Amanhã, 19 de março, José Serra completa 68 anos. Nos últimos dias, ele só recebeu péssimas notícias: caiu nas pesquisas, enquanto Dilma Rousseff teve um crescimento vertiginoso; a greve dos professores ganhou força; manifestantes lançaram ovos contra a sua comitiva; ninguém topa ser seu vice. Para aliviar a barra na data do seu aniversário, o jornalista Paulo Henrique Amorim, do sítio Conversa Afiada, publicou uma bela poesia enviada por um internauta. Um gesto singelo e carinhoso. Reproduzo o poema, inspirado na música “Águas de março” de Tom Jobim:
É Zé, é pedágio, é o fim do caminho
É um resto de estrada, só paga um tiquinho
É um morro caindo, é a chuva, é a lama
É a noite, é a morte, é a enxurrada, é a administração do prefeito que nada sabe.
É alagado no Romano, é no Jardim Pantanal
Tietê, marginal, é toda capital
É um morro caindo, sem contenção
É barro no rosto, são corpos no chão
É a chuva caindo, é o fim da ladeira
É a viga, é o vão, é a quebradeira
É a chuva chovendo, é desespero na ribeira
E as represas da Sabesp, soltando a lameira
Era um pé, era são, se encheu de bicheira depois que secou toda lameira
Era um tucano abusado, bem garbosão
Gostava de jato, mas se estrepou no nortão
Era uma ave boêmia que afundou na eleição
É o fundo do bolso, é pedágio no caminho
No bolso o desgosto, ficou zeradinho
É estúpido, é estúpido, é um pedágio, é um pedágio
É um pingo pingando, é um desespero aqui dentro, lá vem de novo o dilúvio da Serra Tuitera
É um peixe, é um visa, é um HC de “bobeira”
É a bicicleta da Soninha, sem a roda traseira
É a bicheira, é o rato, é a tábua quebrada
É a garrafa vazia, da radialista chapada
Era um sonho de casa, era uma cama macia
É o carro perdido, na lama, na lama
Era um bom lugar, tinha uma ponte bacana, um rio com peixes, nas margens tinha grama
Agora é um resto de mato, destroços e lama
É o fim dos tucanos no próximo verão
E a promessa de surra na próxima eleição.
É uma cobra, é um poste, é Gilberto, é José
É um espinho na carne, de toda cidade
É o fim dos tucanos no próximo verão
E a promessa de surra na próxima eleição.
(Tom, mil perdões!!!)
.
quinta-feira, 18 de março de 2010
Blog da reforma agrária já está no ar
http://www.reformaagraria.blog.br/
Estreou nesta quinta-feira, dia18, o blog da rede de comunicadores em apoio à reforma agrária e contra a criminalização dos movimentos sociais. Está foi uma das decisões da reunião de montagem da rede, que ocorreu na semana passada na sede do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo e que teve a presença de cerca de 100 pessoas, entre jornalistas, radialistas, blogueiros, estudantes e radiodifusores comunitários.
Um dos objetivos editoriais do blog é monitorar dos trabalhos da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI), instalada no final do ano passado por imposição da bancada ruralista que visa criminalizar os lutam por terra no país. A nova página também servirá para divulgar experiências bem sucedidas de reforma agrária, de assentamentos rurais e de agricultura familiar, que a mídia privada omite. Ela terá sessões fixas, como o raio-x do latifúndio, impactos do agronegócio, quem apóia a reforma agrária, entre outras.
O blog pretende ser um ponto de referência para outros sítios, blogs e publicações que tratam deste tema. Ele é aberto à colaboração de todos os que entendem a urgência da reforma agrária e que não aceitam a criminalização da luta pela terra promovida pelos latifundiários do campo e da mídia. Para aderir à rede de comunicadores basta acessar a página e fazer o cadastro. Contribua com textos, fotos, vídeos. Os responsáveis pelo blog são os signatários do manifesto de criação da rede. Reproduzo o manifesto abaixo:
Está em curso uma ofensiva conservadora no Brasil contra a reforma agrária, e contra qualquer movimento que combata a desigualdade e a concentração de terra e renda. E você não precisa concordar com tudo que o MST faz para compreender o que está em jogo.
