A revista Veja é realmente muito escrota. Até na sessão de necrológico, ela destila seu veneno. Na edição desta semana, ela dedicou poucas linhas para atacar o escritor e Nobel português José Saramago, falecido no último dia 18. A editorialização, com forte viés direitista, já ficou estampada no próprio título: “Senhor polêmica”. Na resenha da foto, outra grosseria: “Estilo e equívoco. José Saramago: provocações à Igreja e amizade com Cuba”.
Na notinha, além de citar as obras do autor e um pouco da sua rica história, a revista Veja não esconde sua aversão a José Saramago. “Ao lado da criação literária, manteve-se sempre ativo, e equivocado, na política. Embora tenha feito críticas insignificantes a execuções de opositores em Cuba, declarava-se um ‘amigo’ da ditadura dos irmãos Castro... Nos países cujos regimes ele defendia, nenhum escritor que ousou discordar teve o luxo de uma morte tranqüila”.
Civita, Vaticano e a Inquisição
O anticomunismo raivoso da Veja foi similar ao da alta cúpula da Igreja Católica. No “L’Osservatore Romano”, o jornal oficial do Vaticano, ela rotulou o escritor de “populista extremista” e de “ideólogo anti-religioso”, que se colocou “com lucidez ao lado das ervas daninhas no trigal do Evangelho”. No mesmo rumo maroto da Veja, que esconde seus crimes, o jornal lembra que Saramago “dizia que perdia o sono só de pensar nas Cruzadas ou na Inquisição, esquecendo-se dos Gulags”. Realmente, a Inquisição e as Cruzadas unem a famíglia Civita e os saudosistas do Vaticano.
Em outubro passado, a Veja já havia utilizado o seu necrológico para atacar outra referência das forças progressistas do mundo todo. “Morreu Mercedes Sosa, a cantora de bumbo argentina, dia 4, aos 74 anos, de doenças associadas ao subdesenvolvimento latino-americano”. A nota asquerosa reduziu um dos maiores ícones da música da região a uma “cantora de bumbo”. Haja ranço fascista dos que se proclamam defensores da liberdade de expressão.
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segunda-feira, 21 de junho de 2010
A farsa da ombudsman da Folha
Reproduzo artigo de Eduardo Guimarães, publicado no blog Cidadania:
A atual ombudsman da Folha, Suzana Singer, é filha do cientista político Paul Singer, historicamente ligado ao PT, e irmã do ex-porta-voz de Lula, André Singer. Foi secretária de Redação da Folha de São Paulo e uma das mentes por trás da linha política que o jornal adotou nos últimos anos, de confrontação aberta com o governo Lula e com seu partido em todos os níveis da política nacional.
Suzana vinha atuando forte na guerra política da Folha contra Lula e Dilma Rousseff desde 2003, ainda que a moça tenha assumido o posto de secretária de Redação bem depois.
O fato é que estamos falando de um jornal que já chegou a publicar, no alto de sua primeira página, uma falsificação de ficha policial da ex-chefe da Casa Civil deste governo e candidata do PT à Presidência. A matéria acusava a ministra de ter pretendido seqüestrar o ex-ministro da Fazenda da ditadura militar Delfim Neto.
Constatada a falsificação do documento, a Folha reconheceu que publicou alguma coisa que diz ter recebido “por e-mail” sem qualquer verificação de sua autenticidade, ainda que tenha dito que não aceitava os vários laudos que recebeu de que se tratava de uma falsificação e que, assim, não poderia confirmar ou negar que era disso que se tratava, de falsificação.
Mas que o jornal reconheceu que publicou uma acusação dessas sem tomar qualquer cuidado jornalístico que inclusive prega seu manual, como o cuidado elementar de investigar a veracidade da ficha policial da então ministra de Estado, reconheceu.
Nessa guerra anti-Lula, Dilma e PT, a Folha também chegou a publicar acusação de um dos vários inimigos políticos de Lula que habitam a Redação do jornal, a acusação vil e baixa de que o presidente da República teria tentado estuprar um adolescente quando esteve preso durante a ditadura militar.
