiram, para escolha de candidato à Presidência, com os dois lados (Serra e Aécio Neves) chegando a ponto de encomendar a preparação de dossiês sobre crimes cometidos pelo grupo adversário.
* * *
Para desfazer o cipoal em que a cobertura da mídia transformou o assunto, e compreendê-lo, é preciso retroceder à última semana de agosto. Uma apuração da Receita Federal verificou que, em 8 de outubro de 2009, servidores da Receita Federal no ABC Paulista haviam acessado declarações de Imposto de Renda de quatro integrantes do PSDB: o ex-diretor do Banco do Brasil (no governo FHC) e arrecadador de recursos do partido, Ricardo Sérgio de Oliveira; o ex-ministro das Comunicações no governo FHC, Luiz Carlos Mendonça de Barros; o vice-presidente do partido, Eduardo Jorge; e o empresário Gregório Marin Preciado, casado com uma prima-irmã de José Serra. Dias mais tarde, apurou-se que o mesmo sucedera com Verônica Serra, filha do candidato à Presidência.
O assunto dominou a mídia durante ao menos quinze dias. Foi destacado, em manchetes seguidas, por Veja, O Globo, Folha e Estado, além do JN. O acesso indevido a dados fiscais de milhões de contribuintes não é incomum. Inúmeras matérias, nos jornais e TVs, já destacaram a venda em massa de CDs com tais informações, em pontos como a Rua Santa Ifigênia, em São Paulo. No entanto, o fato foi tratado como espionagem política, quando envolveu os cinco tucanos.
Insinuou-se largamente que o vazamento fora produzido a mando de um “setor de inteligência” na campanha Dilma, que prepararia um “dossiê” sobre os tucanos. Veja falou em “enfraquecimento das instituições”, num texto intitulado “O Estado a serviço do Partido”, em edição cuja capa trazia a imagem de um polvo apoderando-se, com seus tentáculos, do brasão da República. Um editorial do Estado atribuiu a Lula a responsabilidade pelo incidente. A presença de Verônica acrescentou um componente sentimental ao caso: o aparelhamento da máquina pública, pelos adversários de Serra, ia a ponto de acossar a família do candidato…
* * *
A Polícia Federal abriu inquérito para apurar o caso. Ouviu 37 pessoas. Embora a investigação corra em sigilo de justiça, Eduardo Jorge – um dos que teve os dados fiscais vasculhados – valeu-se da condição de parte envolvida e requereu, por meio de liminar, acesso aos autos. É a fonte provável da retomada do tema, pela mídia. A partir de 20 de outubro, Folha e Jornal Nacional, depois secundados pelos outros jornais e por Veja, voltaram a tratar a quebra de sigilos como um assunto de relevância nacional.
Segundo a mídia, o jornalista Amaury Ribeiro é apontado no inquérito da PF como pivô do vazamento das informações fiscais dos tucanos. Amaury é um repórter experimentado, que passou pelos jornais de maior circulação do país e foi distinguido por três Prêmios Esso e quatro Vladimir Herzog. Nega que tenha encomendado a funcionários da Receita a consulta das declarações de Imposto de Renda dos tucanos. Admite que reúne, sobre o tema, um “dossiê”.
Porém, ao terem acesso a seu depoimento na PF, Folha e Jornal Nacional recolheram evidências que desmentem, por completo, a subordinação do trabalho de Amaury Ribeiro ao PT ou à campanha de Dilma. O jornalista premiado, que prepara um livro sobre as privatizações, relata, entre outros pontos, os seguintes.
1. Sua investigação teve início na virada da década passada, quando transitou entre a sucursal paulista de O Globo e a redação do Jornal do Brasil – e se interessou pela participação de Ricardo Sérgio do processo de privatizações.
2. Nessa época, teve acesso a uma primeira declaração de renda de Ricardo Sérgio (relativa a 1998), por meios totalmente legais. O documento constava dos autos de um processo movido pela Rhodia do Brasil contra a Calfat, de propriedade de Ricardo Sérgio.
3. Ao persistir na investigação, verificou, em 2003 – por meio de documentos públicos, obtidos pela CPI do Banestado – que Ricardo Sérgio movimentava “milhões de dólares” anualmente. Servia-se, para tanto, de rede de doleiros e operava inclusive em paraísos fiscais.
4. Chegou a publicar, já em 2003 (em IstoÉ), diversas matérias sobre esta movimentação. Foi processado por Ricardo Sérgio. Serviu-se do direito à “exceção da verdade” — que garante aos acusados de praticar calúnia o direito de demonstrar que suas alegações são verdadeiras. Ao fazê-lo, pôde requerer da CPI do Banestado novos documentos sobre movimentação de dinheiro no exterior, por seu antagonista.
5. O material recebido permitiu-lhe verificar que Gregório Marin Preciado (o marido da prima-irmã de José Serra), e outras pessoas de algum modo relacionadas ao processo de privatizações do governo FHC, também haviam feito ampla movimentação de recursos no exterior.
6. A partir de 2007, passou a trabalhar no Estado de Minas e Correio Braziliense (ambos do grupo Diários Associados). Nessa época, descobriu que um grupo clandestino de inteligência, espionava o governador Aécio Neves, a serviço de José Serra.
7. Suas fontes na “comunidade de informações” apuraram que este grupo, articulado pelo delegado da PF e deputado federal Marcelo Itagiba (PSDB-RJ) trabalhava para José Serra – que então disputava com Aécio a indicação para candidato do partido à Presidência.
8. Ao apurar as atividades deste grupo, descobriu que Verônica Serra e seu esposo possuíam empresas operando em paraísos fiscais. Utilizadas para lavar dinheiro, elas dividiam escritório, nas Ilhas Virgens, com companhias de Ricardo Sérgio.
9. Concluiu, a partir do conjunto de informações levantadas, que Ricardo Sérgio, dirigente do Banco do Brasil, participou da articulação dos consórcios privados que assumiram o controle do Sistema Telebrás. E tesoureiro do PSDB cobrou propina e executou, a partir de sua base nas Ilhas Virgens, internação ilegal de valores no Brasil.
Nada assegura que este elenco de afirmações seja verdadeiro. É certo, porém, que são de imensa gravidade e relevância. Tendo acesso privilegiado ao material, a Folha, o JN e as publicações que os seguiram ocultaram-no de seus leitores. Não tinham como objetivo apurar e informar. Queriam comprovar uma hipótese pré-concebida – a de que a quebra de sigilos demonstrava a prática, por parte do PT, de espionagem e aparelhamento do Estado. Por isso, pinçaram do depoimento de Amaury Ribeiro outro conjunto de informações, a saber:
10. Afastado de O Estado de Minas em função da doença e morte de seu pai, o jornalista foi sondado, em abril de 2010, pela Lanza Comunicações, que cuidava à época das comuicações, na pré-campanha de Dilma. Por saberem de sua relação com a “comunidade de informações” os responsáveis pela empresa pediam indicação de um profissional capaz de investigar suspeita de espionagem, na “Casa do Lago Sul”, usada para prestar serviços à candidatura.
11. Onézimo Graça, o profissional indicado por Amaury, apresentou um orçamento (R$ 180 mil), considerado muito elevado. O próprio Amaury descartou a possibilidade de trabalhar para a campanha de Dilma, diante do risco de “infiltração” de espiões.
