Por Carlos Castilho, no Observatório da Imprensa:
O mesmo fenômeno responsável pela crise no modelo de negócio dos jornais impressos começou agora a atingir também os produtores de conteúdo na internet, segundo dados que acabam de ser divulgados pelo insuspeito setor da publicidade online.
As revistas Slate e Salon, as mais bem sucedidas publicações do gênero da internet, estão perdendo anunciantes num ritmo que oscila em torno dos 12% ao mês. Fenômeno idêntico afeta os sites Yahoo! e American Online (AOL), cujo modelo de negócios passou a ser alavancado pela produção de conteúdos informativos, após os insucessos na área de buscas e correio eletrônico pago, respectivamente.
Segundo a empresa norte-americana de marketing eMarketer a participação da AOL no bolo publicitário dos grandes portais na web caiu de 6,8% em 2009 para magros 4,4% em 2011, e tende a bater nos 3,7% em 2012. Enquanto isso, o portal Yahoo! patina nos 16% no mesmo período, enquanto o mecanismo de buscas Google saltou de 3,6% em 2009 para previstos 16,7% do faturamento global em 2012. Outro site que cresceu vertiginosamente é a rede social Facebook, que foi de 7,3% há dois anos para 21,6% em 2011 e deve chegar aos 23,8% no ano que vem, segundo o eMarketer .
Valor alto
A empresa de consultoria financeira Mcquarie Group confirmou queda de faturamento publicitário da AOL num informe divulgado na primeira semana de setembro, no qual faz previsões pessimistas para os portais que tradicionalmente se apóiam o hard news.
Tanto as revistas Slate e Salon como o Yahoo e a AOL estão pagando o preço de não terem dado a devida atenção a uma regra básica do capitalismo: o excesso de oferta provoca a queda de preços. Todo o produto ou serviço com abundante oferta no mercado tende a custar cada vez menos, e foi justamente o que aconteceu com a informação desde que a internet passou a fazer parte do dia a dia de quase dois bilhões de seres humanos.
A avalancha informativa baixou a quase zero o preço da informação bruta e da notícia jornalística primária. O que os americanos chamam de hard news pode ser acessado hoje em milhares de páginas e blogs da internet, sem falar nas redes sociais e fóruns. O resultado é uma desvalorização inédita no preço cobrado pelos transmissores de informações e notícias.
Em compensação, os usuários da internet passaram a dar cada vez mais atenção aos sites que os ajudam a encontrar a notícia que procuram e que, quase sempre, está perdida no meio do chamado entulho informativo. Toda a informação que não serve ou não é do interesse de uma pessoa é considerada lixo, conforme a polêmica Lei de Sturgeon, segundo a qual 90% do que está publicado na web é considerado lixo informativo.
Acontece que o que para uns é lixo para outros é informação útil. E quem separa o joio do trigo em matéria de informação são sites como o sistema de buscas Google, cujo valor estimado no mercado corporativo chega perto dos 200 bilhões de dólares, segundo uma avaliação da revista norte-americana Forbes. O valor pode ser exagerado, mas é verossímil, pois o Google nos ajuda a achar a agulha no palheiro da internet, portanto não podemos viver sem ele.
Olho no futuro
Além disso, o mercado dos sistemas de busca na web, mesmo em expansão, está muito longe, mas muito longe mesmo da saturação em matéria de oferta de serviços. Portanto, a sua tendência é a valorização, enquanto as empresas jornalísticas perdem cada vez mais espaço diante da multiplicação frenética de sites ofertando o chamado hard news.
Há uma enorme perspectiva de valorização dos sites que oferecem informação qualificada, mas o problema aí é financeiro. Produzir informação contextualizada custa caro e, no momento, o mercado consumidor ainda é reduzido. Quem quiser apostar nesse nicho tem que pensar no futuro e descobrir uma fórmula como a da Google, que não cobra nada pelos resultados de buscas na web mas usa a fidelidade dos usuários para faturar em publicidade online.
