Manifestações recentes dos dois principais líderes políticos do país e as reações dos adversários indicam uma elevação de tom na luta política e a possibilidade de retomada de iniciativa das forças democráticas e populares, para avançar no processo de mudanças.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em discurso perante ativistas sociais na semana passada, reagiu de maneira contundente às inúmeras manifestações de preconceito de que é alvo a presidenta Dilma Rousseff e à cerrada oposição que lhe movem os partidos neoliberais e conservadores, assim como a mídia monopolista.
Lula avisou que irá para o combate a essas forças, defenderá o legado de avanços sociais deixado por seu governo, continuará ativo na luta política, apoiando e ajudando a mandatária na sua missão de levar adiante as mudanças necessárias para fazer do Brasil uma nação progressista e justa.
O ex-presidente negou enfaticamente que tenha divergências com Dilma e reafirmou que ela é sua candidata à reeleição, contrariamente ao que demandam setores petistas e aos rumores que circulam no noticiário, de que pretende candidatar-se em 2014.
Por seu turno, a presidenta também deu sinais de serenidade, lucidez e firmeza, diante da série de notícias negativas sobre a queda dos índices de popularidade de seu governo. Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, publicada no domingo (28), Dilma falou sobre as manifestações populares, as dificuldades econômicas, a reforma política, a saúde, com ênfase ao projeto “Mais Médicos”, os rumores sobre reforma ministerial e a hipótese de não se candidatar para assegurar a “volta” do ex-presidente. “Lula não vai voltar porque ele não saiu”, sentenciou. Para realçar o grau de unidade política com o ex-presidente, ela disse: “Eu e o Lula somos indissociáveis”.
Como em outros momentos cruciais, a mandatária dá mostras de que tem plena consciência dos problemas nacionais e das dificuldades de seu governo. Igualmente, demonstra que exerce a liderança política do País, tem propostas claras para a solução de problemas agudos e emergenciais e capacidade de iniciativa. E de que não se deixa levar pela demagogia, não dá respostas fáceis, não faz propostas mirabolantes nem promessas vazias. Perante as manifestações populares e a evidência de que se espraia na população a insatisfação com os problemas estruturais do país, refletidos na má prestação de serviços públicos essenciais, dispôs-se a ouvir a voz das ruas e propôs pactos realistas e exequíveis com as forças políticas e os movimentos sociais para enfrentar e resolver problemas.
Está certa a presidenta quando insiste na reforma política e na consulta popular. “Eu acho que é inexorável [o plebiscito]. Se você não escutar a voz das ruas, terá novos problemas”, afirmou, consciente de que “a consulta popular era a baliza que daria legitimidade à reforma”.
As mensagens de Lula e Dilma provocam impacto imediato nas fileiras neoliberais e conservadoras, que reagem com seu novo bordão. “O governo da presidente Dilma Rousseff chegou ao fim de forma prematura”, deblatera o senador Aécio Neves, pré-candidato do PSDB à Presidência da República, secundado pelo direitista José Agripino, do DEM, e por Roberto Freire, do PPS, partido que transitou de uma origem de centro-esquerda para o triste destino de linha auxiliar da direita.
Para as forças de esquerda, o recado de Lula e Dilma reveste-se também de importante significado. Estas forças têm um patrimônio a defender e a desenvolver no quadro político atual. As conquistas alcançadas ao longo dos últimos dez anos – a redução da pobreza, o avanço da democracia e a afirmação da soberania brasileira – características de uma fase de transição e de um governo em disputa, só serão ratificadas e aprofundadas num marco de realização de reformas estruturais, o que requer a elevação do nível da luta política e o enfrentamento das forças conservadoras que pretendem o retrocesso.
1 comentários:
Cada vez que o Aécio abre a boca me vem a imagem do Joaquim Barbosa. Ambos cambaleantes e nefastos.
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