12. Durante os dias em que manteve contato com a campanha petista, Amaury hospedou-se no apart-hotel de “Jorge” o responsável pela administração da “Casa do Lago Sul”. Neste período, o conteúdo de suas investigações sobre corrupção e lavagem de dinheiro ligadas às privatizações da era FHC foi copiado, de seu notebook, por Rui Falcão, integrante da campanha de Dilma. Envolvido numa disputa interna com a Lanza, Falcão entregou o material ao jornalista Policarpo Júnior, de Veja.
Enquanto sonegavam, por completo, o primeiro grupo de informações, o Jornal Nacional e a Folha davam ao segundo máximo destaque. Durante os anos 1990, a Folha orgulhava-se de um slogan: “De rabo preso com leitor”…
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A demissão do editor do Diário do Nordeste
Reproduzo artigo de Izabela Vasconcelos, publicado no sítio Comunique-se:
O jornalista Dalwton Moura, editor do jornal cearense Diário do Nordeste, foi demitido na última semana, após publicar um caderno especial sobre as revoluções marxistas. O caderno, publicado no dia 17/10, trazia seis páginas com uma entrevista do sociólogo e filósofo Michael Löwi e artigos de Adelaide Gonçalves e José Arbex Jr. O jornalista foi pautado pela direção do veículo, mas após a publicação, o jornal considerou o caderno "panfletário" e "subversivo", além de "inoportuno ao momento atual".
O caderno foi encomendado porque Michael Löwi estaria em Fortaleza para lançar o livro Revoluções. A reportagem foi pautada pelo editor-chefe do jornal, Ildefonso Rodrigues, e sugerida pela historiadora e professora Adelaide Gonçalves, da Universidade Federal do Ceará (UFC).
Ao comunicar a demissão de Moura, o editor-chefe afirmou que "não sabia o conteúdo da reportagem até vê-la publicada". Segundo o jornalista, que trabalhava há quase nove anos no veículo, o editor informou que o caderno gerou problemas para a direção do jornal. "Disseram que gerou problemas, que não teria sido bem recebido pela direção da empresa", contou Moura.
O editor disse que "jamais imaginou" que poderia ser demitido dessa forma, e que a demissão abre espaço para várias interpretações. "Jamais imaginei que poderia gerar isso. O caso é complexo e dá margem para várias leituras". De acordo com Moura, nem ele, nem a repórter Síria Mapurunga, que fizeram a entrevista com o filósofo, emitiram opinião. A entrevista destacava no título a declaração de Löwi: "O marxismo tem de evoluir para uma maior radicalização".
O Sindicato dos Jornalistas do Ceará questionou a demissão e criticou o fato de a grande imprensa contestar a criação do Conselho de Comunicação no Estado, mas permitir que demissões como a de Moura aconteçam.
"A demissão do então editor do 'Caderno 3' expõe o abismo entre o discurso da grande mídia conservadora, que se diz ameaçada em sua liberdade de expressão - inclusive atacando com este falso argumento o projeto do Conselho de Comunicação do Estado -, e suas práticas cotidianas, restritivas ao exercício profissional dos jornalistas, bem como à livre opinião de colaboradores e leitores", diz a nota divulgada pelo sindicato.
Procurado pela reportagem, o editor-chefe do Diário do Nordeste informou que todos os esclarecimentos do caso já foram prestados a Moura.
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O jornalista Dalwton Moura, editor do jornal cearense Diário do Nordeste, foi demitido na última semana, após publicar um caderno especial sobre as revoluções marxistas. O caderno, publicado no dia 17/10, trazia seis páginas com uma entrevista do sociólogo e filósofo Michael Löwi e artigos de Adelaide Gonçalves e José Arbex Jr. O jornalista foi pautado pela direção do veículo, mas após a publicação, o jornal considerou o caderno "panfletário" e "subversivo", além de "inoportuno ao momento atual".
O caderno foi encomendado porque Michael Löwi estaria em Fortaleza para lançar o livro Revoluções. A reportagem foi pautada pelo editor-chefe do jornal, Ildefonso Rodrigues, e sugerida pela historiadora e professora Adelaide Gonçalves, da Universidade Federal do Ceará (UFC).
Ao comunicar a demissão de Moura, o editor-chefe afirmou que "não sabia o conteúdo da reportagem até vê-la publicada". Segundo o jornalista, que trabalhava há quase nove anos no veículo, o editor informou que o caderno gerou problemas para a direção do jornal. "Disseram que gerou problemas, que não teria sido bem recebido pela direção da empresa", contou Moura.
O editor disse que "jamais imaginou" que poderia ser demitido dessa forma, e que a demissão abre espaço para várias interpretações. "Jamais imaginei que poderia gerar isso. O caso é complexo e dá margem para várias leituras". De acordo com Moura, nem ele, nem a repórter Síria Mapurunga, que fizeram a entrevista com o filósofo, emitiram opinião. A entrevista destacava no título a declaração de Löwi: "O marxismo tem de evoluir para uma maior radicalização".
O Sindicato dos Jornalistas do Ceará questionou a demissão e criticou o fato de a grande imprensa contestar a criação do Conselho de Comunicação no Estado, mas permitir que demissões como a de Moura aconteçam.
"A demissão do então editor do 'Caderno 3' expõe o abismo entre o discurso da grande mídia conservadora, que se diz ameaçada em sua liberdade de expressão - inclusive atacando com este falso argumento o projeto do Conselho de Comunicação do Estado -, e suas práticas cotidianas, restritivas ao exercício profissional dos jornalistas, bem como à livre opinião de colaboradores e leitores", diz a nota divulgada pelo sindicato.
Procurado pela reportagem, o editor-chefe do Diário do Nordeste informou que todos os esclarecimentos do caso já foram prestados a Moura.
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A herança de FHC no setor de petróleo
Reproduzo artigo de Emanuel Cancella, diretor do Sindipetro-RJ, publicado na Agência Petroleira de Notícias:
Se dependesse dos tucanos, festa do pré-sal seria no Texas. A tentativa de mudança do nome para Petrobrax para facilitar a privatização da empresa. A pulverização das ações da companhia negociando 40% delas na bolsa de Nova York. A destruição da indústria naval, transferindo a construção de navios, plataformas, sondas para fora do país, exportando emprego e investimento. O Brasil chegou a ser o maior construtor naval do continente na década de 80. O sucateamento da Petrobrás com esvaziamento dos quadros técnicos e corte de investimentos. Destruição da indústria petroquímica, a mais lucrativa na indústria do petróleo.
FHC quebrou o monopólio estatal do petróleo. Introduziu a lei 9748/97, criando a Agencia Nacional do Petróleo (ANP) e os leilões de petróleo. A categoria não se calou. Em 1994 e 1995 realizou uma greve nacional de 32 dias, a maior da história, para impedir a privatização da Petrobrás. Mais de cem sindicalistas foram demitidos. Em 1996, junto com o MST, os petroleiros ocuparam o salão verde do Congresso Nacional para tentar barrar a votação da lei que extinguiu o monopólio estatal do petróleo.
