Por Altamiro Borges
Na quinta-feira passada (24), o novo prefeito paulistano, o ricaço João Doria, confirmou os últimos nomes do seu secretariado. A equipe, composta por 22 pastas - a anterior tinha 27 -, é medíocre e cheia de problemas. O tucano extinguiu as secretarias de Política para Mulheres, a de Promoção da Igualdade Racial e da Pessoa com Deficiência - o que confirma a sua visão elitista e excludente da política. Ele também nomeou vários caciques das siglas fisiológicas da sua base de sustentação, o que joga no lixo o seu discurso demagógico de campanha de que teria um secretariado "técnico", sem partidos. Para piorar, vários dos indicados estão metidos em falcatruas.
A própria Folha serrista, em matéria publicada neste sábado (27), deu a ficha de alguns dos aspones do tucano. "Três integrantes do primeiro escalão da futura gestão de João Doria (PSDB) na prefeitura respondem a ações na Justiça ou são investigados pelo Ministério Público. Os motivos dos processos são variados: de questão trabalhista a acusações de improbidade administrativa... O futuro secretário de Transportes, Sérgio Avelleda, e o próximo presidente da SP Negócios (a empresa municipal responsável por captação de investimentos privados), Juan Quirós, são réus na Justiça. O terceiro nome é Wilson Pollara, que será titular da Saúde. Ele responde a inquérito no Ministério Público também sob suspeita de improbidade - por supostas irregularidades no contrato com empresa".
Um prefeito muito "eficiente"
O picareta João Doria, que se jacta de ser um "empresário eficiente e rigoroso", nem pode alegar que desconhecia estas biografias sujas. No caso de Sérgio Avelleda, as acusações contra ele são antigas - datam do tempo em que presidiu o Metrô, na gestão de Geraldo Alckmin. "Desde 2011, ele responde a ação por suspeita de fraude em dois lotes de uma licitação da linha 5-lilás, numa ação que envolve também construtoras investigadas na Lava Jato, como Odebrecht, Andrade Gutierrez e OAS. Em 2010, a Folha revelou que os resultados de parte dos lotes da licitação já eram conhecidos seis meses antes da divulgação oficial dos vencedores da disputa no Estado".
"A segunda denúncia contra ele se refere à contratação da empresa MGE Equipamentos Ferroviários, em 2004, para serviços de engenharia, em um contrato de R$ 6,1 milhões. A Promotoria afirma que não foi feita a devida pesquisa de mercado, o que acarretou prejuízo ao Estado. A última ação, de 2016, se refere ao fato de o Metrô ter mantido parados 26 trens novos, alguns por mais de dois anos, alvos de vandalismo". Já o novo titular de riquíssima pasta da Saúde, Wilson Pollara, é investigado pelo Ministério Público sob acusação de improbidade administrativa. "A suspeita é de irregularidades na contratação de empresa prestadora de serviços diagnósticos por imagem, a MV Sistemas, no Hospital das Clínicas, na Santa Casa e no Hospital do Servidor (Iamspe)".
O amigo bem íntimo de "João Dólar"
O caso mais sinistro, porém, é o do empresário Juan Quirós, amigo bem íntimo de João Doria. Ele vai presidir a poderosa SP Negócios, a empresa municipal que faz a conexão com o setor privado. Como também registrou a Folha serrista, em reportagem mais antiga assinada por Artur Rodrigues, o sujeito recentemente teve seus bens bloqueados pela Justiça e é réu por suspeita de crimes em suas empresas. "Quirós foi o homem forte do comitê financeiro da campanha de Doria e é presidente da Investe SP (agência do governo do Estado responsável por fomentar o investimento em São Paulo). Em coletiva na sede da Fiesp, ele afirmou que as questões judiciais eram pessoais, e foi defendido por Doria".