Uma campanha orquestrada foi iniciada por setores da chamada “grande imprensa brasileira” – associados a interesses de latifundiários, grileiros - e parcelas do Poder Judiciário. E chegou rapidamente ao Congresso Nacional, onde uma CPMI foi aberta com o objetivo de constranger aqueles que lutam pela reforma agrária.
A imagem de um trator a derrubar laranjais no interior paulista, numa fazenda grilada, roubada da União, correu o país no fim do ano passado, numa ofensiva organizada. Agricultores miseráveis foram presos, humilhados. Seriam os responsáveis pelo "grave atentado". A polícia trabalhou rápido, produzindo um espetáculo que foi parar nas telas da TV e nas páginas dos jornais. O recado parece ser: quem defende reforma agrária é "bandido", é "marginal". Exemplo claro de “criminalização” dos movimentos sociais.
Quem comanda essa campanha tem dois objetivos: impedir que o governo federal estabeleça novos parâmetros para a reforma agrária (depois de três décadas, o governo planeja rever os “índices de produtividade” que ajudam a determinar quando uma fazenda pode ser desapropriada); e “provar” que os que derrubaram pés de laranja são responsáveis pela “violência no campo”.
Trata-se de grave distorção.
Comparando, seria como se, na África do Sul do Apartheid, um manifestante negro atirasse uma pedra contra a vitrine de uma loja onde só brancos podiam entrar. A mídia sul-africana iniciaria então uma campanha para provar que a fonte de toda a violência não era o regime racista, mas o pobre manifestante que atirou a pedra.
No Brasil, é nesse pé que estamos: a violência no campo não é resultado de injustiças históricas que fortaleceram o latifúndio, mas é causada por quem luta para reduzir essas injustiças. Não faz o menor sentido...
A violência no campo tem um nome: latifúndio. Mas isso você dificilmente vai ver na TV. A violência e a impunidade no campo podem ser traduzidas em números: mais de 1500 agricultores foram assassinados nos últimos 25 anos. Detalhe: levantamento da Comissão Pastoral da Terra (CPT) mostra que dois terços dos homicídios no campo nem chegam a ser investigados. Mandantes (normalmente grandes fazendeiros) e seus pistoleiros permanecem impunes.
Uma coisa é certa: a reforma agrária interessa ao Brasil. Interessa a todo o povo brasileiro, aos movimentos sociais do campo, aos trabalhadores rurais e ao MST. A reforma agrária interessa também aos que se envergonham com os acampamentos de lona na beira das estradas brasileiras: ali, vive gente expulsa da terra, sem um canto para plantar - nesse país imenso e rico, mas ainda dominado pelo latifúndio.
A reforma agrária interessa, ainda, a quem percebe que a violência urbana se explica – em parte – pelo deslocamento desorganizado de populações que são expulsas da terra e obrigadas a viver em condições medievais, nas periferias das grandes cidades.
Por isso, repetimos: independente de concordarmos ou não com determinadas ações daqueles que vivem anos e anos embaixo da lona preta na beira de estradas, estamos em um momento decisivo e precisamos defender a reforma agrária.
Se você é um democrata, talvez já tenha percebido que os ataques coordenados contra o MST fazem parte de uma ofensiva maior contra qualquer entidade ou cidadão que lutem por democracia e por um Brasil mais justo.
Venha refletir com a gente:
- por que tanto ódio contra quem pede, simplesmente, que a terra seja dividida?
- como reagir a essa campanha infame no Congresso e na mídia?
- como travar a batalha da comunicação, para defender a reforma agrária no Brasil?
É o convite que fazemos a você.
Assinam:
- Alcimir do Carmo.
- Altamiro Borges.
- Ana Facundes.
- André de Oliveira.
- André Freire.
- Antonio Biondi.
- Antonio Martins.
- Bia Barbosa.
- Breno Altman.
- Conceição Lemes.
- Cristina Charão.
- Cristovão Feil.
- Danilo Cerqueira César.
- Dênis de Moraes.
- Emiliano José.