Essa é a herança de FHC na Petrobrás. Para não deixar dúvidas da ação predatória dos tucanos e democratas no setor, o primeiro diretor geral da ANP, David Zilberstain, ex-genro de FHC, anunciou à imprensa e aos representantes das multinacionais na primeira entrevista coletiva: "O petróleo é vosso", ironizando o maior movimento cívico do país "O petróleo é nosso".
O governo de Luís Inácio sepultou a proposta de privatização da Petrobrás, retomando os concursos públicos, investindo maciçamente na companhia que hoje é a quarta empresa de energia do planeta e financia 40% do PAC. Retoma o braço petroquímico, criando o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro - o COMPERJ.
Lula readmitiu milhares de trabalhadores do Sistema Petrobrás demitidos por governos anteriores. Nacionalizou a indústria naval, gerando emprego e investimentos no país. Aumentou a participação acionária da União na companhia no maior processo de capitalização da história. A oposição e a mídia chegaram a ironizar a operação e apostar em seu fracasso. Lula mudou o marco regulatório do petróleo para o pré-sal contrariando tucanos e democratas que votaram contra a lei, insistindo na manutenção dos leilões de FHC.
O petista não resolveu todos os problemas do setor petróleo, mas avançou muito. Os movimentos sociais e os sindicatos, entre eles o Sindipetro-RJ, vão insistir, por exemplo, na luta pela Petrobrás 100% estatal e na volta do monopólio prevista no projeto de lei dos movimentos sociais em tramitação no Senado Federal. Vários parlamentares se elegeram comprometidos com o nosso projeto. FHC, que chamou os aposentados de vagabundos, rasgou o contrato com os aposentados da Petrobrás. Lula, para nossa decepção, não mudou esse quadro de desrespeito com aqueles que fizeram da Petrobrás o que ela é hoje.
O Sindipetro-RJ não se calou e não vai se calar enquanto aqueles que construíram a maior parte dessa história de vitórias e conquistas não tiverem seus direitos garantidos.
Porém, no momento do debate eleitoral, o Sindipetro-RJ não pode se omitir diante da ameaça da volta do projeto que tentou privatizar a Petrobrás e entregar nosso petróleo às multinacionais. Os petroleiros não aceitam o retrocesso e a entrega das riquezas do povo brasileiro!
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Se dependesse dos tucanos, festa do pré-sal seria no Texas. A tentativa de mudança do nome para Petrobrax para facilitar a privatização da empresa. A pulverização das ações da companhia negociando 40% delas na bolsa de Nova York. A destruição da indústria naval, transferindo a construção de navios, plataformas, sondas para fora do país, exportando emprego e investimento. O Brasil chegou a ser o maior construtor naval do continente na década de 80. O sucateamento da Petrobrás com esvaziamento dos quadros técnicos e corte de investimentos. Destruição da indústria petroquímica, a mais lucrativa na indústria do petróleo.
FHC quebrou o monopólio estatal do petróleo. Introduziu a lei 9748/97, criando a Agencia Nacional do Petróleo (ANP) e os leilões de petróleo. A categoria não se calou. Em 1994 e 1995 realizou uma greve nacional de 32 dias, a maior da história, para impedir a privatização da Petrobrás. Mais de cem sindicalistas foram demitidos. Em 1996, junto com o MST, os petroleiros ocuparam o salão verde do Congresso Nacional para tentar barrar a votação da lei que extinguiu o monopólio estatal do petróleo.
Essa é a herança de FHC na Petrobrás. Para não deixar dúvidas da ação predatória dos tucanos e democratas no setor, o primeiro diretor geral da ANP, David Zilberstain, ex-genro de FHC, anunciou à imprensa e aos representantes das multinacionais na primeira entrevista coletiva: "O petróleo é vosso", ironizando o maior movimento cívico do país "O petróleo é nosso".
O governo de Luís Inácio sepultou a proposta de privatização da Petrobrás, retomando os concursos públicos, investindo maciçamente na companhia que hoje é a quarta empresa de energia do planeta e financia 40% do PAC. Retoma o braço petroquímico, criando o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro - o COMPERJ.
Lula readmitiu milhares de trabalhadores do Sistema Petrobrás demitidos por governos anteriores. Nacionalizou a indústria naval, gerando emprego e investimentos no país. Aumentou a participação acionária da União na companhia no maior processo de capitalização da história. A oposição e a mídia chegaram a ironizar a operação e apostar em seu fracasso. Lula mudou o marco regulatório do petróleo para o pré-sal contrariando tucanos e democratas que votaram contra a lei, insistindo na manutenção dos leilões de FHC.
O petista não resolveu todos os problemas do setor petróleo, mas avançou muito. Os movimentos sociais e os sindicatos, entre eles o Sindipetro-RJ, vão insistir, por exemplo, na luta pela Petrobrás 100% estatal e na volta do monopólio prevista no projeto de lei dos movimentos sociais em tramitação no Senado Federal. Vários parlamentares se elegeram comprometidos com o nosso projeto. FHC, que chamou os aposentados de vagabundos, rasgou o contrato com os aposentados da Petrobrás. Lula, para nossa decepção, não mudou esse quadro de desrespeito com aqueles que fizeram da Petrobrás o que ela é hoje.
O Sindipetro-RJ não se calou e não vai se calar enquanto aqueles que construíram a maior parte dessa história de vitórias e conquistas não tiverem seus direitos garantidos.
Porém, no momento do debate eleitoral, o Sindipetro-RJ não pode se omitir diante da ameaça da volta do projeto que tentou privatizar a Petrobrás e entregar nosso petróleo às multinacionais. Os petroleiros não aceitam o retrocesso e a entrega das riquezas do povo brasileiro!
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Serra, Paulo Preto e negócios em família
Reproduzo reportagem de Alan Rodrigues, Claudio Dantas Sequeira e Sérgio Pardellas, publicada pela revista IstoÉ:
À medida que são esmiuçados os passos de Paulo Vieira de Souza, o Paulo Preto, nos subterrâneos do governo tucano, vão ficando cada vez mais claras as relações comprometedoras do ex-diretor do Dersa com as empreiteiras responsáveis pelas principais obras de São Paulo. Em agosto, quando trouxe a denúncia formulada por dirigentes do PSDB do sumiço de pelo menos R$ 4 milhões dos cofres da campanha de José Serra à Presidência, ISTOÉ revelou que a maior parte da dinheirama fora arrecadada junto a grandes empreiteiras responsáveis pela construção do rodoanel.
Agora é descoberto um elo ainda mais forte entre o engenheiro e as construtoras da obra, considerada uma das vitrines do governo tucano em São Paulo. A empresa Peso Positivo Transportes Comércio e Locações Ltda., de propriedade da mãe e do genro do ex-diretor do Dersa, prestou serviços para as obras do lote 1 do trecho sul do rodoanel por um período de, pelo menos, três meses no ano de 2009. A informação foi confirmada à ISTOÉ pela Andrade Gutierrez/Galvão, do consórcio de empreiteiras contratado pela obra. Os serviços consistiram no fornecimento de guindastes para o transporte e a elevação de cargas. “A empresa Peso Positivo, assim como outros fornecedores prestadores de serviços do consórcio, é contratada sempre de acordo com a legislação em vigor. A decisão de contratar prestadores de serviços é exclusivamente técnica”, alega a Andrade Gutierrez.
