Editorial do site Vermelho:
O maior drama da atualidade no Brasil é o desemprego em massa. Suas consequências têm múltiplas dimensões, o que configura uma tragédia social. Fome, desassistência em aspectos como saúde e educação, violência e falta de perspectiva são alguns dos seus efeitos. Tudo isso causa justa indignação, mas, além de lamentar, impõe-se a busca de caminhos para mobilizar forças capazes de superar essa tragédia, o que começa pela compreensão das suas causas.
O desemprego não é algo natural e inevitável, um dado da realidade que deve ser aceito passivamente. Ele decorre de uma condição pré-estabelecida, é um produto de opções políticas. Em situações de crises como essa que assola o mundo, países que adotam medidas contracionistas, de cortes drásticos nos investimentos públicos, promovem inevitavelmente desemprego em massa.
Ao trocar o fomento à dinâmica econômica produtiva pela administração da moeda como âncora do sistema de geração de dinheiro, o governo instrumentaliza o Estado para socorrer os privilegiados promovendo o desmonte dos seus mecanismos de proteção social. Nessa ciranda de dinheiro gerando dinheiro, a produção não é priorizada. A indústria entra em colapso e aí vem o desemprego em larga escala, um efeito que faz parte da estrutura desse modelo econômico.
Outra consequência dessa opção é a desnacionalização da economia. Com o que resta da indústria nas mãos das multinacionais, sem controle do Estado, cria-se uma sangria permanente de despesas com dólares por dois caminhos principais: a compra de peças e componentes para produtos apenas montados aqui, de acordo com as ordens das suas matrizes, e um brutal aumento das remessas de lucros e dividendos.
O Brasil vive essa situação intensamente. Em vários centros industriais do país, o fechamento de pequenas e médias empresas criou áreas abandonadas. Antigas indústrias hoje são galpões vazios ou ocupados para fins teoricamente não econômicos. Celso Furtado, que analisou esse fenômeno em artigo no jornal Folha de S. Paulo no final dos anos 1990, disse que os grupos industriais esmagados pelas taxas de juros exorbitantes e a classe trabalhadora devem se aliar para enfrentar a situação.
Entra nessa conta, conforme comentou Celso Furtado, a importância crescente do fator tecnológico na orientação dos investimentos. Esse é outro ponto importante para ser avaliado nessa crise do mundo trabalho. O controle monopolista do resultado do desenvolvimento tecnológico é também causa estrutural do desemprego em massa — com o patamar científico alcançado é justo que os trabalhadores lutem pela redução da jornada de trabalho, aumentando os postos de trabalho, e por aumentos reais de salários, com base na produtividade alcançada.
Ao se apossar do produto da ciência, os grupos monopolistas impõem o seu domínio que, por óbvio, não tem interesse numa economia dinamizada por um Estado soberano. A revogação das políticas de fomento à produção de ciência e tecnologia pelo governo Bolsonaro e o desmonte das estruturas estatais que impulsionam a indústria nacional — em especial o BNDES — compõem o cenário de desalento para a retomada de um processo de crescimento da economia. Consequentemente, não há a menor perspectiva de que a tragédia social que tem no desemprego em massa a sua causa principal seja enfrentada.
O Estado seria o ponto de equilíbrio para evitar situações assim. Ao ser atacado por essa política ultraliberal e neocolonial, ele se incapacita para desenvolver projetos e políticas públicas para amenizar os impactos da crise sobre os trabalhadores. As experiências históricas de dramas de desemprego em massa mostram que nessas situações a intervenção do Estado deve ser reforçada, não revogada. O exemplo do New Deal do presidente norte-americano Franklin Delano Roosevelt, que fez o Estado puxar a recuperação da economia após a catástrofe de 1929, é histórico.
No Brasil, na mesma época houve a Revolução liderada por Getúlio Vargas, que também fez o Estado impulsionar a modernização do país. Além do desenvolvimento industrial, surgiu a estrutura sindical e trabalhista, que se mostrou fundamental para enfrentar crises e ondas de desemprego em massa. Os governos que surgiram do golpe de 2016 são a antítese dessa lógica. Isso explica a volta do desemprego em massa, fenômeno que marcou também a década de 1990, enfrentado com sucesso pelas políticas de Estado dos governos Lula e Dilma.