- Emir Sader.
- Flávio Aguiar.
- Gilberto Maringoni.
- Giuseppe Cocco.
- Hamilton Octavio de Souza.
- Henrique Cortez.
- Igor Fuser.
- Jerry Alexandre de Oliveira.
- Joaquim Palhares.
- João Brant.
- João Franzin.
- Jonas Valente.
- Jorge Pereira Filho.
- José Arbex Jr.
- José Augusto Camargo.
- José Carlos Torves.
- José Reinaldo de Carvalho.
- José Roberto Mello.
- Ladislau Dowbor.
- Laurindo Lalo Leal Filho.
- Leonardo Sakamoto.
- Lilian Parise.
- Lúcia Rodrigues.
- Luiz Carlos Azenha.
- Márcia Nestardo.
- Marcia Quintanilha.
- Maria Luisa Franco Busse.
- Mario Augusto Jacobskind.
- Miriyám Hess.
- Nilza Iraci.
- Otávio Nagoya.
- Paulo Lima.
- Paulo Zocchi.
- Pedro Pomar.
- Rachel Moreno.
- Raul Pont.
- Renata Mielli.
- Renato Rovai.
- Rita Casaro.
- Rita Freire.
- Rodrigo Savazoni.
- Rodrigo Vianna.
- Rose Nogueira.
- Rubens Corvetto.
- Sandra Mariano.
- Sérgio Caldieri.
- Sérgio Gomes.
- Sérgio Murilo de Andrade.
- Soraya Misleh.
- Tatiana Merlino.
- Terezinha Vicente.
- Vânia Alves.
- Venício A. de Lima.
- Verena Glass.
- Vito Giannotti.
- Wagner Nabuco.
.
Estreou nesta quinta-feira, dia18, o blog da rede de comunicadores em apoio à reforma agrária e contra a criminalização dos movimentos sociais. Está foi uma das decisões da reunião de montagem da rede, que ocorreu na semana passada na sede do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo e que teve a presença de cerca de 100 pessoas, entre jornalistas, radialistas, blogueiros, estudantes e radiodifusores comunitários.
Um dos objetivos editoriais do blog é monitorar dos trabalhos da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI), instalada no final do ano passado por imposição da bancada ruralista que visa criminalizar os lutam por terra no país. A nova página também servirá para divulgar experiências bem sucedidas de reforma agrária, de assentamentos rurais e de agricultura familiar, que a mídia privada omite. Ela terá sessões fixas, como o raio-x do latifúndio, impactos do agronegócio, quem apóia a reforma agrária, entre outras.
O blog pretende ser um ponto de referência para outros sítios, blogs e publicações que tratam deste tema. Ele é aberto à colaboração de todos os que entendem a urgência da reforma agrária e que não aceitam a criminalização da luta pela terra promovida pelos latifundiários do campo e da mídia. Para aderir à rede de comunicadores basta acessar a página e fazer o cadastro. Contribua com textos, fotos, vídeos. Os responsáveis pelo blog são os signatários do manifesto de criação da rede. Reproduzo o manifesto abaixo:
Está em curso uma ofensiva conservadora no Brasil contra a reforma agrária, e contra qualquer movimento que combata a desigualdade e a concentração de terra e renda. E você não precisa concordar com tudo que o MST faz para compreender o que está em jogo.
Uma campanha orquestrada foi iniciada por setores da chamada “grande imprensa brasileira” – associados a interesses de latifundiários, grileiros - e parcelas do Poder Judiciário. E chegou rapidamente ao Congresso Nacional, onde uma CPMI foi aberta com o objetivo de constranger aqueles que lutam pela reforma agrária.
A imagem de um trator a derrubar laranjais no interior paulista, numa fazenda grilada, roubada da União, correu o país no fim do ano passado, numa ofensiva organizada. Agricultores miseráveis foram presos, humilhados. Seriam os responsáveis pelo "grave atentado". A polícia trabalhou rápido, produzindo um espetáculo que foi parar nas telas da TV e nas páginas dos jornais. O recado parece ser: quem defende reforma agrária é "bandido", é "marginal". Exemplo claro de “criminalização” dos movimentos sociais.
