Foto: Bruno Miranda/Jornalistas Livres |
Grandes atos aconteceram nessa quarta (01) contra o machismo, a misoginia e a cultura do estupro em diversas cidades como, por exemplo, Rio de Janeiro, Brasília, São Paulo, Campinas e Porto Alegre.
O maior deles ocorreu em São Paulo, onde a manifestação contra a cultura do estupro, aconteceu ao mesmo tempo que um ato puxado pela Frente Povo Sem Medo na Avenida Paulista.
No ato denominado “#PorTodasElas”, que estava marcado para o vão do Masp, aproximadamente 15 mil pessoas participaram da manifestação que seguiu pela Avenida Paulista em direção à Rua da Consolação. Em um determinado momento um jogral relembrou do caso da adolescente estuprada por 33 homens e o grito de “mexeu com uma, mexeu com todas” ecoou pelas ruas de São Paulo.
Um pouco mais cedo, na mesma Avenida Paulista, manifestantes da “Frente Povo Sem Medo”, ocuparam o escritório da Presidência da República na capital paulista. Milhares de pessoas protestavam contra a suspensão de contratações de moradias do programa “Minha Casa, Minha Vida”, já que no último dia 17, o ministro das Cidades, Bruno Araújo, suspendeu uma decisão da presidenta Dilma Rousseff, que autorizava a contratação de 11.250 moradias para famílias com renda de até R$ 1.800 mensais. O ato também foi em repúdio à violência policial durante acampamento que o movimento montou recentemente em frente à casa do presidente ilegítimo, Michel Temer.
Mas a polícia mais uma vez agiu com extrema violência, inclusive contra mulheres, fazendo uso de balas de borracha e gás de pimenta. Porém, o movimento resistiu, e o governo ilegítimo voltou atrás, prometendo retomar as contratações, como a presidenta determinou.
O mês de junho começou com uma grande reação nas ruas contra os retrocessos impostos pelo governo golpista ao país. Seja em defesa dos programas sociais, que refletiam direitos conquistados, seja contra a cultura do estupro e em defesa dos direitos das mulheres.
Três anos atrás, a mesma cidade de São Paulo, viu eclodir uma grande onda de manifestações que começaram contra o aumento da tarifa do transporte público, e cresceram por conta da violência policial. Mas a grande mídia, enxergando viu uma oportunidade e mudou seu tradicional discurso de criminalizar os movimentos sociais para apoiar as manifestações e foi além, conseguiu inserir suas próprias pautas. As manifestações então, já tinham saído do controle de quem as organizou em um primeiro momento. E de certa forma, houve demora por parte do campo progressista em detectar que estavam fazendo número para o que passaram a ser manifestações convocadas pela mídia.
Uma crescente polarização aconteceu a partir daquele momento, atingindo seu ponto máximo durante a acirrada eleição presidencial de 2014. A grande mídia elevou o tom na sua costumeira campanha contra pautas de cunho popular e, sobretudo, ao projeto em curso desde 2002 no país.
Inconformados com a derrota, representantes da direita e do conservadorismo brasileiro, atacaram com força através dos seus braços no judiciário, na própria mídia hegemônica e no parlamento, após os resultados das eleições de 2014 para o Congresso terem demonstrado que a campanha contra partidos de esquerda e movimentos sociais levada a cabo, a partir de Junho de 2013, surtiu o efeito esperado por eles. O objetivo do ataque era claro: um golpe! Primeiro não reconhecendo a vitória de Dilma, e no fim com o golpe transformado em “impeachment”, da forma como foi testado no Paraguai anos atrás.
Agora quem está nas ruas são movimentos do campo progressista, com adesão dos “insatisfeitos” que se sentiram usados pela onda golpista que os levou, de camisetas da CBF, para às ruas de todo Brasil em nome da luta contra corrupção, e que no final se mostrou um grande golpe a favor da manutenção da corrupção e da impunidade. E com a experiência de Junho de 2013 e pelas próprias pautas que estão sendo levantadas neste momento, a mídia não tem mais margem para tentar “sequestrar” o movimento. A próxima pauta, que ganha força rapidamente, é a demanda pelo plebiscito e novas eleições. Ou seja, a luta pela democracia e pelo aprofundamento da participação popular nos rumos do país.
Será esse o início de um mês de Junho “vermelho” para barrar o golpe?
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