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Após o discurso desmobilizador e frustrante do dia do golpe, Fernando Lugo parece que resolveu apostar na mobilização da sociedade para restabelecer a democracia no Paraguai. Na madrugada de domingo, o ex-bispo apareceu de surpresa em frente à TV Pública paraguaia, alvo de censura e ataques dos golpistas. Diante dos manifestantes, ele convocou a resistência: "O país chama-nos a um protesto pacífico".
O presidente deposto disse que aceitou "pacificamente" a deposição, aprovada por um Senado controlado por conservadores, para evitar um banho de sangue. Mas enfatizou que o "veredicto foi injusto" e que ele foi condenado sem direito à defesa. Num tom menos conciliador, Lugo atacou os golpistas. "Não há apenas a ditadura militar, mas também a parlamentar, a do capital e a do narcotráfico. E isso não queremos mais".
Matança orquestrada pela direita?
Além de conclamar a "resistência pacífica", Lugo também destacou a importância da pressão internacional para restabelecimento da democracia. "Os companheiros do Brasil, Argentina e Uruguai estão retirando os seus embaixadores", afirmou, argumentando que o governo golpista caminha para o isolamento. Ele ainda insistiu na criação de uma comissão internacional, formada inclusive pela OEA, para investigar a morte de 11 camponeses e seis policiais na cidade da Curuguaty, que serviu como pretexto para o golpe.
Há fortes indícios de que o confronto foi orquestrado por setores já envolvidos no processo de deposição do presidente democraticamente eleito - inclusive com o uso de franco-atiradores. A proposta da criação da comissão é rejeitada enfaticamente pelos golpistas, o que sinaliza o possível envolvimento na matança. "Não faz sentido criar uma comissão", enfatizou Federico Franco, o golpista que assumiu o governo paraguaio.
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