Arquivos da Junta Comercial de São Paulo mostram que a Peso Positivo foi criada em 30 de julho de 2003, com capital social de R$ 100 mil. Os sócios são Maria Orminda Vieira de Souza, mãe de Paulo Preto, 85 anos, e o empresário Fernando Cremonini, casado com Tatiana Arana Souza, filha do ex-diretor do Dersa, que trabalha no cerimonial do Palácio dos Bandeirantes, a sede do governo de São Paulo, e que já prestara serviços para a administração de José Serra à frente da Prefeitura de São Paulo.
Tantas coincidências fizeram o PT pedir à Procuradoria-Geral de Justiça de São Paulo que investigasse as relações da Peso Positivo com o rodoanel. “É uma relação incestuosa que existe entre Paulo Preto, sua filha e José Serra”, afirmou o líder do PT na Assembleia, Antônio Mentor.
A confirmação da ligação entre as empreiteiras do rodoanel e a Peso Positivo, obtida por ISTOÉ, mostra que as suspeitas tinham fundamento. E também derruba de maneira cabal a versão de Cremonini, apresentada na última semana em entrevista ao jornal “O Estado de S.Paulo”. Segundo ele, a empresa “nunca teve clientes” na construção civil. “Meus maiores clientes são a Petrobras e a Votorantim Metais”, afirmou o empresário. “A única coisa que o Paulo me deu nestes anos todos foi a mão da filha e uma bicicleta.”
O íntimo relacionamento de Paulo Preto com as empreiteiras do rodoanel não se restringe ao negócio envolvendo uma empresa de familiares. Na última semana, denúncia da “Folha de S.Paulo” revelou que Paulo Preto, um dia após assumir a diretoria do Dersa, assinou uma alteração contratual na obra. Essa mudança permitiu às empreiteiras fazer alterações no projeto do rodoanel e até utilizar materiais mais baratos. No acordo assinado por Paulo Preto em maio de 2007 ficou definido que, em vez de ganharem de acordo com a quantidade, tipo de serviço ou material usado na obra, as empreiteiras receberiam um “preço fechado” no valor de R$ 2,5 bilhões.
Para quem conhece os meandros do mundo da construção civil, a impressão que fica ao analisar as mudanças é de que o diretor do Dersa preferiu privilegiar as empreiteiras, em detrimento da qualidade do empreendimento e da boa gestão do dinheiro do contribuinte. A iniciativa de Paulo Preto também tinha outro propósito: o de adequar o andamento da obra ao timing eleitoral. É que o acordo teve como contrapartida das empreiteiras a garantia de acelerar a construção do trecho sul para entregá-lo até abril deste ano, quando José Serra (PSDB) saiu do governo para se candidatar.
O cronograma foi cumprido a contento. Agora, as empreiteiras apresentam um fatura extra de R$ 180 milhões. Essa espécie de taxa de urgência soma-se, portanto, aos adicionais de R$ 300 milhões já pagos em 2009.
As suspeitas sobre a maneira como Paulo Vieira de Souza atuava no Dersa extrapolam os limites geográficos da cidade de São Paulo. Recaem também sobre a fase III das obras de ligação das rodovias Carvalho Pinto e Presidente Dutra, no município de São José dos Campos. Desde que assumiu a diretoria de engenharia do Dersa, ele assinou dois aditivos sobre o convênio de R$ 84 milhões.
Um desses aditivos previu a “implantação da marginal Capuava”, que nunca foi entregue. Onde foi parar o R$ 1,1 milhão, relativo à execução desse trecho, ninguém sabe dizer. “O dinheiro simplesmente desapareceu”, acusa o vereador de São José dos Campos Wagner Balieiro (PT). “Tive uma reunião com os diretores do Dersa e ninguém conseguiu me explicar por que a marginal não foi executada, embora o dinheiro tenha sido pago”, afirma Balieiro.
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À medida que são esmiuçados os passos de Paulo Vieira de Souza, o Paulo Preto, nos subterrâneos do governo tucano, vão ficando cada vez mais claras as relações comprometedoras do ex-diretor do Dersa com as empreiteiras responsáveis pelas principais obras de São Paulo. Em agosto, quando trouxe a denúncia formulada por dirigentes do PSDB do sumiço de pelo menos R$ 4 milhões dos cofres da campanha de José Serra à Presidência, ISTOÉ revelou que a maior parte da dinheirama fora arrecadada junto a grandes empreiteiras responsáveis pela construção do rodoanel.
Agora é descoberto um elo ainda mais forte entre o engenheiro e as construtoras da obra, considerada uma das vitrines do governo tucano em São Paulo. A empresa Peso Positivo Transportes Comércio e Locações Ltda., de propriedade da mãe e do genro do ex-diretor do Dersa, prestou serviços para as obras do lote 1 do trecho sul do rodoanel por um período de, pelo menos, três meses no ano de 2009. A informação foi confirmada à ISTOÉ pela Andrade Gutierrez/Galvão, do consórcio de empreiteiras contratado pela obra. Os serviços consistiram no fornecimento de guindastes para o transporte e a elevação de cargas. “A empresa Peso Positivo, assim como outros fornecedores prestadores de serviços do consórcio, é contratada sempre de acordo com a legislação em vigor. A decisão de contratar prestadores de serviços é exclusivamente técnica”, alega a Andrade Gutierrez.
Arquivos da Junta Comercial de São Paulo mostram que a Peso Positivo foi criada em 30 de julho de 2003, com capital social de R$ 100 mil. Os sócios são Maria Orminda Vieira de Souza, mãe de Paulo Preto, 85 anos, e o empresário Fernando Cremonini, casado com Tatiana Arana Souza, filha do ex-diretor do Dersa, que trabalha no cerimonial do Palácio dos Bandeirantes, a sede do governo de São Paulo, e que já prestara serviços para a administração de José Serra à frente da Prefeitura de São Paulo.
Tantas coincidências fizeram o PT pedir à Procuradoria-Geral de Justiça de São Paulo que investigasse as relações da Peso Positivo com o rodoanel. “É uma relação incestuosa que existe entre Paulo Preto, sua filha e José Serra”, afirmou o líder do PT na Assembleia, Antônio Mentor.
A confirmação da ligação entre as empreiteiras do rodoanel e a Peso Positivo, obtida por ISTOÉ, mostra que as suspeitas tinham fundamento. E também derruba de maneira cabal a versão de Cremonini, apresentada na última semana em entrevista ao jornal “O Estado de S.Paulo”. Segundo ele, a empresa “nunca teve clientes” na construção civil. “Meus maiores clientes são a Petrobras e a Votorantim Metais”, afirmou o empresário. “A única coisa que o Paulo me deu nestes anos todos foi a mão da filha e uma bicicleta.”