"Questões pessoais". Bela resposta. Segundo a Folha, "seis propriedades da família foram bloqueadas em processo no qual Quirós é acusado de usar uma rede de offshores para ocultar ser dono de uma firma que faliu. Quirós é réu em ações trabalhistas e movidas por empresas envolvendo sua atuação à frente da empreiteira Serpal. Segundo a firma que administra a massa falida, ela acumula uma dívida de R$ 61,7 milhões. Juan Quirós teve os bens bloqueados após ação movida pela multinacional alemã Continental. A empresa contratou a Serpal para construir sua segunda fábrica no Brasil e alega que pagou 135% do valor inicial do contrato (R$ 165 milhões) e a empreiteira entregou só 60% da obra".
Nas suas "nomeações técnicas", João Doria - já apelidado carinhosamente de "João Dólar" - chegou a sondar para a Secretaria da Habitação o empresário Claudio Bernardes, dono da incorporadora Ingaí e ex-presidente da Secovi, a sinistra entidade patronal do ramo imobiliário. O convite foi tão descarado - sendo comparado à ida da raposa para cuidar do galinheiro - que o próprio lobista recusou, temendo o desgaste. Outro que rejeitou o convite foi o ex-chefão da Rede Globo, José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni. A indicação para o cargo de secretário da Cultura serviria para blindar o prefeito e para garantir algumas regalias ao império global, num típico troca-troca de interesses. Mas gorou!
Controladoria extinta e vereadores comprados
A equipe do novo prefeito é medíocre e cheia de problemas, o que sinaliza que seus eleitores poderão rapidamente se arrepender do voto. Mas o novato tucano - que só chegou à prefeitura graças às ações questionáveis do seu padrinho, o governador Geraldo Alckmin - já tomou medidas para se defender. Entre elas, João Doria tirou o status de secretaria da Controladoria Geral do Município (CGM), em um golpe contra a transparência pública. Este órgão ganhou força na gestão de Fernando Haddad, sendo responsável pela descoberta de desvios milionários na prefeitura, como no caso da máfia do ISS. Em quatro anos, a GGN ajudou a recuperar mais de R$ 300 milhões, além da economia de R$ 58 milhões em processos licitatórios. Agora, ela perde força. Alguém suspeita qual a razão?
"João Dólar" também tratou de garantir uma "sólida" base parlamentar - não só para viabilizar os seus projetos, como também para abafar qualquer denúncia. Em 20 de outubro, a Folha serrista informou que "assim que assumir a Prefeitura de São Paulo, João Doria (PSDB) terá uma espécie de bancada própria na Câmara Municipal. Dos 55 vereadores, nove deles foram eleitos com a ajuda de doação do próprio bolso do tucano. Doria desembolsou R$ 2,9 milhões como pessoa física e, em balanço parcial da Justiça Eleitoral, aparece como o maior doador individual na disputa paulistana e entre os dez maiores do país. Um terço desse valor foi empregado no financiamento dessa bancada".
"Além dos nove eleitos para o Legislativo, cinco candidatos que receberam o financiamento de Doria serão suplentes... O investimento com recursos próprios ajudou a garantir 11 cadeiras ao PSDB, duas a mais que nas eleições anteriores. Os dois novatos são Aline Cardoso, com R$ 78,6 mil de Doria, e Daniel Annenberg, com uma contribuição mais humilde, de R$ 15,4 mil. Seis vereadores receberam quantias na casa dos R$ 100 mil: Eduardo Tuma, Gilson Barreto, Mario Covas Neto, Patrícia Bezerra, Claudinho de Souza e Salomão Pereira (este último não se reelegeu)... O dinheiro de Doria também ajudou campanhas de vereadores de partidos coligados ao PSDB, como o PV, de Gilberto Natalini, que recebeu R$ 40,9 mil de Doria".
Na quinta-feira passada (24), o novo prefeito paulistano, o ricaço João Doria, confirmou os últimos nomes do seu secretariado. A equipe, composta por 22 pastas - a anterior tinha 27 -, é medíocre e cheia de problemas. O tucano extinguiu as secretarias de Política para Mulheres, a de Promoção da Igualdade Racial e da Pessoa com Deficiência - o que confirma a sua visão elitista e excludente da política. Ele também nomeou vários caciques das siglas fisiológicas da sua base de sustentação, o que joga no lixo o seu discurso demagógico de campanha de que teria um secretariado "técnico", sem partidos. Para piorar, vários dos indicados estão metidos em falcatruas.
