sexta-feira, 15 de maio de 2020

Bolsonaro conclama empresários à guerra

Do site Vermelho:

Durante uma videoconferência com empresários de São Paulo, realizada na quinta-feira (14), o presidente da República Jair Bolsonaro fez um chamamento de guerra. A pauta era a reabertura das atividades econômicas, com direito a ataques a todos que defendem o isolamento social, a única forma eficiente de conter a propagação do coronavírus.

Ao lado do ministro da Economia, Paulo Guedes, Bolsonaro disse que pelo governo federal “estava tudo aberto, no isolamento vertical, e ponto final”. Disse mais: no que dependesse dele, “quase nada” teria sido fechado. E reiterou seus ataques a governadores e prefeitos pelas decisões de fechamento e paralisação de atividades econômicas.

Ernesto Araújo e o nazismo no Brasil

Por Ricardo Evandro S. Martins, no jornal Le Monde Diplomatique-Brasil:

Em Bertioga, cidade litorânea de São Paulo, foi encontrado em 1979 o corpo do austríaco Wolfgang Gerhard, com sinais de afogamento. Mas somente em 1985 é que se descobriu que não se tratava de um imigrante austríaco. Sua verdadeira identidade era Josef Mengele, também conhecido como “O Anjo da Morte” [1]. Mengele foi capitão da SS e o médico que realizava no campo de concentração de Auschwitz experimentos, com cirurgias experimentais sem o uso de anestesia. Ele viveu no país por 35 anos, usando diversos nomes falsos [2]. Tinha morado em outra cidade no Brasil, Nova Europa. No final de sua vida foi para um lugar mais afastado, com o medo paranoico de ser capturado pela polícia de Israel, como havia ocorrido com Adolf Eichmann anos antes na Argentina.

Três notas sobre Sergio Moro

Por Valério Arcary, no jornal Brasil de Fato:

Os bons vinhos não podem ser bebidos assim que se abre a garrafa. Devem ter tempo para "respirar". A oxidação faz bem. A oxigenação das ideias demanda, também, tempo para que elas sejam postas à prova pela evolução dos acontecimentos.

Um debate dilacera os nervos da esquerda brasileira. Bolsonaro ainda está em uma posição ofensiva, como antes da pandemia, ou aconteceu uma inflexão nas últimas oito semanas, e foi colocado na defensiva? Identificar a dinâmica da oscilação da relação política de forças é decisivo para a tática. Mas podemos ter um pouco de paciência conosco, uns com os outros. Porque, por enquanto, tudo sugere que há um delicado impasse na conjuntura política.

Enem é fundamental no combate às injustiças

Por Aloizio Mercadante, no site da Fundação Perseu Abramo:

Mais uma vez o ministro da Educação do governo Bolsonaro demonstra total desconhecimento das políticas públicas educacionais brasileiras. Desta vez, ataca o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), transformado nos governos do PT no grande caminho de oportunidades para a educação superior para todos e todas, ao afirmar que o exame “não é feito para corrigir injustiças sociais, é para selecionar as melhores pessoas”.

Os empresários, a cenoura e a guerra

Foto: Adriano Machado/Reuters
Por Weslley Cantelmo, no site Brasil Debate:

Você já deve ter ouvido falar de um instrumento utilizado para enganar um asno. Coloca-se na frente do animal uma cenoura amarrada por um cordão a uma haste de madeira que está preza no próprio asno. De modo que, a cenoura fica sempre às vistas do animal, que passa a se locomover para alcançá-la, porém, sem nunca conseguir. É isso que o Governo Federal tem feito com micro e pequenos empresários e seus empregados. Desculpem-me a comparação e peço, sinceramente, que não me levam a mal. Não se trata de nenhum desrespeito às pessoas com essa anedota. Mas, de uma metáfora que me pareceu bastante adequada, não para rebaixar os pequenos e médios empresários, mas para mostrar a perversidade do Governo para com eles. Afinal, nem todos têm a obrigação de entender de medidas macroeconômicas e das possibilidades de atuação de um governo. Logo, trata-se de desvendar o modus operandi dos atuais gestores governamentais.

