Por Paulo Moreira Leite, em seu blog:
O governo Michel Temer vive sua agonia, na mesma situação em que veio ao mundo: em manobras de gabinete, que tentam lhe dar um sopro de vida, longe dos poderes soberanos do povo.
Este é o ponto escandaloso da situação. Depois de paralisar o país durante 22 meses, produzindo o apocalipse artificial que criou as condições para um golpe parlamentar e produziu a pior crise econômica de sua história, os mesmos senhores que detém os fios de comando do poder de Estado já não sabem o que fazer com Temer.
É por isso que, num país com 127 anos de história republicana, retorna ao mundo de 1889 – aquele que assistiu bestializado à coreografia de 15 de novembro, encenada por uma elite essencialmente escravocrata, interessada em vingar-se da abolição anunciada no ano anterior.
Tenta-se prorrogar o mandato de Temer de qualquer maneira até qualquer dia depois de 31 de dezembro 2016, quando expira o prazo para os mais de 100 milhões de brasileiros escolherem, em urna, o terceiro presidente da República desde a vitória de Dilma Rousseff em outubro de 2014.
A prioridade absoluta, já sabemos, é que sejamos mantidos na posição de bestializados, exatamente como descreveu Aristides Lobo, horas depois que a espada de Deodoro derrubou a coroa de Pedro II.
Nossos senhores de mando já pouparam Temer uma vez, quando fingiram que era possível ignorar a assinatura do vice na liberação de verbas bilionárias das chamadas “pedaladas fiscais”, pretexto para o impeachment sem crime de responsabilidade.
Hoje, em manobras desesperadas, tenta-se seguir no projeto de criminalizar Dilma na Justiça Eleitoral, para assegurar a perda de seus direitos políticos, e, ao mesmo tempo, instalar Temer no altar dos anjos bíblicos. Apesar do esforço amigo, a manobra ficou complicada, depois dos cheques nominais dirigidos ao vice.
O impasse dos últimos dias é fruto de um desses acidentes de percurso, que parecem obra do acaso mas só acontecem em ambiente especialmente propício, que transformam uma tragédia possível num desfecho inevitável.
A fórmula que explodiu Temer tem a simplicidade dos teoremas matemáticos que se aprende no ensino médio. Num governo de pouca legitimidade, há muitos favores a pagar e nenhuma lealdade incondicional a oferecer.
Num universo onde cada um cuida de si, alguns bolsos podem até ficar cheios mas a soma final é sempre o nada.
Assim, descobriu-se que um presidente empenhado desmanchar o programa de casinhas populares do Minha Casa, Minha Vida, foi apanhado quando procurava dar cobertura ao BNH de R$ 2,4 milhões do ministro Geddel Lima.
Ministro improvisado numa pasta que Temer extinguiu no momento da posse, recuando em função da fúria indignada de artistas e intelectuais, Marcelo Calero entrou no governo como um estranho no ninho e assim considerou prudente permanecer – como deixou claro no dia em que gravou a conversa com o presidente. Mesmo novato, teve cuidados profissionais, veteranos. Não é de espantar, diga-se.
A sequência lembra vergonhas e mesquinharias em estado quimicamente puro.
Não custa lembrar que o país se encontra em pleno holocausto de sua história, num curso forçado para entregar conquistas e abrir mão de riquezas imensas e possibilidades impensáveis até há pouco.
O plano é obrigar nossos filhos e netos a viver num país pior que o de seus pais e avós, ainda mais desigual, ainda menos respirável. O plano é – não tenham dúvidas – a bestialização. Ela precisa de Temer.
O governo Michel Temer vive sua agonia, na mesma situação em que veio ao mundo: em manobras de gabinete, que tentam lhe dar um sopro de vida, longe dos poderes soberanos do povo.
Este é o ponto escandaloso da situação. Depois de paralisar o país durante 22 meses, produzindo o apocalipse artificial que criou as condições para um golpe parlamentar e produziu a pior crise econômica de sua história, os mesmos senhores que detém os fios de comando do poder de Estado já não sabem o que fazer com Temer.
É por isso que, num país com 127 anos de história republicana, retorna ao mundo de 1889 – aquele que assistiu bestializado à coreografia de 15 de novembro, encenada por uma elite essencialmente escravocrata, interessada em vingar-se da abolição anunciada no ano anterior.
Tenta-se prorrogar o mandato de Temer de qualquer maneira até qualquer dia depois de 31 de dezembro 2016, quando expira o prazo para os mais de 100 milhões de brasileiros escolherem, em urna, o terceiro presidente da República desde a vitória de Dilma Rousseff em outubro de 2014.
A prioridade absoluta, já sabemos, é que sejamos mantidos na posição de bestializados, exatamente como descreveu Aristides Lobo, horas depois que a espada de Deodoro derrubou a coroa de Pedro II.
Nossos senhores de mando já pouparam Temer uma vez, quando fingiram que era possível ignorar a assinatura do vice na liberação de verbas bilionárias das chamadas “pedaladas fiscais”, pretexto para o impeachment sem crime de responsabilidade.
Hoje, em manobras desesperadas, tenta-se seguir no projeto de criminalizar Dilma na Justiça Eleitoral, para assegurar a perda de seus direitos políticos, e, ao mesmo tempo, instalar Temer no altar dos anjos bíblicos. Apesar do esforço amigo, a manobra ficou complicada, depois dos cheques nominais dirigidos ao vice.
O impasse dos últimos dias é fruto de um desses acidentes de percurso, que parecem obra do acaso mas só acontecem em ambiente especialmente propício, que transformam uma tragédia possível num desfecho inevitável.
A fórmula que explodiu Temer tem a simplicidade dos teoremas matemáticos que se aprende no ensino médio. Num governo de pouca legitimidade, há muitos favores a pagar e nenhuma lealdade incondicional a oferecer.
Num universo onde cada um cuida de si, alguns bolsos podem até ficar cheios mas a soma final é sempre o nada.
Assim, descobriu-se que um presidente empenhado desmanchar o programa de casinhas populares do Minha Casa, Minha Vida, foi apanhado quando procurava dar cobertura ao BNH de R$ 2,4 milhões do ministro Geddel Lima.
Ministro improvisado numa pasta que Temer extinguiu no momento da posse, recuando em função da fúria indignada de artistas e intelectuais, Marcelo Calero entrou no governo como um estranho no ninho e assim considerou prudente permanecer – como deixou claro no dia em que gravou a conversa com o presidente. Mesmo novato, teve cuidados profissionais, veteranos. Não é de espantar, diga-se.
A sequência lembra vergonhas e mesquinharias em estado quimicamente puro.
Não custa lembrar que o país se encontra em pleno holocausto de sua história, num curso forçado para entregar conquistas e abrir mão de riquezas imensas e possibilidades impensáveis até há pouco.
O plano é obrigar nossos filhos e netos a viver num país pior que o de seus pais e avós, ainda mais desigual, ainda menos respirável. O plano é – não tenham dúvidas – a bestialização. Ela precisa de Temer.
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