Por Ricardo José Torres, no blog Objethos:
Em tempos de “combate à corrupção”, as delações premiadas se tornaram uma verdadeira obsessão dos jornalistas ligados ao segmento político no Brasil. Atualmente, o leitor desinformado terá dificuldades para identificar e diferenciar as informações políticas e as informações policiais presentes nas páginas dos jornais, sites e mídias sociais, particularmente nos veículos tradicionais de comunicação. A abordagem adversarial dos temas políticos não é novidade, entretanto, o jornalismo político contemporâneo pode ser comparado a um “esgoto a céu aberto”. Sem dúvida, o teor das “revelações” é estarrecedor, os índices de corrupção e a falta de comprometimento dos nossos representantes merecem ser divulgados e os interesses privados, que afetam o interesse público, devem ser revelados. Mas, em uma perspectiva embasada nos princípios da ética jornalística, podemos afirmar que o conteúdo das delações pode ser considerado informação política?
Para clarear os aspectos e os dilemas éticos que envolvem essa problemática recorro à etimologia de duas palavras que, na minha opinião, devem estar atreladas a abordagem de temas políticos, são elas: respeito e política. A origem da palavra respeito está relacionada ao Latim, respectus que significa “olhar outra vez”. O sentido singular da palavra, e que quero enaltecer, está ligado a algo que merece consideração. Os temas políticos que emergem da sociedade merecem “respeito”, nem tudo o que é político está impregnado pelo miasma da corrupção.
O jornalista Jonathan Stray (2015) lembra que a política não pode se limitar aos políticos e aos governos. ““Política” não significa políticos, nem governo. O governo é um dos lugares em que ocorre a política, com certeza. Mas a política é muito mais do que isso: é o conjunto de maneiras pelas quais as pessoas se juntam para exercer o poder coletivamente”. As convenções jornalísticas consolidadas ao longo dos anos no segmento político trouxeram uma série de limitações e debilidades. O jornalismo político se transformou em um espaço repleto de vícios excludentes onde apenas alguns “escolhidos” podem transitar. “A maioria das coberturas políticas é sobre políticos, e não sobre as coisas com que me preocupo e com as medidas que eu poderia vir a tomar” (STRAY, 2015).
A palavra política está relacionada ao Grego politikos, que significa cívico, e polites, que está ligado a cidadão, além da palavra polis relacionada à cidade. Em linha com esse conjunto de sentidos cabe observar que as abordagens preponderantes, sobre temáticas políticas, buscam constantemente ratificar a política como algo que causa danos à sociedade. Em um artigo com o título “É política sim, Geraldo”, a jornalista Eliane Brum descreve com propriedade os riscos que essa perspectiva pejorativa pode apresentar e expõe alguns aspectos políticos que o caso da ocupação das escolas de São Paulo oferece.
Brum (2015) destaca uma declaração do governador de São Paulo, Geraldo Alckmim: “Não é razoável obstrução de via pública, é nítido que há uma ação política no movimento. Há uma nítida ação política”. A jornalista enaltece que a ocupação das escolas de São Paulo, obviamente, é um tema político que merece ser abordado como tal, especialmente diante do cenário degradante vivenciado pela política institucional: “Mas, vale repetir, o que o governador denuncia? Que o movimento é político. Qual seria a acusação? É óbvio que o movimento é político. E a melhor qualidade do movimento é justamente a de que é político”. De acordo com Brum (2015), por meio do exercício da política a sociedade alcançou o que de melhor existe na experiência humana. Para a jornalista, a suspensão da política significa a instauração da aniquilação.
A quem interessa a degradação da política?
Uma constatação que parece óbvia diante da apresentação adversarial dos temas políticos, particularmente a preponderância de informações relacionadas a corrupção, é que quanto mais a percepção sobre o universo político é negativa mais ele se restringe aos especialistas habituais. A omissão de informações políticas relacionadas aos diversos grupos que estão à margem do sistema político institucional/formal e buscam discutir e apresentar argumentos no cenário político, demonstra a centralidade do entendimento de política e, ao mesmo tempo, quem são os atores políticos que merecem notoriedade para o jornalismo político. Ao voltar as suas atenções, quase que exclusivamente, aos criminosos das operações da Polícia Federal e aos políticos “profissionais”, as editorias de política se descolam dos debates políticos presentes na sociedade. Esses fatores ocasionam o apagamento e a deturpação da etimologia da palavra política que, como já visto, está ligada ao cidadão e à cidadania.