Escalada militar em meio à 'crise pandêmica'

Foto: kremlin.ru
Por José Luís Fiori e William Nozaki, no site Outras Palavras:

"Eu gostaria de enfatizar que qualquer ataque de um submarino americano de mísseis balísticos, independentemente de suas características, será percebido como um ataque com armas nucleares. E, de acordo com nossa doutrina militar, uma ação desse tipo seria considerada motivo para uso retaliatório de armas nucleares pela Rússia" - Maria Zakharova, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Federação Russa (in I. Gielow, “Rússia ameaça EUA com ataque nuclear”, FSP, 30/04/20)

Quando a China identificou a existência da epidemia do coronavírus, em dezembro de 2019, o mundo já estava sob pressão de duas grandes forças ou tendências internacionais de longo prazo, e altamente corrosivas: a da “saturação sistêmica” [1] e a da “fragmentação ética” [2] em escala global. Desde seu nascimento na Europa, durante o “longo século XVI” (1450-1650), o “sistema interestatal” expandiu-se de forma contínua, e de maneira cada vez mais acelerada, até alcançar sua plena globalização no final do século XX, em uma história que não foi linear. Esta envolveu uma competição e uma belicosidade quase permanentes entre seus Estados, que aumentaram seu poder, individual e coletivamente, na forma de grandes “explosões expansivas”, como a que estamos vivendo no início do século XXI. Essas “explosões expansivas” começaram no século passado, com a plena incorporação de grandes unidades territoriais, como foi o caso da Índia, e depois da China e da Rússia, em um sistema composto por 60 Estados ao fim da Segunda Guerra, e que hoje conta com cerca de 200 membros. No passado, quando ocorreram explosões similares, provocadas pelo aumento da pressão competitiva, elas foram acompanhadas, invariavelmente, de um aumento da desordem interna do sistema, de um movimento expansivo deste para fora de suas antigas fronteiras e, finalmente, de algum tipo de “guerra hegemônica” que ajudou a refazer a ordem e a hierarquia do sistema, depois de sua expansão dentro e fora da Europa. E tudo indica, neste início do século XXI, que a própria tendência à “fragmentação ética” do sistema mundial – em pleno curso – torne o atual processo de explosão e entropia o mais amplo da História.

A segunda onda de terror patronal

Reprodução Youtube
Por João Guilherme Vargas Netto

O movimento sindical encontra-se apertado entre duas tenazes: a batalha pelo isolamento social e até pelo lockdown e a luta para garantir empregos, salários e direitos dos trabalhadores em uma situação de grave depressão econômica.

Nos principais setores de atividades produtivas houve com o agravamento da pandemia uma primeira onda de pressão empresarial amparada pelas MPs 927 e 936, a última de 1º de abril.

Esta foi uma onda pesada contra o emprego e contra o salário e produziu, segundo informações do ministério da Economia (já que não existe ministério do Trabalho) mais de 7 milhões de acordos individuais de redução de jornada e de salário exigidos pelo patronato, bem como férias, licenciamento e suspensões temporárias de trabalho.

O golpe não está distante da hora presente

Por Roberto Amaral, em seu blog:

Por refletir uma apreensão e um temor dominantes em nossos tempos, volta à ordem do dia a discussão em torno da iminência de um golpe de Estado. Questão muito viva em toda a história republicana, angustiante nos anos 50/60 de século passado, é retomada pela crônica política mais acentuadamente a partir de 2016; é o espectro que assombra grande parte dos que se dedicam a interpretar o bolsonarismo. Principalmente porque a iminência de golpe de Estado, entre nós, está sempre associada a intervenção militar e rupturas constitucionais.

É o que todos temem.

Por que o militar ampara Bolsonaro

Por Manuel Domingos Neto

O ativismo militar para eleger Bolsonaro e garantir seu governo escancarou a fragilidade da democracia brasileira. Um dia, esse ativismo será descrito pormenorizadamente como exemplificação de nossa endêmica corrupção institucional.

Hoje, para os que amam a liberdade, o mais premente é captar a relação estabelecida entre o militar e a presidência.

Por “militar”, entenda-se o conjunto de integrantes diretos e agregados dos aparelhos de força do Estado.

O general Mourão e a escalada ditatorial

Por Jeferson Miola, em seu blog:                     

No artigo Limites e responsabilidades [Estadão, 14/5] o vice-presidente Hamilton Mourão não cita uma única vez Bolsonaro e, como na peça Entre quatro paredes de Jean-Paul Sartre, ele proclama que “o inferno são os outros”.

Mourão culpa pelo “desastre” do país todo o mundo exterior ao “quarto fechado” em que o governo militar se encerra. Para ele, o inferno [inimigos] são imprensa, legislativo, judiciário, governadores, cientistas, intelectuais, oposição …

Há quem entenda que o vice-presidente quis mostrar credenciais para substituir Bolsonaro na eventualidade de afastamento dele pelo Congresso ou pelo Supremo.