quinta-feira, 6 de dezembro de 2018

Efeito devastador da privatização da Caixa

Por Lu Sudré, no jornal Brasil de Fato:

Mesmo antes de chegar à Presidência, a equipe de transição de Jair Bolsonaro (PSL) sinaliza que irá expandir a entrega de bens e empresas nacionais estratégicas ao setor privado. A política foi executada ao longo do governo Temer (MDB), que desestatizou partes significativas da Petrobrás e da Eletrobrás desde 2016.

O “raio privatizador” de Temer também mira os bancos públicos do país, como o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal (CEF). Embora Bolsonaro afirme que não pretende privatizar as instituições financeiras, declarações de sua equipe ministerial apontam para o sentido oposto e mostram que seu governo deve radicalizar a linha adotada pela última gestão. Paulo Guedes, que está à frente da pasta de economia do novo governo, já disse ser favorável a privatização de todas as estatais.


Assim o Facebook estrangulou o jornalismo

Por Paulo Motoryn, no site Outras Palavras:

O debate sobre a influência do Facebook no jornalismo nasceu para morrer. Não falo isso pela crise do próprio Facebook, sobre a qual alguns analistas já se apressaram em profetizar a queda do império de Mark Zuckerberg – o que está muito distante de acontecer. Eu digo isso porque não é o Facebook, mas o jornalismo que está em perigo.

É preciso começar assumindo que a crise do jornalismo existia muito antes do Facebook, o problema é que, se por um momento acreditamos que o Facebook nos aproximou de novos modelos para superar a crise que estava colocada desde a virada do século, agora ele nos levou para o caminho totalmente oposto ao de um jornalismo sustentável.

Bem-vindos à Escola Sem Partido

Por Guilherme Boulos, na revista CartaCapital:

Em alguma escola desta terra sofrida chamada Brasil, quando ficção e realidade já não se distinguem mais:

‒ Hoje é um momento muito especial para nossa escola. É o primeiro dia de aula depois da aprovação do projeto de lei que tanto esperávamos. Sejam todos bem-vindos à Escola Sem Partido!

‒ Graças à nossa luta, neste momento, as salas de aula de todas as escolas do Brasil têm um cartaz como este. Leiam com muita atenção: “Os professores estão proibidos de promover qualquer opinião e preferência moral ou política”. Estou aqui para contar a verdadeira história! Quem ensina não pode escolher a versão dos fatos que mais lhe agrada.

A polícia de Sergio Moro

Por Tereza Cruvinel, no Jornal do Brasil:

Sob o comando do futuro ministro Sérgio Moro, a Polícia Federal vai reforçar o núcleo encarregado de investigar ministros e parlamentares com foro no STF, providência apontada como essencial à continuidade do combate à corrupção.

Assim será montada a mega Lava Jato do super Moro que, pelo andar da carruagem, terá focinho de polícia política: ministros também foram citados como alvo mas são os parlamentares, especialmente os de oposição, que estarão na mira.

Dificilmente alcançarão ministros de Bolsonaro. Ontem mesmo Moro declarou que Onyx Lorenzoni, contra quem o STF abriu investigação sobre suposto recebimento de caixa 2 da Odebrecht, tem sua “confiança pessoal”.

Para que sindicato? Por que comunicação?

Por Clomar Porto

O título deste breve artigo também poderia ser: "Até quando o movimento sindical vai seguir subestimando a importância da comunicação?" Ou, "Até quando o movimento sindical continuará apostando em estratégias de comunicação superadas há mais de 20 ou 30 anos?"

Há muito tempo, temos tentado chamar a atenção sobre o anacronismo que caracteriza a comunicação praticada pelas entidades sindicais. São, em geral, modelos totalmente superados, que pouco ou quase nada conseguem frente à complexa disputa simbólica que há na sociedade e, sobretudo, nas relações entre capital e trabalho.

O blábláblá da previdência

Por Paulo Kliass, no site Carta Maior:

Passado pouco mais de um mês depois da confirmação da vitória eleitoral de Jair Bolsonaro nas eleições presidenciais, pode-se perceber a nítida consolidação de uma linha editorial bastante simpática e favorável ao novo governo. Os grandes meios de comunicação estão totalmente alinhados com a equipe do capitão e fazem questão de expressar tal entusiasmo a cada dia.