Em sua primeira coluna dominical de estréia como ombudsman, publicada em 25 de abril deste ano, Suzana atacou a blogosfera e todo aquele que tem opinião política diferente da opinião da Folha e declarou que só iria se interessar pelo “leitor real”, aquele que, em sua opinião, é o que fica revoltado com o jornal, mas não manifesta a sua discordância.
Parece-me bem cômodo, mesmo se for o que ela realmente pretende. Disse Suzana, então:
Em sua coluna de despedida, meu antecessor, o veterano Carlos Eduardo Lins da Silva, disse que não suportaria a eleição presidencial, quando "se exercitarão com força total os piores instintos de parcela pequena mas nefasta do eleitorado engajada na guerra sectária de partidos políticos".
No que depender de mim, os "trogloditas de espírito", como descreve Carlos Eduardo, ficarão em segundo plano. O Fla-Flu político, que tem sua expressão máxima na guerra de blogs radicais, interessa a poucos, basicamente seus autores e uns convertidos que se regozijam em reiterar suas convicções.
Posso garantir ao leitor que este blog está entre aqueles aos quais Carlos Eduardo e sua sucessora se referiram. O ombudsman anterior passou a me considerar tudo isso que Suzana escreveu porque nos aproximamos, tivemos quatro ou cinco reuniões – ao menos três delas em um restaurante – e assim mesmo eu o critiquei duramente – só que exclusivamente do ponto de vista profissional.
No último domingo, Suzana publicou sua nona coluna dominical na Folha impressa. Depois da primeira, foi a segunda em que tratou de política. Como aconteceu com todos os seus antecessores, não teve como deixar de reconhecer que o jornal, no âmbito de sua cobertura sobre o suposto “dossiê contra Serra”, agiu, mais uma vez, em benefício do PSDB e em malefício do PT. Eis o que interessa do texto:
Desde sábado retrasado, a Folha vem batendo forte no partido do presidente. No Dia dos Namorados, o jornal manchetou que dossiê feito pelo PT tem dados sigilosos de um dirigente tucano.
Para quem não seguiu esse noticiário, um resumo rápido: a revista "Veja" revelou que pessoas da campanha petista reuniram-se com arapongas em Brasília. Um deles, um delegado aposentado da Polícia Federal, conta que pediram que levantasse "tudo" sobre José Serra, mas ele teria recusado.
Esse grupo de "inteligência" já teria dois dossiês sobre pessoas ligadas ao candidato tucano, um sobre a sua filha. O furo da Folha foi um terceiro conjunto de documentos sobre Eduardo Jorge, vice-presidente-executivo do PSDB. A acusação é mais grave, porque haveria dados fiscais sigilosos do tucano - apenas fazer dossiês não é crime.
A reportagem era toda em "off" (informação de fonte anônima). Só ontem, uma semana depois da manchete, a Folha publicou fac-símiles que comprovariam que os dados vazaram da Receita Federal.
Nos dois dias seguintes ao furo do dossiê, a manchete foi dedicada às convenções que oficializaram as candidaturas. No domingo: "Governo banca esquadrão de militantes, diz Serra", com uma foto do ex-governador sorridente, braços para cima, vestindo uma camiseta da seleção brasileira com o número 45.
Na segunda-feira: "À sombra de Lula, Dilma promete "alma de mulher'" e uma imagem do presidente discursando e levantando o braço da ex-ministra séria.
Ficou desequilibrado: Serra ataca em ritmo de Copa; Dilma é a candidata sem luz própria. Levando em conta o espírito crítico do noticiário da Folha, a capa sobre Dilma está correta, o erro foi o tom ameno no trato do tucano.
Na semana que passou, o jornal ainda ressuscitou o petista dos dólares na cueca e acusou um dirigente do PT de desfrutar de benesses diplomáticas no exterior. A campanha tucana passou incólume.
PACIÊNCIA
Urge balancear o noticiário político que vinha, até há pouco, equilibrado. Isso não implica, é claro, dar as costas para a notícia, mas cavoucar assuntos dos dois lados.
