terça-feira, 20 de março de 2018

Uma execução e as lutas que seguem

Por Gustavo Noronha, no site Brasil Debate:

“A história de todas as sociedades até o presente é a história das lutas de classes”. (Marx e Engels, Manifesto do Partido Comunista)

Todo mundo conhece o conceito de luta de classes imortalizado por Marx e Engels no Manifesto do Partido Comunista. Muitos supõem esta ideia ultrapassada e propõem desde uma conciliação aberta entre as classes até um convívio harmônico entre elas devido a uma alegada interdependência, entre outras visões. Entretanto, se para o momento histórico que Marx e Engels escreveram haveria a possibilidade de falar em luta de classes, hoje há que se afirmar o massacre de classe. Na sociedade capitalista de hoje só tombam os que defendem as classes subalternas.

O "déficit de empatia" da direita brasileira

Foto: Felipe Uruatã/Mídia Ninja
Por Cynara Menezes, no blog Socialista Morena:

Que país é este? Uma mulher negra, bonita, inteligente, uma política eleita, uma mãe, uma filha, o amor de alguém, recebe quatro tiros na cabeça numa emboscada. Pam, pam, pam, pam. Seu crânio ficou tão destroçado que não foi possível abrir o caixão no funeral para que seus entes queridos se despedissem do seu rostinho. Sua filha adolescente não pôde lhe dar o último beijo. Qualquer ser humano se sentiria tocado com uma brutalidade dessas. Menos a direita brasileira.

Mulheres ocupam a privatista Nestlé

Do site do MST:

A sede da Nestlé em São Lourenço, Sul de Minas Gerais, foi ocupada por 600 mulheres sem terra às 6 horas da manhã desta terça-feira (20). As mulheres, que seguem na Jornada Nacional de Lutas, denunciam a entrega das águas às corporações internacionais, conduzida a passos largos pelo governo golpista de Michel Temer. Elas alertam para as negociatas que ocorrem neste momento no Fórum Mundial das Águas, em Brasília.

“Imagina você ser obrigada a comprar em garrafinhas toda a água para matar a sede durante o dia. Ninguém aguentaria isso. É o que querem as empresas reunidas nesse momento naquele Fórum”, aponta Maria Gomes de Oliveira, da Direção do MST. “É muita petulância fazer um fórum internacional para comercializar nossas reservas de água. Eles não estão lá para debater gestão de nada, estão fazendo um leilão para vender o país a preço de banana”, completa a dirigente.

Estado de exceção: polícia invade o Bip-Bip

Por Rodrigo Vianna, em seu blog:

Na noite deste domingo, o dono do Bip-Bip (o bar que é uma espécie de templo do samba no Rio) foi “conduzido” para a delegacia.

Não. Ele não roubou um cliente na conta. Ele não bateu num garçom.

Alfredinho, um personagem que promove rodas de samba e exige que os clientes fiquem em silêncio para ouvir os músicos, um sujeito que defende a democracia e a cultura, resolveu promover uma homenagem à vereadora Marielle.

Esse foi o crime de Alfredinho!

Temer quer privatizar o ensino médio

Por Maria Izabel Azevedo Noronha

Não havia exagero nenhum quando dissemos que a reforma do ensino médio do governo golpista de Michel Temer destruiria a formação dos estudantes nesse nível de ensino. A pretexto de resolver os problemas do ensino médio, a começar de sua falta de identidade para os estudantes (uma vez que não forma adequadamente para a continuidade dos estudos e tampouco para o mundo do trabalho), Temer optou por transformá-lo em mero estágio de formação de mão de obra, esvaziando-o de todos os conteúdos necessários à formação integral de nossos jovens para o pleno exercício da cidadania.

Heraldo Pereira e a 'reunião informal' do STF

Por Kiko Nogueira, no blog Diário do Centro do Mundo:

Meu amigo Lifton Cletz, já entrado em anos, diz que não se lembra de ter visto um STF tão fraco de caráter.

Lifton acha que nem da ditadura era assim.

Ele comentava sobre a entrevista de Cármen Lúcia a Heraldo Pereira no Jornal Nacional na segunda, dia 19.

Tropeçando nas palavras, Cármen respondeu a tudo o que Heraldo queria, sempre concordando com ele, deixando claro que vai fazer o que o patrão de ambos ordenou.

O duplo assassinato de uma militante

Ilustração: Ronaldo Fraga
Por Jeferson Miola, em seu blog:

A cada dia, a biografia de Marielle Franco é enriquecida com novas revelações de uma trajetória de vida que é digna de livro e filme.

Marielle não era muito conhecida além do circuito do Rio de Janeiro e de setores de vanguarda da esquerda partidária e social. Apesar disso, a barbárie e a covardia do seu assassinato causaram uma impressionante comoção no Brasil.

