quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Datafolha: "Manipulação na margem de erro"

Reproduzo entrevista concedida à jornalista Conceição Lemes, publicada no blog Viomundo:

O Datafolha divulgou pesquisa nesta terça-feira dizendo que Dilma Rousseff (PT) caiu três pontos percentuais em relação ao último levantamento, realizado em 21/22 de setembro. Neste, ela tinha 49%. No de hoje, 46%. O candidato José Serra (PSDB) manteve os 28% da semana passada. Já Marina Silva (PV) teria subido de 13% para 14%. Portanto, um ponto percentual.

Desde cedo, essa pesquisa, claro, está sob bombardeio intenso na internet. Conversamos sobre o assunto com o sociólogo político Emir Sader, professor da Universidade Federal Fluminense (UFF).

Como o senhor avalia as pesquisas divulgadas ao longo desta campanha?

A evolução foi muito convergente. Começou com um recall forte da parte do Serra. Mas com preferências de votar na candidata do Lula. Então, era previsível que no decorrer da campanha houvesse transferência de intenção de voto do Serra para a Dilma. Foi o que aconteceu.

A Dilma está hoje na casa dos 50% e o Serra na dos 25%, para baixo. Aparentemente a grande intenção de votos que o Serra tinha no começo era recall mesmo. Até porque, todos nós vimos, ele desmoronou. Tudo o que se propalava sobre o governo Serra foi por água abaixo. Ele está perdendo na capital e no estado no Estado de São Paulo.

O que achou da pesquisa do Datafolha de hoje?

Anômala. Ela botou 3% a menos para a Dilma e 1% a mais para a Marina. Enquanto as pesquisas em geral dão 10% de vantagem para Dilma em relação à soma dos outros candidatos, o Datafolha deu 4%. Enquanto o Datafolha cogita o segundo turno, Sensus, Vox Populi e Ibope continuam jurando que vai dar Dilma no primeiro turno.

O Datafolha vai manter isso até o final?

Não dá para saber. Afinal, não nos esqueçamos que a dona Judith Brito, executiva da Folha e presidente da Associação Nacional de Jornais (ANJ), disse que eles são um partido político. Mas é possível que o Datafolha tenha feito esta operação, veiculada hoje, depois faça o ajuste final, para não perder o pouco de credibilidade que ainda tem. Se chegar à eleição com a diferença de 2% e resultado for 8%, 10% , vai pesar muito para o lado do Datafolha.

Qual o objetivo da operação de hoje?

Tentar oxigenar o Serra. Só que não tem quem bote vida no Serra. Esse mesmo jogo aconteceu na véspera das prévias do PSDB. O Datafolha aumentou 9 pontos percentuais para o Serra na pesquisa divulgada naquela ocasião.

O Datafolha sai arranhado dessa campanha eleitoral?

Acho que já saiu. Aconteceram duas coisas. Primeira, a Dilma subiu e o Datafolha resistiu ao máximo a reconhecer esse dado. Segunda, na véspera da convenção do PSDB, o Datafolha cravou uma subida de 9 pontos em favor de José Serra, sem que nada tivesse acontecido. Considerando os vínculos políticos, ideológicos e orgânicos que a Folha tem com o Serra, dá para desconfiar.

O mínimo que se pode dizer é que, na margem de erro, está havendo manipulação. Afora os critérios de pesquisa, como se é na rua, se é por telefone. O fato é que tem uns ajustes aí muito estranhos.

Aliás, o Datafolha questionava a veracidade das outras pesquisas e foi o Datafolha que teve de se ajustar aos outros. Tem muito mais coerência a evolução do Vox Populi e do Sensus. E o Ibope teve a grandeza de fazer autocrítica. De modo que eu acho que o Datafolha está muito mal na parada.

O que teremos na reta final?

Lexotan (risos). Falando sério. Recomendaria calma. Quem está empenhado num candidato, intensificar o trabalho. Mas, sobretudo, tentar desmentir os boatos, as falsidades que andam espalhando por aí.

.

3 comentários:

Antonio Carlos Silva disse...

Eis o momento para os blogueiros progressistas elaborarem documentos (em ingles, espanhol e frances) relatando todas as degenerações deste processo eleitoral( Parcialidades da mídia/imprensa e do MPE/TSE/TRE)

-----------------------------------
Do Jornal do Brasil
Eleições atraem este ano maior número de observadores internacionais
Eleições de domingo serão acompanhadas por mais de 150 observadores internacionais
Agência Brasil
BRASÍLIA - As eleições de domingo serão acompanhadas por mais de 150 observadores internacionais, entre representantes governamentais e não governamentais. O número supera em mais de sete vezes a média registrada desde 2002, de 20 observadores por eleição.

João Batista disse...

O PIG deveria fundar o Centro de Estudos da Midia Golpista(CEMG)Joseph Goebbels,com o lema "uma mentira dita cem vezes acaba se tornando verdade"com a direção de Tavinho Frias.

Jorge Stolfi disse...

Desculpem a insistência, mas os números discrepantes do Datafolha podem ter outra finalidade: providenciar um "álibi" para uma eventual fraude eletrônica.

Urnas totalmente digitais, como a do TSE, podem ser programadas para desviar uma percentagem de votos de qualquer candidato para qualquer outro, sem que ninguém perceba. Um pequeno grupo depessoas pode fazer isso em todas as 400.000 urnas do país. Não há teste ou perícia que permitam detectar esse tipo de frude. Não há recurso cabível contra o resultado, pois não há como fazer uma recntagem idependente dos votos. Esse risco já é reconhecido em todo mundo, e levou todos os países--- exceto Brasil e Índia --- a trocar ou vetar esse tipo de urna, em favor de sistemas que permitem recontagem.

http://www.votoseguro.org/

No momento, a única coisa que pode desencorajar esse tipo de fraude são as pesquisas prévias e de boca-de-urna. Resultados muito divergentes não provam fraude, mas podem gerar desconfiança generalizada, e levar a anulação da eleição por pressão popular.

Mas basta que um instituto aponte uma virada de última hora, ainda que não confirmada pelos outros institutos, para eliminar até mesmo esta fraca proteção. Pelo contrário, se os números fraudados baterem com os desse instituto, este sairá prestigiado, e seus rivais desacreditados.

Potanto, apesar do Vox e Sensus, eu não vou dormir direito até o dia 4.