O mesmo fenômeno responsável pela crise no modelo de negócio dos jornais impressos começou agora a atingir também os produtores de conteúdo na internet, segundo dados que acabam de ser divulgados pelo insuspeito setor da publicidade online.
As revistas Slate e Salon, as mais bem sucedidas publicações do gênero da internet, estão perdendo anunciantes num ritmo que oscila em torno dos 12% ao mês. Fenômeno idêntico afeta os sites Yahoo! e American Online (AOL), cujo modelo de negócios passou a ser alavancado pela produção de conteúdos informativos, após os insucessos na área de buscas e correio eletrônico pago, respectivamente.
Segundo a empresa norte-americana de marketing eMarketer a participação da AOL no bolo publicitário dos grandes portais na web caiu de 6,8% em 2009 para magros 4,4% em 2011, e tende a bater nos 3,7% em 2012. Enquanto isso, o portal Yahoo! patina nos 16% no mesmo período, enquanto o mecanismo de buscas Google saltou de 3,6% em 2009 para previstos 16,7% do faturamento global em 2012. Outro site que cresceu vertiginosamente é a rede social Facebook, que foi de 7,3% há dois anos para 21,6% em 2011 e deve chegar aos 23,8% no ano que vem, segundo o eMarketer .
Valor alto
A empresa de consultoria financeira Mcquarie Group confirmou queda de faturamento publicitário da AOL num informe divulgado na primeira semana de setembro, no qual faz previsões pessimistas para os portais que tradicionalmente se apóiam o hard news.
Tanto as revistas Slate e Salon como o Yahoo e a AOL estão pagando o preço de não terem dado a devida atenção a uma regra básica do capitalismo: o excesso de oferta provoca a queda de preços. Todo o produto ou serviço com abundante oferta no mercado tende a custar cada vez menos, e foi justamente o que aconteceu com a informação desde que a internet passou a fazer parte do dia a dia de quase dois bilhões de seres humanos.
A avalancha informativa baixou a quase zero o preço da informação bruta e da notícia jornalística primária. O que os americanos chamam de hard news pode ser acessado hoje em milhares de páginas e blogs da internet, sem falar nas redes sociais e fóruns. O resultado é uma desvalorização inédita no preço cobrado pelos transmissores de informações e notícias.
Em compensação, os usuários da internet passaram a dar cada vez mais atenção aos sites que os ajudam a encontrar a notícia que procuram e que, quase sempre, está perdida no meio do chamado entulho informativo. Toda a informação que não serve ou não é do interesse de uma pessoa é considerada lixo, conforme a polêmica Lei de Sturgeon, segundo a qual 90% do que está publicado na web é considerado lixo informativo.
Acontece que o que para uns é lixo para outros é informação útil. E quem separa o joio do trigo em matéria de informação são sites como o sistema de buscas Google, cujo valor estimado no mercado corporativo chega perto dos 200 bilhões de dólares, segundo uma avaliação da revista norte-americana Forbes. O valor pode ser exagerado, mas é verossímil, pois o Google nos ajuda a achar a agulha no palheiro da internet, portanto não podemos viver sem ele.
Olho no futuro
Além disso, o mercado dos sistemas de busca na web, mesmo em expansão, está muito longe, mas muito longe mesmo da saturação em matéria de oferta de serviços. Portanto, a sua tendência é a valorização, enquanto as empresas jornalísticas perdem cada vez mais espaço diante da multiplicação frenética de sites ofertando o chamado hard news.
Há uma enorme perspectiva de valorização dos sites que oferecem informação qualificada, mas o problema aí é financeiro. Produzir informação contextualizada custa caro e, no momento, o mercado consumidor ainda é reduzido. Quem quiser apostar nesse nicho tem que pensar no futuro e descobrir uma fórmula como a da Google, que não cobra nada pelos resultados de buscas na web mas usa a fidelidade dos usuários para faturar em publicidade online.
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