Por Altamiro Borges
Um estudo mais detido das eleições em Minas Gerais, porém,
mostra que não é bem assim. Aécio Neves continua cambaleante – no sentido
político do termo. O PSDB perdeu força no estado. Como aponta Fabiano Angélico,
pesquisador da Fundação Getúlio Vargas, a eleição demonstrou que "o aecismo está em declínio". Das dez maiores cidades mineiras, que concentram 30% da população e
45% do PIB do estado, o tucanato foi vitorioso apenas na capital e na cidade de
Betim, na região metropolitana. No restante, o PSDB encolheu!
O discurso de Patrus Ananias
Concluída a apuração do primeiro turno, a mídia demotucana
foi obrigada a confessar que as forças de direita saíram derrotadas das urnas –
com o PSDB e o DEM perdendo votos, prefeitos e vereadores, na comparação com 2008.
A única exceção, afirmaram certos “calunistas”, teria sido o senador mineiro Aécio
Neves. Ele teria “humilhado” Lula e Dilma no pleito de Belo Horizonte. A reeleição
de Marcio Lacerda, que nem é do PSDB – mas sim um tucano infiltrado no PSB –,
mostraria a vitalidade do presidenciável tucano.
Derrota nas dez maiores cidades
“E nem mesmo será preciso esperar o segundo turno para se
dimensionar o poder do PSDB e dos seus aliados nas maiores cidades do estado: eles
estão fora das quatro disputas que ocorrerão no final deste mês”, aponta
Fabiano. Na comparação com 2008, o resultado foi catastrófico para Aécio Neves.
“A partir de 2013, os aecistas governarão 2,7 milhões de pessoas, novamente
considerando-se as dez maiores cidades de Minas; enquanto os não aecistas
administrarão cidades que somam uma população de 3,2 milhões”.
Em 2008, o PSDB e os seus aliados venceram as eleições em quatro
das dez maiores cidades – Belo Horizonte, Uberlândia, Juiz de Fora e Ribeirão
das Neves. Agora, apenas em duas. Já o PT elegeu no primeiro turno os prefeitos
de Uberlândia, Ipatinga, Ribeirão das Neves e Governador Valadares; e ainda participa
do segundo turno em Contagem (numa disputa com o PCdoB), Juiz de Fora (contra o
PMDB) e Montes Claros (contra o PRB) – todos partidos da base de apoio do
governo Dilma. Em Uberaba, a disputa se dará entre PMDB e PSB.
Belo Horizonte demarca os campos
Como afirma o deputado estadual Rogério Correia (PT), “será
difícil emplacar a visão aecista da vitória tucana. Haja verba publicitária”.
No computo geral, as forças de esquerda cresceram em Minas Gerais, com destaque
para o PT. A sigla elegeu 114 prefeitos, somou 2,4 milhões de votos (aumento de
21,28% em relação a 2008) e ampliou em 23,5% o número de vereadores – de 659
para 814. Mesmo na disputa em Belo Horizonte, as forças de esquerda foram
derrotadas eleitoralmente, mas garantem que obtiveram uma vitória política.
Para a deputada federal Jô Moraes (PCdoB), “a eleição na
capital serviu para acabar com uma confusão que reinava na política mineira e
causava grandes danos. Ela demarcou os campos políticos e encerrou o ciclo do ‘Lulécio’
e da ‘Dilmasia’ – resultado das alianças no passado entre Lula/Aécio e Dilma/Anastasia.
Agora a oposição volta a ter fisionomia própria e mais força em Minas Gerais, o
que será importante para a batalha presidencial de 2014 e também para a
sucessão no governo estadual”.
No seu discurso após a conclusão da apuração, o ex-ministro
Patrus Ananias – que entrou na disputa na última hora, depois do fim da aliança
petista com o prefeito Marcio Lacerda – bateu na mesma tecla. “Eu quero dizer
que, na vida pública, as vitórias políticas nem sempre se confundem, ou se
encontram, com as vitórias eleitorais. Nós tivemos uma grande vitória política”.
Ele destacou a conquista da unidade interna no PT e formação de um bloco de
centro-esquerda na eleição para a prefeitura da capital mineira.
“Demarcamos um campo: a partir de agora, Belo Horizonte e
Minas Gerais, porque tivemos também vitórias importantes no estado, terão uma
oposição forte. Beagá e Minas não pertencem a ninguém. Vamos disputar,
democraticamente, nossas concepções contra o campo conservador. É o campo
democrático popular, é o campo de centro-esquerda, contra as forças do atraso e
do neoliberalismo. Foi uma vitória política, além dos reencontros e das novas amizades. É uma vitória da nossa querida e bela militância”.
Ressaca na terra natal
Uma curiosidade das eleições em Minas Gerais, que comprova o
declínio do aecismo, é que o cambaleante presidenciável tucano não conseguiu
vencer nem em São João Del Rei – terra natal de sua família e de seu avô,
Tancredo Neves. Pela primeira vez na história, a cidade a 180 quilômetros da
capital será administrada pelo PT. O professor Helvécio Luiz Reis obteve 56,39%
dos votos válidos, contra 39,94% obtidos pelo peemedebista Nivaldo Andrade, que
tentava a reeleição com o apoio entusiástico de Aécio Neves.
Outra curiosidade é que em Uberaba, a 475 quilômetros da
capital, Aécio Neves traiu o seu próprio partido e apoiou outro infiltrado do
PSB, Antonio Lerin. Neste caso, o golpe não deu certo e o candidato aecista
perdeu a eleição. Ele teve 20,89% dos votos e o vencedor foi o ruralista Paulo
Piau (PMDB), com 31,71%. O PSDB local, que lançou Fahim Sawan, até tentou conter
a traição de Aécio. Ingressou na Justiça Eleitoral para proibi-lo de aparecer
nos programas de tevê. Mas o senador obteve liminar e consumou o golpe – mas não conseguiu eleger o seu candidato. Perdeu política e eleitoralmente!
3 comentários:
neste ritmo, só mesmo o PSB para tentar salvar a tucanada. espero que Eduardo Campos, não troque projeto de um novo Brasil que está dando certo, por um projeto pessoal, podendo até se tornar um novo aébrio.
Miro, parabéns pelo artigo.
Vice presidente desmente os rumores do Aécio: http://www.redebrasilatual.com.br/temas/politica/2012/10/roberto-amaral-vice-do-psb-201ca-direita-nao-vai-nos-usar-201d
desmentido :http://www.redebrasilatual.com.br/temas/politica/2012/10/roberto-amaral-vice-do-psb-201ca-direita-nao-vai-nos-usar-201d
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