À medida, entretanto, que sua bela história política e de vida foi sendo contada, a revolta e a indignação política se adicionaram à comoção que tomou conta do país e se espraiou pelo mundo.

40% do ensino à distância: o golpe fatal

Por Luiz Carlos de Freitas, em seu blog:

Finalmente aparecem, aos poucos, as verdadeiras razões que estão na base da pressão pela rápida reforma do ensino médio. O governo Temer estuda, no CNE – Conselho Nacional de Educação – liberar até 40% da carga didática do ensino médio (de qualquer disciplina) para o ensino à distância. Leia aqui.

A medida deverá promover a segregação escolar de forma mais nítida, criando escolas on line de baixo custo (e de baixa qualidade) para os mais pobres e mantendo a escola regular cada vez mais para as classes mais bem posicionadas financeiramente (principalmente aquelas em que os filhos não precisem trabalhar para sobreviver). De quebra, irá deslocar, com o tempo, o financiamento da educação para a iniciativa privada retirando recursos da escola pública e sua expansão. É questão de tempo o aparecimento dos vouchers (algo como uma bolsa) para estudantes em escolas on line privadas.

A canalhice sem limites da Globo

Por Pedro Breier, no blog Cafezinho:

Marielle Franco foi executada no último dia 14, pouco depois das 21h.

O jornalista Tom Cardoso fez um relato emblemático, em sua página no Facebook, acerca da (ausência de) cobertura da Globo no dia da tragédia:

*****

Tô no Rio.

Ontem à noite, ao chegar no hotel, fui alertado pelo segurança. Eu já tinha ouvido recomendação idêntica dos porteiros do meu prédio em SP:

– Cuidado, entra logo, tem um “diferente” vindo ali.

segunda-feira, 19 de março de 2018

Fantástico distorce a história de Marielle

Ilustração: Bruno Debize da Motta/Mídia Ninja
Por Glenn Greenwald, no site The Intercept-Brasil:

Ontem à noite, a Rede Globo dedicou 45 minutos de seu popular programa “Fantástico” à execução de Marielle Franco e ao assassinato de seu motorista, Anderson Gomes. Essa história vem dominando as manchetes no Brasil durante a última semana, e continua recebendo destaque em órgãos de imprensa do mundo todo.

Esse não foi um caso em que a cobertura da Globo elevou uma história à proeminência nacional. Muito pelo contrário: O que nós vimos foi a Globo tentando assumir o controle de uma história que explodiu online graças ao ativismo cidadão e à raiva inconformada causada pelo crime, sem que se precisasse de ajuda ou amplificação dos grandes veículos de imprensa. Essa é uma das poucas vezes em que a grande mídia brasileira foi uma espectadora, não o motor, de uma história.

Marielle foi no Rio, Lorca foi em Granada

Por Tarso Genro, no site Sul-21:

Em 18 de agosto de 1977, Steve Biko foi preso numa barreira policial, em Porto Elisabeth (South África) e interrogado durante 22 horas por oficiais da Polícia, espancado, torturado e acorrentado. Quase um mês depois, foi levado com múltiplas lesões e em precário estado físico a uma prisão, para morrer, em 12 de setembro daquele mesmo ano, aos trinta anos de idade. As lesões foram constatadas e fotografadas. Seu assassinato sob tortura foi provado, mas os policiais – autores do crime – foram inocentados pelo Sistema de Justiça do “apartheid”.

México: o desastre neoliberal que nos inspira

Por Marcelo Manzano, no site da Fundação Perseu Abramo:

Desde que a doutrina neoliberal se espalhou pela América Latina, o México foi provavelmente o país que mais profundamente embarcou no canto da sereia que emanava de Washington. Apostou tudo na liberalização comercial, privatizou empresas e serviços públicos e abriu suas porteiras para o regozijo dos grupos financeiros internacionais.

Depois do colapso cambial que solapou o país em 1994/1995, os mexicanos dobraram a aposta, entregando suas reservas petrolíferas às grandes companhias do vizinho ao Norte e rebaixando os padrões de regulação do mercado de trabalho a fim de atrair maiores fluxos capital externo para seu terreiro.

EUA e Lava-Jato desmontaram o Brasil

Por Luis Nassif, no Jornal GGN:

Peça 1 – Kenneth Blanco e o destino manifesto

A apresentação de Kenneth Blanco, vice-procurador adjunto do Departamento de Justiçam em evento ocorrido em julho de 2017, foi surpreendente. Especialmente pela intimidade com que tratou um dos membros do evento, então Procurador Geral da República Rodrigo Janot.
Blanco falou da missão do Departamento de Justiça dos EUA, de combater a corrupção “onde estiver” e aplicar a Lei Anticorrupção Norte-Americana.

Depois, deu uma aula completa sobre como se desenvolveu o relacionamento do Departamento de Justiça (DOJ) com o Ministério Público Federal brasileiro, que ele taxou de melhor relação da história. E confirmou o que o Jornal GGN já havia antecipado desde a visita de Rodrigo Janot ao DOJ em fevereiro de 2015.