Recentemente os pesquisadores do objETHOS, Sylvia Moretzsohn, Lívia Vieira e Dairan Paul abordaram temas relacionadas a essa problemática. No artigo Spotlight, vazamentos seletivos e os dentes do cavalo, Moretzsohn destacou a falta de verificação das informações provenientes das delações premiadas: “o cuidado elementar de todo jornalista, que é, antes de mais nada, verificar a quem interessa a informação que lhe cai no colo, confirmar sua veracidade e publicá-la – quando for o caso – em seu devido contexto, passou a ser algo perfeitamente dispensável”. Vieira destacou a utilização das delações premiadas como fonte de informações jornalísticas no artigo “Algumas certezas diante de um cenário instável para o jornalismo”. A pesquisadora chama a atenção para o tom declaratório das informações jornalísticas baseadas nas delações. “Muitos veículos jornalísticos têm tratado a informação desses réus como verdade absoluta, deixando espaço irrisório para outras versões”. Já Paul observa a cobertura de alguns veículos relacionada à ocupação das escolas de São Paulo no artigo “Intervenção militar nas ruas, democracia radical nas escolas”. Conforme o pesquisador, o discurso jornalístico “parece ainda ter muitas dificuldades para lidar com fenômenos políticos que estão longe das tradicionais bandeiras políticas”.
As abordagens jornalísticas que estão sendo empregadas em um contexto permeado por delações merecem uma reflexão ética mais consistente. Não podemos aceitar que a política se resuma ao conjunto de acusações seletivas que está pautando as editorias de política atualmente. Essa constatação pode ser facilmente identificada nas “informações políticas” apresentadas abaixo.
Para clarear os aspectos e os dilemas éticos que envolvem essa problemática recorro à etimologia de duas palavras que, na minha opinião, devem estar atreladas a abordagem de temas políticos, são elas: respeito e política. A origem da palavra respeito está relacionada ao Latim, respectus que significa “olhar outra vez”. O sentido singular da palavra, e que quero enaltecer, está ligado a algo que merece consideração. Os temas políticos que emergem da sociedade merecem “respeito”, nem tudo o que é político está impregnado pelo miasma da corrupção.
O jornalista Jonathan Stray (2015) lembra que a política não pode se limitar aos políticos e aos governos. ““Política” não significa políticos, nem governo. O governo é um dos lugares em que ocorre a política, com certeza. Mas a política é muito mais do que isso: é o conjunto de maneiras pelas quais as pessoas se juntam para exercer o poder coletivamente”. As convenções jornalísticas consolidadas ao longo dos anos no segmento político trouxeram uma série de limitações e debilidades. O jornalismo político se transformou em um espaço repleto de vícios excludentes onde apenas alguns “escolhidos” podem transitar. “A maioria das coberturas políticas é sobre políticos, e não sobre as coisas com que me preocupo e com as medidas que eu poderia vir a tomar” (STRAY, 2015).
A palavra política está relacionada ao Grego politikos, que significa cívico, e polites, que está ligado a cidadão, além da palavra polis relacionada à cidade. Em linha com esse conjunto de sentidos cabe observar que as abordagens preponderantes, sobre temáticas políticas, buscam constantemente ratificar a política como algo que causa danos à sociedade. Em um artigo com o título “É política sim, Geraldo”, a jornalista Eliane Brum descreve com propriedade os riscos que essa perspectiva pejorativa pode apresentar e expõe alguns aspectos políticos que o caso da ocupação das escolas de São Paulo oferece.
Brum (2015) destaca uma declaração do governador de São Paulo, Geraldo Alckmim: “Não é razoável obstrução de via pública, é nítido que há uma ação política no movimento. Há uma nítida ação política”. A jornalista enaltece que a ocupação das escolas de São Paulo, obviamente, é um tema político que merece ser abordado como tal, especialmente diante do cenário degradante vivenciado pela política institucional: “Mas, vale repetir, o que o governador denuncia? Que o movimento é político. Qual seria a acusação? É óbvio que o movimento é político. E a melhor qualidade do movimento é justamente a de que é político”. De acordo com Brum (2015), por meio do exercício da política a sociedade alcançou o que de melhor existe na experiência humana. Para a jornalista, a suspensão da política significa a instauração da aniquilação.
