quarta-feira, 7 de novembro de 2018

Os riscos da política externa de Bolsonaro

A derrota e o descompasso estratégico

Por Jeferson Miola, em seu blog:

O tamanho do antipetismo, a extensão subterrânea do bolsonarismo, o poder manipulador do WhatsApp, a profusão de mensagens odiosas e notícias falsas, o financiamento da fraude por empresários corruptos, o peso do neopentecostalismo, a leniência do TSE, a “boca-de-urna” do Moro com a delação forjada do Palocci – são alguns dos fenômenos da eleição que tanto surpreenderam analistas, observadores, a mídia, os políticos e a sociedade em geral.

O fato, entretanto, de haver enorme surpresa e espanto com a ocorrência de tais fenômenos não deixa de ser, em si mesmo, também muito surpreendente.

Bolsonaro e seu impacto na geopolítica

Por Felipe Bianchi, no site do Centro de Estudos Barão de Itararé:

O espanto internacional com o triunfo eleitoral de um projeto que remete a um passado obscuro no Brasil está estampado nos jornais e portais do mundo todo. Referido como uma espécie de “Donald Trump dos trópicos” e porta-voz de um ideário caricaturado como “nazismo bananeiro”, o capitão reformado (e deputado por 28 anos) Jair Bolsonaro amealhou quase 58 milhões de votos e aguarda a virada do ano para tomar posse no Palácio do Planalto.

Bolsonaro agirá contra a imprensa. E agora?

Por Mário Magalhães, no site The Intercept-Brasil:

Na quinta-feira, O Estado de S. Paulo rasgou elogios a Jair Bolsonaro. O editorial “Disposição bem-vinda” considerou “reconfortante” o presidente eleito ter “ciência” da necessidade de uma reforma previdenciária. Poucas horas depois de o jornal ir ao ar na internet e ser entregue impresso aos assinantes, o Estadão foi barrado na primeira entrevista coletiva pós-vitória do deputado. Também foram vetados repórteres dos jornais Folha de S. Paulo, O Globo e Valor Econômico, da rádio CBN e da Empresa Brasil de Comunicação (à qual se vincula a TV Brasil, que Bolsonaro pretende extinguir ou privatizar).

Constituição e o infeliz aniversário

Por Tereza Cruvinel, no Jornal do Brasil:

Os 30 anos da Constituição de 1988 transcorreram ontem sob uma torrente de notícias contrárias a seu próprio espírito, produzida pelo presidente eleito, Jair Bolsonaro, ou emanadas do grupo que governará com ele a partir de 1º de janeiro.

E isso começa pela própria celebração da data, em sessão solene no plenário da Câmara, à qual os jornalistas não terão acesso, devendo acompanhá-la das galerias. “Queremos, sim, seguir os passos de Caxias, o Pacificador”, disse o eleito em mais um culto evangélico, no domingo. Horas depois reafirmou com outras declarações que veio para dividir.

A esquerda subestimou Bolsonaro

Por Renato Rovai, em seu blog:

Bolsonaro foi tratado como carta fora do baralho por quase todo o período eleitoral. Em especial pelo campo progressista que o considerava o adversário ideal no segundo turno. Deu no que deu.

Sua eleição é algo surpreendente e pode ter alguma relação com a facada que o humanizou, mas não pode ser explicada apenas pelo Sobrenatural de Almeida.

Ela foi se consolidando como projeto político das bordas para o centro desde a eleição de 2014 e ganhou potência com a divulgação dos áudios da JBS que via desmoralização de Aécio acabaram com o PSDB.

Quem é Onyx Lorenzoni, jagunço de Bolsonaro

Da Rede Brasil Atual:

"Ora, sou um ser humano, portanto, não sou perfeito." As palavras são do deputado federal Onyx Lorenzoni (DEM-RS), ventilado pelo presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) como seu futuro ministro da Casa Civil. O parlamentar proferiu a frase em maio de 2017, quando admitiu ter recebido R$ 100 mil, fruto de corrupção, da JBS, depois de seu nome aparecer na delação dos controladores da empresa, Joesley e Wesley Batista.

A trágica política externa de Bolsonaro

Editorial do site Vermelho:

A política externa pode ser considerada o coração da soberania de um país. No Brasil, esse tema tem sido tratado com extremo interesse especialmente desde que José Maria da Silva Paranhos Júnior, o Barão do Rio Branco, firmou as bases para um entendimento mais profundo sobre a importância das relações internacionais. Getúlio Vargas sofreu pressões por adotar políticas soberanas. Jânio Quadros foi acossado pela posição do Brasil favorável à participação da China nas Nações Unidas e ao reatamento das relações com a União Soviética, rompidas desde 1947. E João Goulart sofreu ataques por conta da sua política externa não alinhada aos interesses dos Estados Unidos.

