quinta-feira, 29 de novembro de 2018

Nova direita é chucra, mas não é burra

Por Felipe Bianchi, no site do Centro de Estudos Barão de Itararé:

Na moda, a aliança entre uma agressiva agenda neoliberal e um fundamentalismo moralista aposta em um discurso chucro. Foi assim que Jair Bolsonaro, equipado com uma verdadeira usina virtual de fake news, emplacou sua mensagem e terminou 2018 eleito presidente do Brasil. Mas atenção: o modus operandi é chucro, mas não é burro. Este é o alerta feito por Esther Solano (professora da Universidade Federal de São Paulo) e por Kelli Maffort, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), em debate realizado nesta quarta-feira, 28 de novembro, no Centro de Estudos do Barão de Itararé, em São Paulo. A mediação ficou por conta de Renata Mielli, Secretária-Geral do Barão de Itararé e coordenadora do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC).

Dos navios negreiros aos “navios prisões”

Por Mariana Pitasse, no jornal Brasil de Fato:

Em um porão escuro e úmido, centenas de homens e mulheres se espremem para caber em um espaço limitado demais para todos. Eles estão muito próximos e aprisionados em correntes de ferro. O mau cheiro, a sujeira, as marcas na pele, os trapos que cobrem seus corpos denunciam que eles não têm condições mínimas de higiene e sobrevivência. A fome e a sede são constantes, as doenças se espalham com facilidade. Muitos deles morrem e adoecem gravemente em pouco tempo, antes de chegar ao final da travessia.

Brasil não pode virar uma província talibã

Por Roberto Amaral, em seu blog:

O governo do capitão Messias ameaça mergulhar-nos de corpo inteiro em regressão mais profunda do que aquela que parece acometer o mundo ocidental sob o comando de Trump, seu grande ídolo e inspirador, depois do cel. Brilhante Ustra, o facínora. Se realizar o prometido, assistiremos a cenas dignas dos fanáticos do Estado Islâmico. Reviveremos situações registradas sob o nazifascismo. Experimentaremos as práticas do macarthismo, que agrediram as noções de civilidade firmadas após as catástrofes das guerras mundiais. Mergulharemos na era do ódio à inteligência, como sofreram os espanhóis sob os falangistas.

O peso dos militares no governo Bolsonaro

Por Vilma Bokany, no site da Fundação Perseu Abramo:

Os militares estão distantes da política desde o final da ditadura, mas no novo governo de Jair Bolsonaro terão papel fundamental. Além do vice-presidente, general Hamilton Mourão, até o momento cinco militares foram escalados para ocupar Ministérios em setores chave do futuro governo.

O general da reserva Augusto Heleno deverá orientar o braço de segurança do governo, assumindo o Gabinete de Segurança Institucional (GSI), que além de zelar pela segurança pessoal do presidente pretende fortalecer a Agência Brasileira de Inteligência (ABIN), responsável por análises estratégicas e informações relativas à segurança do Estado, relações exteriores e defesa externa. Além de comandante militar, com sólida carreira no Exército, general Heleno chefiou a paste de Ciência e Tecnologia e missões de paz da ONU no Haiti, entre junho de 2004 e setembro de 2005.

Os cubanos e a medicina sem pompa

Por Marcos Pacheco, no site Outras Palavras:

A decisão de retirada dos colegas médicos cubanos da Atenção Primária em Saúde vai agravar mais ainda a já recorrente tendência de elevação das taxas de morbimortalidade infantil no Brasil. Para se ter uma ideia do que isso representa, sairão de cena mais de oito mil médicos, todos (sem exceção) atuando em comunidades rurais, ribeirinhas, quilombolas, aldeias indígenas e bairros periféricos de grandes cidades brasileiras, em cenários de alta vulnerabilidade sociossanitária.

Mas, quem são esses médicos cubanos e por que farão tanta falta?

Bolsonaro piscou?

Por Tereza Cruvinel, no Jornal do Brasil:

Com o ministério praticamente formado, o governo Bolsonaro está composto por um grupo de militares em posições estratégicas, um núcleo duro ultraliberal no comando da área econômica, e uma coordenação política visivelmente frágil e desorganizada, sob o duplo comando do futuro chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, e do Secretário de Governo, general Santos Cruz.

A escolha do deputado Osmar Terra, do MDB, para a pasta de Cidadania, pode ser indicativa de que Bolsonaro começou a perceber a importância dos apoios partidários para garantir apoio parlamentar a sua agenda.

Qual autocrítica cabe ao PT?

