segunda-feira, 7 de março de 2022
Ucrânia, Rússia e as ilusões da guerra
Charge: Lu Lingxing |
Há duas ilusões em curso sobre efeitos do confronto que arde entre a Rússia e a Ucrânia.
Uma, no campo do dinheiro: a de que o processo de degradação da economia provocada pelas sanções econômicas, apenas desestabilizará a Rússia, pondo a ponto de cair o governo Putin.
Pode até vir a ser, mas há muita crise, inflação e estagnação econômica global pela frente.
Ontem, o primeiro-ministro da China, Li Keqiang, anunciou uma expectativa de crescimento do PIB do país com crescimento de 5,5% em 2022.
Alto para os nossos padrões, é, porém, moderadamente baixo para o ritmo chinês.
Cordão sanitário contra a ultradireita?
Set. 2021: Marcha neonazista em Madri contra a comunidade LGBTQ+. Foto: Olmo Calvo |
Enquanto todos os olhos estão voltados para a guerra que a OTAN tenta fazer de conta que não é entre a OTAN e a Rússia, tendo a Ucrânia como palco e os ucranianos como bucha-de-canhão, outro importante fenômeno político acontece no continente.
Trata-se do "cordão sanitário" ou "cordão democrático" que se forma em vários países para isolar preventivamente os partidos de extrema-direita que conseguiram avançar alguns passos nas eleições locais ou nacionais nos últimos anos. Depois de muita tolerância com esses agrupamentos, que agem provocativamente e utilizam o discurso de ódio aos imigrantes, aos negros, e a outras "minorias", tanto as esquerdas como partidos de centro e até da direita tradicional estão despertando: não há como dar oxigênio a grupos que buscam, por palavras e atos, destruir a Democracia pelo lado de dentro.
A guerra e o parto da nova ordem mundial
Por Jeferson Miola, em seu blog:
Até onde se conhece, o ser humano é o único ser vivo que se mobiliza e se excita com o trágico humano, com a competição destrutiva, com a cenografia da dor, do sofrimento e da morte do seu semelhante.
O Coliseu, teatro do Império Romano construído há quase 2 mil anos, é um monumento a esta reverência e a este culto do homo sapiens à tragédia, à destruição e à morte humana.
Além de palco para outras representações teatrais, o Coliseu oportunizava a uma audiência de dezenas de milhares de pessoas entretenimentos macabros – combates entre gladiadores até a morte e, também, jogos de morte nos quais humanos eram mortos de maneira terrível, mutilados e dilacerados por animais, ou queimados vivos. O culto ao bárbaro como experiência épica.
É compreensível, portanto, que as pessoas acompanhem e se posicionem acerca da guerra como se estivessem na arquibancada do grande Coliseu midiático e cibernético. Como se estivessem torcendo fervorosamente para seu time de preferência em uma competição esportiva.
Até onde se conhece, o ser humano é o único ser vivo que se mobiliza e se excita com o trágico humano, com a competição destrutiva, com a cenografia da dor, do sofrimento e da morte do seu semelhante.
O Coliseu, teatro do Império Romano construído há quase 2 mil anos, é um monumento a esta reverência e a este culto do homo sapiens à tragédia, à destruição e à morte humana.
Além de palco para outras representações teatrais, o Coliseu oportunizava a uma audiência de dezenas de milhares de pessoas entretenimentos macabros – combates entre gladiadores até a morte e, também, jogos de morte nos quais humanos eram mortos de maneira terrível, mutilados e dilacerados por animais, ou queimados vivos. O culto ao bárbaro como experiência épica.
É compreensível, portanto, que as pessoas acompanhem e se posicionem acerca da guerra como se estivessem na arquibancada do grande Coliseu midiático e cibernético. Como se estivessem torcendo fervorosamente para seu time de preferência em uma competição esportiva.
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