O maior drama da atualidade no Brasil é o desemprego em massa. Suas consequências têm múltiplas dimensões, o que configura uma tragédia social. Fome, desassistência em aspectos como saúde e educação, violência e falta de perspectiva são alguns dos seus efeitos. Tudo isso causa justa indignação, mas, além de lamentar, impõe-se a busca de caminhos para mobilizar forças capazes de superar essa tragédia, o que começa pela compreensão das suas causas.
O desemprego não é algo natural e inevitável, um dado da realidade que deve ser aceito passivamente. Ele decorre de uma condição pré-estabelecida, é um produto de opções políticas. Em situações de crises como essa que assola o mundo, países que adotam medidas contracionistas, de cortes drásticos nos investimentos públicos, promovem inevitavelmente desemprego em massa.
Ao trocar o fomento à dinâmica econômica produtiva pela administração da moeda como âncora do sistema de geração de dinheiro, o governo instrumentaliza o Estado para socorrer os privilegiados promovendo o desmonte dos seus mecanismos de proteção social. Nessa ciranda de dinheiro gerando dinheiro, a produção não é priorizada. A indústria entra em colapso e aí vem o desemprego em larga escala, um efeito que faz parte da estrutura desse modelo econômico.
Outra consequência dessa opção é a desnacionalização da economia. Com o que resta da indústria nas mãos das multinacionais, sem controle do Estado, cria-se uma sangria permanente de despesas com dólares por dois caminhos principais: a compra de peças e componentes para produtos apenas montados aqui, de acordo com as ordens das suas matrizes, e um brutal aumento das remessas de lucros e dividendos.
O Brasil vive essa situação intensamente. Em vários centros industriais do país, o fechamento de pequenas e médias empresas criou áreas abandonadas. Antigas indústrias hoje são galpões vazios ou ocupados para fins teoricamente não econômicos. Celso Furtado, que analisou esse fenômeno em artigo no jornal Folha de S. Paulo no final dos anos 1990, disse que os grupos industriais esmagados pelas taxas de juros exorbitantes e a classe trabalhadora devem se aliar para enfrentar a situação.
Entra nessa conta, conforme comentou Celso Furtado, a importância crescente do fator tecnológico na orientação dos investimentos. Esse é outro ponto importante para ser avaliado nessa crise do mundo trabalho. O controle monopolista do resultado do desenvolvimento tecnológico é também causa estrutural do desemprego em massa — com o patamar científico alcançado é justo que os trabalhadores lutem pela redução da jornada de trabalho, aumentando os postos de trabalho, e por aumentos reais de salários, com base na produtividade alcançada.
Ao se apossar do produto da ciência, os grupos monopolistas impõem o seu domínio que, por óbvio, não tem interesse numa economia dinamizada por um Estado soberano. A revogação das políticas de fomento à produção de ciência e tecnologia pelo governo Bolsonaro e o desmonte das estruturas estatais que impulsionam a indústria nacional — em especial o BNDES — compõem o cenário de desalento para a retomada de um processo de crescimento da economia. Consequentemente, não há a menor perspectiva de que a tragédia social que tem no desemprego em massa a sua causa principal seja enfrentada.
O Estado seria o ponto de equilíbrio para evitar situações assim. Ao ser atacado por essa política ultraliberal e neocolonial, ele se incapacita para desenvolver projetos e políticas públicas para amenizar os impactos da crise sobre os trabalhadores. As experiências históricas de dramas de desemprego em massa mostram que nessas situações a intervenção do Estado deve ser reforçada, não revogada. O exemplo do New Deal do presidente norte-americano Franklin Delano Roosevelt, que fez o Estado puxar a recuperação da economia após a catástrofe de 1929, é histórico.
No Brasil, na mesma época houve a Revolução liderada por Getúlio Vargas, que também fez o Estado impulsionar a modernização do país. Além do desenvolvimento industrial, surgiu a estrutura sindical e trabalhista, que se mostrou fundamental para enfrentar crises e ondas de desemprego em massa. Os governos que surgiram do golpe de 2016 são a antítese dessa lógica. Isso explica a volta do desemprego em massa, fenômeno que marcou também a década de 1990, enfrentado com sucesso pelas políticas de Estado dos governos Lula e Dilma.
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