Mais do que nunca, está em jogo a democracia

Por Paulo Moreira Leite, em seu blog:

A execução da vereadora Marielle Franco é um crime político que não permite dúvidas, hesitações nem falsos questionamentos.

Todo mundo sabe que é preciso escolher um lado - dos direitos humanos e da democracia - para enfrentar o crime e a brutalidade, aposta de quem escolhe a violência como método de solução de conflitos políticos numa sociedade.

Não há dúvida de que, 30 anos anos após a proclamação da Constituição Cidadã, o país caminha para uma encruzilhada.

Greve dos servidores: Doria não é confiável

Por Railídia Carvalho, no site Vermelho:

Apesar do anúncio de que o prefeito João Doria (PSDB-SP) vai retirar o PL 621 da pauta de votação da Câmara Municipal, a greve dos trabalhadores do serviço público municipal permanece. A mobilização critica o projeto que reforma a Previdência municipal e vai dificultar o acesso à aposentadoria além de reduzir salários. Neste sábado (17) acontecerá um sarau no acampamento montado pelos trabalhadores em frente à Câmara Municipal.

Lula sabia das coisas

Ilustração: Pataxó cartoons
Por Maurício Dias, na revista CartaCapital:

A Operação Lava Jato completa quatro anos sem a disposição de cumprir a missão impossível que tanto alardeou cumprir. O objetivo seria, segundo a lenda contada pelos procuradores, acabar com a corrupção no País. Aos poucos, no entanto, desvendou-se o projeto maior, oculto, que implicava inclusive fazer sacrifícios de certos aliados.

O senador tucano Aécio Neves concordaria com isso. Alguns empreiteiros também.

O importante seria destruir Lula e, na sequência, mandar o Partido dos Trabalhadores para os quintos do Inferno. Não foi.

Os “bolsominions” viraram “gremlins”

Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:

A perda de apoio político na classe média está sendo sentida na pele pela horda bolsonarista - atenção, as palavras agora serão usadas com asterisco para assinalar o comportamento selvagem que adotam, podem invadir, ameaçar, etc, que não vão intimidar.

Um idiota* da Polícia Rodoviária Federal exige, armado e aos gritos, que o simpaticíssimo Alfredinho, 74 anos, figuraça de um dos bares do Rio, o pequeno Bip-Bip fosse (e foi) levado à delegacia – seguido por um carro da PRF com quatro agentes.

Leitura do golpe avança em aulas e livros

Por Laurindo Lalo Leal Filho, na Revista do Brasil:

A contribuição do ministro da educação Mendonça Filho para o desenvolvimento das pesquisas em história, sociologia e ciência política tende a ser inestimável. As represálias com que ameaçou um curso de extensão sobre o golpe de 2016, ministrado na Universidade de Brasília, fizeram com que o tema ganhasse amplitude nacional, passando a ser oferecido por mais de 35 universidades em todo o pais e três no exterior (Reino Unido, México e Colômbia). Essa será, sem dúvida, a principal marca de sua gestão.

A direita quer o cadáver de Marielle

Por Marcelo Zero

A execução de Marielle Franco está provocando um terremoto político capaz de rearranjar as placas tectônicas do cenário nacional. Com efeito, a repercussão nacional e internacional do caso assumiu proporções gigantescas, que podem redundar num movimento que tenha incidência direta e decisiva na sucessão presidencial e no futuro do golpe continuado.

Em princípio, um movimento como esse tenderia a beneficiar as forças progressistas do país, aglutinando-as e fortalecendo-as. Porém, o caso pode ser usado pela direita e pelo governo golpista, com o intuito de afirmar sua autoridade contra “bandidos”, demonstrar eficiência no “combate à criminalidade”, associar tal combate à “relativização de direitos” e à supressão da democracia plena e impor, como desejável e necessária, a pauta autoritária e regressiva do golpe.

Não estamos derrotados!

Foto: Ricardo Moraes/Reuters
Por Antonio Martins, no site Outras Palavras:

Mais uma vez, o cenário mudou. A emoção gerada pelo assassinato brutal de Marielle Franco e Anderson Gomes mobilizou centenas de milhares de pessoas, em todo o país. As ruas voltaram a se encher de uma multidão aguerrida, insistente, multicor, que há muito não por convocação partidária, mas por convicção de que ou agimos já, ou o país se tornará insuportável. E como as multidões foram inumeráveis, os hipócritas tiveram de ceder. Todo o noticiário dos jornais e das TVs, que há alguns dias enxergava a intervenção no Rio como caminho para o resgate do Rio, abriu espaço a uma mulher negra que denunciou desde o início a militarização das favelas. As tímidas ações de fachada, adotadas pelo ministro Raul Jungmann e pela procuradora geral Raquel Dodge tiveram repercussão pífia.