sexta-feira, 7 de junho de 2013

A Colômbia na OTAN?

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Por Luis Gutiérrez Esparza, no sítio da Adital:

Os três mil quilômetros de fronteira entre o México e os Estados Unidos são a fronteira da América Latina com a Aliança Atlântica.

O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, decidiu assumir abertamente filiações e lealdades que havia mantido sob um véu de dissimulo, acentuado por algumas decisões de política exterior e sua disposição a negociar com as Farc e, no sábado passado, anunciou que seu governo iniciará uma "aproximação” à Otan, com o propósito de um possível ingresso. Vale à pena recordar que o tema não é precisamente novo: em 2008, o Círculo Latinoamericano de Estudios Internacionales (Claei) denunciou o envio de um contingente militar colombiano ao Afeganistão, como parte das forças da Aliança Atlântica.

Conforme foi divulgado por Santos, este mês a Otan "assinará um acordo com o governo colombiano, com o Ministério da Defesa, para iniciar todo um processo de aproximação, de cooperação, com vistas a ingressar nessa organização”. Por sua vez, o Ministro da Defesa, Juan Carlos Pinzón, disse que a decisão colombiana se baseia em que a Aliança "tem umas forças militares respeitosas do direito internacional”. E, para rematar: "Como em outros aspectos, o país está pensando grande, inclusive em matéria de segurança”.

Ante essa afirmação, cabe perguntar-se a que aliança se refere Pinzón. Como venho escrevendo e denunciando há anos, nesse e em outros fóruns, a Otan é um pacto ofensivo, sem lei e assassino, que se reserva de forma unilateral o direito de reeditar em âmbito mundial sua agressão armada nos Bálcãs, no Iraque e no Afeganistão. É uma ameaça para a humanidade; e a América Latina a tem ao seu lado: os três mil quilômetros de fronteira entre o México e os Estados Unidos são a fronteira da América Latina com a Otan.

O de menos é que, segundo divulgou a agência Efe, "fontes da Otan” comentaram que a Colômbia "não cumpre os critérios geográficos” para ser membro. Esse argumento é absurdo e até ridículo: em uma aliança que compreende teoricamente a região do Atlântico Norte, a Turquia e a Albânia nada teriam que fazer; porém, são membros de pleno direito... como nações da Europa Central ou do Báltico. Ora, até o governo de Carlos Menem quase consegue a inclusão da Argentina...

A Otan prepara um acordo que "permitiria o intercâmbio de informação classificada com a Colômbia”; porém, segundo isso, "não há planos imediatos para estabelecer uma associação formal” entre ambas partes.

E assim começa a discreta revisão da proposta inicial: "Não há planos imediatos”. Em curto prazo, é outra coisa. A Otan corteja a Colômbia, a Argentina, o Brasil, El Salvador... O de menos, no final das contas, seria a modalidade de inclusão ou de associação. Dispõe de estruturas como a sarcasticamente denominada Associação para a Paz (Partnership for Peace).

Apesar das vozes que se mobilizam com o intuito de desqualificá-lo, tem muito sentido o chamado do presidente da Bolívia, Evo Morales, que fala de uma ameaça para a região e pediu ao secretário geral da União das Nações Sul-Americanas (Unasul), o venezuelano Alí Rodríguez, que convoque, "de emergência”, uma reunião de seu Conselho de Segurança. Morales faz perguntas relevantes: "Como é possível que a Colômbia peça para fazer parte da Otan? Para quê? Para agredir a América Latina; para submeter a América Latina; para que a Otan nos invada, como invadiu na Europa e na África?”.

Também os presidentes da Venezuela - Nicolás Maduro - e da Nicarágua - Daniel Ortega - manifestaram sua preocupação. Maduro comentou: "Não podemos vincular-nos a projetos de guerra no mundo; a armas nucleares; tem que ser um território livre de armas nucleares; um território de paz”. E Ortega: "Que um país latino-americano queira incorporar-se à Otan, será instrumento de uma política para debilitar e tentar destruir o processo de unidade vivido na região”.

De fato, as bases militares dos Estados unidos e da Grã-Bretanha na América Latina são da Otan. A ambição colombiana de protagonismo belicista implica um passo a mais na direção da submissão, da desunião e da instabilidade.

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