O íntimo relacionamento de Paulo Preto com as empreiteiras do rodoanel não se restringe ao negócio envolvendo uma empresa de familiares. Na última semana, denúncia da “Folha de S.Paulo” revelou que Paulo Preto, um dia após assumir a diretoria do Dersa, assinou uma alteração contratual na obra. Essa mudança permitiu às empreiteiras fazer alterações no projeto do rodoanel e até utilizar materiais mais baratos. No acordo assinado por Paulo Preto em maio de 2007 ficou definido que, em vez de ganharem de acordo com a quantidade, tipo de serviço ou material usado na obra, as empreiteiras receberiam um “preço fechado” no valor de R$ 2,5 bilhões.
Para quem conhece os meandros do mundo da construção civil, a impressão que fica ao analisar as mudanças é de que o diretor do Dersa preferiu privilegiar as empreiteiras, em detrimento da qualidade do empreendimento e da boa gestão do dinheiro do contribuinte. A iniciativa de Paulo Preto também tinha outro propósito: o de adequar o andamento da obra ao timing eleitoral. É que o acordo teve como contrapartida das empreiteiras a garantia de acelerar a construção do trecho sul para entregá-lo até abril deste ano, quando José Serra (PSDB) saiu do governo para se candidatar.
O cronograma foi cumprido a contento. Agora, as empreiteiras apresentam um fatura extra de R$ 180 milhões. Essa espécie de taxa de urgência soma-se, portanto, aos adicionais de R$ 300 milhões já pagos em 2009.
As suspeitas sobre a maneira como Paulo Vieira de Souza atuava no Dersa extrapolam os limites geográficos da cidade de São Paulo. Recaem também sobre a fase III das obras de ligação das rodovias Carvalho Pinto e Presidente Dutra, no município de São José dos Campos. Desde que assumiu a diretoria de engenharia do Dersa, ele assinou dois aditivos sobre o convênio de R$ 84 milhões.
Um desses aditivos previu a “implantação da marginal Capuava”, que nunca foi entregue. Onde foi parar o R$ 1,1 milhão, relativo à execução desse trecho, ninguém sabe dizer. “O dinheiro simplesmente desapareceu”, acusa o vereador de São José dos Campos Wagner Balieiro (PT). “Tive uma reunião com os diretores do Dersa e ninguém conseguiu me explicar por que a marginal não foi executada, embora o dinheiro tenha sido pago”, afirma Balieiro.
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WikiLeaks desmascara o imperialismo
Reproduzo editorial publicado no sítio Vermelho:
Uma das lendas mais notórias das guerras contemporâneas do imperialismo é a alegação de que as ações bélicas são “cirúrgicas”, “pontuais”, e evitam ataques e sofrimentos para a população civil.
Só os iludidos acreditam nisso. A mídia partidária do imperialismo não consegue esconder em seus noticiários as graves violações cometidas contra os povos; mesmo quando não são ditas palavras, as imagens publicadas sugerem a barbárie que o imperialismo faz questão esconder.
Desde julho, quando a página eletrônica WikiLeaks começou a divulgar documentos secretos, elaborados pelos soldados da tropa de ocupação do Iraque e do Afeganistão, pode-se ver com mais precisão a extensão do “moinho satânico” que o imperialismo impõe aos povos. Naquela ocasião, os documentos divulgados relatavam agressões contra a população civil e ações militares à margem da legislação internacional (que configuram, portanto, crimes de guerra) cometidos pelas tropas de ocupação comandadas pelos EUA principalmente no Afeganistão.
Desta vez, o enorme volume de documentos secretos do Pentágono (92 mil páginas) divulgados na semana passada pela WikiLeaks relata atrocidades cometidas durante a ocupação do Iraque, desde 2004 a 31 de dezembro de 2009.
São relatos escritos por militares das tropas de ocupação que descrevem um roteiro selvagem e desumano, que inclui o assassinato de civis numa escala muito superior à admitida oficialmente pelo governo de Washington e torturas generalizadas contra prisioneiros, praticadas por todos os agressores: soldados do Exército dos EUA, mercenários contratados para “segurança” dos comandantes da guerra e também pelo exército iraquiano formado e treinado pelos ocupantes de seu país.
Um exemplo da barbárie dos invasores foi o massacre, cometido em 16 de agosto de 2007 contra um povoado; um grupo de soldados das tropas de ocupação resolveu vingar-se de um ataque e bombardeou a população indiscriminadamente. Explodindo uma casa onde ocorria uma festa de casamento; seis pessoas morreram (entre elas quatro mulheres e um bebê) e três ficaram feridas (todas mulheres, uma grávida de nove meses).
Os documentos revelam a pratica sistemática de torturas (surras, choques elétricos, metais incandescentes, afogamentos) contra os prisioneiros, inclusive mulheres, cometidas também pelos três pilares da ocupação – as tropas invasoras, os matadores profissionais contratados por empresas de segurança como a Blackwater, e o exército pró-EUA do governo do Iraque.
Ações desse tipo, segundo o editor Julian Assange, do WikiLeaks, recheiam os relatórios secretos do Pentágono, e há descrição detalhada do assassinato de 2.000 iraquianos.
O lote de documentos agora publicados revela também que os militares dos EUA tentaram esconder a morte de 15 mil civis iraquianos. Ele revela um número total de 109 mil mortes, entre as quais 15 mil que nunca haviam sido reveladas!
A condenação das guerras constitui um clamor civilizatório antigo. A repulsa a agressões imperialistas cresceu, ao longo do século 20, depois das barbáries que a máquina de guerra nazista cometeu contra os povos. No início do século 21, é inaceitável que ações agressivas dessa natureza continuem sendo impostas aos povos que não aceitam submeter-se aos desígnios do imperialismo. Hoje, as atrocidades são cometidas sob a bandeira listrada dos EUA, com os mesmos objetivos predatórios de sempre: a submissão dos povos, a pilhagem de suas riquezas e o alcance de um arranho geopolítico mundial favorável à manutenção do mando imperial.
E impõe, como lembra o responsável pela revelação da brutalidade imperialista no Oriente Médio, Julian Assange, a única saída para o início da reconstrução da vida naquelas nações: a retirada das tropas de ocupação, que foram enviadas para lá com base em argumentos mentirosos e continuam lá à base de alegações falsas. Depois das revelações dos documentos secretos da barbárie, não há mais nenhuma justificação aceitável para que aquelas tropas continuem lá.
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Uma das lendas mais notórias das guerras contemporâneas do imperialismo é a alegação de que as ações bélicas são “cirúrgicas”, “pontuais”, e evitam ataques e sofrimentos para a população civil.
Só os iludidos acreditam nisso. A mídia partidária do imperialismo não consegue esconder em seus noticiários as graves violações cometidas contra os povos; mesmo quando não são ditas palavras, as imagens publicadas sugerem a barbárie que o imperialismo faz questão esconder.
Desde julho, quando a página eletrônica WikiLeaks começou a divulgar documentos secretos, elaborados pelos soldados da tropa de ocupação do Iraque e do Afeganistão, pode-se ver com mais precisão a extensão do “moinho satânico” que o imperialismo impõe aos povos. Naquela ocasião, os documentos divulgados relatavam agressões contra a população civil e ações militares à margem da legislação internacional (que configuram, portanto, crimes de guerra) cometidos pelas tropas de ocupação comandadas pelos EUA principalmente no Afeganistão.
Desta vez, o enorme volume de documentos secretos do Pentágono (92 mil páginas) divulgados na semana passada pela WikiLeaks relata atrocidades cometidas durante a ocupação do Iraque, desde 2004 a 31 de dezembro de 2009.
