domingo, 30 de dezembro de 2018

Os anos perdidos

Por Tereza Cruvinel, no Jornal do Brasil:

O ano que se finda ainda será muito revisitado para ser compreendido.

Nele, constatamos que o fundo do poço pode sempre ser mais escavado.

A autoflagelação destrutiva iniciada em 2013, e os desatinos dos anos seguintes, resultaram na opção eleitoral pelo projeto extremista que começa a ser implantado com a posse de Bolsonaro.

E com isso começa o ciclo político que substituirá o da Nova República, iniciado em janeiro de 1985 com a eleição de Tancredo Neves e coroado com a Constituinte, legado que o Brasil e suas elites não souberam aprimorar. Não se pode falar de 2018 sem olhar também para os cinco anos anteriores.

Direita pode estar montando provocações

Por Gilberto Maringoni

São preocupantes as informações de que um suposto grupo terrorista teria anunciado um atentado durante a posse de Jair Bolsonaro, em 1o. de janeiro, em Brasília. As informações se originariam dos próprios responsáveis. É algo somente plausível em seriados da RKO dos anos 1940: uma gang alardeia aos quatro ventos que fará uma ação surpresa em local e data determinadas.

A isso se soma notícia, divulgada na noite de sábado, de que a futura ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves (titular da pasta da Goiabeira), estaria "sofrendo ameaças nas redes sociais há uma semana e que está conversando com a Polícia Federal", conforme informa o UOL.

Temer volta a atacar a indústria nacional

Por Luiz Carlos Bresser-Pereira:

Hoje o governo Temer, através da Camex, deu mais um passo visando acabar com a indústria nacional. Decidiu que em quatro anos as tarifas sobre a importação de bens de capital caiam de 14 para 4 por cento. O argumento é que o setor se beneficia de protecionismo, quando não há protecionismo algum.

O que as tarifas fazem é neutralizar a doença holandesa para efeito de vendas no mercado interno e, assim, dar condições para que as boas empresas do país possam competir.

Temer deixa um Brasil destroçado

Por Lia Bianchini, no jornal Brasil de Fato:

O dia 31 de dezembro marcará o fim de um governo histórico para o Brasil. Michel Temer sairá do poder com a marca de presidente mais impopular da história democrática brasileira. No início deste mês, pesquisa Ibope mostrou que 74% da população considera o governo Temer (MDB) ruim ou péssimo e outros 88% desaprovam a maneira como o presidente governa o país.

Parte dos caminhos que levaram Temer de vice à presidência da República foram expostos em maio de 2016, em áudio gravado de uma conversa entre o ex-senador Romero Jucá (MDB) e o ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado. No áudio, eles falam que a “saída mais fácil” para “estancar a sangria” no país seria colocar Michel Temer na presidência, em um “grande acordo nacional”, “com Supremo, com tudo”. Naquele mesmo ano, a presidenta eleita Dilma Rousseff (PT) foi impeachmada e seu vice-presidente, Temer, alçado ao poder.

Queiroz e o jornalismo farsante do SBT

Por Renato Rovai, em seu blog:

Entre os jornalistas, o SBT já vem sendo chamado de Sistema Bolsonaro de Televisão, tamanha a desfaçatez com a qual a emissora de Silvio Santos aderiu ao novo governo. Entre outras bizarrices, resgatou o programa Semana com o Presidente e o slogan Brasil, Ame-o ou Deixe-o. Ambos, produtos da ditadura militar.

Mas não foi só isso que o SBT fez para se tornar mais amigo do novo rei do que outros grupos de comunicação. Também foi se livrando de jornalistas mais sérios e contratando aqueles que fazem qualquer coisa para “subir na vida”.

O ocaso dezembrista de Temer

Por Cezar Britto, no site Congresso em Foco:

Tenho no mês de dezembro o lapso temporal mais paradoxal do calendário. E não estou aqui narrando das coisas do horóscopo ou das múltiplas complexidades das pessoas nascidas em sagitário ou capricórnio. Tampouco filosofando sobre o fracassado movimento dezembrista que, no distante 26 de dezembro de 1825, reunindo militares e a alta nobreza russa, queria impedir a posse do futuro czar Nicolau I, conhecido por sua crueldade.

O primeiro ato da resistência a Bolsonaro

Por José Reinaldo Carvalho, no blog Resistência:

Foi justa a decisão do PT, acompanhada pelo PSOL e o PCdoB, de não comparecer à cerimônia de investidura do governo da extrema direita.

É o primeiro ato de uma Resistência que nas novas circunstâncias se afigura prolongada, complexa e sinuosa.

A situação política criada com a eleição do governo de extrema direita é por si só anormal, agravada pelo fato de ser um governo resultante da fraude e do engodo.

Sua posse não será uma cerimônia, uma festa, um protocolo, uma juramentação constitucional, mas o ato oficial de inauguração de uma nova época política. Ilusão pensar que em Primeiro de Janeiro procede-se a uma mera alternância de governo.

Lava-Jato acredita nas mentiras do Queiroz

Por Jeferson Miola, em seu blog:         

Se nem mesmo os integrantes e figuras centrais do governo Bolsonaro acreditam nas lorotas do Queiroz, ninguém teria justificativa para acreditar nas suas mentiras, certo? Errado!

Sérgio Moro, Deltan Dallagnol, Marcelo Bretas e os justiceiros da Lava Jato não só aceitam como legitimam a versão mentirosa do Queiroz.

Depois da conversa de vigarista do Queiroz no SBT [ler aqui], ninguém acreditaria que o farsante seria levado a sério. Errado!

Previdência: empobrecimento programado

Por Paulo Moreira Leite, em seu blog:

Principal luta social de 2019, a resistência da maioria dos brasileiros ao projeto de reforma da Previdência acaba de ganhar um reforço indispensável no plano das ideias e argumentos.

Em vez alimentar o debate no plano da luta ideológica, a Associação Nacional dos Participantes dos Fundos de Pensão (Anapar) patrocinou um levantamento da FSB Pesquisa sobre a realidade da população de 210 milhões de brasileiros que será chamada a pagar a conta de toda mudança que vier a ser realizada no sistema de aposentadorias em vigor no país. Foram feitas 2045 entrevistas domiciliares com pessoas com mais de 16 anos, em 152 municípios, entre 8 e 13 de novembro. O resultado é um necessário banho de realidade. Exemplos: