segunda-feira, 14 de agosto de 2023
Sangrando Bolsonaro
Charge: Nando Motta |
À primeira vista, as bem circunstanciadas revelações da investigação sobre o desvio e a venda de presentes oficiais para enriquecimento ilícito compõem o enredo da crônica de uma prisão anunciada.
Entre integrantes do governo e juristas que acompanham o caso, porém, não há grandes expectativas em relação a esse desfecho no curto prazo. Por ora, a estratégia dos investigadores da PF e do STF parece ser, com a ajuda da CPMI, ir sangrando Jair Bolsonaro até o momento em que a esmagadora maioria da opinião pública não tenha mais dúvidas sobre o acerto de uma condenação seguida de prisão.
Apesar da ansiedade de alguns - até com justa razão - em ver Bolsonaro na cadeia pelo conjunto da obra, ninguém na esfera jurídica e no governo Lula quer ser acusado de perseguição ou politização indevida das investigações contra o ex-presidente.
Cúpulas fardadas e a bandalheira sistêmica
Charge: Schröder |
Julgar, condenar e prender Bolsonaro e seus comparsas operacionais não é só um ato de justiça, mas também uma demanda da democracia.
A condenação do bando criminoso flagrado no roubo, interceptação ilegal e venda de jóias, relógios e objetos de ouro pertencentes ao Estado brasileiro é uma providência essencial.
Mas esta será apenas uma medida parcial e incompleta enquanto o foco não for posicionado nos reais responsáveis por esta bandalheira sistêmica, que são as cúpulas partidarizadas das Forças Armadas.
Afinal, como justificou o Comando do Exército ao mandar o tenente-coronel apresentar-se fardado na CPMI dos atos golpistas, os delinquentes fardados “cumpriam missão militar”.
Numa notável síntese, o jornalista Otávio Guedes disse: “hoje a gente vai ver uma notícia interessante: uma joia trazida por um almirante, transportada por um avião da FAB e negociada por um general. Ou seja, almirante, general e FAB. Provavelmente a maior operação militar desde a guerra cisplatina”.
O empoderamento de policiais militares
Charge: Carvall |
Tome-se um rapaz educado em família pobre ou de classe média baixa, morador de favela ou bairro de periferia, marcado pelo ressentimento frente aos jovens de classe média e rica com acesso a bens de consumo que lhe são proibitivos. Aliste-o na Polícia Militar, vista-o com a farda que lhe imprime autoridade, coloque em suas mãos armas como pistolas Glock ou fuzil Parafal. Convença-o de que, agora, não apenas zela pelo cumprimento da lei, mas também está investido do poder de agir acima da lei, protegido pela impunidade.
PACto para um grande Brasil
Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil |
Em seu discurso no lançamento do Novo PAC, o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, citou Charles de Gaulle, o qual dizia que a política mais ruinosa, mais prejudicial, era a política de “ser pequeno”.
Ou seja, de não ter ambições, de não ter um horizonte de grandes realizações futuras. De se deixar levar passivamente pelas circunstâncias.
Ainda, se quiserem, em uma outra leitura, de se conduzir pelo curto prazo do “mercado”.
Pois bem, parafraseando Charles de Gaulle, Mercadante afirmou que o Brasil não pode ser Brasil sem grandeza.
Tem toda razão. O Brasil não pode ser pequeno.
Tudo nele, tamanho geográfico, volume populacional, tamanho da economia, abundância de recursos estratégicos, maior biodiversidade do planeta, detentor da maior parte do bioma crucial para o equilíbrio climático (a Amazônia), cultura riquíssima e singular etc., o torna uma nação destinada à grandeza.
Ou seja, de não ter ambições, de não ter um horizonte de grandes realizações futuras. De se deixar levar passivamente pelas circunstâncias.
Ainda, se quiserem, em uma outra leitura, de se conduzir pelo curto prazo do “mercado”.
Pois bem, parafraseando Charles de Gaulle, Mercadante afirmou que o Brasil não pode ser Brasil sem grandeza.
Tem toda razão. O Brasil não pode ser pequeno.
Tudo nele, tamanho geográfico, volume populacional, tamanho da economia, abundância de recursos estratégicos, maior biodiversidade do planeta, detentor da maior parte do bioma crucial para o equilíbrio climático (a Amazônia), cultura riquíssima e singular etc., o torna uma nação destinada à grandeza.
Rio de Janeiro e Guarujá: o plágio da morte
Charge: Nei Lima |
Estarrecido pelo recente massacre cometido pela PM de São Paulo em Vila Santa Clara, no Guarujá, comecei a buscar palavras com as quais pudesse expressar minha indignação diante de um crime tão atroz.
Também desejava externar meu estupor pelo fato de o atual governador de São Paulo, o bolsonarista Tarcísio de Freitas, ter se declarado satisfeito com o desfecho da atuação das forças repressivas nesta chacina, que contabilizou, até o momento, pelo menos 16 mortes, boa parte delas de gente que nada tinha a ver com o fato que instigou o comando da PM a desfechar tão horrenda operação de vingança.
Entretanto, poucos minutos após dar início ao trabalho, me dei conta de que me bastaria partir para um simples autoplágio de um texto publicado no ano passado quando da perpetração da macabra chacina de Vila Cruzeiro, no Rio de Janeiro. Tudo o que tinha para dizer agora já havia sido dito naquela ocasião, quase que tintim por tintim, bastando apenas substituir as menções a Vila Cruzeiro no Rio de Janeiro por Vila Santa Clara no Guarujá. E assim eu fiz.
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