Quem comanda essa campanha tem dois objetivos: impedir que o governo federal estabeleça novos parâmetros para a reforma agrária (depois de três décadas, o governo planeja rever os “índices de produtividade” que ajudam a determinar quando uma fazenda pode ser desapropriada); e “provar” que os que derrubaram pés de laranja são responsáveis pela “violência no campo”.
Trata-se de grave distorção.
Comparando, seria como se, na África do Sul do Apartheid, um manifestante negro atirasse uma pedra contra a vitrine de uma loja onde só brancos podiam entrar. A mídia sul-africana iniciaria então uma campanha para provar que a fonte de toda a violência não era o regime racista, mas o pobre manifestante que atirou a pedra.
No Brasil, é nesse pé que estamos: a violência no campo não é resultado de injustiças históricas que fortaleceram o latifúndio, mas é causada por quem luta para reduzir essas injustiças. Não faz o menor sentido...
A violência no campo tem um nome: latifúndio. Mas isso você dificilmente vai ver na TV. A violência e a impunidade no campo podem ser traduzidas em números: mais de 1500 agricultores foram assassinados nos últimos 25 anos. Detalhe: levantamento da Comissão Pastoral da Terra (CPT) mostra que dois terços dos homicídios no campo nem chegam a ser investigados. Mandantes (normalmente grandes fazendeiros) e seus pistoleiros permanecem impunes.
Uma coisa é certa: a reforma agrária interessa ao Brasil. Interessa a todo o povo brasileiro, aos movimentos sociais do campo, aos trabalhadores rurais e ao MST. A reforma agrária interessa também aos que se envergonham com os acampamentos de lona na beira das estradas brasileiras: ali, vive gente expulsa da terra, sem um canto para plantar - nesse país imenso e rico, mas ainda dominado pelo latifúndio.
A reforma agrária interessa, ainda, a quem percebe que a violência urbana se explica – em parte – pelo deslocamento desorganizado de populações que são expulsas da terra e obrigadas a viver em condições medievais, nas periferias das grandes cidades.
Por isso, repetimos: independente de concordarmos ou não com determinadas ações daqueles que vivem anos e anos embaixo da lona preta na beira de estradas, estamos em um momento decisivo e precisamos defender a reforma agrária.
Se você é um democrata, talvez já tenha percebido que os ataques coordenados contra o MST fazem parte de uma ofensiva maior contra qualquer entidade ou cidadão que lutem por democracia e por um Brasil mais justo.
Venha refletir com a gente:
- por que tanto ódio contra quem pede, simplesmente, que a terra seja dividida?
- como reagir a essa campanha infame no Congresso e na mídia?
- como travar a batalha da comunicação, para defender a reforma agrária no Brasil?
É o convite que fazemos a você.
Assinam:
- Alcimir do Carmo.
- Altamiro Borges.
- Ana Facundes.
- André de Oliveira.
- André Freire.
- Antonio Biondi.
- Antonio Martins.
- Bia Barbosa.
- Breno Altman.
- Conceição Lemes.
- Cristina Charão.
- Cristovão Feil.
- Danilo Cerqueira César.
- Dênis de Moraes.
- Emiliano José.
- Emir Sader.
- Flávio Aguiar.
- Gilberto Maringoni.
- Giuseppe Cocco.
- Hamilton Octavio de Souza.
- Henrique Cortez.
- Igor Fuser.
- Jerry Alexandre de Oliveira.
- Joaquim Palhares.
- João Brant.
- João Franzin.
- Jonas Valente.
- Jorge Pereira Filho.
- José Arbex Jr.
- José Augusto Camargo.
- José Carlos Torves.
- José Reinaldo de Carvalho.
- José Roberto Mello.
- Ladislau Dowbor.
- Laurindo Lalo Leal Filho.
- Leonardo Sakamoto.
- Lilian Parise.
- Lúcia Rodrigues.
- Luiz Carlos Azenha.
- Márcia Nestardo.
- Marcia Quintanilha.
- Maria Luisa Franco Busse.
- Mario Augusto Jacobskind.