E saber esperar, uma arte rara em jornalismo. Nesse vácuo de uma semana em que a Folha não agregou nada de novo ao "caso EJ", espalhou-se todo tipo de boato, o mais inocente de que o jornal tinha requentado notícia velha.
O presidente do PT, José Eduardo Dutra, "exigiu que a verdade fosse restabelecida" em carta ao painel do Leitor - a Folha não respondeu, como costuma fazer em casos como esse. Dilma foi na mesma linha. "Não vemos traço de nenhum documento. Ele não aparece, não se diz qual é", declarou.
Essa desconfiança poderia ter sido evitada se a reportagem tivesse ""cozinhado" por um tempo maior até que se pudesse dar páginas do dossiê, publicadas ontem. Paciência e equilíbrio editorial, que precisa ser revisto a cada round, são essenciais em tempos de guerra.
A todos que questionam a neutralidade da Folha, respondo que o jornal é apartidário e se pauta pela crítica geral. No Twitter, após dizer isso a um internauta, recebi de volta: "Você assegura que não há apoio implícito?".
Outra leitora, por email, questionou a veracidade do dossiê, já que é tudo em "off". Perguntou: "Por que tenho que simplesmente acreditar na Folha?" Tive que responder apenas "porque é o seu jornal".
Suzana pode procurar nos arquivos da Folha as muitas colunas dominicais que seus antecessores publicaram dizendo a mesma coisa, que o jornal prejudicou o PT em benefício do PSDB e que deixou de investigar este como fez com aquele. Não começou agora. Há uma história, na Folha, desse tipo de prática que ela descreveu.
Mas a ombudsman criticou o patrão meramente por ter publicado denúncias de que dados fiscais sigilosos de Eduardo Jorge tinham sido violados antes da publicação de supostos documentos que teriam sido entregues ao jornal por fontes obscuras. E tenta ver nesses supostos documentos prova de alguma coisa.
Sem provas para sustentar tal enormidade, ela decreta que cabe ao leitor crer cegamente na Folha simplesmente porque ele a lê. Se algum leitor disser que aquilo que a Folha publicou não prova nada contra ninguém e que, portanto, o jornal não poderia ter tratado o material como prova, Suzana, Carlos Eduardo e a empresa dirão que tal leitor é “radical” como os tais blogs aos quais os ombudsmans aludiram.
Essa moça não julga radical publicar falsificações de documentos contra Dilma ou acusações pesadas como as do seu colunista Cesar Benjamin contra Lula, de que ele teria tentado estuprar um adolescente. Radical, para essa pessoa, é protestar contra essas práticas criminosas nas quais ela esteve envolvida até há pouco tempo e que, se o PT tivesse coragem, levariam o jornal à condenação por crime contra a honra em qualquer tribunal do mundo.
O cargo de ombudsman da Folha é uma farsa, novamente ficou demonstrado. Está lá simplesmente para fazer os leitores do jornal de idiotas. Ainda bem que eles são poucos e que diminuem de número a cada dia. Ainda bem que só uma parcela deles, ainda que majoritária, acredita na alegação dessa empresa, chamada Folha, de que ainda faz algum tipo de “jornalismo”.
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A atual ombudsman da Folha, Suzana Singer, é filha do cientista político Paul Singer, historicamente ligado ao PT, e irmã do ex-porta-voz de Lula, André Singer. Foi secretária de Redação da Folha de São Paulo e uma das mentes por trás da linha política que o jornal adotou nos últimos anos, de confrontação aberta com o governo Lula e com seu partido em todos os níveis da política nacional.
Suzana vinha atuando forte na guerra política da Folha contra Lula e Dilma Rousseff desde 2003, ainda que a moça tenha assumido o posto de secretária de Redação bem depois.
O fato é que estamos falando de um jornal que já chegou a publicar, no alto de sua primeira página, uma falsificação de ficha policial da ex-chefe da Casa Civil deste governo e candidata do PT à Presidência. A matéria acusava a ministra de ter pretendido seqüestrar o ex-ministro da Fazenda da ditadura militar Delfim Neto.
