quinta-feira, 11 de abril de 2019

Chile: capitalização e recorde de suicídios

Por Felipe Bianchi e Leonardo Severo, de Santiago, no site do Centro Estudos Barão de Itararé:

O regime de capitalização da Previdência no Chile, desejado pelo governo Bolsonaro, obriga os aposentados a seguirem trabalhando, muitas vezes, até morrer. É o caso de Mario Enrique Cortes, “jubilado” que, aos 80 anos, padeceu de insolação em pleno inverno, como jardineiro, em frente ao Palácio de La Moneda, em 2014. De lá para cá, o país vem acumulando episódios trágicos como este. Somado à onda crescente de suicídios na terceira idade – com tiro, enforcamento ou envenenamento -, o cenário escancara a realidade sombria de uma terra em que a aposentadoria foi transformada em negócio para benefício das Administradoras de Fundos de Pensão (AFP).

Danilo Gentili e a liberdade de expressão

Por Rodrigo Gomes, na Rede Brasil Atual:

A condenação do humorista Danilo Gentili a seis meses e 28 dias de prisão por ofender a deputada federal Maria do Rosário (PT-RS) acendeu um debate nas redes sociais sobre os limites da liberdade de expressão. Defensores dele alegam que a decisão da juíza federal Maria Isabel do Prado, da 5ª Vara Federal Criminal de São Paulo, é um ato de censura. A secretária-geral do Centro de Estudos de Mídia Barão de Itararé, Renata Mielli, discorda dessa avaliação. “A liberdade de expressão está garantida pela Constituição Federal e declarações internacionais. Mas ela não é um guarda-chuva para cometimento de crimes, discurso de ódio, machismo e racismo”, disse.

TV Brasil: EBC viola a Constituição

Do site do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC):

A Empresa Brasil de Comunicação (EBC) formalizou nesta terça-feira (9) a unificação da TV Brasil, principal canal público de televisão do país, com a emissora estatal NBR, que veicula atos e informações do governo federal. A medida consta na Portaria nº 216, assinada pelo presidente da empresa pública de comunicação, Alexandre Graziani Jr. O ato, que já havia sido anunciado pelo governo há algumas semanas, constitui-se numa flagrante violação do princípio constitucional da complementaridade entre os sistemas público, privado e estatal de comunicação, expresso no artigo 223 da Carta Magna, e pode indicar prevaricação da direção da empresa. Trata-se de um verdadeiro aparelhamento da emissora pelo governo Jair Bolsonaro, na intenção de criar uma mera agência de propaganda governamental.

Assange, o prisioneiro que não cede

Por John Pilger, no site Outras Palavras:

Sempre que visito Julian Assange, nos encontramos em uma sala que ele conhece bem. Há uma mesa vazia e fotos do Equador nas paredes. Uma estante sempre com os mesmos livros. As cortinas estão sempre fechadas e não há luz natural. O ar é abafado e fétido.

Trata-se da Sala 101.

Antes de entrar na Sala 101, devo entregar meu passaporte e meu telefone. Meus bolsos e pertences são revistados. A comida que levo é fiscalizada.

O lumpesinato no poder: Bolsonaro, 100 dias

Por Gilberto Maringoni e Artur Araújo, no jornal Le Monde Diplomatique-Brasil:

O governo de Jair Messias Bolsonaro representa um feito inédito em termos mundiais. Trata-se da primeira vez em que o lumpesinato, de forma organizada, chega ao poder de Estado. Não existe experiência semelhante em países da dimensão do Brasil.

O lumpesinato (ou lumpemproletariado) não é exatamente uma classe. O conceito inicial referia-se a uma fração de classe constituída por trabalhadores muito pobres sem qualquer lugar ou vínculo com a produção ou com o mercado de trabalho formal. Sobrevivem à custa de pequenos expedientes e atividades intermitentes. Por sua própria fragmentação, é uma camada que tende a realizar ações individuais em detrimento de iniciativas coletivas. Raramente atua de forma organizada.

Golpe da Previdência só vai agravar a crise

Por Juliane Furno, no jornal Brasil de Fato:

Você nem precisa ser um assíduo acompanhador dos telejornais para já ter decorado o argumento de Bolsonaro e de toda a sua equipe neoliberal sobre a necessidade de fazer a reforma da previdência.

O argumento, basicamente, é o seguinte: “O gasto previdenciário tem crescido anualmente. Isso faz com que o governo tenha que cobrir o deficit com dinheiro público; como ele não tem esse dinheiro precisa aumentar a sua dívida pública vendendo títulos. Se a dívida pública fica muito alta os agentes vão começar a duvidar da capacidade do governo pagar e exigirão taxas de juros mais altas para seguir comprando títulos. Taxas de juros mais altas inibem o consumo e o investimento; se não tem investimento não tem emprego”.

Bolsonaro e o fim da comunicação pública

Por Theo Rodrigues, no blog Cafezinho:

“A comunicação pública não será a prioridade do presidente Bolsonaro”. Essa foi a avaliação que muitos analistas fizeram logo que se iniciou o atual governo. A manutenção da fusão do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicação (MCTIC) sob as mãos do neófito Marcos Pontes demonstrava que as políticas públicas de comunicação seriam rebaixadas para a periferia da agenda governamental. Passados os 100 primeiros dias de governo, constata-se que o cenário é bem pior do que imaginavam os analistas.

Povo vai no essencial: quer justiça e paz

Por Paulo Moreira Leite, em seu blog:

Contrariando a visão convencional de que a eleição presidencial de 2018 expressou uma profunda virada ideológica na sociedade brasileira, duas pesquisas do Datafolha contem notícias devastadoras para os principais projetos do governo Bolsonaro.

Vinte e quatro horas depois da revelação de que a população recusa a reforma da Previdência por 51% a 41%, descobre-se que o pacote anti-crime de Sérgio Moro é alvo de uma recusa ainda mais enfática. Para 64%, a posse de armas, que Bolsonaro liberou como primeira medida de governo, simplesmente deve ser proibida.

100 dias perdidos no Brasil

Por Daniel Almeida

Foram 100 dias sem médicos, sem educação, sem empregos, sem projeto, sem noção. O presidente da República já faz história e deixa uma marca: a incapacidade de governar. Nesse período, o pior inimigo do governo Bolsonaro foi o próprio governo Bolsonaro.

Bolsonaro não soube aproveitar a lua de mel com o eleitorado, que caracteriza o início das administrações. Ficou perdido em meio a brigas inúteis dentro do Palácio do Planalto e da sua pseudo base de apoio no Congresso Nacional. Muita energia, que poderia ser produtiva, acabou sendo desperdiçada. Despreparo e foco nas coisas erradas resumem bem esses três meses iniciais.

Gentili é condenado à prisão. Vai recuar?

Por Altamiro Borges

Com enorme escarcéu, a mídia informou na noite desta quarta-feira (10) que o “humorista” Danilo Gentili foi condenado pela 5ª Vara Federal Criminal de São Paulo a seis meses e 28 dias de prisão, em regime semiaberto, por injúria contra a deputada federal Maria do Rosário (PT-RS). Ele ainda poderá recorrer da sentença em liberdade. Mesmo assim, o falso valentão ironizou a decisão pelo Twitter: “Quem vai me levar cigarro?”. De imediato, uma legião de fanáticos ultradireitistas lançou a campanha nas redes sociais “Gentili Livre”. O presidente Jair Bolsonaro, que ama de paixão o “humorista” do ódio e que até chegou a cogitar dar um carguinho no seu laranjal no Palácio do Planalto, também criticou a decisão judicial e prestou solidariedade.