- Miriyám Hess.
- Nilza Iraci.
- Otávio Nagoya.
- Paulo Lima.
- Paulo Zocchi.
- Pedro Pomar.
- Rachel Moreno.
- Raul Pont.
- Renata Mielli.
- Renato Rovai.
- Rita Casaro.
- Rita Freire.
- Rodrigo Savazoni.
- Rodrigo Vianna.
- Rose Nogueira.
- Rubens Corvetto.
- Sandra Mariano.
- Sérgio Caldieri.
- Sérgio Gomes.
- Sérgio Murilo de Andrade.
- Soraya Misleh.
- Tatiana Merlino.
- Terezinha Vicente.
- Vânia Alves.
- Venício A. de Lima.
- Verena Glass.
- Vito Giannotti.
- Wagner Nabuco.
.
Kátia Abreu para vice do decadente Serra
A mais recente pesquisa do Ibope, encomendada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), deve ter causado insônia, no mínimo, em duas pessoas. Carlos Augusto Montenegro, o chefão do instituto tucano, havia jurado à revista Veja que a candidata Dilma Rousseff dificilmente passaria dos 15% nas pesquisas. Além de ser motivo de chacota no futebol carioca, após levar o seu time à segunda divisão, ele agora é ridicularizado pelos palpites infelizes – e tendenciosos – no Ibope.
Já o presidenciável José Serra, que é notívago, teve sua insônia agravada. A pesquisa confirmou sua queda e, pior, o crescimento vertiginoso de Dilma Rousseff. Ela indica que o tucano caiu três pontos, patinando nos 35% das intenções de votos, e que a petista subiu 13 pontos desde a última pesquisa do Ibope/CNI em dezembro – pulando para 30%. Além disso, ela revela que 53% dos brasileiros preferem votar na candidata apoiada por Lula, que bate novo recorde de popularidade.
Procura-se um candidato a vice
A pesquisa do instituto tucano causou frisson nos meios políticos, já que chefão do Ibope não é muito confiável. Ela demorou para ser divulgada e frustrou boatos que corriam nas redações da própria mídia demotucana. No seu blog da revista Veja, Lauro Jardim já havia antecipado que “o PSDB saiu-se mal em uma pesquisa nacional de intenção de voto. Ela mostra empate técnico de José Serra e Dilma Rousseff, mas com a petista um ponto percentual à frente”. Outra pesquisa, esta encomendada pelo PT, apontou pela primeira vez Dilma com três pontos à frente de Serra.
Apesar do risco de manipulação – Ulysses Guimarães costumava brincar que “a margem de erro das pesquisas é a margem de lucro” dos institutos –, o resultado do Ibope deve agravar o inferno astral da oposição liberal-conservadora. Sem programa e sem discurso, ela está perdida e metida em graves crises internas. Na semana passada, Aécio Neves enterrou a dobradinha dos sonhos de Serra. Até o portal da Globo, o G1, lamentou o desenlace. “O lançamento da pré-candidatura de Aécio ao Senado praticamente elimina a possibilidade da chapa-pura do partido à Presidência”.
“Ou disputa ou sai da vida pública”
Outro tucano sondado para ser vice, o senador “jagunço” Tasso Jereissati, também fez questão de recusar publicamente o convite. No início de março, em plena campanha eleitoral – que a mídia evita criticar –, Serra esteve na festa da uva em Caxias do Sul, ao lado de outra “potencial” vice, Yeda Crusius. Mas ele preferiu ficar bem distante da governadora deste estratégico estado, que se esforça para arrumar a casa – ou melhor, a mansão – após várias denúncias de corrupção. Para piorar, o PMDB local, que batia asas para os tucanos, sinalizou que deve apoiar Dilma Rousseff.
Diante destas agruras, José Serra até vacilou em ser candidato. Temia perder a briga presidencial e, de quebra, entregar o governo paulista para o seu rival, o traído e ressentido Geraldo Alckmin. Mas ele não tem como fugir da raia – ou do cadafalso! Serra é a alternativa que restou ao bloco neoliberal-conservador. Tanto que o Estadão, um jornal tucano-xiita, pressiona: “A relutância em assumir sua legítima aspiração, pela qual trabalha em surdina, já faz com que se diga que ele não tem medo do poder – tem medo do voto... A esta altura, ou ele disputa o Planalto ou sai da vida pública... A oposição precisa de um candidato que vá para a batalha pela porta da frente”.