A quem interessa a degradação da política?
Uma constatação que parece óbvia diante da apresentação adversarial dos temas políticos, particularmente a preponderância de informações relacionadas a corrupção, é que quanto mais a percepção sobre o universo político é negativa mais ele se restringe aos especialistas habituais. A omissão de informações políticas relacionadas aos diversos grupos que estão à margem do sistema político institucional/formal e buscam discutir e apresentar argumentos no cenário político, demonstra a centralidade do entendimento de política e, ao mesmo tempo, quem são os atores políticos que merecem notoriedade para o jornalismo político. Ao voltar as suas atenções, quase que exclusivamente, aos criminosos das operações da Polícia Federal e aos políticos “profissionais”, as editorias de política se descolam dos debates políticos presentes na sociedade. Esses fatores ocasionam o apagamento e a deturpação da etimologia da palavra política que, como já visto, está ligada ao cidadão e à cidadania.
Recentemente os pesquisadores do objETHOS, Sylvia Moretzsohn, Lívia Vieira e Dairan Paul abordaram temas relacionadas a essa problemática. No artigo Spotlight, vazamentos seletivos e os dentes do cavalo, Moretzsohn destacou a falta de verificação das informações provenientes das delações premiadas: “o cuidado elementar de todo jornalista, que é, antes de mais nada, verificar a quem interessa a informação que lhe cai no colo, confirmar sua veracidade e publicá-la – quando for o caso – em seu devido contexto, passou a ser algo perfeitamente dispensável”. Vieira destacou a utilização das delações premiadas como fonte de informações jornalísticas no artigo “Algumas certezas diante de um cenário instável para o jornalismo”. A pesquisadora chama a atenção para o tom declaratório das informações jornalísticas baseadas nas delações. “Muitos veículos jornalísticos têm tratado a informação desses réus como verdade absoluta, deixando espaço irrisório para outras versões”. Já Paul observa a cobertura de alguns veículos relacionada à ocupação das escolas de São Paulo no artigo “Intervenção militar nas ruas, democracia radical nas escolas”. Conforme o pesquisador, o discurso jornalístico “parece ainda ter muitas dificuldades para lidar com fenômenos políticos que estão longe das tradicionais bandeiras políticas”.
As abordagens jornalísticas que estão sendo empregadas em um contexto permeado por delações merecem uma reflexão ética mais consistente. Não podemos aceitar que a política se resuma ao conjunto de acusações seletivas que está pautando as editorias de política atualmente. Essa constatação pode ser facilmente identificada nas “informações políticas” apresentadas abaixo.
Reprodução do site da Folha de S. Paulo do dia 12-01-2016. Disponível em: http://migre.me/sHcuL
Reprodução do site da Carta Capital do dia 11-01-2016. Disponível em: http://migre.me/sHczx
Reprodução do site da Veja do dia 08-01-2016. Disponível em: http://migre.me/sHcGV
Reprodução do site da Veja do dia 13-01-2016. Disponível em: http://migre.me/sHcLW
Reprodução do site da Exame do dia 14-01-2016. Disponível em: http://migre.me/sHevM
Não estou propondo que as ações jornalísticas esqueçam os desvios políticos, as investigações policiais e as informações oriundas do Poder Judiciário. Entretanto, é preciso estar ciente de que nenhuma fonte de informação está imune ao erro. A apuração segue sendo um elemento fundamental para que acusações infundadas não se tornem verdades absolutas.
Um caso exemplar que demonstra que a “justiça” pode errar está sendo amplamente debatido nos EUA, devido à repercussão da série documental disponibilizada pelo Netflix “Making a Murderer”(Fabricando um assassino). A série retrata o caso de Steven Avery, que provou a sua inocência por meio de um exame de DNA, após passar dezoito anos na cadeia. Não vou me estender nos comentários a respeito do documentário, mas, sem dúvida, ele provoca uma série de reflexões sobre as informações “oficiais” e os seus pressupostos. O caso de Avery destaca a importância de uma atividade jornalística norteada pelo esclarecimento dos fatos em todas as suas nuances.