São relatos escritos por militares das tropas de ocupação que descrevem um roteiro selvagem e desumano, que inclui o assassinato de civis numa escala muito superior à admitida oficialmente pelo governo de Washington e torturas generalizadas contra prisioneiros, praticadas por todos os agressores: soldados do Exército dos EUA, mercenários contratados para “segurança” dos comandantes da guerra e também pelo exército iraquiano formado e treinado pelos ocupantes de seu país.
Um exemplo da barbárie dos invasores foi o massacre, cometido em 16 de agosto de 2007 contra um povoado; um grupo de soldados das tropas de ocupação resolveu vingar-se de um ataque e bombardeou a população indiscriminadamente. Explodindo uma casa onde ocorria uma festa de casamento; seis pessoas morreram (entre elas quatro mulheres e um bebê) e três ficaram feridas (todas mulheres, uma grávida de nove meses).
Os documentos revelam a pratica sistemática de torturas (surras, choques elétricos, metais incandescentes, afogamentos) contra os prisioneiros, inclusive mulheres, cometidas também pelos três pilares da ocupação – as tropas invasoras, os matadores profissionais contratados por empresas de segurança como a Blackwater, e o exército pró-EUA do governo do Iraque.
Ações desse tipo, segundo o editor Julian Assange, do WikiLeaks, recheiam os relatórios secretos do Pentágono, e há descrição detalhada do assassinato de 2.000 iraquianos.
O lote de documentos agora publicados revela também que os militares dos EUA tentaram esconder a morte de 15 mil civis iraquianos. Ele revela um número total de 109 mil mortes, entre as quais 15 mil que nunca haviam sido reveladas!
A condenação das guerras constitui um clamor civilizatório antigo. A repulsa a agressões imperialistas cresceu, ao longo do século 20, depois das barbáries que a máquina de guerra nazista cometeu contra os povos. No início do século 21, é inaceitável que ações agressivas dessa natureza continuem sendo impostas aos povos que não aceitam submeter-se aos desígnios do imperialismo. Hoje, as atrocidades são cometidas sob a bandeira listrada dos EUA, com os mesmos objetivos predatórios de sempre: a submissão dos povos, a pilhagem de suas riquezas e o alcance de um arranho geopolítico mundial favorável à manutenção do mando imperial.
E impõe, como lembra o responsável pela revelação da brutalidade imperialista no Oriente Médio, Julian Assange, a única saída para o início da reconstrução da vida naquelas nações: a retirada das tropas de ocupação, que foram enviadas para lá com base em argumentos mentirosos e continuam lá à base de alegações falsas. Depois das revelações dos documentos secretos da barbárie, não há mais nenhuma justificação aceitável para que aquelas tropas continuem lá.
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De céticos e cínicos
Reproduzo artigo do sociólogo Emir Sader, publicado no sítio Carta Maior:
Algumas vozes espalham o ceticismo na imprensa, nas universidades, de repente passam do ceticismo ao cinismo, já não importa nada, tudo é ruim, cambalache, tudo é igual, o mundo vai para o pior dos mundos possíveis.
Foi uma atitude que foi amadurecendo ao longo das ultimas décadas, passou-se a achar que o século XX foi um século muito ruim para a humanidade, o pior dos séculos, etc. Uma atitude de melancolia, de desencanto, de desânimo, de abandono da luta, traduzida no ceticismo, na crítica, que se alastra para jovens gerações, precocemente envelhecidas.
Todos os governos, todos os partidos, todos os processos traem, decepcionam, se corrompem. O socialismo teria dado em totalitarismo – e se soma nisso à direita. Os sindicalistas só querem defender seus interesses. A esquerda e a direita são iguais, etc., etc.
Como as teorias parecem ser maravilhosas e as práticas concretas, não, preferem ficar com as teorias – se possível, misturando um pouco de Nietzsche, de Foucault, de Tocqueville. Pronto, o pessimismo está constituído como visão trágica do mundo.
Encontra-se lugar na velha imprensa para escrever, contanto que não se critique a própria velha imprensa, e se concentre em criticar a esquerda – a URSS, Cuba, a Venezuela, Lula, o PT. Terminam fortalecendo o desinteresse pela política, fortalecendo a direita e desalentando os jovens, enquanto ainda mantêm seu prestígio com eles. Depois de um certo momento já se confundem diretamente com a direita.
O ceticismo pode ser liberal, certamente não é marxista. O marxismo parte da realidade concreta, mas sempre na perspectiva da sua transformação. Esse pessimismo, somado ao catastrofismo, fortalece o mundo tal qual ele é, promove a impotência diante da realidade.
Uma análise dialética da realidade supõe a apreensão das contradições que articulam o concreto, desembocando em linhas de ações e não na perplexidade, na impotência, na passividade, na melancolia e no ceticismo.
No momento em que o povo brasileiro, no seu conjunto, pela primeira vez, começa a melhorar substancialmente suas condições de vida e o expressa em um apoio como nenhum governo teve, é triste ver uma parte da intelectualidade de costas para o povo, melancolicamente continuando a pregar que tudo está muito ruim, pior do que antes, brigando com a realidade, em um isolamento total em relação ao povo e ao pais realmente existente.
O otimismo, por si só, não é revolucionário, mas todos os grandes líderes revolucionários foram e são otimistas, porque acreditam sempre nas possibilidades de transformação revolucionária da realidade. Enquanto o ceticismo leva à inação e, muitas vezes, até mesmo ao cinismo.
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Algumas vozes espalham o ceticismo na imprensa, nas universidades, de repente passam do ceticismo ao cinismo, já não importa nada, tudo é ruim, cambalache, tudo é igual, o mundo vai para o pior dos mundos possíveis.
Foi uma atitude que foi amadurecendo ao longo das ultimas décadas, passou-se a achar que o século XX foi um século muito ruim para a humanidade, o pior dos séculos, etc. Uma atitude de melancolia, de desencanto, de desânimo, de abandono da luta, traduzida no ceticismo, na crítica, que se alastra para jovens gerações, precocemente envelhecidas.
Todos os governos, todos os partidos, todos os processos traem, decepcionam, se corrompem. O socialismo teria dado em totalitarismo – e se soma nisso à direita. Os sindicalistas só querem defender seus interesses. A esquerda e a direita são iguais, etc., etc.
Como as teorias parecem ser maravilhosas e as práticas concretas, não, preferem ficar com as teorias – se possível, misturando um pouco de Nietzsche, de Foucault, de Tocqueville. Pronto, o pessimismo está constituído como visão trágica do mundo.
Encontra-se lugar na velha imprensa para escrever, contanto que não se critique a própria velha imprensa, e se concentre em criticar a esquerda – a URSS, Cuba, a Venezuela, Lula, o PT. Terminam fortalecendo o desinteresse pela política, fortalecendo a direita e desalentando os jovens, enquanto ainda mantêm seu prestígio com eles. Depois de um certo momento já se confundem diretamente com a direita.
O ceticismo pode ser liberal, certamente não é marxista. O marxismo parte da realidade concreta, mas sempre na perspectiva da sua transformação. Esse pessimismo, somado ao catastrofismo, fortalece o mundo tal qual ele é, promove a impotência diante da realidade.