Demo ruralista-feudal para vice
O jeito, então, é procurar um vice na seara, ou inferno, dos demos. É certo que também aí a coisa está feia. O “vice-careca” José Roberto Arruda, tão paparicado por Serra, FHC e outros tucanos, permanece preso em Brasília e deverá ser afastado do governo do Distrito Federal. O DEM está em baixa, não tem outros governadores, perdeu dezenas de deputados nas últimas eleições e não possui outras lideranças ascendentes. Sobra, então, a líder dos ruralistas, a senadora Kátia Abreu. O Correio Braziliense inclusive já incluiu o seu nome na lista dos vices demos do tucano Serra.
É certo que a parlamentar do Tocantins é uma das expressões mais grotescas do atraso na política nativa e representa o latifúndio – parte dele travestido de “moderno” agronegócio –, a grilagem, o trabalho escravo e infantil e a contratação de capangas. É certo, também, que ela é motivo de galhofa até no Senado, onde já foi apelidada pelos seus próprios pares de Ivete Sangalo, “graças ao seu jeito barulhento de fazer política”, segundo excelente reportagem de Diego Escosteguy, publicada na insuspeita revista Veja em julho de 2008 – mas que pode ser “arquivada”.
“Fortes evidências” de crime eleitoral
É certo, ainda, que pairam dúvidas sobre a honestidade da nova estrela dos demos. “A Veja teve acesso a documentos internos da CNA [Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária] que apontam fortes evidências de que a entidade bancou ilegalmente despesas da campanha dela ao Senado. A papelada revela que a CNA pagou R$ 650 mil à agência Talento, em agosto de 2006 – na mesma ocasião em que essa empresa prestava serviços de publicidade à campanha de Kátia Abreu ao Senado”, detalhou o artigo “Tem boi na linha”, de Diego Escosteguy.
Estas e outras sujeiras, porém, podem ser apagadas pela mídia demotucana. No seu esforço para evitar a continuidade do ciclo progressista aberto por Lula e garantir o retorno ao neoliberalismo, a mídia fará de tudo para transformar o tucano José Serra num exemplo de “gestor moderno” e a demo Kátia Abreu numa liderança do “moderno agronegócio”. É certo que será difícil convencer os eleitores. Mas não custa tentar. A campanha seria bem mais divertida com uma chapa Serra-Kátia, a dobradinha do vampiro com a Ivete Sangalo.
.
Já o presidenciável José Serra, que é notívago, teve sua insônia agravada. A pesquisa confirmou sua queda e, pior, o crescimento vertiginoso de Dilma Rousseff. Ela indica que o tucano caiu três pontos, patinando nos 35% das intenções de votos, e que a petista subiu 13 pontos desde a última pesquisa do Ibope/CNI em dezembro – pulando para 30%. Além disso, ela revela que 53% dos brasileiros preferem votar na candidata apoiada por Lula, que bate novo recorde de popularidade.
Procura-se um candidato a vice
A pesquisa do instituto tucano causou frisson nos meios políticos, já que chefão do Ibope não é muito confiável. Ela demorou para ser divulgada e frustrou boatos que corriam nas redações da própria mídia demotucana. No seu blog da revista Veja, Lauro Jardim já havia antecipado que “o PSDB saiu-se mal em uma pesquisa nacional de intenção de voto. Ela mostra empate técnico de José Serra e Dilma Rousseff, mas com a petista um ponto percentual à frente”. Outra pesquisa, esta encomendada pelo PT, apontou pela primeira vez Dilma com três pontos à frente de Serra.