Bolsonaro, mentiras e vídeos

Por Luiz Gonzaga Belluzzo, na revista CartaCapital:

O fenômeno Bolsonaro deu origem a um vendaval de interpretações. Sociólogos, economistas e cientistas políticos debruçaram-se sobre o personagem de gestos e falas tão agressivos quanto balbuciantes.

As considerações a respeito das características pessoais do então candidato, hoje eleito, abriram espaço para a avaliação de seu eleitorado. A palavra fascista foi distribuída com abusiva generosidade pelos adversários do capitão para marcar o lombo dos bolsominions.

Falsa neutralidade do Escola 'sem' Partido

Por Ana Luíza Matos de Oliveira, no site da Fundação Perseu Abramo:

Livro "Escola “sem” partido: Esfinge que ameaça a educação e a sociedade brasileira", organizado por Gaudêncio Frigotto, traz contribuições de diversos autores para entender o ideário do "Escola sem Partido", que tem crescido como movimento na sociedade brasileira.

Segundo os autores, o "Escola sem partido" emite uma mensagem de certeza e proposição de ideias supostamente neutras, mas que escondem, na verdade, um teor fortemente "persecutório, repressor e violento". Não sem motivo os autores escolheram que o "sem" do título fosse entre aspas, pois há na verdade partidos da extrema direita e outros grupos políticos por trás do projeto.

O golpe foi legitimado nas urnas. E agora?

Por Ricardo Gebrim, no jornal Brasil de Fato:

O golpe legitimou-se nas urnas. A eleição de Bolsonaro e o resultado das eleições gerais não foram apenas uma derrota eleitoral. Sofremos uma profunda derrota política e o primeiro passo é compreender sua dimensão.

A unidade das classes e frações dominantes que já vinham se unificando em torno das medidas programáticas do golpe consolidou-se em torno de uma candidatura cuja melhor definição é denominá-la neofascista, uma vez que não se enquadra no conceito clássico de fascismo da primeira quadra do século passado.

O opróbrio do magistrado

Por Roberto Amaral, em seu blog:

O ainda juiz Sérgio Moro, ora a caminho das férias, faz praça de onipotente, durão, inflexível, o que ajuda a bem cuidada construção da imagem de vingador implacável e incorruptível. Os mais velhos e os cinéfilos devem conhecer a saga de Eliot Ness na série “Os intocáveis”, sobre a repressão ao crime na Chicago das primeiras décadas do século passado.

Até aí nada de novo, pois essa é a jactância da média de seus colegas de instância primária, para os quais toga e japona se confundem com isenção. Para esses aprendizes de Savonarolas (em cuja categoria se incluem os procuradores da Lava Jato), certas prescrições constitucionais, como o devido processo legal, não passam de penduricalhos herdados de uma ordem já sem serventia. O ‘novo’ direito se legitima mediante seus resultados.

A agenda furtiva do governo Bolsonaro

Foto: Lula Marques
Por Antonio Martins, no site Outras Palavras:

Outras Palavras publica hoje, com satisfação, Bolsonaro e o controle da Verdade, um texto indispensável do escritor e jornalista Ricardo Alexandre. O autor desvenda, com sagacidade e certa ironia, o estratagema do presidente eleito para despistar o jornalismo e a crítica, produzindo versões díspares – e frequentemente contraditórias – do que pretende fazer. “Bolsonaro trabalha em regime de contra-informação”, frisa Ricardo, ao explicar como, em poucos dias, o ex-capitão e sua entourage contradisseram-se deliberadamente sobre temas como a coordenação política do futuro governo, a composição do ministério, o momento e circunstâncias do convite a Sérgio Moro, a criação de uma nova CPMF, a extinção do 13º salário, o fechamento do STF e muitos outros assuntos.

E a economia, como fica?

Por Paulo Kliass, no site Carta Maior:

Há economistas que adoram fazer previsões. A grande imprensa se esmera estampar as tentativas dos mais ousados, que chegam mesmo a calcular no detalhe da “casa-depois-da vírgula” variáveis bastante complicadas em sua determinação, tais como os índices de inflação, o nível da taxa de juros e o crescimento do PIB. Há outros, um pouco menos afoitos, que preferimos trabalhar mais com análises da dinâmica da economia e tentar apontar cenários possíveis para o futuro próximo.