Em meados de 2010, Jorge Bergoglio, que agora atende por Francisco 1º, divulgou uma carta com veemente apelo contra o projeto de lei que, uma vez aprovado, legalizaria a união civil entre homossexuais na Argentina. Para ele, aquilo se referia a uma ação do diabo, algo que atacava a família e a sociedade de seu país.
A comunidade católica comemora a escolha de um novo papa. No Brasil, brincadeiras de bom e mau gosto reforçam a rivalidade existente em relação aos argentinos. Em alguns sites de seu país, afloram perfis que tentam explicar sua ascensão entre as autoridades católicas nacionais e internacionais. Em comum nesses textos, vê-se uma nuvem de fumaça tão espessa quanto a que precedeu o anúncio no Vaticano, na qual se tenta esconder seu papel durante a ditadura militar mais recente.
No “Portal Terra” da Argentina, por exemplo, fala-se que durante os anos de 1976-1983 Bergoglio tentou manter a todo custo a Igreja afastada da política. Nas entrelinhas, sabe-se que tal esforço se devia à tentativa de coibir a influência da Teologia da Libertação não somente na Argentina, mas em todo o continente.
Outras fontes, por sua vez, chegam a dizer que Bergolgio foi uma dedo-duro de marca maior durante a mais recente ditadura argentina. O livro”El Silencio" (Editorial Sudamericana), de Horacio Verbitsky, acusa Bergoglio de ter contribuído para a detenção, em 1976, pelas Forças Armadas, de dois sacerdotes que trabalhavam sob seu comando na Companhia de Jesus (Francisco Jalics e Orlando Yorio).
A análise fica mais próxima se levarmos em conta o modo como o novo papa viu, nos últimos anos, a atuação dos governos de Néstor e Cristina Kirchner. Não foram poucas as notas e declarações duras contrárias a ambos. Bergoglio faz parte de um setor que vê como extremamente necessária a participação da Igreja nas decisões políticas do país. Como os Kirchner não seguiram tal cartilha, acabou-se por criar um clima de animosidade entre eles.
Em 2005, após o falecido presidente Néstor decidir não participar da homilia comandada pelo novo papa, este afirmou, por meio de seu porta-voz, que a partir daquele momento “não há relação da Igreja com o governo”. Nos meses seguintes, setores do governo passaram a ver no religioso uma figura totalmente alinhada a seus opositores políticos. “Nosso Deus é de todos, mas cuidado porque o diabo também chega a todos: aos que usamos calças e os que usam batina”, respondeu Kirchner.
Não se esperava alguém com perfil diferente do Vaticano. Além do fato de um não europeu se tornar papa, chama a atenção o fato de que, aos 76 anos, Francisco 1º, assim como seu antecessor, provavelmente permanecerá por pouco tempo na cadeira de São Pedro. Sua escolha é um sinal claro de que ideais progressistas continuarão distantes da realidade católica. Perde a Igreja, perde a sociedade como um todo.
3 comentários:
Com todo respeito a quem pensar diferente de mim, conclamo aos que pensarem igual que não 'joguemos' o Papa Fracisco nos braços da direita. O fato dele ser Jesuíta, portanto a favor dos pobres. O fato dele ser latino-americano. O fato dele não ser dessas seitas arrecacadoras, ditas evangélicas (mas claro que existem religiões evangélicas sérias) e o fato dele demonstrar humildade (pedir a bênção aos fiéis, dispensar limousine, andar de ônibus e metrô, etc. Além de outros exemplos que veremos no decorrer do tempo, creio que seja bom os comunistas darem importância aos pontos convergentes com os católicos. Todos nós ganharemos com isso.
Sugiro um plebicito para que o povo e não apenas alguns decidam esta questão.
O cristianismo e seus genéricos Islã e Judaísmo são os cernes do problema, será que realmente é necessária para a população? Será que pode-se ter uma população livre dos arbítrios do eclesiástico?
Seria o Brasil um país que está afundando em religiões que representam o que há de mais pernicioso em nossa contemporaneidade?
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