Uma análise dialética da realidade supõe a apreensão das contradições que articulam o concreto, desembocando em linhas de ações e não na perplexidade, na impotência, na passividade, na melancolia e no ceticismo.
No momento em que o povo brasileiro, no seu conjunto, pela primeira vez, começa a melhorar substancialmente suas condições de vida e o expressa em um apoio como nenhum governo teve, é triste ver uma parte da intelectualidade de costas para o povo, melancolicamente continuando a pregar que tudo está muito ruim, pior do que antes, brigando com a realidade, em um isolamento total em relação ao povo e ao pais realmente existente.
O otimismo, por si só, não é revolucionário, mas todos os grandes líderes revolucionários foram e são otimistas, porque acreditam sempre nas possibilidades de transformação revolucionária da realidade. Enquanto o ceticismo leva à inação e, muitas vezes, até mesmo ao cinismo.
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Nuvens preocupantes na América Latina
Reproduzo entrevista concedida a Sergio Ferrari, publicada no sítio da Adital:
Apesar de uma situação globalmente favorável dada a existência de alguns governos progressistas e dinâmicos movimentos sociais, percebe-se sinais que preocupam na atual conjuntura latinoamericana. Entrevista com o analista belga Eric Toussaint.
A tentativa golpista no Equador, no passado 30 de setembro, e os resultados eleitorais na Venezuela, quatro dias antes, constituem signos que devem ser corretamente interpretados, enfatiza Eric Toussaint, coordenador do Comitê para a Anulação da Dívida do Terceiro Mundo (CADTM).
"A leitura a fundo da etapa vivida pela América Latina me causa uma grande inquietação, já que percebo que a situação está se degradando", afirma o politólogo belga em entrevista durante uma recente visita a Suíça. O especialista analisa os fatos que fundamentam sua argumentação.
Equador e Venezuela
O mais recente, a rebelião policial contra o presidente Rafael Correa, no Equador, no último dia de setembro passado. "Foi uma real tentativa de golpe de Estado promovida pela polícia, por um setor do Exército e com o apoio da primeira força de oposição aglutinada em torno ao ex-presidente Lucio Gutiérrez".
Apesar do fracasso, devido especialmente a baixíssimos níveis de planejamento e organização, a tentativa deixou a descoberto debilidades políticas significativas do governo.
A principal, segundo Toussaint, que foi assessor do Presidente Correa em temas referentes á dívida externa, "foi a escassa mobilização popular para opor-se ao golpe".
Houve uma mobilização durante as horas em que Correa esteve ‘sequestrado' pelos golpistas no hospital onde era atendido, porém, "a magnitude da mesma na capital, Quito, na qual participaram entre 5 e 10 mil pessoas foi muito menor que a resposta popular, por exemplo, quando aconteceu a tentativa de golpe contra Hugo Chávez, na Venezuela, em 2002, que reuniu a milhares de pessoas".
"Já havíamos avisado a Correa, não somente eu, mas também alguns de seus assessores e gente de esquerda que o apoia criticamente. Está cometendo um erro gravíssimo ao marginalizar movimentos populares importantes -incluindo fortes organizações indígenas- por considerá-los ‘corporativistas' e carentes de uma visão global de sociedade".
Essa distância entre o governo e os atores sociais tem sido também a consequência de mobilizações indígenas, de grêmio magisterial e da comunidade universitária -que defende o princípio da autonomia-, que aconteceram nos últimos três anos.
É verdade que logo após a tentativa do 30 de setembro, os índices de popularidade de Correa aumentaram, situando-se atualmente em mais de 70%; porém, essas pesquisas não medem necessariamente "a capacidade de mobilização ativa e popular para defender o processo em marcha".
O segundo sinal preocupante, segundo o analista belga, são as passadas eleições na Venezuela, que significam a segunda "derrota" (e "insisto em colocar isso entre aspas", enfatiza Toussaint) do ‘chavismo' nos dez enfrentamentos em que já participou.
Apesar de que a coalizão do presidente Hugo Chávez obteve 98 dos 165 deputados, "seu apoio real representa concretamente 49% dos votos, cifra muito inferior aos 60% que o presidente obteve em 2006" [1]. Os resultados da votação popular dão o que constitui praticamente um empate entre os votos obtidos pelo Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) e seu aliado, o Partido Comunista da Venezuela (PCV), por um lado, e os votos obtidos pela aliança da oposição, a Mesa de Unidade Democrática (MUD), pelo outro.
Na somatória global dos votos para a Assembleia Nacional, a aliança governamental ganhou 5.423.324 votos (48,87%) e a aliança opositora, 5.320.364 votos (47,94%), com o qual há uma diferença a favor do governo de somente 102.960 votos, menos de 1% do total dos votos válidos. O Partido Pátria para Todos, que é de esquerda e não fazia parte da aliança governamental obteve 353.709 votos (3,19%) e elegeu 2 deputados.
A partir da consulta eleitoral de setembro passado, a coalizão governante assegura a maioria simples apesar de que perde a maioria qualificada que mantinha desde 2005.
"A base mais firme e popular está entrando em uma fase de decepção. E acontece tanto um deslocamento de votos quanto um aumento do abstencionismo nesse país sulamericano", sentencia.
"Tempo precioso perdido"
Do fático às conclusões mais gerais, para o diretor do CADTM, existe um simples passo conceitual a percorrer. "Vimos avisando há dois anos. Na América Latina os governos progressistas da região estão perdendo um tempo precioso".
A Alba (Aliança Bolivariana para os Povos de Nossa América), que é uma proposta de integração dos povos, não avançou e, no momento, se restringe a fazer declarações e papeis. Não existe o Banco da Alba. Não há um programa concreto de integração das economias dos países que aderem a Alba, sublinha.
O que existe, explica, são acordos bilaterais importantes, como o de Cuba com a Venezuela para intercâmbio de petróleo, serviços de saúde e médicos. Ou o tratado da Venezuela com a Bolívia. Ou a política venezuelana de vender, por solidariedade, petróleo aos países que interam Petrocaribe a um preço menor que o do mercado internacional.
O Banco do Sul - que poderia ser um instrumento financeiro de grande transcendência para a região - "ficou só no papel desde 2007 e à espera da ratificação de pelo menos quatro parlamentos dos sete países participantes. Porém, não conseguem avançar.
As causas são várias. Fundamentalmente, a falta de interesse. "Como é o caso do Brasil, que conta com seu próprio Banco de Desenvolvimento (BNDES), com uma carteira de empréstimos muito forte, que serve para apoiar os investimentos e os contratos das grandes transnacionais brasileiras... O Brasil vê a proposta do Banco do Sul quase como uma competição à sua própria instituição e, por isso, não estimula seu avanço", avalia Toussaint.
A América Latina, uma primavera democrática opacada por crescentes nuvens. Mais precisamente, no dizer de Eric Toussaint, o risco de viver fracassos. "E que esses processos, experiências em marcha, programas estratégicos e alternativos não concretizados -como o Alba ou o Banco do Sul- possam levar a uma nova frustração".