A própria Folha serrista, em matéria publicada neste sábado (27), deu a ficha de alguns dos aspones do tucano. "Três integrantes do primeiro escalão da futura gestão de João Doria (PSDB) na prefeitura respondem a ações na Justiça ou são investigados pelo Ministério Público. Os motivos dos processos são variados: de questão trabalhista a acusações de improbidade administrativa... O futuro secretário de Transportes, Sérgio Avelleda, e o próximo presidente da SP Negócios (a empresa municipal responsável por captação de investimentos privados), Juan Quirós, são réus na Justiça. O terceiro nome é Wilson Pollara, que será titular da Saúde. Ele responde a inquérito no Ministério Público também sob suspeita de improbidade - por supostas irregularidades no contrato com empresa".
Um prefeito muito "eficiente"
O picareta João Doria, que se jacta de ser um "empresário eficiente e rigoroso", nem pode alegar que desconhecia estas biografias sujas. No caso de Sérgio Avelleda, as acusações contra ele são antigas - datam do tempo em que presidiu o Metrô, na gestão de Geraldo Alckmin. "Desde 2011, ele responde a ação por suspeita de fraude em dois lotes de uma licitação da linha 5-lilás, numa ação que envolve também construtoras investigadas na Lava Jato, como Odebrecht, Andrade Gutierrez e OAS. Em 2010, a Folha revelou que os resultados de parte dos lotes da licitação já eram conhecidos seis meses antes da divulgação oficial dos vencedores da disputa no Estado".
"A segunda denúncia contra ele se refere à contratação da empresa MGE Equipamentos Ferroviários, em 2004, para serviços de engenharia, em um contrato de R$ 6,1 milhões. A Promotoria afirma que não foi feita a devida pesquisa de mercado, o que acarretou prejuízo ao Estado. A última ação, de 2016, se refere ao fato de o Metrô ter mantido parados 26 trens novos, alguns por mais de dois anos, alvos de vandalismo". Já o novo titular de riquíssima pasta da Saúde, Wilson Pollara, é investigado pelo Ministério Público sob acusação de improbidade administrativa. "A suspeita é de irregularidades na contratação de empresa prestadora de serviços diagnósticos por imagem, a MV Sistemas, no Hospital das Clínicas, na Santa Casa e no Hospital do Servidor (Iamspe)".
O amigo bem íntimo de "João Dólar"
O caso mais sinistro, porém, é o do empresário Juan Quirós, amigo bem íntimo de João Doria. Ele vai presidir a poderosa SP Negócios, a empresa municipal que faz a conexão com o setor privado. Como também registrou a Folha serrista, em reportagem mais antiga assinada por Artur Rodrigues, o sujeito recentemente teve seus bens bloqueados pela Justiça e é réu por suspeita de crimes em suas empresas. "Quirós foi o homem forte do comitê financeiro da campanha de Doria e é presidente da Investe SP (agência do governo do Estado responsável por fomentar o investimento em São Paulo). Em coletiva na sede da Fiesp, ele afirmou que as questões judiciais eram pessoais, e foi defendido por Doria".
"Questões pessoais". Bela resposta. Segundo a Folha, "seis propriedades da família foram bloqueadas em processo no qual Quirós é acusado de usar uma rede de offshores para ocultar ser dono de uma firma que faliu. Quirós é réu em ações trabalhistas e movidas por empresas envolvendo sua atuação à frente da empreiteira Serpal. Segundo a firma que administra a massa falida, ela acumula uma dívida de R$ 61,7 milhões. Juan Quirós teve os bens bloqueados após ação movida pela multinacional alemã Continental. A empresa contratou a Serpal para construir sua segunda fábrica no Brasil e alega que pagou 135% do valor inicial do contrato (R$ 165 milhões) e a empreiteira entregou só 60% da obra".