Constatada a falsificação do documento, a Folha reconheceu que publicou alguma coisa que diz ter recebido “por e-mail” sem qualquer verificação de sua autenticidade, ainda que tenha dito que não aceitava os vários laudos que recebeu de que se tratava de uma falsificação e que, assim, não poderia confirmar ou negar que era disso que se tratava, de falsificação.
Mas que o jornal reconheceu que publicou uma acusação dessas sem tomar qualquer cuidado jornalístico que inclusive prega seu manual, como o cuidado elementar de investigar a veracidade da ficha policial da então ministra de Estado, reconheceu.
Nessa guerra anti-Lula, Dilma e PT, a Folha também chegou a publicar acusação de um dos vários inimigos políticos de Lula que habitam a Redação do jornal, a acusação vil e baixa de que o presidente da República teria tentado estuprar um adolescente quando esteve preso durante a ditadura militar.
Em sua primeira coluna dominical de estréia como ombudsman, publicada em 25 de abril deste ano, Suzana atacou a blogosfera e todo aquele que tem opinião política diferente da opinião da Folha e declarou que só iria se interessar pelo “leitor real”, aquele que, em sua opinião, é o que fica revoltado com o jornal, mas não manifesta a sua discordância.
Parece-me bem cômodo, mesmo se for o que ela realmente pretende. Disse Suzana, então:
Em sua coluna de despedida, meu antecessor, o veterano Carlos Eduardo Lins da Silva, disse que não suportaria a eleição presidencial, quando "se exercitarão com força total os piores instintos de parcela pequena mas nefasta do eleitorado engajada na guerra sectária de partidos políticos".
No que depender de mim, os "trogloditas de espírito", como descreve Carlos Eduardo, ficarão em segundo plano. O Fla-Flu político, que tem sua expressão máxima na guerra de blogs radicais, interessa a poucos, basicamente seus autores e uns convertidos que se regozijam em reiterar suas convicções.
Posso garantir ao leitor que este blog está entre aqueles aos quais Carlos Eduardo e sua sucessora se referiram. O ombudsman anterior passou a me considerar tudo isso que Suzana escreveu porque nos aproximamos, tivemos quatro ou cinco reuniões – ao menos três delas em um restaurante – e assim mesmo eu o critiquei duramente – só que exclusivamente do ponto de vista profissional.
No último domingo, Suzana publicou sua nona coluna dominical na Folha impressa. Depois da primeira, foi a segunda em que tratou de política. Como aconteceu com todos os seus antecessores, não teve como deixar de reconhecer que o jornal, no âmbito de sua cobertura sobre o suposto “dossiê contra Serra”, agiu, mais uma vez, em benefício do PSDB e em malefício do PT. Eis o que interessa do texto:
Desde sábado retrasado, a Folha vem batendo forte no partido do presidente. No Dia dos Namorados, o jornal manchetou que dossiê feito pelo PT tem dados sigilosos de um dirigente tucano.
Para quem não seguiu esse noticiário, um resumo rápido: a revista "Veja" revelou que pessoas da campanha petista reuniram-se com arapongas em Brasília. Um deles, um delegado aposentado da Polícia Federal, conta que pediram que levantasse "tudo" sobre José Serra, mas ele teria recusado.
Esse grupo de "inteligência" já teria dois dossiês sobre pessoas ligadas ao candidato tucano, um sobre a sua filha. O furo da Folha foi um terceiro conjunto de documentos sobre Eduardo Jorge, vice-presidente-executivo do PSDB. A acusação é mais grave, porque haveria dados fiscais sigilosos do tucano - apenas fazer dossiês não é crime.
A reportagem era toda em "off" (informação de fonte anônima). Só ontem, uma semana depois da manchete, a Folha publicou fac-símiles que comprovariam que os dados vazaram da Receita Federal.
Nos dois dias seguintes ao furo do dossiê, a manchete foi dedicada às convenções que oficializaram as candidaturas. No domingo: "Governo banca esquadrão de militantes, diz Serra", com uma foto do ex-governador sorridente, braços para cima, vestindo uma camiseta da seleção brasileira com o número 45.
Na segunda-feira: "À sombra de Lula, Dilma promete "alma de mulher'" e uma imagem do presidente discursando e levantando o braço da ex-ministra séria.
