Por Renato Rovai, em seu blog:
A posse de um presidente vale não pelos rococós que dispensam quase 90% do seu tempo, mas pelo momento em que o eleito sobe no parlatório para falar ao público presente na Esplanada. É ali que se dá o recado de qual será o tom do início do governo. É neste discurso que se estabelecem os marcos do marketing que chega.
E a grande novidade é que Michele Bolsonaro não será uma primeira-dama decorativa. Ela falou antes do novo presidente usando a linguagem de libras. Foi tudo meio patético, mas ao mesmo tempo um golaço de marketing. Ao fazer isso ela estabelece uma relação direta com o público deficiente físico, em especial os surdos. São 25% dos brasileiros com alguma deficiência. E 5,4% de surdos. Não é pouca coisa.
Ao mesmo tempo seu discurso humanizou o marido para o público feminino que era o mais refratário a ele durante a campanha eleitoral.
Já Bolsonaro não desceu do palanque. E deixou claro que vai manter seu tom bélico e de ódio na presidência. Abriu falando que estava com a sua posse libertando o país do socialismo, declarou o fim do politicamente correto, acusou os direitos humanos pelo aumento da violência e para lacrar ainda encerrou com uma bandeira do Brasil na mão dizendo que a nossa bandeira jamais será vermelha e se for preciso derramará sangue para mantê-la verde e amarela.
O público presente na Esplanada foi ao êxtase neste momento. Muitos devem ter comemorado nos sofás de suas casas assistindo à Rede Globo, que aliás, fez uma cobertura absurdamente favorável ao novo presidente. Os comentários, em especial de Heraldo Pereira, foram altamente reverenciais. Como se nada estivesse acontecendo com seus colegas jornalistas que foram tratados, nas palavras de alguns deles, piores do que cachorros na posse.
Os primeiros 100 dias de governo costumam ser de bate-cabeça. Cada ministro buscando ter mais poder do que o outro. Quando dá tudo certo, as coisas se ajeitam lá pela Páscoa. Mas pelo que se pode perceber hoje, o governo que chega tem foco. Será autoritário, mas altamente populista.
E isso pode lhe garantir certo fôlego.
Aliás, não foi à toa que o filho Carlos Bolsonaro, vereador no Rio de Janeiro, foi o escolhido para acompanhar o pai no desfile de carro aberto. Ele é o mais bélico de todos. É o que expressa com maior virulência o ódio a todos os valores iluministas e de respeito aos direitos humanos.
Não será tão fácil combater o governo Bolsonaro neste primeiro momento. Porque ampla maioria da população torce para que dê certo. Para que o capitão bote ordem nas coisas e melhore a segurança pública, a saúde, a empregabilidade etc.
Sabe-se que ele não vai conseguir entregar isso de cara e por isso as pessoas darão um tempo para as coisas se ajeitarem. Enquanto isso, Bolsonaro se encarregará de, com um rumo claro nos aspectos políticos e culturais, ir entregando sua agenda autoritária.
O que pode atrapalhá-lo é se o leite azedar na economia. Mas o que dá para prever olhando essa posse é que teremos um governo trapalhão, mas populista e que não titubeará. Fará tudo o que prometeu na campanha em relação a perseguição e ataques a agenda progressista. E buscará transformar cada um desses retrocessos em grandes vitórias para o país.
E a grande novidade é que Michele Bolsonaro não será uma primeira-dama decorativa. Ela falou antes do novo presidente usando a linguagem de libras. Foi tudo meio patético, mas ao mesmo tempo um golaço de marketing. Ao fazer isso ela estabelece uma relação direta com o público deficiente físico, em especial os surdos. São 25% dos brasileiros com alguma deficiência. E 5,4% de surdos. Não é pouca coisa.
Ao mesmo tempo seu discurso humanizou o marido para o público feminino que era o mais refratário a ele durante a campanha eleitoral.
Já Bolsonaro não desceu do palanque. E deixou claro que vai manter seu tom bélico e de ódio na presidência. Abriu falando que estava com a sua posse libertando o país do socialismo, declarou o fim do politicamente correto, acusou os direitos humanos pelo aumento da violência e para lacrar ainda encerrou com uma bandeira do Brasil na mão dizendo que a nossa bandeira jamais será vermelha e se for preciso derramará sangue para mantê-la verde e amarela.
O público presente na Esplanada foi ao êxtase neste momento. Muitos devem ter comemorado nos sofás de suas casas assistindo à Rede Globo, que aliás, fez uma cobertura absurdamente favorável ao novo presidente. Os comentários, em especial de Heraldo Pereira, foram altamente reverenciais. Como se nada estivesse acontecendo com seus colegas jornalistas que foram tratados, nas palavras de alguns deles, piores do que cachorros na posse.
Os primeiros 100 dias de governo costumam ser de bate-cabeça. Cada ministro buscando ter mais poder do que o outro. Quando dá tudo certo, as coisas se ajeitam lá pela Páscoa. Mas pelo que se pode perceber hoje, o governo que chega tem foco. Será autoritário, mas altamente populista.
E isso pode lhe garantir certo fôlego.
Aliás, não foi à toa que o filho Carlos Bolsonaro, vereador no Rio de Janeiro, foi o escolhido para acompanhar o pai no desfile de carro aberto. Ele é o mais bélico de todos. É o que expressa com maior virulência o ódio a todos os valores iluministas e de respeito aos direitos humanos.
Não será tão fácil combater o governo Bolsonaro neste primeiro momento. Porque ampla maioria da população torce para que dê certo. Para que o capitão bote ordem nas coisas e melhore a segurança pública, a saúde, a empregabilidade etc.
Sabe-se que ele não vai conseguir entregar isso de cara e por isso as pessoas darão um tempo para as coisas se ajeitarem. Enquanto isso, Bolsonaro se encarregará de, com um rumo claro nos aspectos políticos e culturais, ir entregando sua agenda autoritária.
O que pode atrapalhá-lo é se o leite azedar na economia. Mas o que dá para prever olhando essa posse é que teremos um governo trapalhão, mas populista e que não titubeará. Fará tudo o que prometeu na campanha em relação a perseguição e ataques a agenda progressista. E buscará transformar cada um desses retrocessos em grandes vitórias para o país.
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