Apesar do risco de manipulação – Ulysses Guimarães costumava brincar que “a margem de erro das pesquisas é a margem de lucro” dos institutos –, o resultado do Ibope deve agravar o inferno astral da oposição liberal-conservadora. Sem programa e sem discurso, ela está perdida e metida em graves crises internas. Na semana passada, Aécio Neves enterrou a dobradinha dos sonhos de Serra. Até o portal da Globo, o G1, lamentou o desenlace. “O lançamento da pré-candidatura de Aécio ao Senado praticamente elimina a possibilidade da chapa-pura do partido à Presidência”.
“Ou disputa ou sai da vida pública”
Outro tucano sondado para ser vice, o senador “jagunço” Tasso Jereissati, também fez questão de recusar publicamente o convite. No início de março, em plena campanha eleitoral – que a mídia evita criticar –, Serra esteve na festa da uva em Caxias do Sul, ao lado de outra “potencial” vice, Yeda Crusius. Mas ele preferiu ficar bem distante da governadora deste estratégico estado, que se esforça para arrumar a casa – ou melhor, a mansão – após várias denúncias de corrupção. Para piorar, o PMDB local, que batia asas para os tucanos, sinalizou que deve apoiar Dilma Rousseff.
Diante destas agruras, José Serra até vacilou em ser candidato. Temia perder a briga presidencial e, de quebra, entregar o governo paulista para o seu rival, o traído e ressentido Geraldo Alckmin. Mas ele não tem como fugir da raia – ou do cadafalso! Serra é a alternativa que restou ao bloco neoliberal-conservador. Tanto que o Estadão, um jornal tucano-xiita, pressiona: “A relutância em assumir sua legítima aspiração, pela qual trabalha em surdina, já faz com que se diga que ele não tem medo do poder – tem medo do voto... A esta altura, ou ele disputa o Planalto ou sai da vida pública... A oposição precisa de um candidato que vá para a batalha pela porta da frente”.
Demo ruralista-feudal para vice
O jeito, então, é procurar um vice na seara, ou inferno, dos demos. É certo que também aí a coisa está feia. O “vice-careca” José Roberto Arruda, tão paparicado por Serra, FHC e outros tucanos, permanece preso em Brasília e deverá ser afastado do governo do Distrito Federal. O DEM está em baixa, não tem outros governadores, perdeu dezenas de deputados nas últimas eleições e não possui outras lideranças ascendentes. Sobra, então, a líder dos ruralistas, a senadora Kátia Abreu. O Correio Braziliense inclusive já incluiu o seu nome na lista dos vices demos do tucano Serra.
É certo que a parlamentar do Tocantins é uma das expressões mais grotescas do atraso na política nativa e representa o latifúndio – parte dele travestido de “moderno” agronegócio –, a grilagem, o trabalho escravo e infantil e a contratação de capangas. É certo, também, que ela é motivo de galhofa até no Senado, onde já foi apelidada pelos seus próprios pares de Ivete Sangalo, “graças ao seu jeito barulhento de fazer política”, segundo excelente reportagem de Diego Escosteguy, publicada na insuspeita revista Veja em julho de 2008 – mas que pode ser “arquivada”.
“Fortes evidências” de crime eleitoral
É certo, ainda, que pairam dúvidas sobre a honestidade da nova estrela dos demos. “A Veja teve acesso a documentos internos da CNA [Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária] que apontam fortes evidências de que a entidade bancou ilegalmente despesas da campanha dela ao Senado. A papelada revela que a CNA pagou R$ 650 mil à agência Talento, em agosto de 2006 – na mesma ocasião em que essa empresa prestava serviços de publicidade à campanha de Kátia Abreu ao Senado”, detalhou o artigo “Tem boi na linha”, de Diego Escosteguy.
Estas e outras sujeiras, porém, podem ser apagadas pela mídia demotucana. No seu esforço para evitar a continuidade do ciclo progressista aberto por Lula e garantir o retorno ao neoliberalismo, a mídia fará de tudo para transformar o tucano José Serra num exemplo de “gestor moderno” e a demo Kátia Abreu numa liderança do “moderno agronegócio”. É certo que será difícil convencer os eleitores. Mas não custa tentar. A campanha seria bem mais divertida com uma chapa Serra-Kátia, a dobradinha do vampiro com a Ivete Sangalo.
.
Assinar:
Postagens (Atom)