Ficou desequilibrado: Serra ataca em ritmo de Copa; Dilma é a candidata sem luz própria. Levando em conta o espírito crítico do noticiário da Folha, a capa sobre Dilma está correta, o erro foi o tom ameno no trato do tucano.
Na semana que passou, o jornal ainda ressuscitou o petista dos dólares na cueca e acusou um dirigente do PT de desfrutar de benesses diplomáticas no exterior. A campanha tucana passou incólume.
PACIÊNCIA
Urge balancear o noticiário político que vinha, até há pouco, equilibrado. Isso não implica, é claro, dar as costas para a notícia, mas cavoucar assuntos dos dois lados.
E saber esperar, uma arte rara em jornalismo. Nesse vácuo de uma semana em que a Folha não agregou nada de novo ao "caso EJ", espalhou-se todo tipo de boato, o mais inocente de que o jornal tinha requentado notícia velha.
O presidente do PT, José Eduardo Dutra, "exigiu que a verdade fosse restabelecida" em carta ao painel do Leitor - a Folha não respondeu, como costuma fazer em casos como esse. Dilma foi na mesma linha. "Não vemos traço de nenhum documento. Ele não aparece, não se diz qual é", declarou.
Essa desconfiança poderia ter sido evitada se a reportagem tivesse ""cozinhado" por um tempo maior até que se pudesse dar páginas do dossiê, publicadas ontem. Paciência e equilíbrio editorial, que precisa ser revisto a cada round, são essenciais em tempos de guerra.
A todos que questionam a neutralidade da Folha, respondo que o jornal é apartidário e se pauta pela crítica geral. No Twitter, após dizer isso a um internauta, recebi de volta: "Você assegura que não há apoio implícito?".
Outra leitora, por email, questionou a veracidade do dossiê, já que é tudo em "off". Perguntou: "Por que tenho que simplesmente acreditar na Folha?" Tive que responder apenas "porque é o seu jornal".
Suzana pode procurar nos arquivos da Folha as muitas colunas dominicais que seus antecessores publicaram dizendo a mesma coisa, que o jornal prejudicou o PT em benefício do PSDB e que deixou de investigar este como fez com aquele. Não começou agora. Há uma história, na Folha, desse tipo de prática que ela descreveu.
Mas a ombudsman criticou o patrão meramente por ter publicado denúncias de que dados fiscais sigilosos de Eduardo Jorge tinham sido violados antes da publicação de supostos documentos que teriam sido entregues ao jornal por fontes obscuras. E tenta ver nesses supostos documentos prova de alguma coisa.
Sem provas para sustentar tal enormidade, ela decreta que cabe ao leitor crer cegamente na Folha simplesmente porque ele a lê. Se algum leitor disser que aquilo que a Folha publicou não prova nada contra ninguém e que, portanto, o jornal não poderia ter tratado o material como prova, Suzana, Carlos Eduardo e a empresa dirão que tal leitor é “radical” como os tais blogs aos quais os ombudsmans aludiram.
Essa moça não julga radical publicar falsificações de documentos contra Dilma ou acusações pesadas como as do seu colunista Cesar Benjamin contra Lula, de que ele teria tentado estuprar um adolescente. Radical, para essa pessoa, é protestar contra essas práticas criminosas nas quais ela esteve envolvida até há pouco tempo e que, se o PT tivesse coragem, levariam o jornal à condenação por crime contra a honra em qualquer tribunal do mundo.
O cargo de ombudsman da Folha é uma farsa, novamente ficou demonstrado. Está lá simplesmente para fazer os leitores do jornal de idiotas. Ainda bem que eles são poucos e que diminuem de número a cada dia. Ainda bem que só uma parcela deles, ainda que majoritária, acredita na alegação dessa empresa, chamada Folha, de que ainda faz algum tipo de “jornalismo”.
