sexta-feira, 7 de julho de 2017

A censura no Brasil veste toga

Por Renata Mielli, no site Mídia Ninja:

Atualmente o Poder Judiciário é o principal agente das violações à liberdade de expressão no país. Sentenças judiciais impõem retirada de conteúdos, apreensão de materiais e multas para calar as vozes dissonantes e impedir a diversidade e pluralidade. Tudo isso a serviço da mídia hegemônica e da elite política e econômica.

A censura talvez seja um dos elementos mais simbólicos de um regime autoritário.

A restrição à liberdade de expressão é uma das lembranças mais duras do período em que o Brasil viveu sob a ditadura militar. Naquele momento, o censor era o Estado autoritário. Eram as forças da repressão que definiam o que podia ou não ser publicado num jornal ou revista, veiculado numa emissora de rádio ou televisão, encenado no teatro, exibido no cinema, tocado em shows ou gravado em discos. Isso para não falar da forma mais violenta de violação à liberdade de expressão: a repressão truculenta a toda forma de manifestação de pensamento e ideias, com violência nas ruas, prisões e mortes.

Três cenários para o governo Temer

Por Antônio Augusto de Queiroz, no site do Diap:

A perda acelerada de legitimidade e das reais condições de governabilidade do governo Temer sinalizam para uma enorme dificuldade de o presidente concluir seu mandato, seja em razão da crise ético-moral que atinge seu governo, seja pelas dificuldades fiscais e pela incapacidade de aprovar as reformas que prometeu quando de sua efetivação, e cuja promessa de “delivery” (entrega) contava com uma aceitação quase bovina, pelo Congresso e pela sociedade, de seus conteúdos.

São basicamente três os cenários imaginados: 1) renúncia, por exaustão do governo; 2) cassação, por decisão do STF, após autorização da Câmara dos Deputados; e 3) Sarneyzação do governo, ou a imagem do “pato manco”, com a equipe econômica e o Congresso fazendo o “feijão com arroz”, sem qualquer reforma relevante. O primeiro é realista, o segundo pessimista e o terceiro otimista.

Rodrigo Maia, o presidente-marionete

Por Paulo Moreira Leite, em seu blog:

Quando se evidenciou a incapacidade de Michel Temer manter-se na presidência da República, graças a uma combinação de fatores contagiosos que nem é preciso lembrar aqui, surgiu um debate entre os articuladores que passaram a comandar o país depois do golpe que derrubou Dilma.

Já que era preciso, de qualquer maneira, evitar uma antecipação das eleições presidenciais, saída que poderia colocar em risco os pactos já acertados e acordos de longo prazo firmados, surgiu a discussão sobre a necessidade de encontrar um sucessor a altura, para cumprir as mesmas tarefas.

Chegou-se a dizer, na época, deveria ser um quadro político acima de qualquer suspeita, quem sabe um estadista de primeira linha, a espera da grande oportunidade de exibir seus talentos e pacificar um país em crise histórica, dialogar com as partes e recuperar a democracia.

Governo Temer desmonta a Lava-Jato

Por Miguel do Rosário, no blog Cafezinho:

O governo Temer cortou quase metade da verba da Polícia Federal, inviabilizando novas operações de grande porte.

A Polícia Rodoviária Federal já avisou que fechou as portas: não tem dinheiro nem pra gasolina.

E agora acabou de vez com a equipe da Lava Jato. A reportagem da Época fala que, na verdade, desde o início do governo Temer há um processo de asfixia e redução de estrutura da força-tarefa. Mas agora a mudança foi definitiva e abrangente. Os delegados e agentes que cuidavam da operação terão de cuidar de outros assuntos.

Há uma justiça poética nisso. Dá vontade de falar: bem feito.

Cunha é a nova arma de Janot contra Temer?

Da revista CartaCapital:

Em julho de 2016, o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ), cassado por seus colegas deputados por mentir a uma Comissão Parlamentar de Inquérito, teria dito a um interlocutor que ficaria conhecido por "derrubar dois presidentes". A nota com essa informação, publicada pela coluna Radar, da revista Veja, não trazia nomes, mas os alvos eram óbvios. Cunha foi o artífice do impeachment de Dilma Rousseff e tem informações que comprometem Michel Temer.

De acordo com reportagem publicada pelo site BuzzFeed na noite da quarta-feira, 5, a delação premiada de Cunha está sendo negociada entre ele e o Ministério Público Federal. As tratativas estariam tão avançadas, diz o site, que a próxima denúncia do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, contra Temer já deve trazer informações prestadas pelo deputado cassado. Da mesma maneira, afirma o site, o doleiro Lúcio Funaro, operador de Cunha e de outros peemedebistas, também estaria negociando, separadamente, um acordo de delação.

Fim da Lava-Jato; panelas seguem mudas

Por Cynara Menezes, no blog Socialista Morena:

A Polícia Federal divulgou nota nesta quinta-feira, 6 de julho, confirmando notícia veiculada pelo site da revista Época sobre o fim do grupo de trabalho da Lava-Jato em Curitiba. A justificativa oficial é de que “a medida visa priorizar ainda mais as investigações de maior potencial de dano ao erário”. No entanto, os delegados deixarão de se dedicar com exclusividade à “maior operação contra a corrupção da história”, como a Lava-Jato era chamada antes da queda de Dilma Rousseff. À Época, investigadores falaram em “asfixia” da investigação.

