quinta-feira, 13 de junho de 2019

As mídias na midiática Lava-Jato

Globo x Glenn: guerra declarada

Moro é cuspido por quem o tornou ‘herói’

Por Kiko Nogueira, no Diário do Centro do Mundo:

Moro está a caminho de voltar a ser o personagem menor que sempre foi, um cunhado de Nelson Rodrigues.

Vai sendo fritado por Jair Bolsonaro, que não se manifestou publicamente sobre o escândalo da Lava Jato e declarou um apoio envergonhado.

Bolsonaro sabe que o ministro tem um projeto de poder próprio.

Cauteloso, não sabe o que virá por aí nos vazamentos do Intercept envolvendo a nomeação do ex-juiz para o governo.

Mas é a mídia que construiu Moro que o está rifando de maneira inclemente.

Intercept dá as cartas do jogo

Por Luis Nassif, no Jornal GGN:

Dizia Vitor Hugo que nada é mais poderoso que uma ideia que chegou no tempo certo.

Tome-se o caso Lava Jato no seu auge e, agora, depois do dossiê Intercept. As mesmas cenas, o mesmo jogo político, as mesmas arbitrariedades, mas, agora, vistas de uma ótica diferente e produzindo reações completamente opostas.

O que se minimizava antes, ganha cores chocantes. As ilegalidades, antes aceitas, hoje ferem o sentimento de justiça da opinião pública mais esclarecida.

Tudo porque, sem a adrenalina das denúncias diárias, da narrativa única, proveniente do acordo Globo-Lava Jato, entra-se na normalidade. Há uma releitura geral e todas as impropriedades passam a ser julgadas pela ótica comum aos seres civilizados.

Globo, a advogada do "juiz" Sergio Moro

Bolsonaro demite o general Santos Cruz

Por Victor Ohana, na revista CartaCapital:

Caiu mais um ministro do governo: desta vez, foi Carlos Alberto dos Santos Cruz, da Secretaria de Governo da Presidência da República. Santos Cruz foi demitido por Jair Bolsonaro (PSL), nesta quinta-feira 14. O cargo deve ser ocupado agora pelo General Luiz Eduardo Ramos Batista Pereira, comandante militar do Sudeste.

O ministro havia se envolvido em uma crise com os filhos do presidente da República e com o guru da família, o escritor Olavo de Carvalho, de quem recebeu diversos ataques públicos. É a primeira baixa de um militar no corpo ministerial.


O jogo mudou: sai Neymar, entra Moro

Por Laurindo Lalo Leal Filho, na Rede Brasil Atual:

Até a semana passada programas de rádio e TV, jornalísticos ou não, e manchetes de jornais e revistas abriam grandes espaços para o caso Neymar-Najila. Espaços até então ocupados por malabarismos para justificar as ações de um governo tresloucado cederam lugar a um tema de folhetim. Nada melhor para segurar uma audiência do que juntar num só enredo fama, dinheiro, violência, sexo e traição. Tudo isso, é claro, travestido de jornalismo.

O Papa Francisco e o "Morogate"

A "Vaza Jato" e os jornais

Por Eduardo Barbabela e João Feres Jr., no site Manchetômetro:

No terceiro dia após a divulgação das conversas entre Moro e Dallagnol pelo The Intercept, 12 de junho, a Folha continua sendo o meio com o maior número de matérias sobre o caso, com 16 novos textos no dia de hoje, dentre os quais temos uma fala do ex-presidente Lula e textos de opinião que defendem a renúncia do ministro da Justiça.

O Estadão aumentou hoje o número de textos contrários a Moro. Se nos dois últimos dias o balanço entre o número de textos críticos a Moro e ao Intercept estava totalmente equilibrado, hoje há uma tendência contrária ao ministro de Bolsonaro. O jornal destaca os prejuízos jurídicos que a Lava Jato pode ter pela ação de Sérgio Moro que afronta o Estado de Direito.

Lavajatogate: hackers, X9 e o Direito

Por Lenio Luiz Streck, no site Consultor Jurídico:

Passadas 48 horas da divulgação dos diálogos entre procuradores da “lava jato” e o ex-juiz Sergio Moro, algumas questões parecem estar consensuadas:

- Primeiro, que as conversas configuram relações promíscuas e ilegais entre juiz e membros do Ministério Público;

- Segundo, houve a violação de comezinhos princípios éticos e jurídicos acerca do devido processo legal;

- Terceiro, ficou claro que a defesa foi feita de trouxa pelo juiz e pelo MP, porque combinaram esquema tático sem que essa imaginasse o que estava ocorrendo (a defesa pediu várias vezes a suspeição do juiz);

Réquiem de Moro e as esperanças republicanas

Por Roberto Amaral, em seu blog:

Nada melhor senão começar pelo óbvio ululante: a questão que diz respeito à República não é o vazamento em si das conversas íntimas e promíscuas do ex-juiz com o procurador ainda coordenador da Lava Jato, pois elas revelam o conhecido e o já sabido: um monturo de ilicitudes. O relevante é a comprovação material de um crime continuado, e até aqui impune (e assim até quando?). Crime, aliás, reconhecido, ou confessado, pois nem o ex-juiz ainda ministro nem o ainda procurador negam os diálogos mafiosos, limitando-se ambos, em declarações articuladas, a condenar os meios de sua extração. Estes, porém, tornam-se secundários se abraçamos tese antiga do juiz: acusado de levar à execração pública políticos que tiveram seus nomes mencionados em delações premiadas por ele ilegalmente vazadas, alegou que “o interesse público sobrepunha-se ao direito à privacidade”.

Bolsonaro sinaliza descarte de Moro

Do jornal Correio do Brasil:

O presidente Jair Bolsonaro prestou uma homenagem ao ministro da Justiça, o ex-juiz Sérgio Moro, pronto a cumprir qualquer determinação judicial de afastá-lo da vida pública, após o vazamento continuado da interação entre o magistrado e o procurador da Justiça Federal Deltan Dallagnol. Caso o Supremo Tribunal Federal (STF) coloque o ex-juiz na condição de réu, não restará muito ao presidente senão pedir que Moro renuncie ao cargo, para responder às ações judiciais. O mesmo poderá ser exigido pela Corte Suprema.

Bolsonaro vai se livrar de Moro

Por Renato Rovai, em seu blog:

Política é como nuvem, você olha e ela está de um jeito. Olha de novo e ela está de outro. A frase de Magalhães Pinto é precisa para definir o quão rapidamente as situações se movem no cenário político.

O dono da bola de hoje pode se tornar o gandula de amanhã.

E quem se lambuza com o poder corre mais risco de ser despejado dele do que aquele que se comporta de forma discreta.

Moro vem se lambuzando há tempos. Se comportando como um ser acima de tudo e de todos. Como se fosse Deus e o Brasil da frase bolsonarista.

Globo joga tudo na defesa da Lava-Jato

Por Ricardo Kotscho, em seu blog:

Ao jogar tudo na defesa da Lava Jato, a Globo dobrou a aposta e agora corre o risco de afundar abraçada ao ex-herói nacional Sergio Moro, que acaba de ser desmascarado.

Na verdade, a Globo está também atuando em causa própria, pois desde o primeiro momento apoiou e bancou a força-tarefa de Curitiba comandada pelo ex-juiz, hoje ministro da Justiça do governo de extrema-direita.

“A Globo é sócia, agente e aliada de Moro e da Lava Jato”, disse o jornalista Glenn Greenwald, autor das denúncias publicadas no site The Intercept, o que não chega a ser uma grande novidade para quem acompanha há cinco anos a operação casada da Lava Jato com jornalistas e donos da mídia amiga.

Conluio de Moro é crime de lesa-pátria

Por Eleonora de Lucena e Rodolfo Lucena, no site Tutaméia:

A Lava Jato produziu uma grande farsa, houve um conluio que compromete toda a operação. Houve prevaricação, desvio funcional, emprego de provas ilícitas, uso de função para obter outros objetivos e atender a interesses de outra natureza. Em qualquer lugar do mundo essa conexão entre juiz e acusação faz com que o processo seja considerado nulo. O processo tem que ser anulado – todos os processos. E o ex-presidente Lula “tem que ser imediatamente solto”.

É o que afirma a advogada Carol Proner em entrevista ao Tutaméia (acompanhe no vídeo), ao comentar as informações divulgadas pelo “The Intercept Brasil”. Para ela, as revelações colocam a Justiça brasileira numa situação vexatória, e a situação do ex-presidente Lula é a consequência mais importante do processo.

Globo e Lava Jato são parceiras

Por Thiago Domenici, no site Pública:

“Se você não quer esses riscos, você não deve fazer jornalismo”, afirma Glenn Greenwald sobre a série do The Intercept Brasil que revelou no último domingo trocas de mensagens nada republicanas entre o então juiz federal Sérgio Moro e a força-tarefa da Lava Jato.

As revelações, frutos de documentos enviados por uma fonte anônima, podem ter influenciado os rumos das últimas eleições no país e seu conteúdo dinamitou uma série de reações em todas as esferas de poder e da opinião pública.

Na entrevista à Pública, Greenwald fala sobre as reações dos envolvidos e trata da cobertura da imprensa sobre a Lava Jato antes e depois das reportagens do The Intercept Brasil. “Quando a grande mídia transforma Moro e a Força-Tarefa em deuses ou super heróis, se torna inevitável o que aconteceu. Os jornalistas pararam de investigar e questionar a Lava Jato e simplesmente ficaram aplaudindo, apoiando e ajudando”, avalia.