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EUA conspiram ativamente na América Latina
Para os que acham que a crítica às ações expansionistas dos EUA é coisa de “esquerdistas com mentalidade conspirativa”, sugiro a leitura do livro “Legado de cinzas: uma história da CIA”, publicado pelo jornalista estadunidense Tim Weiner em 2008. Já para os que se iludiram com a eleição de Barack Obama, sonhando que ela poderia aplacar a gula imperialista, indico a leitura dos artigos da escritora estadunidense-venezuelana Eva Golinger, uma atenta pesquisadora dos documentos desclassificados das várias “agências de ajuda” ianques.
No seu mais recente artigo, ela comprova que os EUA continuam bastante ativos na montagem de rede de conspiradores pelo mundo. “Durante o último ano, distintas agências de Washington têm financiado, promovido e organizado grupos de jovens e estudantes na Venezuela, Irã e Cuba, para criar movimentos de oposição contra seus governos. Os três países, considerados ‘inimigos’ pelo governo estadunidense, têm sido vítimas do incremento de agressões de Washington, que busca provocar mudanças de ‘regime’ favoráveis aos seus interesses”.
Recursos milionários das “agências”
Na semana passada, um dos líderes da oposição anti-chavista, Roderick Navarro, presidente da Federação de Centros Universitários da Universidade Central da Venezuela, esteve em Miami para organizar “uma rede internacional, que inclua estudantes do Irã e Cuba, para que o mundo saiba das violações dos direitos humanos em nossos países”, segundo confessou à imprensa. A sua principal visita foi Diretório Democrático Cubano, organização de gusanos cubanos que é financiada pela USAID e pela NED, duas das mais ativas agências imperialistas dos EUA.
“Desde 2005, Washington está reorientando recursos através da NED e da USAID para o setor estudantil da Venezuela. Dos 15 milhões de dólares invertidos e canalizados por estas agências neste país, mais de 32% são dirigidos a organizações ‘juvenis’. Seu programa principal está direcionado à ‘capacitação no uso de novas tecnologias e de redes sociais para se organizar de maneira política’, segundo afirmam os próprios informes da USAID”, denuncia Golinger.
Ingerência agressiva no continente
A escritora afirma que Barack Obama não só manteve estes planos ilegais de ingerência, como intensificou as ações. “Em agosto de 2009, Washington começou uma ofensiva mundial usando estudantes venezuelanos como porta-vozes da oposição. De agosto a setembro, o Departamento de Estado organizou a visita de oito jovens aos EUA para denunciar o governo Chávez e para estreitar os vínculos com jovens estadunidenses. Os oito foram selecionados pelo Departamento de Estado como parte do programa ‘A democracia para os jovens líderes políticos’”.
“Os jovens venezuelanos, pagos e acompanhados pelo Departamento de Estado durante a visita, deram declarações à imprensa tentando desacreditar o governo Chávez. Justamente depois desta visita, foi organizada uma manifestação através do Facebook, intitulada “No más Chávez”, que incitou o magnicídio [assassinato] de Chávez... Um mês depois, em outubro de 2009, a Cidade do México sediou o segundo encontro da Aliança de Movimentos Juvenis (AYM). Patrocinado pelo Departamento de Estado, o evento contou com a participação de Hillary Clinton” e de vários direitistas da América Latina – incluindo do Brasil, que não teve o seu nome revelado.
Investindo pesado na internet
Além dos debates políticos, com palestras de agentes do Instituto Republicano Internacional, do Banco Mundial e do Departamento Estado, os presentes tiveram vários cursos de “capacitação e formação” em Twitter, Facebook, MySpace, Flicker e Youtube. O império estadunidense tem investido pesado na utilização destas ferramentas da internet. Segundo a AYM, entidade criada em 2008, o uso destas “técnicas mais modernas tem resultado em coisas assombrosas”. Ela se jacta de várias manifestações direitistas organizadas através da internet.
Como alerta Eva Golinger, “as novas tecnologias – Twitter, Facebook, Youtube e outros – são suas principais armas nesta nova estratégia, e os meios tradicionais, como a CNN e as afiliadas, exageram o impacto real destes movimentos, promovendo opiniões falsas e distorcidas”. Para a escritora, o objetivo é criar uma “ciber-dissidência”, que desestabilize governos progressistas, apropriando-se de bandeiras como as da “liberdade de expressão e dos direitos humanos”.