O custo social do combate à inflação

Por André Luiz Passos Santos, no site Brasil Debate:

O presidente do Bacen, Ilan Goldfajn, publicou nota no site da instituição no último dia 19 comentando o relatório de inflação do primeiro trimestre. Nela, Goldfajn comemora a queda da inflação, que era de 9% nos doze meses encerrados em junho de 2016, quando assumiu a presidência do Banco Central, para 3,8%, taxa prevista para 2017. Dias depois, em entrevista ao jornal Valor, Goldfajn afirma à jornalista Claudia Safatle que a política monetária que preside “quebrou a espinha” da inflação.

De fato, alguns analistas preveem que a inflação poderá estar rodando abaixo de 3% no último trimestre de 2017. Portanto, abaixo da mínima prevista para a banda fixada pelo sistema de metas de inflação – que pode variar este ano entre 3 e 6% – o que obrigaria o BACEN a escrever uma carta ao Conselho Monetário Nacional explicando por que teria exagerado na dose do remédio.

Bancos devem R$ 124 bilhões para a União

Da Rede Brasil Atual:

Os grandes bancos comerciais do Brasil são destaque entre os maiores devedores com a União. Juntas, as instituições financeiras somam mais de R$ 124 bilhões, de acordo com levantamento realizado pelo Sindicato Nacional dos Procuradores da Fazenda Nacional (Sinprofaz), divulgado ontem (5). A natureza de tais débitos envolve itens como Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), atividades de seguros, capitalização, resseguros, planos de saúde e previdência.

De acordo com o relatório, do montante, R$ 7 bilhões correspondem à dívida com a Previdência, R$ 107,5 milhões são referentes ao FGTS e R$ 117 bilhões representam o restante. Os dados inspiram críticas à proposta de reforma da Previdência, capitaneada pelo presidente Michel Temer (PMDB). “Existe dinheiro, muito dinheiro. Existe um órgão responsável pela cobrança que está cada vez mais sucateado, porque não existe interesse do governo em que esse dinheiro seja cobrado. Fazer uma reforma na Previdência dizendo que a conta, mais uma vez, tem que ser paga pelo trabalhador é muito delicado”, disse o presidente do Sinprofaz, Achilles Frias.

Na crise, Meirelles avança até sobre mortos

Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:

A Reuters publica uma notícia que dá ideia do desespero do governo federal em obter receitas para evitar que até o “rombo” de R$ 140 bilhões no déficit primário – sem contar os R$ 1,7 trilhão pagos como encargos e serviço da dívida pública:

” O governo deve editar nos próximos dias uma Medida Provisória (MP) para recuperar recursos pagos pela União, como salários e benefícios, a pessoas que faleceram e estima reforço de caixa de 1 bilhão de reais em 2017 com a investida.”

Por que Temer luta para continuar no cargo?

Por Ricardo Kotscho, em seu blog:

Não deve ser fácil para um governante de 76 anos, que bate recordes de impopularidade e enfrenta a ameaça de desembarque de seus principais aliados.

Com sua articulação política desmantelada, encurralado por todo lado, esta semana o presidente Michel Temer resolveu assumir ele mesmo o papel de negociador do governo para continuar no Palácio do Planalto a qualquer preço.

Passa os dias reunido em seu gabinete com deputados que vão julgar a denúncia por corrupção passiva no inquérito aberto pela PGR, homologada pelo STF e encaminhada à Câmara após as delações da JBS.

Temer disse outro dia que não sabe porque Deus o colocou na Presidência da República, mas está na hora de saber se vale a pena continuar gastando todas as suas energias apenas para sobreviver no cargo.

Na ONU, cabisbaixo e de mãos vazias

Por Jorge Henrique Cordeiro, no site Outras Palavras:

No próximo dia 10 de julho reúne-se em Nova York o Fórum Político de Alto Nível da ONU, para mais uma rodada de discussão sobre a Agenda 2030 e seus 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), acordados por quase 200 países - entre eles o Brasil. O encontro serve para monitorar e avaliar os avanços do acordo, que em sua declaração oficial afirma que os governos devem alcançar um desenvolvimento “sustentável nas suas três dimensões - econômica, social e ambiental — de forma equilibrada e integrada” até 2030. Há, no entanto, questões de fundo sobre modelo de desenvolvimento que não estão sendo observadas e comprometem o cumprimento da Agenda 2030.

A influência política e comercial na mídia

Por Tatiana Carlotti, no site Carta Maior:

Com direito à bandeirinha esvoaçante em 3D - da Inglaterra não do Brasil, of course - o Jornal Nacional (JN) bombou os dados do Digital News Report 2017 (Relatório de Jornalismo Digital 2017), do Instituto Reuters para a Universidade de Oxford, na última quinta-feira (29.06). Não à toa: o levantamento, realizado com 70 mil pessoas em 36 países, mostra que 60% dos brasileiros confiam nas notícias veiculadas pela mídia.

Sim, é isso mesmo. O Brasil perde apenas para a Finlândia em termos de confiança do público nos meios de comunicação. Mas, muita calma nesta hora. Os dados do estudo silenciados pelo JN são muito mais interessantes. Inclusive, o não-dito sobre a pesquisa diz muito sobre a manipulação da emissora.

Lava-Jato virou algo parecido com uma seita

Por Joaquim de Carvalho, no blog Diário do Centro do Mundo:

Uma leitura da postagem mais recente do procurador Carlos Fernando dos Santos Lima dá a exata medida do tipo de seguidor que a chamada República de Curitiba criou, com a Operação Lava Jato.

São pessoas que parecem sinceras na crença de que os procuradores de Curitiba estavam passando o Brasil a limpo e não, como está evidente, encetando uma perseguição que resultou na queda de um governo democraticamente eleito.

Agora que o serviço está feito, foram descartados, e a Lava Jato desfeita como força tarefa, como explicou o delegado Igor Romário de Paula, coordenador da Lava Jato e um militante antipetista nas redes sociais, um revoltado online.