Em relação ao segmento político, Stray (2015) ressalta: “A ação política é muito mais ampla do que votar e a política é muito mais do que os políticos e o governo. É essencial uma fonte de informação política que ajude a compreender o panorama político, que aperfeiçoe seus objetivos e sua estratégia, que estabeleça uma conexão com pessoas com ideias afins e, em última instância, que seja bem-sucedida no que você entende por política. Tudo o mais é fofoca”. Para fortalecer a democracia precisamos de um jornalismo político plural, que tenha em seu horizonte as informações políticas invisíveis aos olhos norteados pelas formalidades e pelos interesses privados. As informações políticas devem abarcar os diferentes atores políticos espalhados pela sociedade, não pelas causas que defendem, mas pelo debate político que potencialmente podem proporcionar.
Chegamos ao fundo do poço
Na segunda-feira (18), a Folha de S. Paulo ratificou os erros que o jornalismo político vem cometendo ao anunciar o seu novo colunista, Kim Kataguiri. O “estudante” de 19 anos é coordenador do Movimento Brasil Livre (MBL), que foi criado no final de 2014 para difundir ideias liberais e “combater o PT”. Uma entrevista publicada pela Folha no dia 27/09/2015 informa que Kataguiri abandonou a universidade para dedicar-se integralmente “à causa anti-Dilma Rousseff”. Claramente influenciado pelas informações desencontradas do noticiário político, Kataguiri faz afirmações superficiais e categóricas, alinhadas à visão adversarial e polarizada de política que está sendo disseminada pelo jornalismo político atualmente.
A primeira coluna do coordenador do MBL foi publicada no dia 19/01/2016. O jovem colunista infelizmente não surpreendeu. De forma bizarra tentou rotular o Movimento Passe Livre (MPL) da seguinte maneira: “Aqueles que andam de camisa negra, máscara no rosto e pedra na mão e chamam os outros de fascista estão de volta às ruas. Enquanto berram pelo mito do transporte público, gratuito e de qualidade e pedem menos violência militantes queimam ônibus e jogam coquetéis molotov na polícia”. Para ele as ações do MPL podem ser classificadas como “terrorismo”. É irônico constatar que a primeira coluna de alguém que coordena um movimento social busque desqualificar mobilizações sociais e reivindicações políticas. Não vou me estender na análise da coluna de Kataguiri, pois seu texto não merece maiores considerações.
Não sei se podemos condenar um jovem alimentado pelo ódio e pela desinformação. As suas ideias são a continuidade de uma perspectiva degradante do conceito de política que é amplificada pelos veículos de comunicação tradicionais. O desrespeito ao leitor e ao jornalismo chegou a níveis inimagináveis de hipocrisia e desserviço. É hora de repensarmos o jornalismo “político”, a sociedade e a democracia precisam de um jornalismo sobre política pautado pelo respeito e pela pluralidade.
Referências:
BRUM, Eliane. É política sim, Geraldo. 07/12/2015. El País. Disponível em: http://migre.me/sHf2z. Acesso em: 14 jan 2016.
STRAY, Jonathan. Jornais e TV priorizam políticos em vez do cidadão. 22/12/2015. Observatório da imprensa. Disponível em: http://migre.me/sHeLc. Acesso em: 14 jan 2016.
PAUL, Dairan. Intervenção militar nas ruas, democracia radical nas escolas. 14/12/2016. objETHOS. Disponível em: http://migre.me/sHfhC. Acesso em: 14 jan 2016.
VIEIRA, Lívia. Algumas certezas diante de um cenário instável para o jornalismo. 11/01/2016. objETHOS. Disponível em: http://migre.me/sHflI. Acesso em: 14 jan 2016.
Não estou propondo que as ações jornalísticas esqueçam os desvios políticos, as investigações policiais e as informações oriundas do Poder Judiciário. Entretanto, é preciso estar ciente de que nenhuma fonte de informação está imune ao erro. A apuração segue sendo um elemento fundamental para que acusações infundadas não se tornem verdades absolutas.