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No seu mais recente artigo, ela comprova que os EUA continuam bastante ativos na montagem de rede de conspiradores pelo mundo. “Durante o último ano, distintas agências de Washington têm financiado, promovido e organizado grupos de jovens e estudantes na Venezuela, Irã e Cuba, para criar movimentos de oposição contra seus governos. Os três países, considerados ‘inimigos’ pelo governo estadunidense, têm sido vítimas do incremento de agressões de Washington, que busca provocar mudanças de ‘regime’ favoráveis aos seus interesses”.
Recursos milionários das “agências”
Na semana passada, um dos líderes da oposição anti-chavista, Roderick Navarro, presidente da Federação de Centros Universitários da Universidade Central da Venezuela, esteve em Miami para organizar “uma rede internacional, que inclua estudantes do Irã e Cuba, para que o mundo saiba das violações dos direitos humanos em nossos países”, segundo confessou à imprensa. A sua principal visita foi Diretório Democrático Cubano, organização de gusanos cubanos que é financiada pela USAID e pela NED, duas das mais ativas agências imperialistas dos EUA.
“Desde 2005, Washington está reorientando recursos através da NED e da USAID para o setor estudantil da Venezuela. Dos 15 milhões de dólares invertidos e canalizados por estas agências neste país, mais de 32% são dirigidos a organizações ‘juvenis’. Seu programa principal está direcionado à ‘capacitação no uso de novas tecnologias e de redes sociais para se organizar de maneira política’, segundo afirmam os próprios informes da USAID”, denuncia Golinger.
Ingerência agressiva no continente
A escritora afirma que Barack Obama não só manteve estes planos ilegais de ingerência, como intensificou as ações. “Em agosto de 2009, Washington começou uma ofensiva mundial usando estudantes venezuelanos como porta-vozes da oposição. De agosto a setembro, o Departamento de Estado organizou a visita de oito jovens aos EUA para denunciar o governo Chávez e para estreitar os vínculos com jovens estadunidenses. Os oito foram selecionados pelo Departamento de Estado como parte do programa ‘A democracia para os jovens líderes políticos’”.
“Os jovens venezuelanos, pagos e acompanhados pelo Departamento de Estado durante a visita, deram declarações à imprensa tentando desacreditar o governo Chávez. Justamente depois desta visita, foi organizada uma manifestação através do Facebook, intitulada “No más Chávez”, que incitou o magnicídio [assassinato] de Chávez... Um mês depois, em outubro de 2009, a Cidade do México sediou o segundo encontro da Aliança de Movimentos Juvenis (AYM). Patrocinado pelo Departamento de Estado, o evento contou com a participação de Hillary Clinton” e de vários direitistas da América Latina – incluindo do Brasil, que não teve o seu nome revelado.
Investindo pesado na internet
Além dos debates políticos, com palestras de agentes do Instituto Republicano Internacional, do Banco Mundial e do Departamento Estado, os presentes tiveram vários cursos de “capacitação e formação” em Twitter, Facebook, MySpace, Flicker e Youtube. O império estadunidense tem investido pesado na utilização destas ferramentas da internet. Segundo a AYM, entidade criada em 2008, o uso destas “técnicas mais modernas tem resultado em coisas assombrosas”. Ela se jacta de várias manifestações direitistas organizadas através da internet.
Como alerta Eva Golinger, “as novas tecnologias – Twitter, Facebook, Youtube e outros – são suas principais armas nesta nova estratégia, e os meios tradicionais, como a CNN e as afiliadas, exageram o impacto real destes movimentos, promovendo opiniões falsas e distorcidas”. Para a escritora, o objetivo é criar uma “ciber-dissidência”, que desestabilize governos progressistas, apropriando-se de bandeiras como as da “liberdade de expressão e dos direitos humanos”.
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A triste sina de Heloísa Helena
Reproduzo artigo do sociólogo Emir Sader, publicado no sítio Carta Maior:
Heloisa Helena havia feito campanha contra o aborto, embora presidente de um partido que havia se pronunciado a favor. Ao mesmo tempo, ela afirmou que preferia seus 10 minutos na TV Globo do que não renovar a concessão do canal de televisão privado venezuelano feito por Hugo Chavez.
