A revista Veja é realmente muito escrota. Até na sessão de necrológico, ela destila seu veneno. Na edição desta semana, ela dedicou poucas linhas para atacar o escritor e Nobel português José Saramago, falecido no último dia 18. A editorialização, com forte viés direitista, já ficou estampada no próprio título: “Senhor polêmica”. Na resenha da foto, outra grosseria: “Estilo e equívoco. José Saramago: provocações à Igreja e amizade com Cuba”.
Na notinha, além de citar as obras do autor e um pouco da sua rica história, a revista Veja não esconde sua aversão a José Saramago. “Ao lado da criação literária, manteve-se sempre ativo, e equivocado, na política. Embora tenha feito críticas insignificantes a execuções de opositores em Cuba, declarava-se um ‘amigo’ da ditadura dos irmãos Castro... Nos países cujos regimes ele defendia, nenhum escritor que ousou discordar teve o luxo de uma morte tranqüila”.
Civita, Vaticano e a Inquisição
O anticomunismo raivoso da Veja foi similar ao da alta cúpula da Igreja Católica. No “L’Osservatore Romano”, o jornal oficial do Vaticano, ela rotulou o escritor de “populista extremista” e de “ideólogo anti-religioso”, que se colocou “com lucidez ao lado das ervas daninhas no trigal do Evangelho”. No mesmo rumo maroto da Veja, que esconde seus crimes, o jornal lembra que Saramago “dizia que perdia o sono só de pensar nas Cruzadas ou na Inquisição, esquecendo-se dos Gulags”. Realmente, a Inquisição e as Cruzadas unem a famíglia Civita e os saudosistas do Vaticano.
Em outubro passado, a Veja já havia utilizado o seu necrológico para atacar outra referência das forças progressistas do mundo todo. “Morreu Mercedes Sosa, a cantora de bumbo argentina, dia 4, aos 74 anos, de doenças associadas ao subdesenvolvimento latino-americano”. A nota asquerosa reduziu um dos maiores ícones da música da região a uma “cantora de bumbo”. Haja ranço fascista dos que se proclamam defensores da liberdade de expressão.
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6 comentários:
Miro, Veja faz das suas até nos obituários. Os casos de Elis Regina e Cazuza tornaram-se famosos. Junta-se uma linha editorial ultra-reacionária com a fome de sensacionalismo e, resultado: relatos de pessoas falecidas que chegam ao ponto da pura humilhação.
Quando Brizola faleceu, em 2004, Veja o tratou como uma figura antiquada, ultrapassada. Eu logo pensei, a respeito desses "adjetivos": "Olha só quem fala".
Ás vezes me pergunto se Veja não é um periódico da Idade Média impresso em papel cuchê.
Se a VEJA tivesse elogiado o Saramago, aí sim teríamos que estranhar. E ele provavelmente não aceitaria um elogio do esgoto!
Abraço.
Carta aberta ao Governador Alberto Goldman http://bit.ly/bt3e7q #paraisopolis
Isto mostra a real ligação do Pig com aos Americanos, sem distinção, é a Globalização dos Lucros.
Saramago era um medíocre. Geniais são os articulistas da Veja.
Em relação a morte do grande escritor Saramago, nenhum jornal superou a canalhice do Zero Hora:
http://diariogauche.blogspot.com/2010/06/zh-carpideira-mercenaria-de-saramago.html
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