Um caso exemplar que demonstra que a “justiça” pode errar está sendo amplamente debatido nos EUA, devido à repercussão da série documental disponibilizada pelo Netflix “Making a Murderer”(Fabricando um assassino). A série retrata o caso de Steven Avery, que provou a sua inocência por meio de um exame de DNA, após passar dezoito anos na cadeia. Não vou me estender nos comentários a respeito do documentário, mas, sem dúvida, ele provoca uma série de reflexões sobre as informações “oficiais” e os seus pressupostos. O caso de Avery destaca a importância de uma atividade jornalística norteada pelo esclarecimento dos fatos em todas as suas nuances.
Em relação ao segmento político, Stray (2015) ressalta: “A ação política é muito mais ampla do que votar e a política é muito mais do que os políticos e o governo. É essencial uma fonte de informação política que ajude a compreender o panorama político, que aperfeiçoe seus objetivos e sua estratégia, que estabeleça uma conexão com pessoas com ideias afins e, em última instância, que seja bem-sucedida no que você entende por política. Tudo o mais é fofoca”. Para fortalecer a democracia precisamos de um jornalismo político plural, que tenha em seu horizonte as informações políticas invisíveis aos olhos norteados pelas formalidades e pelos interesses privados. As informações políticas devem abarcar os diferentes atores políticos espalhados pela sociedade, não pelas causas que defendem, mas pelo debate político que potencialmente podem proporcionar.
Chegamos ao fundo do poço
Na segunda-feira (18), a Folha de S. Paulo ratificou os erros que o jornalismo político vem cometendo ao anunciar o seu novo colunista, Kim Kataguiri. O “estudante” de 19 anos é coordenador do Movimento Brasil Livre (MBL), que foi criado no final de 2014 para difundir ideias liberais e “combater o PT”. Uma entrevista publicada pela Folha no dia 27/09/2015 informa que Kataguiri abandonou a universidade para dedicar-se integralmente “à causa anti-Dilma Rousseff”. Claramente influenciado pelas informações desencontradas do noticiário político, Kataguiri faz afirmações superficiais e categóricas, alinhadas à visão adversarial e polarizada de política que está sendo disseminada pelo jornalismo político atualmente.
A primeira coluna do coordenador do MBL foi publicada no dia 19/01/2016. O jovem colunista infelizmente não surpreendeu. De forma bizarra tentou rotular o Movimento Passe Livre (MPL) da seguinte maneira: “Aqueles que andam de camisa negra, máscara no rosto e pedra na mão e chamam os outros de fascista estão de volta às ruas. Enquanto berram pelo mito do transporte público, gratuito e de qualidade e pedem menos violência militantes queimam ônibus e jogam coquetéis molotov na polícia”. Para ele as ações do MPL podem ser classificadas como “terrorismo”. É irônico constatar que a primeira coluna de alguém que coordena um movimento social busque desqualificar mobilizações sociais e reivindicações políticas. Não vou me estender na análise da coluna de Kataguiri, pois seu texto não merece maiores considerações.
Não sei se podemos condenar um jovem alimentado pelo ódio e pela desinformação. As suas ideias são a continuidade de uma perspectiva degradante do conceito de política que é amplificada pelos veículos de comunicação tradicionais. O desrespeito ao leitor e ao jornalismo chegou a níveis inimagináveis de hipocrisia e desserviço. É hora de repensarmos o jornalismo “político”, a sociedade e a democracia precisam de um jornalismo sobre política pautado pelo respeito e pela pluralidade.
Referências:
BRUM, Eliane. É política sim, Geraldo. 07/12/2015. El País. Disponível em: http://migre.me/sHf2z. Acesso em: 14 jan 2016.
STRAY, Jonathan. Jornais e TV priorizam políticos em vez do cidadão. 22/12/2015. Observatório da imprensa. Disponível em: http://migre.me/sHeLc. Acesso em: 14 jan 2016.
PAUL, Dairan. Intervenção militar nas ruas, democracia radical nas escolas. 14/12/2016. objETHOS. Disponível em: http://migre.me/sHfhC. Acesso em: 14 jan 2016.
VIEIRA, Lívia. Algumas certezas diante de um cenário instável para o jornalismo. 11/01/2016. objETHOS. Disponível em: http://migre.me/sHflI. Acesso em: 14 jan 2016.
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