domingo, 2 de junho de 2019

A contração do PIB e o risco de recessão

Por Pedro Paulo Zahluth Bastos, Arthur Welle e Gabriel Petrini, no site Brasil Debate:

O risco de uma recessão em 2019 é evidente. A queda do PIB no primeiro trimestre exige uma recuperação muito significativa nos trimestres seguintes apenas para que a variação do PIB em 2019 seja igual às expectativas do mercado. Como ocorre há muitos anos, de novo é pouco provável que a atual previsão do governo ou do mercado financeiro para o PIB se verifique.

O motivo fundamental para a retração do PIB é a contração dos itens de demanda. O consumo das famílias continua desacelerando de trimestre a trimestre, sob o peso do elevado desemprego, a desaceleração do crédito e a elevação dos spreads bancários (a despeito da queda da taxa de inadimplência).

Toffoli é ministro do STF ou de Bolsonaro?

Por Ricardo Kotscho, em seu blog:

Tratava-se de um singelo café da manhã do capitão Jair Bolsonaro, em fase de relações públicas, reunido no Palácio do Planalto com a bancada feminina aliada no Congresso.

A rigor, nem mereceria manchetes na imprensa, se não fosse um detalhe instigante e perturbador: o que fazia ali ao lado dele o sorridente senhor de óculos, que não é ministro do seu governo, mas o presidente do Supremo Tribunal Federal?

Dias Toffoli virou habitué dos palácios presidenciais deste as cerimonias inaugurais, quando foi a uma série de posses de ministros do governo recém-inaugurado, como se fosse um deles.

Os terraplanistas do jornalismo econômico

Por Luis Nassif, no Jornal GGN:

Na entrevista com Mônica de Bolle, uma afirmação dela pode ter passado despercebida para a maioria dos leitores: a de que existe agora um consenso entre os analistas econômicos de que o custo da dívida interna é função direta das taxas de juros praticadas.

Trata-se da revisão de um daqueles dogmas que permanecem soltos no ar, como ectoplasmas do rentismo, para justificar as taxas de juros praticadas nas últimas décadas: a de que as taxas refletiam o maior risco fiscal do país.

A imprensa é o câncer da democracia

A economia no fundo do poço. Qual é a saída?

Por João Sicsú, na revista CartaCapital:

Nas últimas semanas alguns economistas começaram a falar que a economia brasileira estaria em estado de depressão. Parece que a avaliação começa a se tornar mais realista. Quase todos abandonaram a ideia da recuperação lenta. Alguns falam de estagnação dando uma ideia difusa do que pensam. A turma que fala de estagnação confunde suas vontades com realidades.

Trimestre após trimestre, desde 2014, a economia vem mostrando fraquezas. A taxa média de crescimento de 3% do período 2011-2013 foi perdida. A economia mergulhou no fundo do poço após dois anos de agudas recessões (2015 e 2016). A partir de 2017, estacionou na depressão.

Governo persegue a ciência e pesquisadores

Por Vitor Nuzzi, na Rede Brasil Atual:

O golpe completava seis anos, em 1º de abril de 1970, e a ditadura estava no período mais agudo, desde a implementação do AI-5, em 1968. Com base nesse ato institucional, 10 cientistas do Instituto Oswaldo Cruz (IOC), no Rio de Janeiro, foram cassados, tiveram os direitos políticos suspensos e não puderam mais trabalhar nem em outras instituições federais. O caso, conhecido como “Massacre de Manguinhos” – referência ao bairro da zona norte carioca onde fica a sede da agora Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) – é relatado em livro publicado em 1978, que acaba de ganhar nova edição. Foi escrito por um dos cientistas atingidos, Herman Lent, uma referência mundial em estudo de besouros. A capa da edição original traz desenho de Oscar Niemeyer: uma das torres do Castelo Mourisco, onde fica a Fiocruz, desmoronando. O relançamento do livro faz parte das comemorações pelos 119 anos da Fiocruz, que vão até a próxima sexta-feira (31).

Lava-Jato e os traidores da pátria

Setores empresariais e o patrocínio do caos

Por Luciano Freitas Filho, no site Carta Maior:

“Brasil, mostra tua cara! Quero vem quem paga, pra gente ficar assim!
Brasil, qual é o teu negócio, o nome do teu sócio...” - Brasil, Cazuza.


Por trás de textos inclusivos com apelo à diversidade e de jingles ‘bem bolados’ no marketing de muitas empresas, existem performances políticas anti-éticas e nada engraçadas.

No cenário contemporâneo do mercado globalizado, diversas empresas têm feito lances altos para fomentar projetos populistas e/ou partidos de extrema-direita, em troca de mandatos que defendam seus interesses, essencialmente, neoliberais.

Bolsonaro, Queiroz e o domínio do fato

Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:

Não há, até agora, nenhum ato do sr. Jair Bolsonaro que permita ligá-lo, do ponto de vista criminal, às estrepolias de seu confessadamente amigo Fabrício Queiroz ou às de seu filho, Flávio.

Não há, a não ser que se utilize o estranho “Direito” que passou a imperar aqui e, embora com vergonha de utilizar o nome de “Teoria do Domínio do Fato”.

Neste caso, o fato de Jair Bolsonaro ter nomeado a filha de Queiroz em seu gabinete, recebendo sem trabalhar e repassando dinheiro ao esquema, além das contratações partilhadas – ora com ele, ora com Flávio – de parentes de sua ex-mulher Ana Cristina Valle são tão suficientes para provar que ele conhecia e patrocinava o esquema quanto o fato de Lula ter nomeado diretores que desviavam dinheiro na Petrobras.

Bolsonaro contra a Educação choca o mundo

Por Eduardo Guimarães, no Blog da Cidadania:

Todos sabem que a imagem do país no exterior vem piorando rápido após a posse de Bolsonaro, mas a guerra que ele declarou à Educação colocou essa desmoralização em outro patamar. As ameaças que o ministro da Educação faz a educadores, alunos e suas famílias constituem um golpe de misericórdia na imagem Brasil. Desse jeito, vamos falir.

Correu o mundo a imagem de manifestantes pró-Bolsonaro arrancando uma faixa onde se lia proposta de “Defesa da Educação”. A faixa estava afixada na fachada do prédio histórico da Universidade Federal do Paraná (UFPR), em Curitiba.

O caráter suicidário do atual governo?

Por Leonardo Boff, em seu blog:

As práticas políticas do atual governo estão destruindo as possibilidades de uma governança que traga alguma melhoria para o povo e aos mais destituídos. Não possui projeto de nação nenhum e mostra comportamentos indignos do cargo que ocupa.

Quando todas as portas se fecham e um governo não vê mais nenhuma saída para sua sobrevida, a alternativa é o suicídio. Este pode ser físico ou político. Com Vargas, foi físico: deu um tiro no coração. Com Jânio Quadro, foi político sob o pretexto de insuportável coação de forças ocultas. Com Collor, foi também político, renunciando antes da conclusão do impeachment. Com Bolsonaro pode ocorrer algo semelhante, por reconhecer o Brasil como ingovernável e por causa da fortíssima pressão das corporações. Não o evitarão as manifestações do dia 26/5 nem o estranho pacto entre os três poderes, no qual o ministro Toffoli jamais deveria estar.