"O caso do Equador e o das últimas eleições na Venezuela, enormes expectativas populares prorrogadas no Brasil dos últimos oito anos, o golpe de Estado em Honduras, em junho de 2009... são signos que não podem deixar de preocupar-nos", conclui.
Nota:
1- 7.300.000 pessoas haviam votado em dezembro de 2006, o que significava uma vantagem de 3 milhões de votos sobre seu principal adversário, Manuel Rosales. Ver Eric Toussaint: "Transformar el fracaso del 2 de diciembre de 2007 en una potente palanca para impulsar el proceso en curso en la Venezuela de Hugo Chávez".
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Apesar de uma situação globalmente favorável dada a existência de alguns governos progressistas e dinâmicos movimentos sociais, percebe-se sinais que preocupam na atual conjuntura latinoamericana. Entrevista com o analista belga Eric Toussaint.
A tentativa golpista no Equador, no passado 30 de setembro, e os resultados eleitorais na Venezuela, quatro dias antes, constituem signos que devem ser corretamente interpretados, enfatiza Eric Toussaint, coordenador do Comitê para a Anulação da Dívida do Terceiro Mundo (CADTM).
"A leitura a fundo da etapa vivida pela América Latina me causa uma grande inquietação, já que percebo que a situação está se degradando", afirma o politólogo belga em entrevista durante uma recente visita a Suíça. O especialista analisa os fatos que fundamentam sua argumentação.
Equador e Venezuela
O mais recente, a rebelião policial contra o presidente Rafael Correa, no Equador, no último dia de setembro passado. "Foi uma real tentativa de golpe de Estado promovida pela polícia, por um setor do Exército e com o apoio da primeira força de oposição aglutinada em torno ao ex-presidente Lucio Gutiérrez".
Apesar do fracasso, devido especialmente a baixíssimos níveis de planejamento e organização, a tentativa deixou a descoberto debilidades políticas significativas do governo.
A principal, segundo Toussaint, que foi assessor do Presidente Correa em temas referentes á dívida externa, "foi a escassa mobilização popular para opor-se ao golpe".
Houve uma mobilização durante as horas em que Correa esteve ‘sequestrado' pelos golpistas no hospital onde era atendido, porém, "a magnitude da mesma na capital, Quito, na qual participaram entre 5 e 10 mil pessoas foi muito menor que a resposta popular, por exemplo, quando aconteceu a tentativa de golpe contra Hugo Chávez, na Venezuela, em 2002, que reuniu a milhares de pessoas".
"Já havíamos avisado a Correa, não somente eu, mas também alguns de seus assessores e gente de esquerda que o apoia criticamente. Está cometendo um erro gravíssimo ao marginalizar movimentos populares importantes -incluindo fortes organizações indígenas- por considerá-los ‘corporativistas' e carentes de uma visão global de sociedade".
Essa distância entre o governo e os atores sociais tem sido também a consequência de mobilizações indígenas, de grêmio magisterial e da comunidade universitária -que defende o princípio da autonomia-, que aconteceram nos últimos três anos.
É verdade que logo após a tentativa do 30 de setembro, os índices de popularidade de Correa aumentaram, situando-se atualmente em mais de 70%; porém, essas pesquisas não medem necessariamente "a capacidade de mobilização ativa e popular para defender o processo em marcha".
O segundo sinal preocupante, segundo o analista belga, são as passadas eleições na Venezuela, que significam a segunda "derrota" (e "insisto em colocar isso entre aspas", enfatiza Toussaint) do ‘chavismo' nos dez enfrentamentos em que já participou.
Apesar de que a coalizão do presidente Hugo Chávez obteve 98 dos 165 deputados, "seu apoio real representa concretamente 49% dos votos, cifra muito inferior aos 60% que o presidente obteve em 2006" [1]. Os resultados da votação popular dão o que constitui praticamente um empate entre os votos obtidos pelo Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) e seu aliado, o Partido Comunista da Venezuela (PCV), por um lado, e os votos obtidos pela aliança da oposição, a Mesa de Unidade Democrática (MUD), pelo outro.
Na somatória global dos votos para a Assembleia Nacional, a aliança governamental ganhou 5.423.324 votos (48,87%) e a aliança opositora, 5.320.364 votos (47,94%), com o qual há uma diferença a favor do governo de somente 102.960 votos, menos de 1% do total dos votos válidos. O Partido Pátria para Todos, que é de esquerda e não fazia parte da aliança governamental obteve 353.709 votos (3,19%) e elegeu 2 deputados.
A partir da consulta eleitoral de setembro passado, a coalizão governante assegura a maioria simples apesar de que perde a maioria qualificada que mantinha desde 2005.
"A base mais firme e popular está entrando em uma fase de decepção. E acontece tanto um deslocamento de votos quanto um aumento do abstencionismo nesse país sulamericano", sentencia.
"Tempo precioso perdido"
Do fático às conclusões mais gerais, para o diretor do CADTM, existe um simples passo conceitual a percorrer. "Vimos avisando há dois anos. Na América Latina os governos progressistas da região estão perdendo um tempo precioso".
A Alba (Aliança Bolivariana para os Povos de Nossa América), que é uma proposta de integração dos povos, não avançou e, no momento, se restringe a fazer declarações e papeis. Não existe o Banco da Alba. Não há um programa concreto de integração das economias dos países que aderem a Alba, sublinha.
O que existe, explica, são acordos bilaterais importantes, como o de Cuba com a Venezuela para intercâmbio de petróleo, serviços de saúde e médicos. Ou o tratado da Venezuela com a Bolívia. Ou a política venezuelana de vender, por solidariedade, petróleo aos países que interam Petrocaribe a um preço menor que o do mercado internacional.
O Banco do Sul - que poderia ser um instrumento financeiro de grande transcendência para a região - "ficou só no papel desde 2007 e à espera da ratificação de pelo menos quatro parlamentos dos sete países participantes. Porém, não conseguem avançar.
As causas são várias. Fundamentalmente, a falta de interesse. "Como é o caso do Brasil, que conta com seu próprio Banco de Desenvolvimento (BNDES), com uma carteira de empréstimos muito forte, que serve para apoiar os investimentos e os contratos das grandes transnacionais brasileiras... O Brasil vê a proposta do Banco do Sul quase como uma competição à sua própria instituição e, por isso, não estimula seu avanço", avalia Toussaint.
A América Latina, uma primavera democrática opacada por crescentes nuvens. Mais precisamente, no dizer de Eric Toussaint, o risco de viver fracassos. "E que esses processos, experiências em marcha, programas estratégicos e alternativos não concretizados -como o Alba ou o Banco do Sul- possam levar a uma nova frustração".
"O caso do Equador e o das últimas eleições na Venezuela, enormes expectativas populares prorrogadas no Brasil dos últimos oito anos, o golpe de Estado em Honduras, em junho de 2009... são signos que não podem deixar de preocupar-nos", conclui.
Nota:
1- 7.300.000 pessoas haviam votado em dezembro de 2006, o que significava uma vantagem de 3 milhões de votos sobre seu principal adversário, Manuel Rosales. Ver Eric Toussaint: "Transformar el fracaso del 2 de diciembre de 2007 en una potente palanca para impulsar el proceso en curso en la Venezuela de Hugo Chávez".
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