É bem verdade que ainda são encontradas algumas lamentações, aqui e acolá, relativas a algumas das muitas trapalhadas que vêm sendo cometidas por integrantes do futuro esquadrão e mesmo quando patrocinadas pelo chefe da equipe e seus familiares. Os exemplos são inúmeros. Mas os que mais chamam a atenção desses analistas relacionam-se às declarações comprometedoras de nossa diplomacia e relações comerciais, como é o caso do apoio à mudança da embaixada brasileira para Jerusalém ou ao rebaixamento de prioridade a ser concedida ao Mercosul.

O laranja do filho de Bolsonaro

Por Eduardo Guimarães, no Blog da Cidadania:

A mídia está sendo discretíssima sobre um caso escandaloso, a movimentação de R$ 1,2 milhão na conta de ex-motorista e segurança do filho mais velho de Jair Bolsonaro. Durante o período em que trabalhou para ele, o motorista movimentou essa fortuna tendo salário de R$ 8 mil. E depositou soma alta até na conta da mulher do presidente eleito.

Um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) apontou movimentação atípica de R$ 1,2 milhão em uma conta no nome de um ex-assessor do deputado estadual e senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) – filho mais velho do presidente eleito Jair Bolsonaro – entre janeiro de 2016 e janeiro de 2017.

Direita, esquerda e Gramsci na cena histórica

Por Marcus Ianoni, no site Brasil Debate:

Várias vozes da direita, em diversos tons e conteúdos, atribuem à esquerda um marxismo cultural ou uma revolução gramsciana, termos concebidos por esses críticos como práticas que propiciam conspirações surdas. As novas direitas vêm se levantando contra esse marxismo cultural, que, banalizações pseudointelectuais à parte, atribuem, aqui no Brasil, a Gramsci e, nos EUA, à Escola de Frankfurt. Vou me referir apenas ao marxista italiano.

A bomba atômica de Paulo Guedes

Por Marcelo Manzano, no site da Fundação Perseu Abramo:

Já não é de hoje que políticos brasileiros se entregam cegamente ao mito da austeridade fiscal. Governos de todas as cores têm se submetido docilmente às chantagens plantadas pelos interesses rentistas e a eles prometem fazer a “lição de casa” (gastar menos do que arrecadam) independentemente das condições de temperatura e pressão da economia.

Apesar dos alertas do FMI ou dos nobéis de economia Paul Krugman e Joseph Stiglitz sobre a ineficácia e o caráter contraproducente das políticas de austeridade, com Paulo Guedes, o estranho ultraliberal que encarna a totalização do poder econômico, a ortodoxia fiscal deverá ser levada ao paroxismo e com ela mergulharemos em uma aventura jamais experimentada nestes trópicos.

A dor dos pobres não sai nos jornais

Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:

Nos anos 70, escapando da censura, a peça musical Gota D’Água, numa das geniais canções de Chico Buarque, Notícia de Jornal, ao falar dos dramas vividos pelos pobres, dizia: “a dor da gente não sai no jornal”.

O dia clareando, percorrer as primeiras páginas dos mais “importantes” (será?) jornais brasileiros mostra cruelmente que ainda é assim, ou é pior, pois já não há a censura daqueles anos de chumbo a obrigar que o “Brasil Grande” fosse manchete e o “pequeno Brasil” um canto de rodapé.

Fachin e um certo juiz heterodoxo

Por Jeferson Miola, em seu blog:             

Sempre se soube que o julgamento do habeas corpus do Lula nesta terça, 4/12, era jogo de cartas marcadas. Chance zero do STF praticar justiça neste julgamento [ler aqui], pois isso causaria a ruína da Lava Jato e abalaria os alicerces do bolsonarismo e do Estado de Exceção.

Como o resultado contra Lula estava previamente concebido, o que ficou comprovado durante a sessão, não haveria motivos para espanto ou surpresas. O que não se esperava, contudo, era o comportamento inescrupuloso e capcioso de Luiz Fachin.