Sabia-se, pelo seu próprio estilo – revelado claramente na campanha eleitoral de 2006 -, que ela atua individualmente e não como dirigente de um coletivo partidário. Recentemente ela questionou o resultado da consulta interna feita para indicar o candidato à presidência. Ela preferia que o PSOL apoiasse Marina, mas rapidamente se revelou, nas negociações, como não havia identidade ideológica e política mínima entre o partido e a candidatura da Marina.
Heloisa Helena tinha afirmado que não faria campanha nas eleições para o vencedor da consulta – Plinio de Arruda Sampaio. Mais recentemente, reafirmou que apóia Marina nas eleições presidenciais, contrariando frontalmente a posição formalmente adotada pelo PSOL. Plinio pediu que ela seja removida da direção do PSOL, pelas posições que tem tomado.
Heloisa Helena disse também que “já entregou sua cota” e que agora se dedicaria ao povo do Alagoas – isto é, à sua candidatura ao Senado. Acrescentou que teria sido usada pelo partido na campanha presidencial.
Uma atitude absolutamente individualista, coerente com o seu comportamento na campanha presidencial, que privilegia sua campanha, que lhe garanta um mandato, independentemente do desempenho do seu partido. Já na campanha para vereadora, Heloisa Helena havia dito que o companheiro de bancada do mesmo partido tinha sido eleito sem mérito, pelos votos dela, que não merecia ter um mandato.
Não será de surpreender se ela fizer a campanha da Marina e, finalmente, se eleita, sair definitivamente do PSOL e se vincular ao PV ou a algum outro partido, ou, se não eleita, se retirar da política.
Uma triste sina de quem pretendia encarnar uma perspectiva mais radical do que o PT e construir um partido com essa perspectiva. Hoje falta ao respeito com o seu partido e com Plinio de Arruda Sampaio e toda sua trajetória de lutas na esquerda brasileira.
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Heloisa Helena havia feito campanha contra o aborto, embora presidente de um partido que havia se pronunciado a favor. Ao mesmo tempo, ela afirmou que preferia seus 10 minutos na TV Globo do que não renovar a concessão do canal de televisão privado venezuelano feito por Hugo Chavez.
Sabia-se, pelo seu próprio estilo – revelado claramente na campanha eleitoral de 2006 -, que ela atua individualmente e não como dirigente de um coletivo partidário. Recentemente ela questionou o resultado da consulta interna feita para indicar o candidato à presidência. Ela preferia que o PSOL apoiasse Marina, mas rapidamente se revelou, nas negociações, como não havia identidade ideológica e política mínima entre o partido e a candidatura da Marina.
Heloisa Helena tinha afirmado que não faria campanha nas eleições para o vencedor da consulta – Plinio de Arruda Sampaio. Mais recentemente, reafirmou que apóia Marina nas eleições presidenciais, contrariando frontalmente a posição formalmente adotada pelo PSOL. Plinio pediu que ela seja removida da direção do PSOL, pelas posições que tem tomado.
Heloisa Helena disse também que “já entregou sua cota” e que agora se dedicaria ao povo do Alagoas – isto é, à sua candidatura ao Senado. Acrescentou que teria sido usada pelo partido na campanha presidencial.
Uma atitude absolutamente individualista, coerente com o seu comportamento na campanha presidencial, que privilegia sua campanha, que lhe garanta um mandato, independentemente do desempenho do seu partido. Já na campanha para vereadora, Heloisa Helena havia dito que o companheiro de bancada do mesmo partido tinha sido eleito sem mérito, pelos votos dela, que não merecia ter um mandato.
Não será de surpreender se ela fizer a campanha da Marina e, finalmente, se eleita, sair definitivamente do PSOL e se vincular ao PV ou a algum outro partido, ou, se não eleita, se retirar da política.
Uma triste sina de quem pretendia encarnar uma perspectiva mais radical do que o PT e construir um partido com essa perspectiva. Hoje falta ao respeito com o seu partido e com Plinio de Arruda Sampaio e toda sua trajetória de lutas na esquerda brasileira.
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