Por Tereza Cruvinel, no site Brasil-247:
Até quando as instituições, especialmente Congresso e STF, pouparão Bolsonaro, permitindo que ele avance com a tática de testar os limites da democracia, para em alguma hora romper a cerca e instaurar a ditadura?
A quarta-feira de cinzas foi de protestos, alguns mais enérgicos, como o do ministro do STF Celso de Mello, outros mais brandos, como os de Rodrigo Maia, presidente da Câmara, e Dias Toffoli, presidente do STF, sem falar no silêncio imperdoável do presidente do Senado e do Congresso, Davi Alcolumbre.
Até quando as elites econômicas vão acreditar que será possível haver reformas neoliberais, ajuste fiscal e crescimento com Bolsonaro na Presidência?
Ainda que Paulo Guedes não vivesse também quebrando as louças, ainda que tivesse a competência que lhe falta, isso jamais aconteceria no governo de um presidente que atenta o tempo todo contra a estabilidade política, rejeitando os limites de seu poder, atacando as instituições e explicitando sua incompatibilidade com o sistema democrático.
Não, senhores do capital e do mercado. Apoiando Bolsonaro estão ajudando a empurrar o país para o desastre político e econômico.
A desfaçatez de Jair Bolsonaro não tem limites.
Cada vez que ele atenta contra a Constituição e a democracia, e encontra resistência, recua com uma desculpa esfarrapada, como a de que compartilhou o vídeo sobre a manifestação anti-Congresso em caráter pessoal, com amigos de um grupo de whatsapp, como se fosse possível separar o presidente da pessoa física.
Depois embrulha-se no manto roto da vitimologia, como fez ao invocar Jeremias: “E pelejarão contra ti, mas não prevalecerão contra ti, porque eu sou contigo, para ti (sic) livrar, diz o Senhor."
Não tem ninguém pelejando contra ele. Bolsonaro é que está o tempo todo pelejando contra a democracia, incorrendo o tempo todo em crimes de responsabilidade, que as elites políticas vão deixando passar porque não existiriam as condições políticas ideais.
Na própria oposição, vai se percebendo que não haverá agora a apresentação de um pedido de impeachment. Da reunião de cúpula do PT com Lula a orientação concreta que saiu foi a de investir na mobilização popular, nos atos marcados para os próximos dias de março.
Dia 8, em defesa das mulheres, sempre atacadas pelo bolsonarismo. Dia 14, para lembrar os dois anos da execução ainda impune de Marielle Franco. E dia 18, em defesa da democracia.
As condições políticas são mesmo um pressuposto do êxito de qualquer processo de impeachment, mas Bolsonaro não será contido enquanto não se deparar com o risco real de ser afastado do cargo, por suas recorrentes demonstrações de que, se puder, romperá com a ordem democrática para virar um ditador associado com o poder militar.
Nesta quinta-feira, pela manhã, ele vai se reunir com o ministro da Justiça, Sergio Moro, que não deu um pio sobre o episódio que estarreceu o Brasil democrático, e com o ministro da Defesa, Fernando Azevedo.
São interlocutores com os quais deve avaliar os riscos reais que pode estar correndo.
Um, supostamente tem o conhecimento jurídico, embora isso seja discutível. O outro tem as armas com que poderia resistir.
Nem hoje nem amanhã haverá Congresso reunido, aí vem o final de semana, que favorece a acomodação.
Tudo sugere que, mais uma vez, haverá indulgência para com o arreganho autoritário do chefe do Executivo, que não se conforma com a limitação de seus poderes.
Mais tarde, entretanto, pode ser muito tarde, e não restará nem mesmo um tango argentino.
Só poderemos lamentar tanta tolerância para com o intolerante.
Até quando as instituições, especialmente Congresso e STF, pouparão Bolsonaro, permitindo que ele avance com a tática de testar os limites da democracia, para em alguma hora romper a cerca e instaurar a ditadura?
A quarta-feira de cinzas foi de protestos, alguns mais enérgicos, como o do ministro do STF Celso de Mello, outros mais brandos, como os de Rodrigo Maia, presidente da Câmara, e Dias Toffoli, presidente do STF, sem falar no silêncio imperdoável do presidente do Senado e do Congresso, Davi Alcolumbre.
Até quando as elites econômicas vão acreditar que será possível haver reformas neoliberais, ajuste fiscal e crescimento com Bolsonaro na Presidência?
Ainda que Paulo Guedes não vivesse também quebrando as louças, ainda que tivesse a competência que lhe falta, isso jamais aconteceria no governo de um presidente que atenta o tempo todo contra a estabilidade política, rejeitando os limites de seu poder, atacando as instituições e explicitando sua incompatibilidade com o sistema democrático.
Não, senhores do capital e do mercado. Apoiando Bolsonaro estão ajudando a empurrar o país para o desastre político e econômico.
A desfaçatez de Jair Bolsonaro não tem limites.
Cada vez que ele atenta contra a Constituição e a democracia, e encontra resistência, recua com uma desculpa esfarrapada, como a de que compartilhou o vídeo sobre a manifestação anti-Congresso em caráter pessoal, com amigos de um grupo de whatsapp, como se fosse possível separar o presidente da pessoa física.
Depois embrulha-se no manto roto da vitimologia, como fez ao invocar Jeremias: “E pelejarão contra ti, mas não prevalecerão contra ti, porque eu sou contigo, para ti (sic) livrar, diz o Senhor."
Não tem ninguém pelejando contra ele. Bolsonaro é que está o tempo todo pelejando contra a democracia, incorrendo o tempo todo em crimes de responsabilidade, que as elites políticas vão deixando passar porque não existiriam as condições políticas ideais.
Na própria oposição, vai se percebendo que não haverá agora a apresentação de um pedido de impeachment. Da reunião de cúpula do PT com Lula a orientação concreta que saiu foi a de investir na mobilização popular, nos atos marcados para os próximos dias de março.
Dia 8, em defesa das mulheres, sempre atacadas pelo bolsonarismo. Dia 14, para lembrar os dois anos da execução ainda impune de Marielle Franco. E dia 18, em defesa da democracia.
As condições políticas são mesmo um pressuposto do êxito de qualquer processo de impeachment, mas Bolsonaro não será contido enquanto não se deparar com o risco real de ser afastado do cargo, por suas recorrentes demonstrações de que, se puder, romperá com a ordem democrática para virar um ditador associado com o poder militar.
Nesta quinta-feira, pela manhã, ele vai se reunir com o ministro da Justiça, Sergio Moro, que não deu um pio sobre o episódio que estarreceu o Brasil democrático, e com o ministro da Defesa, Fernando Azevedo.
São interlocutores com os quais deve avaliar os riscos reais que pode estar correndo.
Um, supostamente tem o conhecimento jurídico, embora isso seja discutível. O outro tem as armas com que poderia resistir.
Nem hoje nem amanhã haverá Congresso reunido, aí vem o final de semana, que favorece a acomodação.
Tudo sugere que, mais uma vez, haverá indulgência para com o arreganho autoritário do chefe do Executivo, que não se conforma com a limitação de seus poderes.
Mais tarde, entretanto, pode ser muito tarde, e não restará nem mesmo um tango argentino.
Só poderemos lamentar tanta tolerância para com o intolerante.
0 comentários:
Postar um comentário