Por Breno Altman, no site Opera Mundi:

De Giordano Bruno, Galilei e Copérnico, entre outros hereges, a Santa Inquisição não queria extrair apenas a liberdade ou a própria vida. Acima de tudo, buscava abjuração das ideias. Puni-los era insuficiente: a Igreja somente se dava por satisfeita quando beijavam a cruz e reconheciam que a Terra era o centro do universo.

Esse espírito atravessou os tempos. Muitas das vozes que exigem autocrítica do Partido dos Trabalhadores, por exemplo, assim mascaram o desejo de vê-lo renegando sua natureza classista.

Caça às bruxas na era bolsonarista

Por Celso Amorim, na revista CartaCapital:

“A caça às bruxas não foi... mera repressão. Foi também – e com igual importância – uma oportunidade, há muito esperada, para que aqueles que se sentiam impelidos a tal pudessem expressar publicamente seu sentimento de culpa e seus pecados, sob o manto de acusações contra as vítimas.”

Essa reflexão, feita por Arthur Miller na introdução da peça O Caldeirão, mais conhecida entre nós como As Feiticeiras de Salem, em razão do roteiro cinematográfico escrito por Jean-Paul Sartre, vem inevitavelmente ao espírito nestes tempos em que toda a espécie de demônios é exorcizada para justificar atitudes que seriam incompreensíveis a partir de padrões de normalidade.

Bolsonaro e os infernos da História

Por Tarso Genro, no site Sul-21:

Emplacados, o místico Ernesto Araujo como Ministro de Relações Exteriores e o colombiano Ricardo Velez Rodriguez como Ministro de Educação, o bolsonarismo completa a simbiose entre o fascismo mitificado – através do controle mental de uma grande parte do “público” pela magia da magna mídia e das redes compradas – e o ultraliberalismo que, para ser aplicado, precisa destruir a confiança mínima na política e na democracia, que são sempre demoradas e pacientes. As grandes vantagens das tiranias modernas e antigas é que elas têm respostas prontas e se vencem a peleja pelo poder têm a possibilidade de apresentá-las, embora nem sempre sejam as mesmas que se comprometeram nas suas diatribes contra a velha ordem.

Bolton, abutre de Trump e agressor do Brasil

Imagem capturada do Youtube
Por Marcelo Zero

No próximo dia 29, numa escala em sua viagem com destino à reunião do G20 em Buenos Aires, o conselheiro para segurança nacional de Donald Trump, John Bolton, aportará no Rio de Janeiro para ter uma conversa com Bolsonaro.

A armada Bolsoleone, já abanando alvoroçados rabos, vê essa reunião com um “sub” como uma demonstração de grande prestígio mundial.

Evidentemente, não é. Em primeiro lugar, porque trata-se de uma reunião com alguém de segundo escalão. Em segundo, porque Bolton não vem ao Brasil especificamente para ver Bolsonaro. Ele apenas aproveitou sua viagem a Buenos Aires para fazer uma escala no Rio e conversar com o capitão. Em terceiro lugar, porque Bolton é figura extremamente controversa.

Como é que chegamos nesta situação, Manuel?

Por Reginaldo Moraes, no site Carta Maior:

O cara vive no sufoco. Já dormiu mal, deram-lhe uma pisada no trem, chegou cansado no trabalho, problema, cobrança, boato de demissões. Um inferno, à beira de um ataque de nervos. Está no meio de uma correria quando alguém grita: “Manuel, vai prá Madureira que sua mulher sofreu um acidente.” Meu Deus! Sequestra um táxi e berra: toca prá Madureira! Cinco minutos depois baixa o santo na porta-bandeira: “não me chamo Manuel, não moro em Madureira e não sou casado, o que é que eu estou fazendo aqui?”

O jantar do Toffoli com as multinacionais

Por Jeferson Miola, em seu blog:

Imagine-se um país em que o presidente da Suprema Corte participa de um jantar promovido por uma empresa de jornalismo profissional ao qual comparecem – além dos jornalistas, por suposto – executivos de poderosas multinacionais e a Embaixada dos EUA.

Esse país existe, e não é nenhuma ditadura de alguma republiqueta desprezível; é o Brasil, e os comensais têm notórios interesses econômicos, geopolíticos e estratégicos no país.

O recado sinistro do filho de Bolsonaro

Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:

Das três, uma.

Ou Carlos Bolsonaro, filho e conselheiro de Jair, é um poço de ressentimentos por alguma “derrubada” que tenha levado, ou há mistérios e conspirações sinistras no núcleo do governo em montagem ou, ainda, temos um clã de loucos na família imperial que vai ao Planalto.

O recado, no Twitter e no Facebook do “02”, o segundo filho de Bolsonaro, não podia ser mais pavoroso: