Charge: Latuff |
A Rússia deflagrou nesta quinta-feira (24) uma “operação militar especial” em Donbass, no leste da Ucrânia. Segundo o presidente russo, Vladimir Putin, o objetivo da missão é “desmilitarizar” a nação vizinha, que há oito anos – desde o golpe de 2014 que levou ao poder forças de extrema-direita e hostis à Rússia – tem imposto “abusos e genocídio” à população ucraniana. Em cadeia nacional de TV, Putin também deixou claro que não vai tolerar qualquer ingerência externa no conflito. “Ninguém deveria ter nenhuma dúvida de que um ataque direto ao nosso país levará à derrota e a consequências terríveis para qualquer agressor potencial.”
Embora Putin não tenha detalhado todo o contexto da ação, é público e notório que as repúblicas que compunham a ex-União Soviética, extinta em 1991, são alvos prioritários da ação imperialista norte-americana numa tentativa de ampliar sua influência no mundo e conter o protagonismo russo. A Guerra Fria acabou há 30 anos, mas os Estados Unidos tentaram estender ainda mais sua hegemonia militar, em busca de um mundo unipolar, sob sua absoluta e nefasta influência. Estima-se que, de cada cinco bases militares ativas e espalhadas pelo Planeta, quatro são estadunidenses. Além disso, os EUA continuaram à frente de seu braço militar, a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), um entulho da Guerra Fria que não cessou suas agressões.
“Depois que os norte-americanos fizeram de tudo para destruir nossa pátria soviética comum, a Ucrânia acabou em suas patas tenazes como um fusível que eles queriam incendiar a todo custo em solo russo nativo”, comparou Guennadi Zyuganov, presidente do Partido Comunista da Federação Russa. Segundo ele, o propósito da ofensiva dos Estados Unidos na região é “tirar seu principal concorrente (a Rússia) da arena geopolítica”.
Não é convincente, portanto, a narrativa unilateral que o presidente Joe Biden, dos EUA, avesso a estabelecer a paz por vias diplomáticas, tenta propagar sobre o conflito agora iniciado. Biden falou em “ataque injustificado e sem provocação prévia” na Ucrânia, acusando a Rússia de ser a única responsável por “mortes e destruição que esse ataque vai trazer”. O titular em descrédito da Casa Branca, como que insinuando um contra-ataque iminente na região, antecipou a diretriz do discurso do Ocidente: “O mundo vai responsabilizar a Rússia”.
Porém, conforme denuncia o PCdoB, por meio de sua Secretaria de Relações Internacionais, a versão de Biden não se sustenta. “Nos últimos 30 anos, desde o fim da União Soviética, EUA e Otan têm realizado uma política expansionista rumo ao Leste Europeu. O objetivo é instigar conflitos e contradições entre os países vizinhos, especialmente ex-repúblicas soviéticas, para cercar militarmente a Rússia”, afirma o PCdoB, em nota. “Isso ocorre de forma mais aguda no momento em que os EUA vivem um declínio relativo de sua hegemonia e se sentem ameaçados pela aliança entre Rússia e China.”
A viabilidade da paz na Ucrânia passa, antes de tudo, pela contenção da sanha imperialista dos Estados Unidos, apoiada por seus aliados ocidentais e pelo governo “quinta-coluna” da Ucrânia. É da tradicional diplomacia – e não da agressão – que se precisa neste momento de impasse, “Isto requer que as legítimas preocupações da Rússia com sua segurança sejam consideradas, e que seja revertido o cerco da Otan às suas fronteiras”, lembra o PCdoB.
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