Nesta
entrevista com Julian Assange, fundador e dirigente de Wikileaks, o atual presidente
do Equador, Rafael Correa, fala sobre as dificuldades que os governos populares
e progressistas da América Latina enfrentam em sua tentativa de mudar as
estruturas elitistas dos sistemas de governo instaladas em nossos países, ao
invés de se limitarem a administrá-las, como seria do desejo tanto das
oligarquias locais como de seus sócios maiores dos países imperialistas.
Da exposição de Rafael Correa, podemos entender como, na era da
globalização neoliberal, os meios de comunicação corporativos passaram a
exercer de fato a função de principal partido político representante do grande
capital, deixando para a partidocracia tradicional o papel de meros
coadjuvantes na tarefa da defesa dos interesses dos setores hegemônicos do
capitalismo.
Rafael Correa fala da profunda simbiose existente no Equador entre a mídia
corporativa e o capital financeiro, assim
como
as consequências negativas para os governos progressistas e o conjunto da
sociedade que advêm de tal fato.
No Equador,
como
também no Brasil e em toda a América Latina, os grandes meios de comunicação
privados estão intrinsicamente ligados a quase todos os setores econômicos
dominantes da sociedade: o financeiro, o industrial, o rural. Esses meios atuam
como baluartes
na defesa dos interesses de toda a classe capitalista, e são, por sua vez,
compactamente protegidos pelo conjunto das instituições capitalistas sempre que
se veem diante de alguma ameaça a sua atuação. Em tais momentos, os
coadjuvantes pertencentes à partidocracia devem empenhar-se para blindar
eficazmente os órgãos da corporação midiática. O conteúdo desta entrevista nos
possibilitará entender melhor o poderoso esquema de proteção armado no Brasil
para tentar evitar a condenação da revista Veja, comprovadamente envolvida no
mega escândalo oriundo das atividades da quadrilha de Carlinhos Cachoeira.
A visão latinoamericanista defendida por Rafael Correa deveria servir de
inspiração a todos os que buscam edificar em nossas pátrias sociedades dignas,
soberanas e praticantes da justiça social.
Para
ele, o consenso não é algo desejável se for para manter intacta as estruturas
de espoliação social herdadas de anteriores governos pró-oligárquicos.
Original em: http://assange.rt.com/