Nas suas "nomeações técnicas", João Doria - já apelidado carinhosamente de "João Dólar" - chegou a sondar para a Secretaria da Habitação o empresário Claudio Bernardes, dono da incorporadora Ingaí e ex-presidente da Secovi, a sinistra entidade patronal do ramo imobiliário. O convite foi tão descarado - sendo comparado à ida da raposa para cuidar do galinheiro - que o próprio lobista recusou, temendo o desgaste. Outro que rejeitou o convite foi o ex-chefão da Rede Globo, José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni. A indicação para o cargo de secretário da Cultura serviria para blindar o prefeito e para garantir algumas regalias ao império global, num típico troca-troca de interesses. Mas gorou!
Controladoria extinta e vereadores comprados
A equipe do novo prefeito é medíocre e cheia de problemas, o que sinaliza que seus eleitores poderão rapidamente se arrepender do voto. Mas o novato tucano - que só chegou à prefeitura graças às ações questionáveis do seu padrinho, o governador Geraldo Alckmin - já tomou medidas para se defender. Entre elas, João Doria tirou o status de secretaria da Controladoria Geral do Município (CGM), em um golpe contra a transparência pública. Este órgão ganhou força na gestão de Fernando Haddad, sendo responsável pela descoberta de desvios milionários na prefeitura, como no caso da máfia do ISS. Em quatro anos, a GGN ajudou a recuperar mais de R$ 300 milhões, além da economia de R$ 58 milhões em processos licitatórios. Agora, ela perde força. Alguém suspeita qual a razão?
"João Dólar" também tratou de garantir uma "sólida" base parlamentar - não só para viabilizar os seus projetos, como também para abafar qualquer denúncia. Em 20 de outubro, a Folha serrista informou que "assim que assumir a Prefeitura de São Paulo, João Doria (PSDB) terá uma espécie de bancada própria na Câmara Municipal. Dos 55 vereadores, nove deles foram eleitos com a ajuda de doação do próprio bolso do tucano. Doria desembolsou R$ 2,9 milhões como pessoa física e, em balanço parcial da Justiça Eleitoral, aparece como o maior doador individual na disputa paulistana e entre os dez maiores do país. Um terço desse valor foi empregado no financiamento dessa bancada".
"Além dos nove eleitos para o Legislativo, cinco candidatos que receberam o financiamento de Doria serão suplentes... O investimento com recursos próprios ajudou a garantir 11 cadeiras ao PSDB, duas a mais que nas eleições anteriores. Os dois novatos são Aline Cardoso, com R$ 78,6 mil de Doria, e Daniel Annenberg, com uma contribuição mais humilde, de R$ 15,4 mil. Seis vereadores receberam quantias na casa dos R$ 100 mil: Eduardo Tuma, Gilson Barreto, Mario Covas Neto, Patrícia Bezerra, Claudinho de Souza e Salomão Pereira (este último não se reelegeu)... O dinheiro de Doria também ajudou campanhas de vereadores de partidos coligados ao PSDB, como o PV, de Gilberto Natalini, que recebeu R$ 40,9 mil de Doria".
4 comentários:
Na verdade não quero fazer nenhum comentário sobre o estafe desse picareta bocó. Só lendo Servidão Voluntária para entender porque esse babaca ganhou as eleições aquí em São Paulo. Eu estou preocupada com o fato de que o Tijolaço não vem sendo atualizado e eu tenho visto escritos do Fernando Brito, no Conversa Afiada etc. Aconteceu alguma coisa? Estamos aflitos com essa situação. Se tiverem noticias, por favor, diagm nos blogs ou então podem enviar para o meu e.mail regbueno.azevedo@gmail.com/ Ficarei muito agradecida.
abraços
Regina
No meio desta desgraça toda, uma coisa é boa:
O João Dólar deixou de ser "estilingue" e agora é "vidraça" ...
Aliás, no Tucanistão, o P$DB é totalmente "vidraça" !!!
O financiamento de campanha por pessoa física para se firmar como importante via de financiamento eleitoral terá que fazer vários ajustes. O mais necessário deles para corrigir distorções como essa que permite um prefeito "comprar" uma bancada. Um escárnio.
Mudei de São Paulo em 2013, fiquei triste na ocasião, nunca pensei que seria um caminho sem volta, agora começo a pensar assim...
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