Por Luis Nassif, no Jornal GGN:
Na entrevista com Mônica de Bolle, uma afirmação dela pode ter passado despercebida para a maioria dos leitores: a de que existe agora um consenso entre os analistas econômicos de que o custo da dívida interna é função direta das taxas de juros praticadas.
Trata-se da revisão de um daqueles dogmas que permanecem soltos no ar, como ectoplasmas do rentismo, para justificar as taxas de juros praticadas nas últimas décadas: a de que as taxas refletiam o maior risco fiscal do país.
Não adiantava argumentar que, como maior devedor do sistema, o Tesouro tinha plenas condições de impor suas taxas. Se recusasse a adquirir títulos públicos, onde o mercado ancoraria sua gigantesca liquidez? Mesmo nos tempos do governo Dilma Rousseff, no qual as taxas caíram mais rapidamente, não houve nenhuma notícia de recusa do mercado em participar dos leilões. O terrorismo da mídia não se dava em cima de fatos, mas de opiniões.
O jogo pró-taxas jamais se preocupou com a coerência porque, entre os receptadores de notícias, havia uma cobertura totalmente acrítica, baseada em chavões. Em uma semana, as taxas eram altas porque a dívida pública era elevada. Na outra, as taxas eram altas porque as expectativas de inflação era elevadas. Agora, a taxa é alta (relativamente) para evitar o retorno de expectativas de inflação elevada.
Ora, não se trata de um tema banal, mas de algo que impactava diretamente o orçamento. Mesmo assim, aceitavam-se as “verdades” do mercado com a mesma irresponsabilidade científica dos terraplanistas. Quem ousasse apontar para as inconsistências do diagnóstico era imediatamente demonizado, apontado como ignorante em economia.
Trata-se da revisão de um daqueles dogmas que permanecem soltos no ar, como ectoplasmas do rentismo, para justificar as taxas de juros praticadas nas últimas décadas: a de que as taxas refletiam o maior risco fiscal do país.
Não adiantava argumentar que, como maior devedor do sistema, o Tesouro tinha plenas condições de impor suas taxas. Se recusasse a adquirir títulos públicos, onde o mercado ancoraria sua gigantesca liquidez? Mesmo nos tempos do governo Dilma Rousseff, no qual as taxas caíram mais rapidamente, não houve nenhuma notícia de recusa do mercado em participar dos leilões. O terrorismo da mídia não se dava em cima de fatos, mas de opiniões.
O jogo pró-taxas jamais se preocupou com a coerência porque, entre os receptadores de notícias, havia uma cobertura totalmente acrítica, baseada em chavões. Em uma semana, as taxas eram altas porque a dívida pública era elevada. Na outra, as taxas eram altas porque as expectativas de inflação era elevadas. Agora, a taxa é alta (relativamente) para evitar o retorno de expectativas de inflação elevada.
Ora, não se trata de um tema banal, mas de algo que impactava diretamente o orçamento. Mesmo assim, aceitavam-se as “verdades” do mercado com a mesma irresponsabilidade científica dos terraplanistas. Quem ousasse apontar para as inconsistências do diagnóstico era imediatamente demonizado, apontado como ignorante em economia.
Nesse tempo todo, subtraiu-se da saúde, das escolas, da infraestrutura, milhões a mais de recursos do que as merrecas apregoadas pela Lava Jato, como recuperação de recursos.
E ainda se é obrigado a ler sumidades liberais, como Deltan Dllagnol ou o inacreditável Luís Roberto Barroso, apregoarem que a saúde é ruim por culpada corrupção – que, em termos percentuais, é infinitamente menor do que a corrupção institucionalizada da política monetária.
É o sinal mais eloquente que o fator qualidade jamais pesou na cobertura econômica. Décadas de papo furado na cobertura econômica não resultaram nem na punição mais óbvia para os diagnósticos errados: a exposição da incompetência dos analistas, de ir atrás das opiniões da “moda”. Basta mudar de opinião, com a leveza dos que trocam de roupa a cada estação.
E ainda se é obrigado a ler sumidades liberais, como Deltan Dllagnol ou o inacreditável Luís Roberto Barroso, apregoarem que a saúde é ruim por culpada corrupção – que, em termos percentuais, é infinitamente menor do que a corrupção institucionalizada da política monetária.
É o sinal mais eloquente que o fator qualidade jamais pesou na cobertura econômica. Décadas de papo furado na cobertura econômica não resultaram nem na punição mais óbvia para os diagnósticos errados: a exposição da incompetência dos analistas, de ir atrás das opiniões da “moda”. Basta mudar de opinião, com a leveza dos que trocam de roupa a cada estação.
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